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segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

MARIA E MARTA



MARIA DE BETÂNIA, UMA MULHER COM INTUIÇÃO PARA ESCOLHER O MELHOR

''A amizade com Deus é reservada aos que O reverenciam. Só com eles é que Ele partilha os segredos das Suas promessas''. Sal. 25:14, The Living Bible, 1971

João 12:1-11
Mateus 26:13 – "Em verdade vos digo que; onde quer que este evangelho for pregado, em todo o mundo, também será referido o que ela fez, para memória sua".

Ela mal foi notada quando entrou na sala. Relanceou o olhar para os homens que estavam lá e sentou-se atrás do hóspede de honra. Com um simples movimento arranjou o seu longo vestido e apalpou o pequeno vaso ainda escondido entre as pregas. Maravilhoso – a conversa dos hóspedes não havia sido perturbada com a sua entrada. As vozes fortes dos homens continuavam a encher a sala como antes. Ela estava habituada a sentar-se aos pés de Jesus, e os presentes tinham-na visto fazer isso anteriormente (Luc. 10:39).
Enquanto os homens comiam e conversavam, os pensamentos de Maria voltaram-se para a primeira vez em que Jesus e os Seus discípulos tinham vindo à sua casa. Ele havia entrado também na sua vida. E – como só Ele podia fazer – tinha causado uma mudança radical. Ela já não reconhecia a sua própria vida. "Ele começou por dar-nos a Sua amizade'', meditava ela. Essa era uma experiência desconhecida. Até essa altura existira um grande abismo entre os homens e as mulheres.
Afinal de contas, não agradeciam os judeus, todas as manhãs, nas suas orações, por Deus os ter criado "não como um escravo, nem pagão, nem mulher"?
Havia-se tornado imediatamente claro que Ele era diferente. O Seu interesse não estava simplesmente no homem ou na mulher. Ele visava o ser humano total, homem ou mulher (Gál. 3:28).
Ele havia introduzido um novo respeito pelas mulheres. Oferecera-lhes oportunidades que se desconheciam até então. Tinha-as elevado ao Seu nível. Era por isso que ela se sentia tão completamente à vontade na Sua presença. Sem qualquer timidez, viera e sentara-se no meio dos homens que estavam escutando as Suas palavras.
Sentada aos Seus pés e ouvindo-O, sentia no seu coração uma fome, uma sede de Deus. O propósito da sua existência tornara-se claro ao ouvir este Homem. Uma convicção crescia dentro dela: "Fui criada para Deus. Existo por causa dEle." (Apoc. 4:11)
Isto deu significado e cor à sua vida. Revelou primeiramente oportunidades nunca sonhadas. Ela vivia a sua vida na comunhão com Cristo (1 Cor. 1:9). Era esse o objetivo da vida para que se sentia chamada. O primeiro resultado foi uma fome de Sua Palavra. O pão – alimento só para o corpo – não podia satisfazer o ser humano. A pessoa íntima tinha de ser alimentada com a Palavra de Deus (Mat. 4:4).
Enquanto se dessedentava com as Suas palavras e ia aumentando o conhecimento a respeito dEle, os seus sentimentos amadureciam no sentido de uma decisão: "Farei por Ele o que puder''. A gratidão inundava-lhe o coração. Olhou para os homens que falavam um pouco mais. Então foi distraída por Marta que servia o Senhor e os outros homens. Marta, pensou ela, quanto Ele tem feito por ti! Quanto! Marta possuía uma personalidade ativa e extrovertida. O seu amor pelo Senhor revelava-se em serviço para Ele, porque ela era uma mulher que pensava e agia rapidamente. Era o oposto de Maria que era mais introspectiva e calma por natureza. Era animador ver como o Senhor compreendia as duas. Amava cada uma delas de acordo com o seu próprio caráter.
De Marta, os olhos de Maria vaguearam até Lázaro, o hospedeiro, que estava sentado ao lado do Mestre. Os seus olhos não podiam deixar de expressar alegria vendo o irmão. Ele havia ressuscitado dentre os mortos. Vivia! Jamais poderia esquecer aquele momento em que Jesus tinha levantado a voz e gritado: "Lázaro, vem para fora!" Sentia-se também um pouco envergonhada quando recordava aquela ocasião. Marta e ela haviam-se interrogado a si mesmas sobre a razão por que o Mestre não tinha vindo mais depressa. Não podiam compreender a Sua demora que lhes foi quase mais penosa do que a perda do irmão. Nunca antes em suas vidas se haviam sentido tão abandonadas. Olhando para trás, podiam ver quão pouco perspicazes haviam sido. Mais tarde compreenderam por que é que Cristo agira daquela maneira. Tinha-o feito inteiramente pela vontade do Pai, pois a ressurreição de Lázaro tinha honrado a Deus. Muitas pessoas foram levadas a crer.
 Honrar a Deus e providenciar salvação para o Seu povo era esse o alvo de Jesus. Isto provou ser difícil para Jesus, pois o ódio consumidor dos líderes judeus, que se havia mantido latente até esta altura, ateava-se agora numa chama que O iria destruir. Ao arrebatar Lázaro da morte, Ele tinha assinado a Sua própria sentença de morte.
Dentro de seis dias seria a Páscoa.
Teria este pensamento aberto de repente os olhos dela? Teria ela sentido instintivamente que Jesus viera naquele dia para dizer adeus? Ele estava também a preparar-se para as festividades que se aproximavam. Nessa Páscoa não haveria apenas sangue derramado no Templo dos animais sacrificados para remir os pecados do povo (Êxo. 12:13, 21-28), mas, em Jerusalém seria oferecido um sacrifício muito maior. Jesus ia morrer.
