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segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

ENCNTROS DE JESUS - O CEGO BARTIMEU 2ª REFLEXÃO




“SENHOR, EU NÃO SEI QUERER...”

S. Marcos 10:46 a 52

Pr. Adolfo S. Suárez


Você é capaz de imaginar o que significa não poder ver um belo pôr do sol? Você é capaz de imaginar o que significa não poder contemplar o rosto de seus seres queridos, pai, mãe e irmãos? Você é capaz de imaginar o que significa não poder ver o sorriso de uma criança? Seria uma tragédia, não seria? Assim era a vida de Bartimeu. Uma completa tragédia. Uma completa escuridão. Uma vida sem sentido, sem significado nenhum, sem luz, sem novidades. Isso não era vida!

A Bíblia Sagrada é extraordinária porque, entre outras coisas, nos leva a fazer este tipo de reflexões. As narrativas bíblicas não são simples histórias. São quadros vivos que falam ao nosso coração, e com os quais nos identificamos profundamente. No milagre da cura do cego Bartimeu, temos um belíssimo quadro espiritual que interessa a todo verdadeiro cristão.

Bartimeu era um cego que morava na estrada de Jericó. Um bom local para alguém que, tendo perdido a família, precisava esmolar para sobreviver. Jericó era uma cidade grande, com muita gente entrando e saindo. Muito comércio. E como Bartimeu não podia conhecer a estrada, inventou um caminho na cabeça, só de ouvir os passos de quem ia para Jericó. Ele sabia de cor o caminho que ele mesmo havia inventado. Sua vida havia entrado numa rotina doentia. E além da impossibilidade de ver, ele criara para si a impossibilidade de alçar novos rumos, traçar novos planos, almejar outros horizontes, sonhar. Uma vida sem sentido, sem significado nenhum, sem luz, sem novidades, sem desafios. Isso não era vida!

De dia, Bartimeu ficava à beira da estrada. De noite, refugiava-se na caverna mais próxima. Vivia no canto da vida, sem participar da família, sem ter amigos ou chance de melhorar. Talvez a única vantagem de morar sozinho era não ouvir a zombaria das pessoas, não ouvir as teorias que tentavam explicar por que ele era cego. Ficar longe dessas fofocas era uma bênção.

Além de dar esmolas, o único que as pessoas conseguiam fazer a favor, ou melhor, contra Bartimeu, era falar de uma questão muito comum naqueles dias: Quem é cego, é porque pecou. Ou ele, ou seu pai, ou sua mãe. Alguém pecou. Não tem jeito e não nem tem cura. É cego; tem que aceitar isso. Não tem remédio nem nada. Se Deus quis assim, deixa assim.

Eles acreditavam que “todo pecado era punido nesta vida. Toda enfermidade era considerada como o castigo de qualquer mau procedimento, fosse da própria pessoa ou dos pais. É verdade que todo sofrimento é resultado da transgressão da lei divina, mas esta verdade havia sido pervertida. Satanás, o autor do pecado e de todas as suas conseqüências, levara os homens a considerar a doença e a morte como procedentes de Deus — como castigos arbitrariamente infligidos por causa do pecado. Era por isso que grande era o sofrimento daquele sobre quem caísse alguma calamidade. Além do próprio sofrimento físico, deveria carregar a vergonha e humilhação de ser olhado como grande pecador.

Sentado à beira da estrada, Bartimeu tinha a cor da poeira que o pé de tanta gente e animais levantava por ali. Vivia da caridade dos outros. A dureza da vida o havia ensinado a enfrentar o desafio de pedir algo a alguém.

Apesar de não ver, Bartimeu escutava perfeitamente. Só de ouvir a conversa dos outros, ele era capaz de dizer tudo o que acontecera ou iria acontecer na cidade. E como ele gostava de ficar junto ao portão principal da cidade, de tanto ouvir a conversa do povo, ficou sabendo da novidade que agitou Jericó, e que era o assunto de primeira página dos principais jornais e revistas. O jornal “Gazeta de Jericó” dizia: Jesus chegará à cidade no início da tarde. “A Folha de Jericó” anunciava: Cidade das Palmeiras recebe Seu Criador”. E o “Notícias Populares” arrematava com uma manchete bem chamativa: “Venham ver o mais famoso Pregador das Multidões”. A fama de Jesus chegou logo. A notícia de Sua passagem veio rapidamente na boca de toda a gente que dizia que Ele era bom, que andava com os pobres e que fazia a vida deles mudar instantaneamente.

Jesus estava chegando.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                 tem compaixão de mim, tem pena de mim. Oh, Jesus, escuta minha voz! Por favor. A gritaria de Bartimeu era tão grande que o povo se irritou: — Cala a boca Bartimeu! Fica quieto! Pára com essa gritaria! Você ficou louco? (Os jovens de hoje diriam: Se liga Bartimeu!).

