“A igreja passava por um período de paz
em toda a Judéia, Galiléia e Samaria. Ela se edificava e, encorajada pelo Espírito Santo,
crescia
em número, vivendo no temor do Senhor.” (Atos 9:31)
Precisamos urgentemente trabalhar para restabelecer o
conceito de “igreja” na igreja. Deve ser um lugar onde desejamos ter comunhão
com os irmãos, como numa família em que se busca a paz. Não importa se há um
local, um templo, isso é bom, mas não essencial. É preciso restabelecer aquele clima de fervor, de troca de experiências,
quer boas ou não, de amparo, orações em conjunto, estudo em conjunto, de
perdão, de admoestação mútua num ambiente de bondade e crescente consagração.
Deve ser um lugar (de novo, não importa se no prédio da igreja ou nas casas dos
irmãos) onde nos ajudamos uns aos outros a levar as cargas e nos ajudamos
mutuamente a vencer as tentações, onde recebemos os novos membros e os
fortalecemos, onde demonstramos amor uns pelos outros, onde festejamos a cada
semana o sábado do Senhor segundo as orientações da Bíblia e do espírito de
profecia. Um lugar onde se demonstra em escala reduzida o que pode ser o céu.
Um lugar agradável, sem censura de ninguém, sem malícia, sem brigas, sem
ofensas, sem desgosto. Um lugar que, quando ocorrem problemas com algum irmão,
eles são solucionados através dos princípios do eterno amor de uns para com os
outros. Um lugar onde se sente a
presença de DEUS, pelo cuidado com o andar, com o falar, com o sentar, com
vestir, com todas as coisas. Um lugar maravilhoso, onde se chegar uma
pessoa desconhecida, não queira dali sair, deseje voltar sempre.
Hoje, o que é uma igreja? É o lugar onde se vai sábados pela
manhã para a Escola Sabatina e para o Culto. Sábado à tarde, vai-se para o JA.
Domingo à noite, vai-se para o culto da pregação do evangelho e quartas-feiras
para o culto de oração. Só, frio e rotineiro, sem o calor do amor, da comunhão,
que quando há, é como amostra grátis, o mínimo possível. Somente acontece o programado e este acontece conforme o programa,
conduzido pelos requisitos. Observe que
via de regra, terminado o programa formal, o assunto ali tratado, via de regra
também cessou, dele não se trata mais. Só se faz o mínimo necessário por parte
das pessoas encarregadas para tal.
É preciso mudar isso! Como. É mais fácil do que parece, e
mais rápido do que se pensa. Se “eu” me
humilhar, e se fizer a mudança, ela se iniciará. Pense o que você pode
fazer, e faça, convide, ore, vá à ação, e perceba a diferença.
Poucas semanas atrás, propusemos para alguns irmãos para nos
reunirmos sexta à noite para estudo informal da Bíblia. Na sexta fazia frio.
Temos aqui uma sala da escola com assentos muito confortáveis. Marcamos para
aquela sala. Vieram naquela noite quase 40 pessoas, expontaneamente, e cantamos
muito, oramos e consultamos a Bíblia sobre assuntos que os irmãos propuseram
naquele momento. Foi tão bom que todos pediram para repetir. Essa foi apenas
uma experiência.
Precisamos propor uma programação contínua, de alto nível em
termos de valor espiritual, cultural e social para nossos jovens. O que há hoje
é, ou muito rotineiro, ou muito formal, ou se desgastou, ou nada tem a ver com
espiritualidade. Nossos jovens são de uma facilidade impressionante para fazer
coisas boas e de qualidade, no entanto, muitos deles se perdem, inicialmente
dentro da igreja, depois, saem para continuar se perdendo fora.
A
igreja deve ser um local como uma grande família, onde todos se amam e desejam
encontrar-se com freqüência, não
conforme as formalidades, mas tal como na família, para fortalecer a comunhão.
Características dos Grupos Cristãos
Vamos direto ao
assunto: eles perseveravam na (a) doutrina; (b) na comunhão; (c) havia temor do
Senhor; (d) repartiam o pão; (e) oravam conjuntamente; (f) realizavam prodígios
e sinais; (g) estavam juntos; (h) tinham tudo em comum; (i) vendiam as
propriedades e doavam à igreja; (j) distribuíam benefícios; (k) estavam
‘diariamente’ templo; (l) louvavam e cantavam; (m) e faziam, por certo, outras
coisas além dessa lista, como: testemunhar, momentos sociais, contavam experiências,
planejavam atividades, etc.
A igreja é o
lugar de culto em comunhão, em adoração conjunta. A igreja sempre existe, e o
componente mais importante dela são as pessoas. Para haver uma igreja,
tecnicamente, é preciso haver ao menos duas pessoas para se reunirem, ali
estará JESUS com elas. O que fazem essas pessoas, ao constituir uma igreja, ou
seja, um grupo de fiéis? Colocam a lista
acima em prática, no desejo de servir, não de serem servidos. O motivo da igreja é a salvação de pessoas,
o agradável senso de seguir a JESUS, de estar sendo transformado e de trabalhar
por Ele. A esperança de alcançar um lindíssimo céu, maravilhoso. Saber que
aqui, por um período muito curto de tempo – no máximo de 90 ou 100 anos –
devemos dizer muitos nãos, abrir mão de muitas coisas, ser ridicularizado por
não aproveitar a vida, etc, mas ter certeza de que, na nova terra, somente
diremos sim, todas as coisas serão lícitas, e nossos desejos somente serão
bons.