Ela havia falado dos Seus sofrimentos que se avizinhavam (Mar. 8:31). Reconheceu que o ódio de muitos líderes judeus tinha atingido o ponto de ebulição. Não restava dúvida na sua mente. Jesus tinha de morrer. Ele era o cordeiro de Deus que tira o pecado, não só duma nação, mas do mundo inteiro (João 1:29). Muita coisa se tinha tornado clara para Maria durante o tempo em que convivera com Jesus, enquanto se enchia das Suas palavras. Tinha-se desenvolvido uma intuição espiritual e uma compreensão das coisas que outras pessoas não viam.
Na Palavra de Deus, a fé e as obras são inseparáveis. Maria sentia isso nas profundezas da sua alma. Sentia um desejo imenso de fazer alguma coisa. Queria expressar o seu reconhecimento ao Senhor, provavelmente pela última vez. As suas mãos deslizaram ao longo do vestido. Tocaram no pequeno vaso escondido ali. Estava decidida.
O perfume era muito valioso. A quantidade que estava no vaso representava o salário anual de um trabalhador (Mat. 20:2). O nardo era um óleo para embalsamamentos. Isto pertence a um funeral, pensou. Não! Ela reprimiu este pensamento tão depressa quanto ele viera à sua mente. Era o Senhor vivo que devia receber a sua adoração, não o morto. Era agora que tinha de fazer algo para Ele.
Rapidamente levou a cabo o seu plano, como se receasse que alguém a impedisse de o fazer – como não restasse muito tempo.
As aromáticas gotas de perfume derramadas sobre os pés de Jesus, eram uma expressão da gratidão de Maria. Sem retraimento, ela apresentou toda sua alma. Esta homenagem foi sem palavras. Como é que poderiam umas simples palavras expressar os seus muitos pensamentos? Às vezes é mais fácil traduzir pensamentos muito profundos por um olhar ou movimento, do que por palavras.
Os que a rodeavam foram completamente esquecidos, enquanto ela estava imensa nos seus pensamentos a respeito do Senhor. Afavelmente ela secou-Lhe os pés com os cabelos. De repente, a sala ficou silenciosa. A conversa tinha cessado. O forte odor tinha penetrado na sala – encheu toda a casa. Maria, que desejara honrar o Senhor sem ser notada, colocara-se, com a difusão do cheiro, exatamente no centro das atenções. O que é que ela tinha feito?
O que para o Mestre era um doce perfume, constituía-se ofensivo para as narinas de Judas Iscariotes. A sua crítica foi mordaz: "Por que não se vendeu este perfume por trezentos denários e não se deu aos pobres?" Outros apoiaram-no. Embora Judas parecesse altruísta, o seu interesse nos pobres era um pretexto. Iria antes pôr o dinheiro num saco que transportava, de modo a poder usá-lo para si mesmo.
Uma vez mais as boas intenções de Maria foram mal interpretadas, como naquela ocasião em que havia sido acusada de preguiçosa pela irmã (Luc. 10:40,41). Jesus, todavia, conhecia os seus motivos. Também naquela altura a defendera. Neste momento disse: "Deixai-a, para que a incomodais? Ela fez algo de bom e de belo por mim'' (Mar. 14:6). Maria foi a única que reconheceu que o tempo dEle na terra estava a chegar ao fim. Tudo o que pudesse fazer por Ele era mais importante do que qualquer outra coisa.
Jesus não somente a defendeu, mas louvou-a: ''Ela fez o que podia''. (Mar. 14:8).
O fato de ouvir atentamente as Suas palavras tinha ajudado Maria a transformar-se numa mulher com visão espiritual. Tinha-se tornado uma mulher que entendia os segredos de Deus. Sabia precisamente o que fazer, e quando.
As palavras do Mestre não só revelaram os pensamentos de Maria como também tornaram clara a maneira como Deus via as coisas. O Seu maior louvor era reservado à pessoa que se interessava pela Sua Palavra e que agia na base dela. Tal pessoa não precisava temer a crítica dos seus semelhantes. Não precisava de se retrair quando eles a importunavam. Ela dispunha do melhor advogado possível – o próprio Jesus.
Mais uma vez, Maria não foi repreendida. Pelo contrário, nesse preciso momento, Jesus erigiu-lhe um monumento que perduraria ao longo das gerações. Era melhor do que qualquer monumento de pedra ou de bronze. "Em verdade vos digo: onde for pregado em todo o mundo o evangelho, será também contado o que ela fez, para memória sua" (Mar. 14:9).
O aroma do perfume de Maria tem permeado o mundo inteiro – mesmo até aos nossos dias. Milhares, não, milhões têm-na louvado. Têm-se sentido estimulados por ela, porque fez o que podia. Maria foi uma mulher com intuição para escolher o melhor.

Maria de Betânia, uma mulher com intuição para escolher o melhor
(João 12:1-11; Mateus 26:13).

Perguntas: .
1.     Qual é a primeira e impressionante qualidade de Maria revelada em Lucas 10:38-42?
2.     Qual foi a apreciação de Jesus acerca dela?
3.     Considere a vida de Maria à Luz de Mateus 4:4 e 1 Coríntios 1:9 e enumere os pontos que descobriu.
4.     Que pensamentos tem depois de ler a respeito de Maria em João 12:1-8? (Leia também Mateus 26:6-13 e Marcos 14:3-9).
5.     Enumere as coisas que Jesus disse acerca de Maria. Qual destas o impressiona mais? Por quê?
6.     A que aspectos da vida dela acha que devia dar mais atenção na sua própria vida? O que é que vai fazer a esse respeito?

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