''A amizade com Deus é reservada aos que
O reverenciam. Só com
eles é que
Ele partilha os segredos
das Suas promessas''.
Sal. 25:14, The Living
Bible, 1971
João 12:1-11
Mateus 26:13 – "Em verdade vos digo que; onde quer que este evangelho for pregado, em
todo o mundo,
também será referido o que ela fez, para memória sua".
Ela mal foi notada quando
entrou na sala. Relanceou o olhar para os homens que
estavam lá e sentou-se atrás do hóspede
de honra. Com
um simples
movimento arranjou o seu longo vestido e apalpou o pequeno
vaso ainda
escondido entre as pregas.
Maravilhoso – a conversa
dos hóspedes não
havia sido perturbada com a sua entrada. As
vozes fortes
dos homens continuavam a encher
a sala como
antes. Ela
estava habituada a sentar-se aos pés de
Jesus, e os presentes tinham-na visto fazer isso anteriormente
(Luc. 10:39).
Enquanto os homens comiam e conversavam, os pensamentos
de Maria voltaram-se para a primeira
vez em
que Jesus e os Seus
discípulos tinham vindo à sua casa. Ele havia entrado também
na sua vida.
E – como só
Ele podia fazer
– tinha causado uma mudança radical. Ela já não
reconhecia a sua própria
vida. "Ele
começou por dar-nos a Sua amizade'',
meditava ela. Essa era
uma experiência desconhecida.
Até essa altura
existira um grande
abismo entre
os homens e as mulheres.
Afinal de contas,
não agradeciam os judeus,
todas as manhãs, nas suas orações, por Deus os ter criado "não
como um
escravo, nem
pagão, nem
mulher"?
Havia-se tornado imediatamente claro
que Ele
era diferente.
O Seu interesse
não estava simplesmente
no homem ou
na mulher. Ele
visava o ser humano
total, homem
ou mulher
(Gál. 3:28).
Ele havia introduzido um novo respeito pelas mulheres. Oferecera-lhes oportunidades
que se desconheciam até
então. Tinha-as elevado
ao Seu nível.
Era por
isso que
ela se sentia tão
completamente à vontade
na Sua presença.
Sem qualquer
timidez, viera e sentara-se no meio
dos homens que
estavam escutando as Suas palavras.
Sentada aos Seus pés e ouvindo-O, sentia no seu
coração uma fome,
uma sede de Deus.
O propósito da sua
existência tornara-se claro ao ouvir este Homem. Uma
convicção crescia dentro
dela: "Fui criada para
Deus. Existo por
causa dEle." (Apoc. 4:11)
Isto deu significado e cor
à sua vida.
Revelou primeiramente oportunidades nunca
sonhadas. Ela vivia a sua vida na comunhão com Cristo (1 Cor.
1:9). Era esse
o objetivo da vida
para que se
sentia chamada. O primeiro
resultado foi uma fome
de Sua Palavra.
O pão – alimento só para o corpo – não
podia satisfazer o ser
humano. A pessoa
íntima tinha
de ser alimentada com
a Palavra de Deus
(Mat. 4:4).
Enquanto se
dessedentava com as Suas
palavras e ia aumentando o conhecimento a respeito
dEle, os seus sentimentos
amadureciam no sentido de uma decisão: "Farei por
Ele o que
puder''. A gratidão inundava-lhe o coração. Olhou para os homens que
falavam um pouco
mais. Então
foi distraída por
Marta que
servia o Senhor e os outros
homens. Marta,
pensou ela, quanto
Ele tem feito
por ti! Quanto!
Marta possuía uma personalidade
ativa e extrovertida.
O seu amor
pelo Senhor revelava-se em serviço para Ele, porque ela era uma mulher que pensava e agia rapidamente. Era
o oposto de Maria que
era mais
introspectiva e calma
por natureza.
Era animador
ver como
o Senhor compreendia as duas. Amava cada uma delas de acordo
com o seu
próprio caráter.
De Marta, os olhos de Maria vaguearam até
Lázaro, o hospedeiro,
que estava sentado ao lado do Mestre.