Um grupo cristão constitui-se de umas
poucas ou muitas pessoas que tem intenso e forte desejo de perdoar uns aos
outros. Não desejam apontar erros, mas desejam corrigir com amor, evitando que alguém se perca. É um lugar onde
tudo o que é feito, nota-se a influência do amor, onde a ética é orientada pelo
Espírito Santo.
A principal
característica de uma igreja é dar graças a DEUS por todas as coisas que são
feitas. Tudo o que se faz e se conquista por esforço humano, nisso houve a ação
do poder de DEUS. “Em tudo daí glória a
DEUS”, reconhecendo que Ele é a origem de tudo o que é bom. Uma igreja é um pequeno consulado do céu
entre os homens, onde as pessoa podem ter uma razoável idéia do que será o
Paraíso, ou seja, DEUS ali está presente com Seus filhos.
Um Estilo de Vida
Particular
Já falamos em
lição anterior sobre Estilo de Vida. É o modo de viver em que colocamos em
prática os bons princípios que aprendemos da Bíblia. É a prática da boa teoria,
e isto, em si, resulta em testemunho. Outras pessoas vendo, desejam ser assim
também. Que bonito isso!
Pois bem, a
igreja é o lugar por excelência, não para demonstrar as modas do momento, mas
para demonstrar o estilo de vida com princípios. Mostramos como nos alimentamos
e temos saúde; como nos vestimos com graça, elegância; simplicidade e bom gosto
cristão; onde ensinamos e somos ensinados; onde oramos uns pelos outros; onde
aprendemos a reverência diante do Senhor; onde respeitamos e somos
respeitados...
O estilo de vida
é a revelação de DEUS nas pessoas dos que O seguem e crêem n’Ele. Em síntese,
praticam conjuntamente a oração, o estudo da Bíblia e o companheirismo, até que
sejam levados para o céu prometido. Os pequenos grupos são ótimos para realizar
tarefa de efeito salutar sobre as pessoas. É preciso buscar mais e mais colocar
em prática esse recurso que é a base da família, da sociedade e da construção
de uma vida saudável.
Reuniões de Oração
Os momentos de
oração, principalmente nos cultos de quarta à noite, devem ser espiritualmente
agradáveis. Vamos dar fim ao mero formalismo, sem necessariamente destruir a
liturgia. Não se trata de instalar a anarquia, mas de buscar o calor da comunhão cristã. Precisamos substituir a obrigação de ir à igreja pelo “alegrei-me
quando me disseram: vamos á casa do Senhor”. É necessário tornar nossos
encontros em momentos muito agradáveis, variados, cheios de espiritualidade,
sem fanatismo. Encontros em que uns encorajem outros, que sejam interessantes,
e em que o louvor a DEUS seja a motivação principal. Isso afetará a alma das
pessoas, as tornará humildes e cheias de desejo de permanecer ali. Como seria bom se os membros solicitassem
mais reuniões para estudo, oração e confraternização cristã. Não encontros
para discutir futebol, para falar sobre filme pagão, para se informar sobre os
fatos diários, para bater papo, para falar das pessoas e seus erros, para
combinar festas, para olhar para os outros, para mostrar a moda, as pinturas,
os novos modelos... Não queridos irmãos, precisamos
um lugar para preparar as malas espirituais para uma viagem de sete dias para o
novo lar, onde passaremos mil anos. Nenhum de nós sabe o que há de bom ali,
não podemos imaginar. DEUS, com Sua
infinita criatividade, é capaz de prover surpresas diferentes todos os dias
durante toda a eternidade, e mais ainda. O estoque de belezas do Criador
não termina nunca.
As reuniões de oração são momentos em que,
em conjunto, falamos com Ele, trocamos informações com os demais sobre o
que falamos com Ele, e assim crescemos espiritualmente.
As reuniões de oração não devem mais
resumir-se a momento em que agradecemos e pedimos. Isso é muito egoístico.
Devemos conversar longos minutos com DEUS. Quem sabe, nos dividirmos em grupos,
ou a sós, trocarmos idéias com DEUS sobre um determinado texto da Bíblia, ou
dos escritos de Ellen White, e aprendermos com DEUS. Momentos, quem sabe uns 15
a 20 minutos, só de oração e ou reflexão sobre um tema bíblico, do interesse de
cada pessoa. Ler, orar, ler, anotar
idéias, ouvir DEUS, argumentar com Ele, e aprender d’Ele. Por que nos comportamos
como se DEUS fosse mudo, como se Ele não pudesse falar conosco? Por que só
pedir e agradecer, mas não aprender sobre o que Ele inspirou os profetas para
escrever? Por que nos limitarmos ao mínimo? Por que orar tão pouco tempo, duas
ou três orações, e pronto. Esse é o culto de oração? Por que apenas cumprir o
horário dos 50 ou 60 minutos do culto de quarta-feira, e então ir embora, como
se fosse uma consulta médica?
