Youtube

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

ACONSELHAMENTO PRÉ-MATRIMÓNIAL 4ª SESSÃO




Os temperamentos na
Resolução de conflitos

Resumo
O modo de lidar com situações de conflito é a chave de sucesso na sua resolução. Neste módulo ficam sugestões baseadas no modelo salutogénico focalizando não só a sua resolução mas fundamentalmente a prevenção de conflitos familiares.
Os conflitos podem surgir por três razões fundamentais: falta de capacidade de compreensão (algo que acontece ao nosso redor e dentro de nós não se enquadra nas nossas expectativas) falta de capacidade de gestão (a gestão dos acontecimentos de vida é posta em causa, pois é impossível ter todos os recursos necessários para fazer face à experiência de vida) e, a falta de capacidade de investimento (manifestada na falta de motivação positiva para investir tempo, atenção, amor (entre outros recursos) na relação que se estabelece com o outro.
Assim quatro áreas devem ser consideradas na resolução e gestão dos conflitos: a dimensão física, psíquica, espiritual e social. É importante determinar em que área é imanente o conflito para que se dominem as causas e se protejam as áreas saudáveis na relação e intimidade do casal.
Considerados como pontos de ancoramento, os temperamentos respectivos de cada um dos elementos do casal são considerados factores importantes para a promoção do bem-estar familiar. Por isso, no final deste módulo, além de uma melhor capacidade para prevenir, resolver e gerir situações de conflito, propõe-se um programa de autoconhecimento que permitirá perceber os pontos temperamentais que podem desempenhar um papel de relevo na gestão dos conflitos.

Palavras-chave
Sentido de coerência – promoção da saúde da vida familiar - prevenção de conflitos – temperamentos – teste orientação para viver – teste definição do perfil temperamental

Sugestões para o conselheiro
Este modulo pretende empoderar não só os nubentes, mas fundamentalmente fornecer ferramentas de trabalho para várias sessões de aconselhamento na área da gestão dos conflitos. É por isso importante que seja feita uma selecção das várias sugestões aqui apresentadas, constituindo o restante material recursos para serem usados pelo casal no decurso da sua vida familiar. O tratamento desta temática poderá receber pouca ou nenhuma adesão, pois o namoro representa um período na fase do ciclo de vida do casal, marcado pela ausência ou negação de situações conflituais.
Deixar ao critério dos nubentes um maior ou menor aprofundamento do tema poderá ajudar a encontrar coincidência entre as expectativas do casal e o conselheiro. No entanto, a existência do material aqui apresentado poderá permitir mais tarde numa outra fase do seu ciclo de vida do casal, um retorno ao tema, para fortalecer a sua união.
Vários testes de auto conhecimento são propostos que podem carecer de algum apoio para a sua completa interpretação. Assim na página www.salutogenesis.net poderá ser encontrado material
suplementar para a sua exploração e interpretação.
.
1. Introdução
Com o casamento nascem novas oportunidades de bem-estar e felicidade que merecem todo o nosso investimento. No entanto, muitas vezes essa felicidade e bem-estar são postos em causa pela existência de conflitos. Perante o mesmo acontecimento, os parceiros da aventura conjugal são afectados diferentemente, dependendo isso das suas variadas componentes intrínsecas e extrínsecas. Estas diferenças podem conduzir ao conflito. Importa por isso compreender a sua natureza, aprender a preveni-lo e encontrar ferramentas para o gerir convenientemente.

2. A saúde da vida familiar

A saúde é uma procura constante e universal. Um casal saudável, empenhar-se-á em manter condições que proporcionem o máximo bem-estar recíproco. O conflito põe em causa a saúde da vida familiar. No entanto, o conflito é imanente e endémico da espécie humana. Só os mortos é que não têm conflitos. Assim este módulo deseja capacitar o casal para lidar com os stressores que causam conflitos, pois:
Na sociedade actual, ninguém pode evitar o confronto com situações adversas e stressantes, e o modo através do qual as pessoas reagem a um tal stresse é um factor decisivo da sua saúde mental. Uma abordagem mais positiva para a saúde mental
deve assim ser desenvolvida (WHO, 1997, p. 67).

A saúde da vida familiar é algo que se conquista diariamente, e diariamente pode-se progredir ou regredir nessa conquista. Esta importante regra da vida, permite considerar o outro sempre como merecedor do investimento e atenção pois diariamente se pode ir melhorando a relação familiar. É um erro pensar que no início do casamento se está com plena saúde familiar: o casal encontra-se no início da sua caminhada e diariamente escolhas serão feitas que permitirão o seu desenvolvimento e melhoramento.
A existência de um conflito no seio familiar, não quer necessariamente dizer que a vida familiar está sem saúde. Deve olhar-se para esse conflito como uma oportunidade, no percurso da história da vida do casal. Neste percurso progride-se de um ponto para outro, de uma condição de dificuldade, de insatisfação, de disfuncionalidade para uma situação de mais vitalidade, de maior satisfação, de funcionalidade. Mas, o inverso também pode acontecer (Figura 1). Assim o conflito pode ser uma mola que atira o casal para um ponto de maior maturidade e melhor saúde familiar. Tudo depende do modo como ele é gerido.

Podemos progredir nessa linha de um ponto de menor saúde familiar para um ponto de maior saúde. Os casais podem olhar para o futuro com confiança se decidirem fazer diariamente os investimentos necessários na construção de uma relação forte. Assim, as escolhas de cada dia são a capitalização de uma riqueza que será partilhada e que podemos gerir para nosso benefício e dos que nos rodeiam: o nosso amor.

Existe assim uma resiliência familiar a ter em conta, que não é o somatório das resiliências de cada um dos membros da família. A resiliência caracteriza as possibilidades que uma pessoa têm de se adaptar a novas circunstâncias depois de ter sido confrontada com situações de risco de qualquer origem (social, ambiental, psicológica, etc.). (S&L, Março 2003, p. 7)
Numa situação de conflito, existe uma nova realidade que dá corpo a um quadro de referências diferentes das que caracterizavam a relação de alguém com o seu meio ambiente até nascer essa situação de conflito. É por isso importante perceber qual é a possibilidade de adaptação que existe à nova situação. Muitas famílias não conhecem bem os seus limites – como unidade familiar, nem os limites individuais de cada um dos membros da família. Assim pode acontecer que o desenvolvimento de uma situação de conflito específico constitua uma “sobrecarga que a ponte” não está preparada para suportar.

3. Noções básicas para a gestão de conflitos

3.1. O que é o conflito conjugal

O conflito conjugal é todo o acto que põe em causa a comunalidade de um casal nas áreas física, espiritual, psicológica e social sem o acordo e aceitação de ambas as partes.

A comunalidade é um conceito básico para a resolução dos conflitos. Ela resulta do facto de que um enlace matrimonial reside na vontade que os membros do casal têm de viver uma vida comum. Para que tal aconteça existem compromissos que devem ser conseguidos e garantidos na fase de preparação para o casamento, evitando assim o surgimento posterior de divergências nessa comunalidade.