Os seus olhos
não podiam deixar
de expressar alegria
vendo o irmão. Ele
havia ressuscitado dentre os mortos. Vivia! Jamais
poderia esquecer
aquele momento
em que
Jesus tinha levantado a voz e gritado: "Lázaro,
vem para fora!"
Sentia-se também um
pouco envergonhada quando
recordava aquela ocasião. Marta e ela
haviam-se interrogado a si mesmas sobre a razão por que o Mestre não tinha vindo mais
depressa. Não
podiam compreender a Sua
demora que
lhes foi quase
mais penosa
do que a perda
do irmão. Nunca
antes em
suas vidas
se haviam sentido tão
abandonadas. Olhando para trás,
podiam ver quão
pouco perspicazes
haviam sido. Mais tarde
compreenderam por que
é que Cristo
agira daquela maneira. Tinha-o feito inteiramente
pela vontade
do Pai, pois
a ressurreição de Lázaro
tinha honrado a Deus.
Muitas pessoas foram levadas a crer.
Honrar a Deus
e providenciar salvação para o Seu
povo era
esse o alvo
de Jesus. Isto provou ser difícil para Jesus, pois o ódio consumidor
dos líderes judeus,
que se havia mantido latente até
esta altura, ateava-se agora numa chama
que O iria destruir.
Ao arrebatar Lázaro
da morte, Ele
tinha assinado a Sua
própria sentença
de morte.
Dentro de seis dias seria
a Páscoa.
Teria este pensamento aberto de repente os olhos
dela? Teria ela sentido
instintivamente que
Jesus viera naquele dia para
dizer adeus? Ele estava também
a preparar-se para as festividades
que se aproximavam. Nessa Páscoa não
haveria apenas sangue
derramado no Templo dos animais sacrificados para remir os pecados do povo (Êxo. 12:13, 21-28), mas,
em Jerusalém seria oferecido um sacrifício muito maior.
Jesus ia morrer.
Ela havia falado dos Seus
sofrimentos que se avizinhavam (Mar. 8:31). Reconheceu que
o ódio de muitos
líderes judeus
tinha atingido o ponto
de ebulição. Não
restava dúvida na sua
mente. Jesus tinha
de morrer. Ele
era o cordeiro
de Deus que
tira o pecado,
não só
duma nação, mas
do mundo inteiro
(João 1:29). Muita coisa
se tinha tornado
clara para
Maria durante o tempo
em que
convivera com Jesus, enquanto se enchia das Suas
palavras. Tinha-se desenvolvido
uma intuição espiritual
e uma compreensão das coisas que
outras pessoas não
viam.
Na Palavra de Deus, a fé e as
obras são
inseparáveis. Maria sentia isso nas profundezas da sua
alma. Sentia um
desejo imenso
de fazer alguma coisa.
Queria expressar o seu
reconhecimento ao Senhor,
provavelmente pela última
vez. As suas
mãos deslizaram ao longo
do vestido. Tocaram no pequeno vaso
escondido ali. Estava decidida.
O perfume era muito valioso. A quantidade que estava no vaso
representava o salário anual
de um trabalhador
(Mat. 20:2). O nardo era um óleo para embalsamamentos.
Isto pertence
a um funeral,
pensou. Não! Ela reprimiu este
pensamento tão
depressa quanto
ele viera à sua
mente. Era
o Senhor vivo
que devia receber
a sua adoração,
não o morto.
Era agora
que tinha
de fazer algo
para Ele.
Rapidamente levou a cabo o seu plano, como se receasse que
alguém a impedisse de o fazer
– como não
restasse muito tempo.
As aromáticas gotas de perfume derramadas sobre
os pés de Jesus, eram uma expressão da gratidão
de Maria. Sem retraimento, ela apresentou toda
sua alma.
Esta homenagem foi sem
palavras. Como
é que poderiam umas simples
palavras expressar
os seus muitos
pensamentos? Às vezes
é mais fácil
traduzir pensamentos
muito profundos
por um
olhar ou movimento, do que
por palavras.
