SARA, A PRINCESA CUJO NOME ESTÁ REGISTRADO COM HONRA
"Fé é confiança,
segurança, crédito.
É o sexto sentido
que nos
habilita a apreender o campo
espiritual invisível,
mas real.
No âmbito deste reino
os contatos são
feitos diretamente
com Deus."
J. Oswald Sanders*
Gênesis 18:1-15
Gênesis 21:1-13
Hebreus 11:11
1 Pedro 3:6
A cena passa-se em Hebrom, dois mil anos antes de Cristo.
Sara ri-se, mas não
por ser
feliz. Ri-se por
causa do que
ouviu – que ela,
uma mulher de 89 anos,
daria à luz um
filho! Impossível!
Ela e o marido são demasiado velhos
para terem um
bebê. É
biologicamente impossível que ela possa ter um filho, embota o tenham esperado durante
muitos anos.
Tinham vivido na convicção
de que o próprio
Deus lhes
havia prometido um filho
25 anos antes,
mas a promessa
não fora
cumprida. Devem ter-se enganado. Sara refletia sobre
aqueles anos...
Tinham vivido em Ur, um centro de cultura
e comércio, no sul
da Mesopotâmia. Embora Ur já não
estivesse no auge da sua história, ainda lhes tinha proporcionado uma existência
florescente. Os seus artífices só
eram ultrapassados pelos do Egito. Os barcos que
chegavam ao porto traziam mercadorias
do oriente para
trocar por cereais do local.
Muitos cidadãos
eram ricos e viviam em
casas espaçosas.
Sara e Abraão tinham gostado do tempo
que passaram lá,
vivendo entre parentes
e amigos. Mas
um dia,
as suas vidas
sofreram uma mudança radical. Deus apareceu a Abraão (Gên. 11:31-12:5). A Sua aparição
foi tão gloriosa
(Atos 7:23), que
não admitira qualquer
dúvida sobre
quem Ele
era. Tratava-se do verdadeiro Deus, não de
Sin, o deus da lua,
que os antepassados
de Abraão tinham adorado (Jos. 24:2). Deus
ordenou a Abraão que deixasse a sua terra e parentes e fosse para um lugar que Ele lhe iria mostrar. A ordem ficou ligada
a uma promessa: "E far-te-ei uma grande nação, e
abençoar-te-ei, engrandecerei o teu nome; e tu
serás uma bênção. E abençoarei os que te
abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em
ti serão benditas todas as famílias da terra."
(Gên. 12:2,3). Abraão obedeceu imediatamente.
E Sara adaptara-se à decisão.
Tornaram-se de repente semi-nômades, em vez de habitantes duma cidade
rica e confortável.
Como acontece
com a maior
parte das mulheres,
ela não
achou fácil deixar
para trás o lar e os queridos,
indo ao encontro dum futuro desconhecido.
Mas obedeceu ao marido
e confiou no Deus que
lhe falara.
Viajaram durante meses,
movendo-se lentamente através da terra por causa do seu gado. Finalmente chegaram a Haran, a cerca
de 960 quilômetros para
noroeste. Ficaram lá
durante muito
tempo, e a vida
tornou-se de novo um
pouco mais
confortável, embota não
tão luxuosa
como havia sido em
Ur. Todavia, era
bastante melhor
do que a sua
anterior existência
errante.
Mas deu-se então outra
mudança. Desta vez para
sudoeste. Desfez-se assim
más um pouco
da segurança de Sara. Tera, o pai
deles, havia morrido. Ela era mera irmã
de Abraão. Mas não
se tratava de algo invulgar,
uma vez que
as oportunidades de casamento
naqueles tempos eram muito limitadas, e a pessoa
tinha, multas
vezes, de procurar
uma companheira dentro
do círculo íntimo
da família. Com
a morte do pai
e a ausência dos parentes
que ficaram em
Haran (Gên. 24:4,10; 27:43), a vida
tornou-se ainda mais
solitária. Apenas
Ló, um primo,
tinha seguido com
eles.
A despeito das suas perdas,
duas coisas permaneceram inalteradas. Primeiro, eles
continuaram a crer nas promessas de Deus.
Sentiam que ainda
teriam o filho, apesar
de estarem a ficar velhos.
Abraão já tinha
75, e ela 65. Em
segundo lugar,
continuaram a experimentar um
respeito e amor
duradoiros em relação
um ao outro.
Nem tudo foi fácil.
Como Abraão, ela
possuía uma personalidade forte, com um caráter bem desenvolvido.
Esforçou-se ao máximo para
se ajustar e obedecer ao marido. Possuía, sem
dúvida, uma mente
própria, todavia
conseguiu dar-se a ele por causa duma liberdade interior.
Sim,
continuava ela nas suas
reflexões, a sua
relação com
o marido era
determinada pela
relação que
mantinha com Deus.