Quadro A: O que deve ser e não deve ser dito relativamente aos conflitos

O que deve ser dito
O que não deve ser dito

o conflito faz parte da vida, mesmo davida dos cristãos convertidos
um cristão convertido não entra em conflito com ninguém

o conflito não é necessariamente negativo, ele deve ser encarado de frente e pode ajudar a crescer e a aumentar a união do casal
o conflito é uma coisa diabólica

o conflito é consequência de uma perda de comunalidade e por isso ele exige um processo de negociação para recuperar o
centramento do casal nos seus interesses comuns
não há nada a fazer, senão separarmo-nos


Inter-agindo:
Preenche a ficha das comunalidades (teste nº 9.4.) tornando assim evidentes os elementos que unem o casal. Partilha a tua lista e analisa-a depois em diálogo franco e aberto com o teu/tua parceiro/a, garantindo assim a base comum sobre a qual o teu futuro será construído.

Nem todos os conflitos são iguais. É possível caracterizar os conflitos de modo triatómico: existem os conflitos agudo-catastróficos (consequência de crises ou acontecimentos stressantes que afectam o casal com uma premência que exige uma resposta imediata); conflitos crónicos (resultante de condições stressantes cíclicas); conflitos endémicos (caracterizados por uma condição de mudanças abundantes e constantes, solicitações, ameaças ou privações, usualmente de pouco impacto mas acompanhando os acontecimentos do dia a dia) (FRIED, 1982, p.5, adaptado).

Enfatizando as diversas origens do conflito nos factos de ordem económica, social, físico-ambiental, psicológica, sexual ou fisiológica (entre outras), é importante ter em conta o seu potencial cumulativo e o impacto consequente, reflectindo-se em alterações do comportamento insuspeitáveis.

3.2. O conflito como factor patogénico da vida familiar

Podemos olhar para o conflito de duas maneiras: de modo patogénico ou salutogénico. Para muitos, o conflito é uma doença crónica que se agarra à vida familiar (assumindo contornos patológicos, doentios) e pensam mesmo que só poderão livrar-se dele com a ruptura do casal. Esta situação, no entanto,
é evitável.

Os acontecimentos que fogem ao banal e são típicos de condições extremas estão muitas vezes associados ao stresse que origina o conflito. Será útil lembrar aqui Peralim e Schooler ao observarem que não são os problemas fora do vulgar que acontecem raramente, problemas difíceis, que causam maior traumatismo, mas antes as pressões persistentes do meio no contexto das actividades banais (PERALIM, 1978, p. 3).

Tendo isto em conta, deve ter-se particular atenção aquilo que não parece merecer grande atenção inicialmente, mas que consistindo um factor persistente numa relação provoca um desgaste que pode levar ao desenvolvimento de um conflito.

3.3. O conflito como factor salutogénico da vida familiar
Existe no entanto um outro modo para olhar para o conflito, que designamos por perspectiva salutogénica. Todas as pessoas e casais, mesmo com uma vida desafogada e com ambientes optimizados, são expostas a stressores e ao conflito. A pergunta que se impõe é a da compreensão que sustenta a sobrevivência do casal. Esta inquirição leva-nos então a olhar para o conflito como algo que pertence à história de vida de qualquer pessoa ou casal, mas que pode ser mediado por recursos generalizados de resistência permitindo assim a sua resolução, não pondo em causa a sua felicidade. Isto é, existem recursos ao nosso alcance que nos permitem numa situação de conflito encontrar a força para superá-lo com dignidade e confiança no futuro.

Assim devem-se procurar as origens da saúde familiar, do bem-estar. Em vez do casal olhar para o conflito e concentrar nele a sua atenção, deveria procurar os elementos que existem na sua experiência a dois que são fonte de solução desse conflito. Esta é uma abordagem salutogénica (do latim: salus = saúde; e do grego: genesis= origens) uma abordagem positiva na busca das origens da saúde familiar (ANTONOVSKY, 1979, adaptado).

3.4. Caracterização do tipo de conflito

A gestão dos conflitos deve ser desenvolvida com o auxílio de um mediador. O primeiro mediador num lar cristão é Cristo:

Regra nº 1 para a resolução dos conflitos: não recorras a mais ninguém a não ser a Cristo na resolução de um conflito enquanto este não tiver outras testemunhas a não ser o casal.

É importante que cada um dos membros do casal se comprometa que não irá recorrer em primeira-mão, aos amigos, pais, pastor, conselheiro matrimonial, psicólogos, na resolução de conflitos, mas antes, adoptará Cristo como mediador dos seus conflitos.

Um conflito antes de se manifestar nas suas várias dimensões começa sempre por ser um acontecimento latente. De acordo com o modo como se lida com ele determinará o seu impacto na vida da pessoa.

- Qualquer conflito começa por ser um conflito latente. Uma inconsistência, uma falta de comunalidade, que ainda se situa no foro íntimo, é o primeiro passo do desenvolvimento do conflito. Aqui existem várias possibilidades para se lidar com a situação: pode-se nega-la, fazer de conta que não é nada de importante e esperar esquecer o ocorrido. Embora esta seja a estratégia que muitos utilizam, esta maneira de lidar com os conflitos pode levar ao recalcamento, facilitando assim uma complexa situação no futuro, na qual os afectos podem ficar comprometidos pela situação de “negação” do conflito.

Qualquer situação de desconforto deve ser avaliada no seu potencial de perigosidade sobre uma relação. Uma falta de comunalidade sobre um aspecto da vida a dois pode passar pela adaptação, e assim evitar-se o conflito. No entanto, pode também passar pela transposição dessa situação latente, para uma situação de conflito emergente.

O conflito latente é caracterizado por forças implícitas que não foram reveladas de forma clara e plena e não chegaram ainda a um conflito extremo. Exemplos de conflitos latentes são as mudanças nos relacionamentos pessoais em que uma das partes não tem consciência da seriedade do conflito ocorrido na outra parte.

Neste tipo de conflitos a transparência pode ajudar os participantes a identificarem as mudanças ou os problemas que preocupam e podem por em causa o futuro. Esta
transparência permite um processo de educação mútua em volta das questões e dos interesses envolvidos. (ex.: leitura de livros pelo casal, da Bíblia seguida de reflexão conjunta, ajuda a revelar assuntos que estão implicitamente perturbando a comunalidade do casal)

- Conflitos emergentes, são conflitos em que as posições das partes estão identificadas. Certas situações que causam desconforto não são recalcadas ou mantidas na indiferença. É bom identifica-las e exprimir junto do outro o seu impacto, enquanto elas perturbam. Seguidamente devem ser negociadas, de
modo a evitar que conflitos emergentes não se transformem em conflitos manifestos.

Num conflito emergente é reconhecido que alguma coisa causa desconforto, algumas questões estão claras, no entanto não ocorreu nenhuma negociação cooperativa viável ou um processo de resolução dos problemas. Estes conflitos têm um potencial para crescer se um procedimento de resolução não for encontrado e implementado. Neste caso um processo de negociação auxilia as partes para que comecem a comunicar e a chegar a acordos. (ex. Segue sempre o método de Cristo para resolver um conflito emergente... se tens alguma coisa contra o teu irmão ..., não se deite o sol sobre a vossa ira...)

- Uma união na base de comunalidades identificadas como suficientemente fortes para levar duas pessoas a juntarem as suas vidas, pode ser perturbada gravemente por conflitos manifestos.
Neste caso, a aceitação explícita de que existe uma situação de conflito em que as partes estão envolvidas numa disputa activa e continua põe em causa a felicidade do casal. Talvez o casal tenha começado a negociar, mas chegou a um ponto de bloqueio. As feridas estão abertas e por vezes extravasa para fora de portas a gravidade da situação de conflito.