Os que a rodeavam foram completamente esquecidos, enquanto
ela estava imensa
nos seus
pensamentos a respeito
do Senhor. Afavelmente ela
secou-Lhe os pés com
os cabelos. De repente,
a sala ficou silenciosa.
A conversa tinha
cessado. O forte odor
tinha penetrado na sala
– encheu toda a casa.
Maria, que desejara honrar o Senhor sem ser notada, colocara-se, com
a difusão do cheiro,
exatamente no centro
das atenções. O que
é que ela
tinha feito?
O que para
o Mestre era
um doce
perfume, constituía-se ofensivo para as narinas de Judas
Iscariotes. A sua crítica
foi mordaz: "Por
que não
se vendeu este perfume
por trezentos denários e não se deu aos pobres?"
Outros apoiaram-no. Embora
Judas parecesse altruísta,
o seu interesse
nos pobres
era um
pretexto. Iria antes
pôr o dinheiro num saco
que transportava, de modo a poder usá-lo para si mesmo.
Uma vez mais
as boas intenções de Maria foram mal interpretadas, como
naquela ocasião em
que havia sido acusada de preguiçosa pela
irmã (Luc. 10:40,41). Jesus, todavia,
conhecia os seus motivos.
Também naquela altura
a defendera. Neste momento disse:
"Deixai-a, para que
a incomodais? Ela fez algo de bom e
de belo por
mim'' (Mar.
14:6). Maria foi a única que reconheceu que
o tempo dEle na terra
estava a chegar ao fim.
Tudo o que
pudesse fazer por
Ele era
mais importante
do que qualquer
outra coisa.
Jesus não somente
a defendeu, mas louvou-a: ''Ela fez o que
podia''. (Mar. 14:8).
O fato de ouvir
atentamente as Suas
palavras tinha
ajudado Maria a transformar-se numa mulher
com visão
espiritual. Tinha-se tornado uma mulher
que entendia os segredos
de Deus. Sabia precisamente
o que fazer,
e quando.
As palavras do Mestre não só revelaram os pensamentos
de Maria como também
tornaram clara a maneira
como Deus
via as coisas.
O Seu maior
louvor era
reservado à pessoa que se interessava pela
Sua Palavra
e que agia na base
dela. Tal pessoa
não precisava temer
a crítica dos seus
semelhantes. Não
precisava de se retrair quando
eles a importunavam. Ela dispunha do melhor
advogado possível
– o próprio Jesus.
Mais uma vez, Maria não
foi repreendida. Pelo contrário,
nesse preciso momento,
Jesus erigiu-lhe um monumento
que perduraria ao longo
das gerações. Era
melhor do que
qualquer monumento
de pedra ou
de bronze. "Em
verdade vos
digo: onde for pregado em todo o mundo o evangelho,
será também contado o que ela fez, para memória sua" (Mar.
14:9).
O aroma do perfume
de Maria tem permeado o mundo inteiro – mesmo
até aos nossos
dias. Milhares,
não, milhões
têm-na louvado. Têm-se sentido
estimulados por ela,
porque fez o que
podia. Maria foi uma mulher com intuição para
escolher o melhor.
Maria de Betânia, uma mulher com intuição para
escolher o melhor
(João 12:1-11; Mateus 26:13).
Perguntas: .
1.
Qual é a primeira e impressionante qualidade
de Maria revelada em Lucas 10:38-42?
2.
Qual foi a apreciação de Jesus acerca
dela?
3.
Considere a vida de Maria à Luz
de Mateus 4:4 e 1 Coríntios 1:9 e enumere os pontos
que descobriu.
4.
Que pensamentos tem depois de ler a
respeito de Maria em
João 12:1-8? (Leia também Mateus 26:6-13
e Marcos 14:3-9).
5.
Enumere as coisas
que Jesus disse acerca
de Maria. Qual destas o impressiona mais? Por quê?
6.
A que
aspectos da vida
dela acha que
devia dar mais
atenção na sua
própria vida?
O que é que
vai fazer a esse
respeito?
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