A sua fé
em Deus
fizera dela uma mulher fiel e forte,
capacitando-a a permanecer na vida
intrépida e firme,
vivendo harmoniosamente com o marido (1
Pe. 3:1-7).
Porque ela procurou obedecer-lhe e dar-lhe o primeiro
lugar, ele,
por seu
lado, respeitava-a, dava ouvidos aos seus
conselhos e honrava-a com o seu afeto. Estimavam-se tanto
quanto se amavam, discutindo juntos os assuntos
de interesse mútuo
e diário. Uma vez
que estavam abortos
a Deus e um
ao outro, o seu
casamento e vida
espiritual eram fortes.
O tempo passou, e eles continuavam sem
um filho.
Entretanto, haviam chegado
a Siquem, onde Deus
apareceu de novo e lhe
disse: "À tua semente darei esta terra" (Gên. 12:6,7).
Por fim, chegaram ao seu
destino. E continuaram a esperar
o filho prometido. Em
sinal de gratidão,
Abraão edificou um altar
a Deus. Mas,
porque uma grande
fome vejo sobre
a região, Abraão deslocou-se para o sul a fim
de conseguir alimentar a família e os animais.
Fez isto por
sua decisão,
sem pedir conselho a Deus.
Foram para o Egito. Teriam ido
numa direção que
não agradava a Deus?
A vida no Egito não
foi fácil. Em
virtude de Sara ser
bela, Abraão temeu pela
sua vida,
pensando que os egípcios o matariam para se apoderarem dela. Por
isso, pediu-lhe: "Por favor, diz-lhes que és minha
irmã, para que
não tentem matar-me" (Gên. 12:13). Ele refugiou-se na mentira por causa do medo,
contudo era
um homem
que tinha,
implicitamente, confiado em Deus durante anos. E a respeito
do seu amor
por mim?
– perguntou ela a si
mesma.
É verdade que
no início das suas
peregrinações tinham concordado em usar essa táctica.
Serenaram as consciências com o fato de que realmente não se tratava duma mentira
(Gên. 20:12,13). Na teoria isto parecia aceitável, mas na prática Sara
sentia-se traída.
Exatamente como Abraão suspeitara, a beleza
dela foi notada, e acabou no harém de Faraó. O medo que Abraão tivera de morrer
não só
pôs em perigo
a pureza de Sara, mas
levara-a a sentir que
ele agiu sem
ter em consideração a promessa de um filho.
Mas o Deus em que ela tinha confiado interveio. Por
meio de tormentos
e grandes pragas,
Deus esclareceu a situação
diante do rei
pagão (Gên. 12:10-20). Como conseqüência
de todo esse
assunto, ela
perdeu alguma confiança no marido.
Por momentos,
ele deixou o seu
pedestal. Mais
um pouco
da segurança de Sara ficou destruída.
Voltaram então para
a terra que Deus lhes havia
prometido, trazendo com eles uma jovem escrava egípcia, Agar. À medida
que os anos
se passavam sem a vinda
do filho prometido, Abraão começou a
interrogar-se sobre se a solução
de Deus seria a de um
filho adotivo.
Talvez esse
filho fosse Eliezer, o homem mais importante da sua
casa (Gên. 15:1-4).
Mas não era esse o plano de
Deus. Ele
havia prometido que o herdeiro
seria um filho
concebido por Sara. A promessa
dum descendente continuou inalterada e
foi confirmada por juramento.
(Gên. 15:5-21) Embora Deus repetisse as Suas
promessas, demorava em
cumpri-las.
Ela sabia por experiência
que para viver uma vida de fé, não só precisava de se abster
da segurança humana,
mas também
de ser paciente.
A fé e a paciência
andavam juntas. Não
podiam comprar-se facilmente como qualquer mercadoria,
tinham de ser aprendidas através da dura
escola da vida.
Precisavam ser exercidas (Heb. 6:13-15)
e eram provadas por atos
concretos. Tanto
ela como
Abraão foram obrigados a aprender
que a fé
tem de estar ancorada sobre
a sólida base
das promessas de Deus
e não sobre
a areia das possibilidades humanas.
Mas Sara
tornou-se impaciente. Considerando que já haviam passado os anos
em que
poderia gerar
um filho,
sugeriu a Abraão que tomasse Agar, a serva egípcia, como
concubina. (Gn. 16) Exteriormente,
ela tinha-se adaptado aos costumes do tempo.
Afinal de contas,
coisas desse gênero
ocorriam com freqüência.
Provavelmente ela poderia
defender aquela sua
ação na base
da lei, referindo-se ao seu contrato de
casamento, em
que prometera um
filho ao marido.
Mas o que
fez estava errado, porque revelava falta de fé.