Regra nº 2 não deixes que um conflito latente se transforme num conflito manifesto.  (Em situações extremas o recurso a um mediador pode ser uma necessidade. Devem-se no entanto esgotar todas as possibilidades para resolver o conflito no interior do casal.)

3.5. Identificação da dimensão da vida familiar na qual ocorre o conflito

Além de ser importante saber em que fase se encontra determinado conflito, é fundamental perceber em que dimensão da vida familiar ocorre ele. O conceito de saúde familiar apresentado anteriormente identificou quatro dimensões através das quais ela se realiza (física, espiritual, psicológica e social). A ideia fundamental subjacente é a salutogénese que resume a busca dos factores básicos da saúde e felicidade familiares (no lugar de concentrar a atenção na doença, no conflito). Por outras palavras, antes de constatar o pathos (o conflito) e estar doente, posso prevenir a doença e melhorar a minha funcionalidade, o meu bem-estar familiar. Quando se instala o conflito entre duas pessoas, um dos aspectos mais preocupantes que se declaram, é o facto de que certas áreas da vida familiar deixam de funcionar (a vida espiritual, a vida sexual, os momentos de lazer em família, etc.).

Regra nº 3 da resolução de conflitos: não deixes que se ponha o sol sobre o conflito. Não prolongues por mais do que um dia a ruptura disfuncional de qualquer uma destas áreas de comunalidade, pois isso leva a família para uma crise que o tempo deteriora rapidamente afectando as outras dimensões. Quebrar com esse ciclo pode ser feito com sucesso recordando, por exemplo, os bons momentos do passado da história de vida do casal. Este género de âncoras, permitem ao casal não deixar que vá à deriva, numa teia confusa de sentimentos e palavras, a vida familiar numa tempestade destrutiva.

Figura 1: A Saúde familiar como um espaço de convergência de várias dimensões num contínuo disfuncionalidade (conflito) funcionalidade máxima (comunalidade total). Fonte: Adaptado, Luís Nunes, Compreender o Cidadão, Revista Portuguesa de Saúde Pública, vol 16, nº 4 1998, 4, 25



Este modelo para a resolução de conflitos - o modelo salutogénico - baseia-se na busca dos recursos que beneficiam a saúde, fortalecem e permitem ao casal, em cada etapa da sua vida, desenvolver um máximo de satisfação matrimonial. Este modelo coloca em evidência as predisposições dos membros do casal (tais como factores hereditários, sociais, etc.) que, associadas aos recursos gerais de resistência ao conflito familiar (recursos físicos, psicológicos, sociais e espirituais) são responsáveis pela regulação face às perturbações que podem levar os membros de um casal à situação de crise familiar.

Assim os conflitos podem desenvolver-se em cada uma das quatro áreas mencionadas

3.5.1. Conflitos de ordem física

Os conflitos físicos podem ser de variada ordem: sexual, simbólica, desempenho, etc. Para resolver os conflitos de ordem física, deve ter-se em conta recursos físicos. Considere-se como exemplos a actividade física ou uma boa alimentação. Se se desenvolverem estes recursos, tonifica-se o corpo e a doença (o conflito) pode ser evitado. Mas mesmo que se venha a ser vítima da doença, um corpo fortificado com exercício e bem alimentado estará mais apto a combatê-la com sucesso.

Inter-agindo:
Um conflito latente de ordem física envolvendo o simbólico (a ideia de beleza e do corpo).

A Alexandra e o António casaram por amor e tinham as suas coisas comuns: ambos gostavam de doces. Assim a Alexandra tinha por hábito fazer uns bolos maravilhosos que o António se deliciava a comer com a Alexandra quando chegava a casa, depois do trabalho. Num serão eles comiam facilmente um bolo inteiro. Alguns meses depois do seu casamento começou a surgir desentendimento neste casal, enquanto vários quilos eram acrescentados aos corpos. Ao fim de alguns poucos anos o casal agora com filhos queria divorciar-se. Os conflitos emergiram e a Alexandra era muito infeliz. O António passou a distanciar-se fisicamente do lar cada vez mais e por último nem as férias ou
refeições já fazia em casa. Discute com o teu companheiro/a que soluções poderiam ser equacionadas neste caso real. Comentário final: foi aconselhado à Alexandra que ela não mais fizesse aqueles bolos e diminuísse o consumo de açúcar, pois este é um elemento perturbador do humor e metabolismo. A Alexandra perdeu mais de 20 kilos e o António fez este ano alguns dias de férias com a Alexandra. O recurso “físico” da alimentação era uma das chaves para a resolução dos conflitos neste casal.

Inter-agindo:
Em casa da Dora os filhos nunca comiam sem que houvesse violência física. O marido, o Júlio, também achava que eles se portavam mal e batia nos seus filhos. Este casal tinha formação académica superior, boas profissões, casa própria e uma vida desafogada. Mas a vida familiar estava envenenada e em casa era o inferno constante. A Dora queria o divórcio pois achava que não havia mais nada a fazer

Que soluções poderiam ser equacionadas neste caso real? Comentário final: foi aconselhado à Dora que deixasse de bater nos filhos e interrompesse assim o ciclo da violência física que se tinha instalado. Os filhos que já eram crescidos tinham sido habituados a obedecer à força da violência física. Recuperar esta situação era agora muito mais difícil do que se a Dora e o Júlio tivessem educado os seus filhos sem violência. Mas ainda era possível inverter a queda ao abismo para onde tinha mergulhado aquela família. A presença de Deus no lar foi a solução.

Discute a comunalidade da não violência física, espiritual, psicológica ou social no teu casamento: é este um valor comum e fortemente implantado em ambos ou é o uso da violência como um recurso tolerado. Se sim, em que circunstâncias, e com que riscos e prejuízos? Se não, o que deve ser feito para que ela não aconteça?

3.5.2. Conflitos de ordem psicológica

Os conflitos de ordem psicológica interagem com a estrutura mental que cada membro do casal desenvolve. Para resolver estes conflitos, são necessários recursos psicológicos pois serão os elementos que podem fortalecer a psique familiar, isto é, que estruturam o casal como unidade única, de um valor inigualável. Podemos apresentar vários exemplos que intervêm na saúde psicológica familiar, tais como a auto estima, o auto conceito, o optimismo, etc. Estes recursos podem ser desenvolvidos de modo a aumentar a funcionalidade e vitalidade da vida familiar. Uma pessoa que desenvolva uma visão optimista da vida manifestará uma energia contagiante afastando o pathos, “o conflito”, da sua vida. Há vários milhares de anos o sábio Salomão equacionava este princípio salutogénico num dos seus memoráveis provérbios: saúde para os ossos é o coração alegre! Pr. 17:22 o caso dos temperamentos é disto mesmo um exemplo, como seguidamente iremos considerar.

Inter-agindo:
Deonilde e Joaquim estavam casados há três anos. Mas alguma coisa provocava tristeza e ressentimento na Deonilde. Isto estava a afectar as relações do casal mas aparentemente nenhuma das partes tinha uma queixa concreta a apresentar. Com o passar do tempo a Deonilde começou a desleixar-se, não se arranjando mais como era seu hábito. O Joaquim começou a criticá-la por se sentir com vergonha da Deonilde quando estavam com amigos.

