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segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

MARTA E MARIA



MARTA DE BETÂNIA, UMA MULHER QUE DEU PRIORIDADE A QUESTÕES SECUNDÁRIAS

"A minha oração é que possais ter ainda mais amor – um amor cheio de conhecimento e de sábia compreensão. Quero que sejais capazes de reconhecer sempre o mais elevado e o melhor''. Filip 1:9-10, tradução de Phillips

Lucas 10:38-42
João 11:17-27
João 11:32-44

Marta estava nervosa. Um momento antes, 13 hóspedes, todos homens, tinham aparecido inesperadamente. Eram Jesus, o Mestre, e os seus discípulos que iam a caminho de Jerusalém, a cerca de três quilômetros dali.
Não se tratava de pessoas desconhecidas. Jesus era um bom amigo de Marta, de sua irmã Maria e de seu irmão Lázaro. Várias vezes apareceu com os discípulos, já de noite, para ficar com eles em Betânia.
Marta apreciava muito o Mestre, que não tinha onde reclinar a cabeça Mat. 8:20). Se sentia à vontade com eles. Era hospitaleira e alegremente abria o seu lar aos outros.Considerava que era uma honra receber os hóspedes.
Marta lutava consigo mesma enquanto atendia às necessidades daqueles homens cheios de pó e esfomeados. Não quer dizer que o seu lar não fosse suficientemente espaçoso ou que a dispensa estivesse pouco fornecida de comida. Tinha o bastante. Contudo, sentia-se irritada, porque a irmã, Maria, não a ajudava no serviço.
Maria estava totalmente absorta, ouvindo o Mestre. Bebia ansiosamente cada uma das Suas palavras. A questão que mais a preocupava era: "Como é que eu poderei aproveitar ao máximo este momento? Que é que posso aprender?''
Marta não se sentia menos feliz que a irmã por ter recebido a visita de Jesus, mas não a podia saborear completamente. Os seus pensamentos estavam sempre ocupados em pormenores e coisas secundárias. Era por isso que a magnitude da ocasião lhe escapava. Sentia-se nervosa. Irritada! E, como acontece geralmente numa situação do gênero, jogou a culpa em outra pessoa. Marta considerava-se uma vítima. "Senhor", interrompeu ela, "não te importas que a minha irmã me deixe servir só?''
Marta não pareceu preocupar-se com o fato de estar a acusar a irmã na presença dos hóspedes, e de estar a incluir Jesus na acusação! E isso não foi tudo. Ela atreveu-se a ordenar ao Mestre que dissesse a Maria para a ajudar.
A voz do Mestre, que tinha mantido os ouvintes fascinados, parou de repente. "Marta, Marta'', disse Ele, "estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada". Com aquelas poucas palavras Ele queria dizer muito mais. Continham uma advertência:
Marta, como é que podes misturar dessa maneira o que é primário com o secundário? Como é que te podes perder com coisas de somenos importância, enquanto eu estou na tua casa? Marta, não compreendes que eu vim, em primeiro lugar, para servir? Não para ser servido? (Mat. 20:28) Não vês que eu estou muito mais interessado em ti do que no alojamento e na comida? Aprecio a tua hospitalidade, mas a minha primeira preocupação é a Marta, não a hospedeira. Marta, és tão eficiente e sábia – por que é que hás de fazer tudo, mesmo os pormenores mais insignificantes, sozinha? Não compreendes que, de qualquer modo, eu prefiro uma refeição simples? No meu Reino dá-se prioridade às questões espirituais. Examina-te, analisa o teu próprio coração. Olha para as coisas do meu ponto de vista.
Maria, continuou Ele, não precisa de ser corrigida. Tu, sim. Mas digo-te isto porque te amo (Heb. 12:5,6). As coisas de valor temporal, as preocupações acerca desta forma de vida sufocam a Minha Palavra (Mar. 4:19), e escurecem a tua visão dos assuntos eternos. Marta, também deves ter cuidado quanto a julgares os outros (Mat. 7:1,2). Deixa antes isso comigo (1 Cor. 4:5). Examina-te a ti mesma e julga o teu próprio coração (2 Cor. 13:5).
O próximo encontro entre Jesus e essa família teve lugar em circunstâncias extremamente dolorosas. A doença e o temor tinham penetrado neste lar feliz. Lázaro estava gravemente enfermo. Sem demora, as irmãs enviaram uma mensagem a Jesus, que andava a pregar no outro lado do rio Jordão. Tudo o que Lhe disseram, foi: "Senhor, o teu amigo está muito doente".
Esperavam que Ele viesse imediatamente. Sabiam quando é que Lhe seria possível chegar lá. Mas Jesus permaneceu longe – de propósito – e Lázaro morreu.
Deus seria glorificado através desta doença de um modo todo especial. Maria e Marta não se regozijariam com a cura do seu irmão, mas com a sua ressurreição dentre os mortos.
Isto ia muito além da percepção delas. Portanto, as irmãs repetiam muitas vezes durante o dia: "Se o Senhor estivesse aqui, Lázaro não teria morrido''.
Depois, quando Lázaro já estava enterrado há quatro dias, e a casa estava repleta de amigos que procuravam confortá-las, chegou Jesus. Maria, dominada pelo desgosto, ficou em casa, mas o temperamento de Marta não lhe permitia ficar assim. Como é que poderia ficar calmamente em casa quando o Mestre estava a chegar? Impossível! Foi ao Seu encontro e repetiu-Lhe o que tinha dito muitas vezes com Maria; "Isto não teria acontecido, Senhor, se tu estivesses aqui''.
Mais uma vez, havia um travo de acusação nas palavras que dirigiu a Jesus, mas, ao mesmo tempo, elas constituíam uma expressão de fé e esperança. Ela provou isso quando acrescentou: "Mas eu sei que mesmo agora Deus Te dará o que quer que Lhe peças''.
Nem tudo estava perdido.
Quando Ele prometeu: "Teu irmão há de ressuscitar", Marta pensou num futuro distante. Mas Jesus pô-la face a face com um fato esmagador: "Eu sou a ressurreição e a vida''.
A ressurreição não oferecia esperança apenas para o futuro. Era uma realidade presente. Essa realidade estava personificada no Homem que falava com ela. Ele não dava meramente a vida. Era Ele próprio a vida.
A resposta de Marta foi uma notável confissão de fé: "Sim, Senhor! Eu creio que és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo''.
A pergunta que tantos haviam feito e que tinha provocado tanta divisão, era: "É ele o Cristo, ou não?" (João 7:31, 41-43; Mar. 11:3) Marta tinha dado uma resposta positiva, embora não pudesse imaginar as implicações do seu testemunho.
O que aconteceu em seguida é muito comovente. Marta tinha chamado Maria. Esta chegou e saudou Jesus. Repararam que Jesus estava profundamente triste. As palavras de Isaías tornaram-se realidade: "Em toda a angústia deles foi ele angustiado'' (Isa. 63:9).
O Filho de Deus não Se envergonhava das Suas lágrimas. Chorou.
As irmãs e todos os que tinham vindo para chorar com elas notaram isso. Alguns disseram: "Vede como o amava". Outros criticavam-nO, dizendo: "Abriu os olhos aos cegos, não é verdade? Então, por que é que não impediu que Lázaro morresse?''
Nesse momento, os sofrimentos de Jesus vieram à luz. Ele não iria sofrer apenas com a Sua morte próxima. Naquele instante santo, quando provou a Sua vitória sobre a morte, Jesus sofreu em vida. Havia sofrido em cada dia da Sua existência terrena. Sofrera com a incompreensão do povo (Mar. 6:1-6). Sofrera com a infidelidade dos Seus amigos (Luc. 22:39-45; Mat. 26:31-35). Sofrera também com Marta – pela maneira como ela usava a sua energia – pelo modo como ela interferira.
De novo, Marta interrompeu. Quando Jesus deu a ordem para removerem a pedra do sepulcro, ela achou que era necessário recordar-lhe que Lázaro, que já estava sepultado há quatro dias, se acharia num estado de decomposição.
"Não te disse que se creres verás a glória de Deus?" (João 11:40) respondeu Jesus.
Ao seu grito: "Lázaro, vem para fora!'' (V. 43) a morte deixou a sua presa. Lazão estava diante deles, vivo. Podiam tocar-lhe. Jesus, que tinha tomado sobre Si próprio a culpa de insensibilidade perante a tristeza dos Seus amigos, selava agora a Sua amizade pelas pessoas de Betânia, com a Sua vida.
Agora a Sua liberdade estava limitada. Precisava Se esconder a fim de não cair prematuramente nas mãos dos fariseus e dos principais sacerdotes (João 11:53,54). Dentro de poucas semanas iria morrer na cruz. Morreria, não só pelos pecados de Lázaro, Marta e Maria, mas também pelos pecados de todo o mundo.