O seu espírito
de renúncia tinha-a levado a um grande sacrifício. Podia ter
apresentado a desculpa de que Deus não dissera que
o filho prometido seria mesmo dela. Mas
será que tinha
feito um
sacrifício desnecessário por querer a todo o custo ver a promessa de Deus cumprida, fosse como
fosse, e no tempo por
ela escolhido? O longo
tempo de espera,
nessa altura, dez
anos, tornou-se quase
insuportável. Provavelmente, o seu problema real não
consistiu no fato de a sua paciência
se ir esgotando, mas
em ter
procurado por ela
mesma a solução.
Tomou nas mãos o seu
destino e saiu-lhe bem caro.
O que é que
teria levado Abraão a dar-lhe ouvidos? Isso ainda não
estava claro. Mas,
como Adão antes
dele, tinha colhido o fruto amargo de
atender a uma sugestão
errada da esposa. (Gên. 3:17) Oh, por que é que lhe dera ouvidos?
As conseqüências tornaram-se evidentes quase
de imediato. O pecado
da descrença e da impaciência
tinha começado a dar
fruto pouco
depois de a criança
estar no ventre
de Agar. O lar patriarcal
foi dilacerado com o descontentamento e falta
de paz. Agar havia revelado um sentimento
de superioridade.
Sara esqueceu-se de que fora ela quem tomara a iniciativa daquele infeliz
plano. Porque
se tinha afastado de Deus, negligenciou examinar-se a si
mesma e arrepender-se. Pelo
contrário, tinha
culpado o marido. Humilhou tão profundamente
Agar, que, se Deus
não interferisse, a jovem
teria provavelmente morrido. Sara degradara-se. Tinha
descoberto quão
destruidores eram os poderes que uma
pessoa pode manifestar quando se afasta de Deus.
Tinha querido ganhar tempo. Ninguém
podia saber, se, pelo contrário, isso
resultaria ou não
em autêntica
perda de tempo.
Todavia, ela
sabia que se haviam passado
13 anos sem
que Deus
se tivesse revelado a Abraão. Como é que ele se tinha sentido durante esse tempo?
Abraão estava ainda muito ocupado a
servir os hóspedes
que tinham surgido de repente, sem saber donde, e se achavam diante
dele. Durante a visita,
Sara ajudou a preparar a refeição.
Quando chegou a hora
de os servir, ficou na retaguarda,
como era
costume no oriente,
onde o mundo
era dominado pelos
homens.
A sua atenção
foi despertada quando ouviu um deles perguntar: "Onde
está Sara, tua mulher?" Isto fez com que ela
começasse a imaginar, enquanto
se dirigia para a entrada
da tenda. Quem
são estes
homens? Como
é que sabem o meu
nome? Que
mais saberão eles
a meu respeito?
– perguntava ela a si
mesma.
Abraão respondeu-lhes: "Está na tenda".
Veio então
aquela afirmação surpreendente: "Tornarei a ti dentro dum ano;
e eis que
Sara, tua mulher, terá um filho".
Os homens continuavam
sentados, de costas para
a tenda, e Sara achou que não seria
notada. Estava só com
os seus pensamentos.
Intimamente ria-se destas palavras. Eles estavam realmente
sendo muito delicados.
Eram cavalheiros. Demonstravam a sua gratidão pela hospitalidade,
prometendo gentilmente um filho ao hospedeiro.
Subitamente, ela deixou de imaginar voltando de modo
abrupto à realidade.
Atônita, ouviu em
palavras os pensamentos
que não
chegara a pronunciar. O homem
perguntou: "Por que riu Sara, dizendo: Na verdade
gerarei eu havendo já
envelhecido?" E continuou logo com estas impressionantes
palavras: "Haveria coisa
alguma difícil ao Senhor?"
O Senhor? O Senhor?
Então, ela reconheceu-O, como
Abraão já o tinha
reconhecido. Não se tinha
o marido dirigido às três pessoas no
singular, com
"Meu Senhor"?
O próprio Senhor
tinha descido do céu
para falar com ela e confirmar pessoalmente
a promessa. "Ao tempo
determinado tornarei a ti, por este tempo, e Sara terá um
filho". Profundamente
perturbada, ela negou a sua falta de fé e disse: "Eu
não me
ri". Sabia a resposta antes de Ele a ter dado:
"Riste-te, sim".
Por
que é que
o Senhor não
Se dirigiu a mim diretamente? – cismava ela. Porque é um hábito oriental falar à mulher por intermédio
do marido? Ou
quereria Ele lembrar
a Abraão que, como
a esposa, também
ele tinha
rido por descrer?
Não tinha
passado muito
tempo desde
que Deus
lhe repetira a promessa
dum filho. Gên. 17. Pois
Abraão havia igualmente perdido a esperança de alguma vez
chegar a ter um filho de
Sara. Eslava satisfeito
com Ismael e tinha
suplicado que Deus
o aceitasse.