Que soluções poderiam ser equacionadas neste caso real? Comentário final: Um dia o Joaquim leu que a afirmação do amor pela companheira deve ser um acto constante, pois isso reforça a sua auto-estima. Decidiu nesse dia – sem nenhuma razão aparente - trazer à Deonilde um ramo de flores com um postal onde tinha escrito: Amo-te como no primeiro dia! A reacção que aquele gesto teve na Deonilde foi inesperado: afinal disse ela, tu ainda gostas de mim. A Deonilde voltou a arranjar-se e a saúde da vida familiar voltava a ser recuperada.

3.5.3. Conflitos de ordem social
Na vida de um casal surgem amiúde conflitos de ordem social. As relações com os amigos que o casal tinha antes de se unir, as relações com os sogros/pais, as relações e compromissos laborais, podem ser fontes imprevisíveis de perturbações profundas na vida do casal. Por isso, o terceiro tipo de recursos que estão ao nosso dispor e que implicam na manutenção ou melhoramento da saúde familiar são os factores sociais - fundamentais para se ter uma vida de qualidade. O seu desenvolvimento depende de boas amizades, boas relações com colegas e responsáveis no trabalho, a frequência de um clube ou pertença a uma organização (por exemplo de apoio voluntário num hospital) são promotores de saúde e são factores salutogénicos de insuspeitável benefício. Um dos problemas que implica tanta falta de saúde – o isolamento – muitas vezes tem a sua origem no egoísmo e individualismo da sociedade actual, marcada pela ambição, espezinhamento dos seus pares e de competição desenfreada. Aqui se potencia muito sofrimento e muita falta de saúde familiar evitáveis.

Inter-agindo:
Dora e João estavam casados há vinte e cinco anos. Desde o nascimento do seu filho que o casal tinha um conflito latente: Dora achava que o filho tinha medo de dormir sozinho e habituou o filho a dormir entre o casal na sua própria cama. Os anos foram passando e Dora e João não se aperceberam que o seu filho tinha agora 21 anos, e ainda continuava a dormir com a mãe. Só que agora havia um problema: com o crescimento do filho, o espaço na cama familiar foi-se estreitando e desde há alguns anos que o pai dormia na sala.

João não aguentava mais. Ele gostava do seu filho, mas achava que aquele comportamento maternal e altamente protector deveria acabar. Mas como fazê-lo?

Que soluções poderiam ser equacionadas neste caso real? Comentário final: qualquer criança deveria ser habituada a dormir no seu quarto. Permanecer algum tempo ao lado da criança no seu quarto pode ser útil, mas não uma situação permanente. A Dora estava agora num dilema, pois o seu filho não namorava, nem sentia necessidade de procurar uma companheira. Esta complicada situação social de conflito de papéis sociais tinham colocado aquele casal num conflito permanente. Numa conversa franca, a Dora não aceitou o pedido do marido, de voltarem a recuperar a sua intimidade. Hoje, eles estão separados e o João abandonou o lar, enquanto Dora acredita que é seu dever perante Deus ajudar o seu filho a vencer na vida, continuando a ser uma “mãe galinha” a tempo inteiro.

3.5.4. Conflitos de ordem espiritual
Muitos casais vivem vidas de grande insatisfação devido a uma conflitualidade espiritual manifesta. Os conflitos espirituais são aqueles que mais sangue fizeram correr ao longo da história. Hoje, eles assumem um contorno diferente na alegada sociedade pós-moderna de respeito por todos os valores e posicionamentos espirituais. Somente que, esta não é toda a verdade. Por isso, uma quarta categoria do modelo salutogénico são os recursos espirituais que podem auxiliar na resolução de conflitos. Negar estes valores espirituais, não resolver as grandes questões da vida, deixar de estruturar a existência em função de um código de valores, trará o conflito e infelicidade.

Compreender a saúde familiar nesta dinâmica não só garantirá uma vida de maior e melhor qualidade como ainda uma saúde menos afectada pelo pathos. É por isso essencial, que o casal defina claramente antes de casar, qual é a sua comunalidade no âmbito espiritual.

Inter-agindo:
A Diana tinha com o Josué um belo bebé, o Manuel. Todos os Sábados de manhã ele era preparado para ir à Igreja. E era com entusiasmo que começou a perceber o que o aguardava nessas ocasiões. Um dia, o Manuel quis testar os pais e fez uma birra enorme dizendo que não queria ir à Igreja. Chorou, barafustou, não deixava vestir a roupa de Sábado, atirava com os sapatos... enfim, ele estava determinado a não ir à Igreja pelo seu pé e voluntariamente. O que fazer? Criar um conflito com o Manuel
baseado na ida à Igreja?

Que soluções poderiam ser equacionadas neste caso real? Comentário final: A Diana e o Josué tinham decidido que nunca iriam usar de violência (fosse ela física... entre si ou contra os seus filhos). Naquele momento de prova eles tinham o primeiro grande teste com o Manuel. Depois de trocarem algumas impressões e com a hora de começar a Igreja a aproximar-se, decidiram guardar a sua comunalidade e não abrir uma excepção naquele momento. Assim o Josué foi buscar a caixa dos brinquedos de Sábado e deu-a ao Manuel, que ficou delirante, e talvez pensando... ganhei a minha guerra: aqui quem manda sou eu!

A Diana e o Josué continuaram a preparar-se para irem à Igreja até que chegou o momento de pegar nas chaves do carro. Quando o Manuel ouviu o barulho das chaves, como acontece com todas as crianças, ficou excitado pois queria ir passear. Reparou no entanto que não estava preparado e nenhum dos pais fez o gesto de pegar nele. Começou a gesticular e a chorar. O pai explicou-lhe então que não iria sair com eles, pois eles iam à Igreja e o Manuel tinha dito que não queria. O Manuel entrou em crise, mas o seu choro não era agora do mesmo tipo do que tinha anteriormente: agora chorava de tristeza, é que ele tinha compreendido que embora os pais respeitassem a sua vontade de não querer ir à Igreja, ele não conseguia castigá-los obrigando-os a ficar em casa com ele. O facto dos pais lhe darem os brinquedos de que mais gostava e que só ao Sábado ele tinha – pois durante a semana era outra a caixa dos brinquedos – reforçava um aspecto fundamental da personalidade do Manuel: a sua autonomia! No entanto essa autonomia não deveria por em causa a autonomia dos seus pais, que tinham uma comunalidade: ambos queriam ir à Igreja.

Os pais saíram então de casa e deixaram-no a chorar. Mas o seu coração estava partido ao pensarem nas consequências da decisão que tinham tomado de respeitar o seu bebé. Ao fim de alguns minutos o Manuel calou-se e ficou mais calmo. Os pais que tinham ficado à porta, pois estavam preocupados com o facto de deixar o seu filho sozinho em casa, e sabendo que as crianças não têm uma noção do tempo – entraram em casa. Para o Manuel os pais tinham chegado da Igreja. Um sorriso e abraço muito forte foi atirado aos papás! O Manuel tinha percebido a lição e o valor comum da não-violência tinha sido guardado intacto, naquela que poderá ter sido a primeira grande prova de teste da construção da personalidade do Manuel na sua dimensão espiritual. O Manuel tem hoje 21anos é um excelente aluno universitário e vai à Igreja por sua iniciativa. Na Igreja onde está agora deseja mudar a fraca assistência às reuniões de oração e está empenhado com o pastor da sua Igreja nessa mudança. Nestes últimos 20 anos ele nunca mais disse aos pais que não queria ir à Igreja.