Bartimeu nem ligou. Era a chance de sua vida!: Jesus, filho de Davi, tem  compaixão de mim, tem pena de mim! Por favor, escuta minha voz!

Que exemplo de resolução e perseverança em meio às dificuldades! Bartimeu recebeu pouco apoio por parte daqueles que estavam ao seu redor. Foi até repreendido. Ele, porém, não era do tipo que desistia facilmente. Se os outros não sabiam quão grande era a miséria de ser cego, ele sabia. Se os outros pensavam não valer a pena esforçar-se tanto, ele pensava de outro modo.

Não devemos nos preocupar com o que os outros pensam ou dizem a nosso respeito, quando buscamos a cura de nossa alma. Não há de faltar alguém que diga: Não... Espera mais um pouco. Pensa melhor se realmente você quer se entregar a Deus... Não devemos dar ouvidos a esse tipo de conselho. Afinal de contas, só os que conhecem verdadeiramente sua condição deplorável são os que perseveram, e finalmente são curados. Jesus passa por entre os homens pela voz dos amigos, pelo conselho de pessoas chegadas, e pelas instruções da Bíblia. Toda vez que sentirmos que Ele está passando em nossa vida, devemos aproveitar a oportunidade, porque é possível que essa oportunidade nunca mais se repita...

Após a gritaria de Bartimeu, Jesus parou. Parou para ouvir. A multidão também parou. O barulho cessou. E a voz de Bartimeu ouvia-se agora com toda intensidade: Jesus, filho de Davi, tem compaixão de mim, tem pena de mim! Por favor, escuta minha voz!

Comovido, Jesus pediu a um de seus discípulos que chamasse o cego. O discípulo foi correndo: Bartimeu, tua gritaria funcionou. Jesus te chama! Vai logo! Ele está esperando!

— Por favor moço, não brinque comigo... — Não estou brincando! Jesus te chama! — Tá falando sério? Jesus, o filho de Davi, me chama?

Bartimeu deu um pulo e jogou a capa de cima de seus ombros. Pela fé, achava que ela não seria mais necessária. A capa estava muito suja. Tão suja como sua própria vida. Ele não poderia ir até Jesus com uma capa daquelas. Para quê? Apenas para cobrir suas roupas rasgadas? Apenas para dizer que, a pesar de ser um mendigo, ele não era tão desgraçado, porque pelo menos tinha uma capa?

Ele jogou a capa porque queria apresentar-se do jeito que ele era diante de Jesus, o filho de Davi. Somente Jesus deveria ter a capa da realeza, porque Ele era o filho de Davi, o Grande Rei!

Jogando sua capa, Bartimeu se levantou e foi até Jesus. Levantou-se e foi até Jesus. Sabe por que Bartimeu teve a ousadia de se levantar e ir até Jesus? Porque ele era cego dos olhos, mas não do espírito. Os olhos de seu entendimento estavam abertos. Ele via coisas que Anás e Caifás, sumo sacerdotes, e fariseus e escribas não viam. Pilatos viu que Jesus era inocente, mas não teve coragem de declará-lo inocente. Fez de conta que nada viu. Ele via bem melhor do que Pilatos. Bartimeu viu que Jesus de Nazaré, como o chamavam com desprezo — esse Jesus que tinha vivido durante trinta anos em uma aldeia obscura da Galiléia — esse mesmo Jesus era o Filho de Davi — o Messias Rei de quem os profetas tinham falado.

Bartimeu nunca tinha presenciado os assombrosos milagres operados por nosso Senhor; nunca tivera oportunidade de ver os mortos ressuscitarem pelo poder da Palavra, nunca vira os leprosos sendo limpos pelo contato da mão de Jesus. Nunca vira pessoas sendo libertadas do poder dos demônios. Infelizmente a sua cegueira tinha-o privado destes privilégios. Entretanto, ouvira a narração dessas obras maravilhosas, e havia crido. Estava convencido, no fundo do coração, pelo que lhe haviam contado, que a pessoa que fizera tais coisas era o Salvador do Mundo, que tinha poder para curar. Por isso, sua exclamação Jesus, filho de Davi, tem  compaixão de mim!, não era apenas uma súplica, mas sim uma tremenda demonstração de fé.