Seis dias antes da morte de Jesus, Marta serviu num banquete dado em honra dEle (João 12:1,5). A história vem contada em poucas palavras. Marta não tinha deixado de servir. Não caiu no outro extremo. Era uma mulher de caráter vigoroso. As belas qualidades de hospitalidade e de prontidão em servir continuavam a ser evidentes. Era também uma mulher cuja fé, pela morte de Lázaro, havia suportado o teste.
Revelou-se também uma mulher corajosa. Permaneceu fiel ao Senhor numa altura em que o ódio dos judeus era o mais veemente e viria a resultar na Sua morte.
Jesus amava-a e estendeu-file a honra da Sua amizade.
Ele, que conhecia as pessoas, sabia que as mulheres como Marta podem sofrer sem necessidade, simplesmente por causa delas próprias. Sabia que uma mulher boa, inteligente e enérgica, como ela, podia facilmente tropeçar, por causa de um vigor demasiado, por causa do desejo de interferir. Ela tinha de ter um cuidado especial para não se perder em coisas de importância secundária. As mulheres como Marta precisam particularmente de Jesus. Ele pode impedi-las de dedicarem as suas vidas ao segundo melhor.

Marta de Betânia, uma mulher que deu prioridade a questões secundárias (Lucas 10:38-42; João 11:17-27, 32-44).

Perguntas:
1.     O que caracterizava a família em Betânia?
2.     Qual lhe parece ser a qualidade mais positiva em Marta? (Leia também Marcos 11:11 e Mateus 21:17).
3.     alguns perigos em relação com esta característica da sua vida? Se sim, quais?
4.     Que fatos nos levam a concluir que Marta dava realmente prioridade a assuntos de importância secundária?
5.     Leia João 11. O que é que este capítulo ensina a respeito da fé de Marta?
6.     Em que sentido é que Marta constitui um exemplo ou advertência para si? Como é que vai aplicar o que aprendeu da sua vida?


FONTE: LIVRO SEU NOME É MULHER

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