4. A satisfação das necessidades como plataforma de resolução de conflitos

Os psicólogos têm dado muita importância à pirâmide das necessidades de Abraham Maslow (embora outros investigadores tais com Frederick Herzberg, Clayton Alderfer e David McClelland tenham desenvolvido outros modelos muito interessantes sobre a motivação humana). Centremo-nos na pirâmide de Maslow para perceber como este género de construções podem induzir a muitos conflitos desnecessários.

Quadro B: Quadro resumo da pirâmide das necessidades de Maslow




Maslow, ao analisar a motivação humana, determinou que as necessidades do ser humano estão organizadas e dispostas em níveis hierárquicos, de acordo com três pressupostos:
Princípio da dominância – a necessidade básica não satisfeita não exerce influência no comportamento do indivíduo.
Princípio da Hierarquia – as necessidades agrupam-se por hierarquias.
Princípio da emergência – só quando as necessidades dos níveis inferiores estiverem satisfeitas é que as necessidades de níveis superiores emergem como motivadoras.

Neste contexto são distinguidas necessidades primárias e necessidades secundárias.

1. Necessidades primárias: Necessidades Fisiológicas Necessidades de Segurança.
2. Necessidades Secundárias: Necessidades Sociais Necessidades de Estima
Necessidades de Auto-realização.

A não satisfação de qualquer uma destas necessidades pode ocasionar conflito, dizem então os que trabalham com base neste modelo.

Uma observação mais cuidada do comportamento humano, independente do paradigma evolucionista que determinou esta leitura de Maslow, revela no entanto que a explicação correcta das motivações encontra-se - quanto muito – nesta pirâmide, mas se ela for invertida. Por isso um dos equívocos básicos em muitos casamentos geradores de conflitos é a ideia que muitos maridos têm, de que se trouxerem para casa o seu salário e derem casa e abrigo à sua família cumpriram os seus deveres, pois satisfizeram as necessidades primárias.

Regra nº 4 da resolução de conflitos: um casal é muito mais do que a satisfação das necessidades básicas, e isso pode mesmo ser desprezado se as necessidades do topo da pirâmide não forem satisfeitas. Uma mulher precisará mais de ouvir o seu
marido a dizer-lhe “amo-te” do que andar num carro último modelo quando sai com ele.

Inter-agindo:
Os noivos deveriam determinar na multiplicidade de necessidades que existem quais são aquelas sobre as quais haverá investimento especial de comunalidade. As necessidades que mais problemas podem provocar (expressas) e mais causas de reclamação originam, correspondem apenas parcialmente às necessidades reais. Por outro lado, nem todas as necessidades sentidas são expressas e existem necessidades latentes não directamente perceptíveis pelo casal. Importa encontrar o cruzamento destas quatro áreas e o casal depois de identificar quais são as necessidades que devem ser satisfeitas, investirá os seus recursos na sua satisfação (ver figura 2)

Figura 2: As necessidades satisfeitas como confluência das necessidades expressas, sentidas, latentes e reais




Um conflito emerge porque uma necessidade não é, foi e prevê-se que não venha a ser satisfeita. Por isso, é necessário actualizar o contexto das necessidades de um casal. Existem pelo menos 4 dimensões de necessidades em cada uma das áreas identificadas anteriormente. A satisfação das necessidades é um processo complexo que exige uma sábia gestão da sua identificação. As necessidades expressas são necessidades que são exteriorizadas.

Inter-agindo:
Focando as necessidades sexuais, o casal pode analisa-las de acordo com esta matriz. Seguidamente tendo em conta as quatro dimensões da saúde familiar poderão ser desenhadas as necessidades sentidas que nem sempre são expressas. Seguem-se as necessidades latentes que muitas vezes nem estão consciencializadas.

Finalmente temos as necessidades reais. No cruzamento destas oito dimensões encontrasse então o grupo de necessidades a serem satisfeitas. Um diálogo permanente deverá reanalisar este cruzamento para manter a vida sexual saudável.

5. O temperamento como instrumento de resolução de conflitos

Como vimos anteriormente existem recursos psicológicos que podem ser úteis na prevenção e resolução de conflitos. Estes recursos têm a ver com as características da psique, i.e. que dão forma à pessoa não como expressão física, mas como realidade complexa de ideias, valores (entre outros) que nos constroem.

Os conflitos podem ser originados por diversos temperamentos a trabalhar em conjunto

Regra nº 5 da gestão de conflitos: Quando bem geridos os temperamentos ajudam a encontrar soluções criativas, e os conflitos podem transformar-se em ocasiões de crescimento saudável. É do senso comum que existem certo tipos de pessoas mais propensas a gerar conflitos do que outras. Ninguém no entanto tem UM temperamento. O que existe é uma combinação de vários traços dos temperamentos em cada pessoa. Por isso, estamos perante uma combinação de temperamentos (cuja origem é a palavra temperamentum: tempero, mistura conveniente).

Para conseguir um bom ambiente familiar e uma elevada satisfação é importante conhecermos o nosso temperamento e o daqueles com quem vivemos. Assim poderemos antecipar e resolver mesmo os problemas mais graves.

O temperamento é herdado, e cada pessoa possui uma combinação distintiva de traços de temperamento. Não existe uma combinação de temperamento melhor que outra. Há qualidades positivas e negativas em todos os temperamentos. As qualidades positivas, quando são levadas ao extremo, convertem-se em negativas e cada traço negativo tem, em contrapartida, um traço positivo.

A compreensão de nosso temperamento básico não limita a nossa capacidade de desenvolvimento e crescimento. Parte de nosso temperamento pode ser reprimido ou alterado devido a traumas. Além disso é importante compreender a diferença entre as tendências do temperamento e o comportamento. Enquanto as tendências básicas permanecem por toda a vida, os comportamentos específicos podem ser controlados, modificados ou eliminados através da renovação dos conceitos mentais.

Inter-agindo:
Preenche o teste dos temperamentos de Taylor-Johnson Temperament Analysis ou “Prepare” (nº 9.3.) e faz a análise dos resultados em www.salutogenesis.net.

O “Teste do Perfil de Personalidade” (teste nº 9.1.) é uma abordagem alternativa que podes usar quando discutirem a questão da personalidade e das diferenças de personalidade. Embora não tão válido cientificamente como os testes TJTA e Prepare, o teste do Perfil de Personalidade dar-te-á uma compreensão geral das diferenças básicas de personalidade. É preciso cuidado para não rotular qualquer indivíduo com uma das quatro categorias de personalidade. As categorias só dão uma ajuda para olhar para as diferenças essenciais manifestadas por cada pessoa. Elas podem ajudar, todavia, um casal a compreender como são diferentes e como saber lidar com essas diferenças um do outro.

PREPARE: FOLHA DE AVALIAÇÃO
Há alvos e passos sugeridos para duas sessões de AVALIAÇÃO com o casal. Alguns dos passos podem durar mais tempo do que outros e levantarão outras questões importantes. Seguir estes passos ajudará a fazer da sessão de avaliação uma experiência mais agradável e bem sucedida para o casal, que deve recorrer a um conselheiro para fazer esta avaliação conjunta. Caso o casal não tenha um apoio próximo poderá recorrer a www.salutogenesis.net para procurar ajuda. Ficha a entregar ao conselheiro, ou a enviar por e-mail para temperamentos@salutogenesis.net

Nome do casal ___________________________________________
Número do casal __________________________________________
Data de administração ______________________________________
Data da sessão de reacção __________________________________

Nota
Por favor: Ao usar o panfleto temperamentos-ficha de apoio de registo das respostas que pode ser descarregado directamente da Internet em www.salutogenesis.net registar as respostas e descarregar Exercício de Comunicação do Casal. No final, o casal pode receber o panfleto Dez Passos para Resolver Conflitos do Casal.