Roguemos a Deus que nos conceda a mesma fé preciosa de Bartimeu. Nós também não podemos ver Jesus com os nossos olhos físicos. Temos, porém, na Bíblia, a demonstração do Seu poder e graça e a declaração de Sua boa vontade para nos salvar. Temos aqui preciosas promessas que nos animam. Confiemos nessas promessas e entreguemos nossa vida a Deus sem receio. Enxerguemos com os olhos da fé as grandes bênçãos que Deus já tem preparadas para nós. A fé que Deus requer de nós é uma fé simples, porém firme. Uma fé que não exija a visão antes da compreensão e aceitação. Uma fé que, mesmo em meio às trevas da incredulidade, esteja disposta a confiar, sem reservas e sem condições. A fé que impõe condições é egoísta, efêmera, humana e, portanto, passageira, breve, sem valor eterno. A fé que impõe condições não prepara o ser humano para receber as poderosas manifestações sobrenaturais de Deus. Qual é a sua fé? Você precisa ver para crer? Você é do tipo: Exijo provas concretas para acreditar? A fé que exige provas é muito fraca; mas a fé que dispensa provas é essencial. Para quem tem fé, nenhuma prova é necessária. Mas para quem não tem fé, nenhuma prova é suficiente.

O Mestre lhe perguntou: — O que você quer que Eu te faça, Bartimeu? Heim, o que você quer?

Bartimeu ficou em silêncio. Olhando para o infinito ele pensava: O  quê  eu quero?  Eu  não  sei... Ninguém  me disse que eu tenho o direito de querer alguma coisa. Eu não sei querer...

Coitado Bartimeu. Ele havia aprendido que não tinha que querer; não podia querer. A vida era o que era, sem mudar nem melhorar. Poderia até mudar, mas para pior. Ele não tinha escolha. Tantas e tantas vezes ouviu: Cada um tem o que merece. Não adianta querer alguma coisa superior ou melhor. Se é pra você ter algo melhor, isso vai acontecer inevitavelmente. É a lei da vida. Os bons, tem coisas boas. Os pecadores, só tem desgraça. Não adianta querer. Querer para quê?

Bartimeu olhou bem nos olhos de Cristo. E mesmo não vendo, sentiu que o Mestre não o estava enganando. Sim! Ele sabia o que queria sim senhor! Sempre soube! Mas é que somente agora se encontrava diante de Alguém que, além de perguntar-lhe o que queria, tinha poder para conceder-lhe seu pedido.

Eu sei o que eu quero, Senhor. Eu quero ver.

Jesus sentiu junto com Bartimeu o que significava viver à beira da estrada e ter a cor da poeira. Ele mesmo andava sempre empoeirado pela estradas, fazendo o bem. Jesus sentiu junto com Bartimeu o que significava esperar que alguém lhe trouxesse uma esmola. Ele mesmo, ao caminhar rumo ao Calvário, esperaria por alguém que O viesse consolar na hora amarga. E ninguém viria.

Tudo bem Bartimeu. Você é um homem de muita fé. A tua fé te salvou!

Imediatamente, os olhos de Bartimeu foram abertos. Agora ele podia enxergar as pessoas, a cidade, a estrada pela qual tanto caminhava, o céu, o sol, a poeira e a Jesus.



CONCLUSÃO E APELO

O Senhor Jesus não quer que ninguém viva na escuridão, porque Ele é a luz do mundo. Jesus condoeu-se com o drama de Bartimeu, e continua a partilhar das dores daqueles que, a despeito de terem boa visão física, são cegos espiritualmente. Não conhecem a vontade de Deus. Não sabem o que Deus quer deles. Não conseguem enxergar além daquilo que seus olhos podem ver.

À semelhança de Bartimeu, muitas pessoas não conseguem enxergar alguma coisa melhor para sua própria vida. As decepções do dia a dia fecharam seu horizonte e as levaram a pensar de que assim como a vida está, está bom demais. Não almejam coisa melhor. Conformam-se com esmolas, com pequenas coisas.

À semelhança de Bartimeu, muitas pessoas não sabem o quê querer. A dureza da vida lhes ensinou que todos temos um destino, e esse destino não vai mudar. Se somos felizes, é porque o destino assim o quis. Se somos desgraçados, é porque o destino assim o quis. Deus não tem nada a ver com a história. O importante é conhecer e acreditar no destino, e torcer para ter um bom destino.

Que grande mentira! Nós somos seres livres! Nós temos a liberdade de escolher o nosso caminho. Deus nos fez livres, e somente nEle podemos encontrar a verdadeira liberdade. E porque Ele nos fez livres, nós devemos saber o que queremos da vida!

Se eu perguntasse ao grande Moisés o que ele quer, talvez ele me responderia: “Quero conquistar a Terra de Canaã.” Se eu perguntasse ao profeta Daniel o que ele quer, talvez ele me responderia: “Quero continuar sendo fiel a Deus, a  pesar  do  perigo.” Se  eu  perguntasse ao apóstolo Paulo o que  ele quer, talvez  ele  me responderia: “Quero pregar o Evangelho a todo o mundo.”