Pela primeira vez, Deus disse explicitamente que
o filho da promessa
seria o filho de Sara. Como prova disso,
tinha-lhes mudado os nomes. Em vez de
Abrão, "Pai da Altura'',
dali em diante
o nome dele seria Abraão, "Pai duma multidão".
Sarai passou para Sara, que
significava "Princesa". O Senhor não tinha considerado
suficiente dizer
apenas a Abraão que
o tempo de espera
estava a chegar ao fim.
Tinha vindo também
para o dizer pessoalmente a Sara.
No ano seguinte,
no tempo indicado por
Deus, nasceu-lhes um
filho. O nome
que Deus
lhe deu, Isaque, significa "Riso". Enquanto
vivessem, Isaque lembraria aos pais o fato de que, com incredulidade,
haviam posto um
ponto de interrogação atrás
do seu nome,
o qual Deus
transformara em ponto
de exclamação.
Os resultados do erro de Sara ao permitir que Agar se tornasse concubina
de Abraão continuaram a ser muito sérios.
Uma vez que
Ismael tinha escarnecido de Isaque na festa em que este foi
desmamado, Sara insistiu em que Abraão mandasse embora
Agar e Ismael. Houve tristeza no coração de Abraão, pois ele também
sofria pela participação que tivera no pecado.
Contudo, Deus
disse-lhe que desse ouvidos
a Sara. Assim, mandou embota a egípcia e
o seu filho.
Deus amava-os também,
como a história
tem provado, mas estabeleceu-se aí uma separação
distinta entre
os descendentes de Isaque e os de
Ismael. Sara só viveu mais 37 anos depois do nascimento de Isaque, por
isso não
viu a miséria e a tristeza
desencadeadas pelos descendentes
dos dois filhos
de Abraão.
Os árabes, descendentes de Ismael, e os judeus
descendentes de Isaque, tornaram-se inimigos constantes.
Mesmo passados
tantos séculos,
os problemas do Médio
Oriente ainda
aguardam solução.
Qual não seria a tristeza de
Sara se soubesse que o seu ato de impaciência teve efeitos
tão sérios,
e que a sua
memória ficou manchada por ele. Mas a Bíblia não termina a sua
história em
escala menor.
A primeira mulher que
aparece na galeria dos heróis da fé, em Hebreus 11,
é Sara. Ela ficou registada com honra por causa da fé que
demonstrou, não por
causa dos seus
fracassos.
A sua fé
majestosamente ilustrada no nascimento
de Isaque cresceu durante a sua longa existência. A vida
tinha requerido de Sara muitos sacrifícios.
Ela privou-se de muitas coisas que
amava e queria. Experimentou durezas e desapontamentos – tudo
sem murmurar.
Era flexível
em situações
mutáveis. Adaptou-se ao marido. Pela sua obediência a Abraão permitiu-lhe a ele obedecer a Deus.
Os cientistas descobriram que as emoções
más podem fazer adoecer
uma pessoa. Dizem também
que as emoções
saudáveis governadas por um sentimento de felicidade,
satisfação e fé
inquebrantável em
Deus podem concorrer para
a beleza física,
boa saúde e vida
longa.
Teria sido esse o segredo da beleza e vitalidade exteriores
de Sara? Pedra louva-a pela beleza interior e desafia
todas as mulheres a seguirem o seu exemplo. Pois Sara é verdadeiramente uma princesa entre as mulheres.
Sara, a princesa cujo nome está registado com
honra
(Gênesis 18:1-15; 21:1-3; Hebreus
11:1; 1 Pedro 3:6)
Perguntas:
1.
Leia Hebreus
11:11 mais uma vez.
Por que
é que o nome
de Sara é mencionado entre os heróis da fé?
2.
Compare 1 Pedro 3:6 com Efésios 5:22-33. O que
é que o impressiona na sua relação com o marido?
3.
Quais as experiências da vida de Sara que,
na sua opinião,
deram oportunidade de crescimento à sua
fé? (Estude também
as referências citadas em Gênesis 11,12 e 20).
4.
Qual lhe parece ser o maior desafio à fé dela?
5.
Que prova existe de que
a fé de Sara também
experimentou pontos baixos?
Que características
negativas vê
então? (Leia também
Gênesis 16).
6.
Quais os resultados que vê brotar da impaciência
de Sara?
7.
Ismael foi o pai dos árabes.
Quais as conseqüências
da vida de Sara que
se podem ver ainda
no presente?
8.
Que lições aprendeu da Sara? Escolha a mais importante e decida como
é que poderá aplicá-la na sua vida.
FONTE: LIVRO SEU NOME É MULHER
Que texto maravilhoso inspirador. Me ajudou com minhas ideias para o meu sermão
ResponderEliminar