6. O sentido de coerência como estratégia geral para a gestão de conflitos

Os conflitos podem surgir por três razões fundamentais: falta de capacidade de compreensão (algo que acontece ao nosso redor e dentro de nós não se enquadra nas nossas expectativas) falta de capacidade de gestão (a gestão dos acontecimentos de vida é posta em causa, pois é impossível ter todos os recursos necessários para fazer face à experiência de vida) e, a falta de capacidade de investimento (manifestada na falta de motivação positiva para investir tempo, atenção, amor (entre outros recursos) na relação que se estabelece com o outro. Estas são as três dimensões do conceito fundamental para o bem estar familiar designado por sentido de coerência.

Olhando para o conflito, associado à teoria dos acontecimentos de vida, existem diferentes efeitos em diferentes pessoas para os mesmos stressores. Estes são responsáveis pelo desencadear de respostas que transportam em si elementos prejudiciais ou favoráveis à promoção da saúde e do bem-estar da vida familiar.

O sucesso de uma reacção mais ou menos positiva aos estímulos provocados pelos acontecimentos de vida - depende da capacidade de mobilização de três tipos de respostas (comportamental, emocional e cognitivo). Certas mulheres reagem melhor ao mesmo stressor (e.g. a um marido que chega tarde a casa) do que outras. Assim é importante conhecer os seus recursos generalizados de resistência (RGR) que são fenómenos que proporcionam ao indivíduo um conjunto de experiências de vida caracterizadas pela consistência, pela participação individual na obtenção dos resultados da acção, e pela possibilidade de fazer um balanço positivo/negativo da sua acção (ANTONOVSKY, 1987, p. 28).

Os RGR, ao facilitarem a gestão dos stressores que atingem o indivíduo, articulam o sentido da sua existência, ao longo da qual esta experiência repetida de sentido dos acontecimentos conduz ao desenvolvimento do sentido de coerência (SCO). O SCO recolhe componentes da percepção, da memória, do processamento de informação e seu efeito, em padrões regulares de apreciação, baseados na repetição.

Descrevendo alguns desses dispositivos que facilitam a gestão da tensão numa situação de solicitação (ANTONOVSKY, 1987, p. 119), estes podem ser agrupados nas seguintes dimensões:
· RGR físicos ou bioquímicos;
· RGR artefactuais e materiais (e.g. o trabalho e o dinheiro, que podem comprar comida, roupa);
· RGR cognitivos (e.g. a inteligência, o conhecimento, a educação que implica novas capacidades e conhecimentos);
· RGR emocionais (e.g. identidade do ego);
· RGR interpessoais (e.g. o apoio social, empenhamento pessoal);
· RGR macro socioculturais, constituídos pelas soluções fornecidas pela cultura e estrutura sociais (e.g. pertença religiosa).
Traduzida num repertório de comportamentos concretos, construída a partir de experiências de sucesso relacionadas com variadíssimas situações, a existência dos indivíduos manifesta-se então com uma maior ou menor capacidade de compreensão, de gestão e de investimento.

Inter-agindo:
Preenche a grelha relativamente à Análise de Conflitos (teste nº 9.5.)

Os RGR, bem como os recursos específicos de resistência (RER) estão só potencialmente disponíveis; cabe ao indivíduo activá-los face aos stressores, aos acontecimentos da vida. Num casal, há grandes diferenças no modo e na quantidade de RGR. O que faz a diferença é o nível do sentido de coerência: pessoas com um forte
SCO estarão mais aptas a manifestar prontidão e desejo de explorar recursos que têm ao seu alcance (ANTONOVSKY, 1984b, p. 121) para resolver conflitos. Como exemplo, devemos mencionar que: o dinheiro só é útil quando gasto; o casamento só é útil quando é a expressão de um lugar de coisas comuns que são partilhadas por duas pessoas que têm uma grande comunalidade: amam-se; os amigos, são úteis quando são parte da nossa vida e com quem se comunica; e as normas sociais claras e nítidas só são úteis
quando aplicadas em situações concretas.

São estas experiências específicas da vida - recursos generalizados de resistência (RGR) - que determinam o SCO (ANTONOVSKY, 1987, p. 28).

O SCO é uma orientação global que define a capacidade com a qual um indivíduo, com um persistente e dinâmico sentimento de confiança, encara os (1) estímulos emanados dos meios interno ou externo de uma existência como estruturados, preditíveis e explicáveis (capacidade de compreensão); (2) que o indivíduo tem ao seu alcance recursos para satisfazer as exigências colocadas por esses estímulos - (capacidade de gestão); e (3) que essas exigências são desafios, capazes de catalisar o investimento e o empenho do indivíduo - (capacidade de investimento) (ANTONOVSKY, 1987, p. 19).

Regra nº 6 da resolução de conflitos: aumenta a tua Capacidade de Compreensão que resume a maneira como uma pessoa apreende os estímulos intrínsecos ou extrínsecos como informação ordenada, consistente, clara e estruturada.

Aumenta a tua capacidade de Gestão que consiste na percepção que desenvolves dos recursos pessoais ou sociais que estão ao teu alcance para satisfazer as exigências requeridas pela situação de estímulo. Quanto mais alto o sentido de gestão do indivíduo, menos este se sente atingido negativamente pelos acontecimentos, e, menos considera a vida como antagónica.

Aumenta a tua Capacidade de Investimento que refere a capacidade de sentido que se retira dos acontecimentos de vida, e por isso se encontra razão para neles investir a sua
energia e interesse. Não se trata de encontrar satisfação em tudo o que acontece na vida, mas de investir recursos para superar as situações com dignidade.

O SCO, que identifica o núcleo central constituído por estas três componentes, assume um carácter cognitivo-afectivo e informacional, permitindo ao indivíduo negar a aparente desordem da sua vida (ou do acontecimento de vida que o implica) recuperando ordem e coerência, ao integrar esse acontecimento na sua experiência de vida.

Inter-agindo:
Preenche o QOV (questionário de Orientação para a Vida , teste nº 9.2.) e avalia o teu sentido de coerência. Este teste de auto conhecimento permitir-te-á conhecerte melhor e assim desenvolver estratégias para colmatar algum aspecto da tua vida que possa por em causa uma resolução saudável de um conflito.

Uma das frases mais comuns no eclodir de um conflito é a expressão “não percebo como é que ele/a pode fazer-me isto”. Aqui está em causa a capacidade de compreensão que impediu que um certo acontecimento de vida fosse coerentemente integrado na vida. Assim gerou-se confusão e o conflito nasceu.

Cada membro de uma família deve perguntar-se de que modo pode fortalecer as capacidades de compreensão, capacidade de gestão e a capacidade de investimento de cada um dos membros da família. Só assim é possível prevenir o conflito.

7. Sugestões finais para a resolução de conflitos

7.1. As cinco maneiras comummente usadas para resolver conflitos
~
Alguns,
Retraem-se (desistem).
Cedem/perdem (entregam).
Ganham a todo o custo (alguém tem de perder).
Comprometem (desistem de certas necessidades ou desejos).
Resolvem adequadamente (ambos obtém a satisfação das suas necessidades).