E se eu perguntasse pra você o que você quer, o que você responderia? O que mais precisamos é que nossos olhos da fé sejam abertos para que possamos contemplar a luz do amor de Deus!

“Abre Senhor os olhos meus”.  Essa deve ser nossa oração.

Existe um versículo na Bíblia que nos dá a única receita para poder ver a Deus. Está em S. Mateus 5:8 - “Bem aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus.”

Para a Bíblia, de maneira simbólica, o coração é a sede das emoções. Temor, amor, coragem, ira, alegria, tristeza e ódio são atribuídos ao coração. Na Bíblia, de maneira simbólica, o coração é também considerado o centro da vida moral, espiritual e intelectual de uma pessoa. Se o nosso coração é a sede dos afetos, então nosso amor a Deus deve ser puro. Se o nosso coração é o centro de nossas motivações, então nossos motivos devem ser puros. E se o coração é a residência de nossa vontade, então nossa vontade deve ser submissa a Cristo. Devemos ter um amor puro, motivos puros e desejos puros.

Mas o quê quer dizer alguém ser limpo de coração? Quando uma pessoa quer ser limpa de coração, isto não quer dizer que ela tenha que viver em uma camisa de força, com ar de piedade, na solidão ou totalmente quieta. Não quer dizer que a pessoa deve ser perfeitamente impecável, sem nenhuma falha, sem nenhum pecado. Não quer dizer que a pessoa deve ser uma fanática religiosa.

Deus olha o nosso coração. Ele não avalia tanto o exterior, e, sim, o interior do ser humano. Ele considera os motivos de nossas ações. Ele considera a razão de nossos pensamentos. Ele considera as intenções de nosso coração. Ele não julga nem a bondade superficial e nem a maldade superficial daquilo que fazemos. Ele penetra a alma e sonda a nossa vida como um cirurgião! E quando termina de fazer esse exame profundo de todos nós, invariavelmente Ele diz: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto. Quem o conhecerá? “ (Jeremias 17:9).

Infelizmente, nosso coração é impuro! E por isso costumamos ficar nervosos, frustrados, tensos, desapontados. E jamais seremos completamente felizes enquanto nosso coração continuar impuro. Se queremos ser felizes, nosso coração deve ser purificado.

A pureza de coração é conseqüência de um novo nascimento, de um milagre, de uma nova criação. Não se trata de uma experiência simplesmente emocional. Para que o nosso coração seja purificado, devemos nascer de novo. Como nascer de novo? Aceitando, pela fé, o sacrifício de Jesus por você. Reconhecendo que somente Ele pode lhe salvar e transformar. Então seu coração será perdoado, renovado e purificado! Você será fisicamente puro, moralmente puro, mentalmente puro e espiritualmente puro. Assim você estará preparado para a maior experiência de sua vida: Ver a Deus.

Ilustração

Visitando uma cidadezinha de mineração, um jovem pastor estava caminhando ao longo de uma das minas de carvão. Em um daqueles túneis escuros e poeirentos, ele pôde contemplar uma linda flor que brotava da terra negra da mina. ”Como é que uma flor de tanta  pureza e  beleza  pode crescer nesta mina suja? perguntou o pastor a um dos mineiros.  “Jogue um pouco de pó de carvão sobre a flor, para ver o que acontece”, foi a resposta do mineiro. O pastor assim fez e ficou surpreso diante do fato de que assim que o pó de carvão tocou naquelas pétalas de neve, o pós deslizou para o chão, deixando a flor tão imaculada quanto antes. As pétalas eram tão lisas que o pó não conseguia apegar-se à flor...

Nosso coração também pode ser assim. Não podemos evitar ter que viver em um mundo carregado de pecado, tal como aquela flor não podia mudar de lugar de onde estava plantada. Mas Deus pode manter-nos tão puros e limpos que, embora o pecado nos incomode por todos os lados, não se apegará a nós. E podemos assim permanecer no mundo, tão brancos e belos quanto uma flor.

O segredo da pureza está em Deus. O segredo de ver está em Deus. Deus te pergunta hoje: “O que você quer? Você quer ver além daquilo que teus olhos podem enxergar? Você quer Me ver? Você quer Eu abra seus olhos para que a vida possa ter o significado que você anda procurando há tanto tempo?”  

Deus nos diz: Eu quero abrir vossos olhos. Eu quero purificar vosso coração. Somente Eu posso purificar vosso coração e abrir vossos olhos. Deus nos diz: Eu quero dar sentido à sua vida, para que você saiba o quê querer, para que você veja além do que os olhos físicos podem enxergar.

Você quer aceitar? Que Deus te abençoe.

Amém!




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