Vejam o que diz
a serva do Senhor sobre orações inteligentes: “Devemos demorar o pensamento no caráter de nosso amado Redentor e
Intercessor. Devemos meditar na missão dAquele que veio salvar Seu povo, dos
seus pecados. Ao contemplarmos assim os temas celestiais, nossa fé e amor
se fortalecerão, e nossas orações serão
cada vez mais aceitáveis a Deus, porque a elas se misturarão cada vez mais a fé
e o amor. Serão inteligentes e fervorosas.
Haverá mais constante confiança em Jesus, e uma diária e viva experiência em
Seu poder de salvar perfeitamente a todos os que por Ele se chegam a Deus.” (Caminho
a CRISTO, 89)
Ousadia no
Testemunho
Hoje estamos nos
acostumando com as reuniões de motivação. Tempo perdido, no meu humilde modo de
ver. Sou professor de Administração na UNIJUÍ e deveria ser o primeiro a apoiar
reuniões de motivação. Não posso fazê-lo. Não posso concordar assim como hoje
não compartilho com a idéia de implantar Qualidade Total na igreja, ou onde
quer que seja em nossa obra, tendo sido consultor em Qualidade Total, por
diversos anos. Esses são recursos do mundo, que atrasam a obra. Esses recursos
fazem com que a nossa obra retroceda para trás.
As reuniões de
motivação tornam as pessoas dependentes de constantes empurrões por parte de
outros, para que se mexam. A Qualidade Total, cujo foco é o atendimento ao
cliente para que nos prestigie, é a antítese do bíblico servir ao próximo sem
esperar nada em troca.
Em lugar dessas
coisas, aparentemente muito interessantes mas destituídas do poder do alto, por
que não experimentamos JESUS? Será que ele perdeu o Seu poder?
Como faziam no
tempo dos apóstolos. Era tudo muito
simples: Ele oravam muito, estudavam em conjunto, e então saíam a trabalhar.
Isso funcionava tão bem que lhes sobreveio logo tremenda perseguição por parte
do inimigo em desvantagem. Quando oravam, mencionavam as ameaças dos gentios
somadas aos judeus, pediam poder para pregar a palavra, e então, ousadamente,
tendo o poder, pregavam. Isso é tudo, tão simples quanto eficaz. O Senhor fazia
tudo, eles apenas eram instrumentos, e as ações dos inimigos se tornavam em
combustível para DEUS fazer avançar a obra. Assim como não há como combater a
DEUS, não há como destruir Seus filhos atuantes na Sua obra. Dessa simples
maneira a obra crescia e se fortalecia.
A Pregação
Cristocêntrica
Se não vemos a
ação de JESUS em todas as coisas que nos acontecem ou no que fazemos, algo está
errado. Se nossa vida deve ser dirigida por CRISTO habitando em nosso coração,
então o que fazemos necessariamente precisa ser reflexo de uma vida espiritualmente
atuante e em crescimento.
Fruto disso, no
que falarmos, não conseguiremos evitar de nos referirmos de CRISTO. Ele será
sempre o centro do tema, o alvo do assunto, seja pregando, seja falando, seja
pensando. Isso não quer dizer que devemos sempre estar mencionando o nome de
JESUS o tempo todo. Significa que tudo o que fazemos ou que falamos, e o que
pensamos, de uma forma direta ou indireta, reflete nossa relação com CRISTO,
nosso Redentor, tendo sido antes nosso Criador.
Conclusão
Que ambiente agradável podemos ter em
nossa igreja, em nossas reuniões, em nossos lares... Lugares de amor, de
comunhão, de confraternização, de crescimento espiritual... Quem dera, alguém
inicie, e ore, e influencie para o bem! Quem dera sejam eliminadas as fofocas,
os mal entendidos, os bate-boca, os acertos de conta, os tirar a limpo e a ira
entre irmãos. Quem dera desprezemos a moda daqui, os maus exemplos de fora, as
influências do mundo, as novelas, os esportes violentos e competitivos, a carne
e as bebidas artificializadas, o alimento que nos desqualifica intelectualmetne
para entendimento da verdade. Quem dera nos alimentássemos para a saúde
dominando o apetite, não sendo por ele dominados, nos alimentando para o
enriquecimento de fabricantes inescrupulosos que apenas visam lucro. Quem dera
cada um de nós tome a iniciativa, sem esperar pelos outros, sem pensar se
alguém vai apoiar. Quem dera queiramos transformar nossa igreja em um lugar
onde DEUS tenha o desejo de estar conosco, onde sintamos Sua santa presença e
queiramos respeitá-Lo como Criador e Salvador, não apenas como provedor de
necessidades.
Quem dera, a realidade se torne irreal, e o irreal se torne
real! Que a troca ocorra, que tenhamos um lugar para aprendermos a ser santos
como Ele é santo.
FONTE: Prof. Sikberto R. Marks
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