7.2. Regras simples para a resolução criativa de conflitos

Escolher o melhor tempo e lugar para discutirem diferenças.
Conceder tempo igual a ambos para falarem.
Afastar prepotências.
Ouvir um ao outro com empatia.
Respeitar diferenças de opinião, valores e desejos.
Focar uma questão e permanecer no assunto.
Falar só de si mesmo. Usa afirmações-“eu” para declarares as tuas necessidades, pontos de vista e sentimentos.
Evita usar quaisquer das 12 “barreiras de estrada” para a comunicação eficaz.
Escuta soluções.
Avalia e escolhe a solução mais aceitável.
Concorda em implementar a decisão.

NOTA: Se o teu parceiro quebrar as regras, escolhe não argumentar!

7.3. Cinco estilos para lidar com os conflitos

Os conflitos são uma parte natural de crescimento no casamento e na vida familiar. Muitos conflitos são simplesmente sintomas de algo mais. A maioria das pessoas não tratam abertamente os conflitos porque nunca ninguém as ensinou a fazê-lo de modo eficaz. No lado positivo os conflitos provêem oportunidade para crescimento numa relação. Conflitos não resolvidos e enterrados surgem das suas sepulturas e interferem com o crescimento e as relações satisfatórias.

CINCO ESTILOS
Que escolhas temos no lidar com conflitos? James Fairfield sugeriu cinco estilos de como lidar com conflitos.

O primeiro é retrair-se. Se tiveres a tendência para ver o conflito como uma inevitabilidade desesperada em que pouco podes fazer para controlar, poderás nem sequer tentar. Podes retrair-te fisicamente abandonando a cena ou poderás ir embora psicologicamente.

Se achas que deves olhar sempre pelos teus próprios interesses ou o teu autoconceito está ameaçado num conflito, tu podes escolher ganhar. Não importa qual é o custo, tu precisas de ganhar! O domínio é usualmente reflectido neste estilo; as relações pessoais
tomam o segundo lugar.

Enquanto conduzes por uma auto-estrada ou te aproximas de um cruzamento, já certamente notaste um sinal de “Ceder a passagem”. “Ceder para viver bem” é outro estilo. Tu não queres ganhar em todo o tempo, nem queres que a outra pessoa ganhe todo o tempo.

Como podes ver pelo diagrama, o retraído tem o valor mais baixo porque a pessoa desiste de alcançar os objectivos e em desenvolver a relação. Ele desliga a relação. Se este estilo for usado temporariamente como passo de arrefecimento no sentido da resolução, ele é benéfico. Pode haver ocasiões em que a discussão está tão acalorada e fora do controlo que o retrair-se é o melhor. Mas é importante fazer um compromisso definido e específico para discutir e resolver o conflito.

O método de ganhar alcança o alvo mas pode sacrificar a relação. Numa família, as relações pessoais são tão importantes ou mais do que o alvo.

O ceder opera bem no sentido oposto em que a relação é mantida, mas os alvos são sacrificados.

O compromisso tenta solucionar algumas necessidades, porém a negociação envolvida pode significar que tu tenhas de sacrificar alguns dos teus próprios valores. Se tiveres algumas convicções básicas a respeito do tipo de jovens que a tua filha costuma falar e
tu começas a comprometer os teus padrões a fim de conseguires maior harmonia, qual vai ser o resultado para ti?

Naturalmente o valor ou estilo mais alto é revolver porque na análise final as relações são fortalecidas à medida que procurares satisfazer as necessidades pessoais.

7.4. Como resolver conflitos

Considera provar e aplicar estes princípios:

Quando surge um conflito, em vez de exigires ser ouvido, ouve com atenção a outra pessoa (ver Prov. 18:13 e Tiago 1:19). Quaisquer mudanças que uma pessoa queira ver noutra deve ouvi-las e compreendê-las.

Escolhe um momento apropriado. «O homem se alegra na resposta da sua boca, e a palavra dita a seu tempo quão boa é!» (Prov. 15:23).

Define o problema. Como defines tu o problema e como o define a outra pessoa?

Define as áreas de acordo e desacordo no conflito.

Eis as partes de um conflito. Alguns conflitos podem ser só de um lado, porém a maioria envolvem o contributo de ambos os lados. Identifica o teu próprio contributo para o problema. Quando aceitares alguma responsabilidade por um problema, o outro vê uma disposição em cooperar e ficará, provavelmente, mais aberto para a discussão.

O próximo passo é afirmar positivamente que comportamentos da tua parte ajudariam
provavelmente, e estar disposto a pedir a sua opinião. À medida que ele partilhar contigo, ele se abrirá para com os teus sentimentos, observações e sugestões. Está atento
à defensiva! Fonte H. Nornan Wright

7.4.1. Comportamento Assertivo

Ouvir e afirmar são partes inseparáveis da comunicação – as partes bem diferentes mas complementares e interdependentes das relações. Assim como há técnicas de desenvolver a capacidade de ouvir de uma pessoa, também as há para desenvolver a capacidade de afirmação de uma pessoa.

Cada indivíduo tem um espaço pessoal que precisa de ser defendido. Do mesmo modo, cada um de nós tem uma necessidade psicológica para fazer impacto nos outros e no mundo. Treinar a maneira de afirmar ensina métodos construtivos de defender o espaço de uma pessoa e o seu impacto sobre outros.

Uma maneira de compreender a asserção é vê-la em contraste com a submissão e a agressão. Há recompensas e penalidades para cada uma dessas maneiras de relacionamento. Um objectivo primário no treino de afirmação é habilitar pessoas a cuidar das suas próprias vidas. Isso ajuda-as a evitar repetir comportamentos
disfuncionais e estereotipados a fim de terem uma resposta adequada para a situação em que se encontram.

7.4.2. O contínuo da submissão-asserção-agressão

Uma maneira de compreender a asserção é vê-la como meio de defender o espaço de uma pessoa e fazer impacto noutras pessoas e na sociedade de maneiras não destrutivas.

Uma maneira mais útil e comum de defender a asserção é colocá-la num contínuo entre submissão e agressão e contrastá-lo com elas. A fim de realçar o contraste, algumas das descrições de submissão e agressão que seguem vêm de posições extremamente
razoáveis no contínuo. Comportamento Submisso Comportamento Assertivo Comportamento Agressivo

7.4.3. Comportamentos Submissos

As pessoas que se comportam tipicamente de modo submisso demonstram uma falta de respeito pelas suas próprias necessidades e direitos. Elas fazem isto de muitas maneiras.

Muitas pessoas submissas não expressam os seus sentimentos, necessidades, valores e preocupações de modo honesto. Elas consentem que outros violem o seu espaço, neguem os seus direitos e ignorem as suas necessidades. Estas pessoas raramente declaram os seus desejos, quando em muitos casos era tudo quanto tinham a fazer para os terem satisfeitos.

Outras pessoas submissas expressam mesmo as suas necessidades, mas fazem-no de maneira tão apologética e deficiente, que não são levadas a sério. Usam frases qualificativas tais como: “... isso porém não me importa muito” ou “faz o que quiseres”.

Algumas pessoas convidam habitualmente outros a aproveitarem-se delas. Oferecem-se para fazer coisas que tornam as suas relações muito desequilibradas, permitindo assim que outros violem os seus direitos e ignorem as suas necessidades.

A pessoa submissa comunica: “Não se importem comigo. Podem aproveitar-se de mim. Aguento seja o que for que venha de ti. As minhas necessidades são insignificantes – tu é que és importante. Os meus sentimentos são irrelevantes; os teus é que contam. As minhas ideias não têm valor; só as tuas é que valem. Eu não tenho quaisquer direitos, mas tu tens de certeza. Perdoa-me por eu viver.»

A pessoa submissa tem falta de respeito próprio, porém o seu comportamento indica perda de respeito pela outra pessoa também. Isso quer dizer que o outro é demasiado frágil para lidar com a confrontação e afasta dos ombros a sua parte das responsabilidades.

7.4.4. Comportamentos Agressivos

Uma pessoa agressiva expressa os seus sentimentos, necessidades e ideias à custa de outros. Elas quase sempre ganham os argumentos. A pessoa agressiva parece às vezes carregar uma “pedra no sapato”. Elas podem falar alto e ser abusivas, rudes e sarcásticas. Podem amesquinhar empregados e criadas por serviço deficiente, dominar subordinados e membros de família, e insistir em terem a última palavra em tópicos de conversação importantes para elas.

Uma pessoa agressiva tende a dominar outras pessoas. O seu ponto de vista é: “Isto é o que eu quero; o que tu queres é de menor importância – ou de nenhuma importância.”

7.4.5. Comportamentos Assertivos

A pessoa assertiva utiliza métodos de comunicação que lhe permita manter o respeito próprio, buscar a felicidade e a satisfação das duas necessidades, e defender os seus direitos e espaço pessoal sem abusar ou dominar outras pessoas. Verdadeira afirmação é uma maneira de ser no mundo que confirma o valor e dignidade pessoais do próprio indivíduo, enquanto simultaneamente confirma e mantém o valor dos outros.

A pessoa assertiva levanta-se pelos seus direitos e expressa as suas necessidades, valores, preocupações e ideias pessoais de modo directo e apropriado. Enquanto satisfaz as suas próprias necessidades, elas não violam as necessidades de outros ou trespassam o seu espaço pessoal.

As pessoas às vezes dizem que determinada pessoa se tornou “demasiado assertiva”. Mas isso é impossível. Se o comportamento assertivo é a acção que considera os direitos de nós mesmos e dos outros e é apropriado para a situação, tal comportamento não é demasiado assertivo.

Desenvolver mensagens assertivas

Há três partes numa mensagem assertiva. Produzir uma mensagem assertiva com três partes parece muito fácil, contudo, a maioria das pessoas acha difícil, trabalhoso e demorado produzir uma mensagem eficaz. As três partes de uma mensagem assertiva
são:
1. Uma descrição não julgadora do comportamento que achemos ofensivo feita em termos específicos e não encrespados.
2. Dar a conhecer os sentimentos para deixar saber à outra pessoa como te sentes sobre o efeito que o seu comportamento tem tido sobre ti.
3. Clarificação do efeito tangível que o comportamento da outra pessoa tem sobre ti.

A razão principal por que funciona a asserção de três partes é porque ela descreve como o comportamento da outra pessoa afecta o emissário da mensagem. Se eu quiser que tu alteres voluntariamente um comportamento específico, com certeza que vai ajudar se eu te indicar uma razão convincente para mudares. A minha experiência é que as pessoas estão normalmente dispostas a modificar os seus comportamentos se conseguirem ver que estão a trespassar o meu espaço ou a interferirem nos meus esforços em assegurar as minhas necessidades legítimas.

PREOCUPAÇÃO
ESPECÍFICA

DESCRIÇÃO DE
COMPORTAMENTO

REVELAÇÃO DE
SENTIMENTOS

EFEITO TANGÍVEL

Custa dinheiro
Quando usas o meu carro e não enches o depósito de combustível...
Eu sinto-me tratada
com injustiça...
Porque tenho de gastar mais dinheiro em gasolina
Prejudica possessões
Quando pedes emprestadas as minhas
ferramentas e as deixas fora à chuva....
Eu sinto-me
aborrecida...
Porque ficam
ferrugentas e deixam
de trabalhar bem
Consome tempo
Quando chegas frequentemente atrasado para me buscares depois do trabalho ..
Eu sinto-me
frustrada...
Porque perco o meu
tempo quando tenho de esperar por ti
Interfere com a eficáciano trabalho
Quando me telefonas para o trabalho e ficas a falar muito tempo...
Eu sinto-me tensa...
Porque não consigo
fazer todo o meu
trabalho programado
Causa trabalho extra
Quando não pões as
tuas roupas sujas no cesto da roupa suja...
Eu sinto-me irritada...
Porque tenho mais
trabalho quando vou
lavar a roupa
Fazer planos
Quando fazes planos comigo e depois os cancelas à última hora...
Eu sinto-me irritada...
Po tarde para fazer planos com os outros meus amigos que é demasiado
Ver televisão
Quando fazes muito
barulho quando estou a
ver televisão...
Eu sinto-me
aborrecida...
Porque não consigo
concentrar-me no que estou a ver
Mensagens de telefone
Quando não consegues
dar devidamente os
recados que recebes pelo telefone...
Eu sinto-me
perturbada...
Porque perco
informação e não
consigo responder a
chamadas que possam ser muito importantes
Planear férias
Quando não me dás
uma resposta ao meu
pedido de férias nas
duas últimas semanas de Dezembro.
Eu sinto-me
frustrada...
Porque não consigo
planear o meu Verão
Levantar cedo
Quando comes cedo
nos fins-de-semana e não preparas o teu
pequeno-almoço sem barulho...
Eu sinto-me irada...
Porque acordo uma ou duas horas mais cedo do que o que planeei


Adaptado de “People Skills” (1987)
por Robert Bolton, p. 123-125
Simon & Schueter, p. 152-157.


8. Conclusão
Neste módulo de preparação para o casamento analisamos a problemática dos conflitos familiares. Tendo considerado que a vida não é isenta de conflito é importante empoderar cada um daqueles que deseja unir a sua vida em casamento para lidar com o conflito de modo saudável.

Depois de definir o que é um conflito, baseando-nos na falta de comunalidade, vimos que a atitude que se desenvolve em relação aos conflitos pode determinar o sucesso na sua resolução. Assim é importante separar as águas, isto é, determinar bem que dimensão da vida familiar é afectada ou origina o conflito (física, psíquica, espiritual ou social). Foi importante salientar que a falta de satisfação das necessidades pode ser uma origem recorrente de conflitualidade, mas deve ser bem identificado pelo casal que necessidades estão a pôr em causa o seu bem-estar familiar (as necessidades reais).

Um dos aspectos centrais deste módulo é a utilização de uma ferramenta para resolver os conflitos: os temperamentos. Conhecendo-se a si próprio e conhecendo o outro, os temperamentos podem ser uma ajuda fundamental na gestão dos conflitos.

Foi também dado realce ao sentido de coerência como estrutura para identificar o ambiente de germinação dos conflitos: falta de capacidade de gestão, de compreensão e de investimento. Por isso o reforço do sentido de coerência familiar deveria ser uma prioridade desde o primeiro momento da vida a dois.

Uma bateria de sugestões finais e testes de auto conhecimento completam este pacote que se pretende que seja usado não de modo sistemático e seguido, mas como fonte de recursos ao longo da caminhada do casal.

FONTE: DR. LUIS NUNES



1 comentário:

VEJA TAMBÉM ESTES:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...