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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

4ª SESSÃO - CMPLEMENTO - PAIS BONS OUVINTES E BONS COMUNICADORES


PAIS BONS OUVINTES E BONS COMUNICADORES


Fala-se hoje tremendamente da importância do diálogo na relação entre pais e filhos. Infelizmente, ninguém nos ensina a comunicar com eficácia, apesar da comunicação estar no centro da nossa vida.

Podemos comunicar bem ou mal, transmitirmos ou não a mensagem que desejamos, escutar bem ou não ouvir nada, agredir com as palavras ou acarinhar com o olhar. A comunicação entre pais e filhos pode ser um campo minado, no qual devemos caminhar com tanta cautela como se cada palavra ou gesto possa vir a ser fatal. Tal acontece porque, como é normal, mais cedo ou mais tarde vai haver conflitos, incompreensões, confusões. Porque comunicar envolve, não só o que se diz com as palavras, mas o que se diz com o corpo, vai ser importante, para melhorarmos a comunicação com os nossos filhos atender a ambos.


O CORPO A CONVERSAR

O que dizemos com o corpo é tão importante como o que dizemos com as palavras (Quantos pais e mães não se lembram que bastava um olhar do pai de família “para meterem o rabinho entre as pernas” e fazerem sem pestanejar o que lhes mandavam. Nem precisava ser usada nenhuma palavra). Igualmente essencial é assegurar-nos que não dizemos uma coisa e com o corpo damos a entender outra (Enquanto dizemos aos nossos filhos “diz lá, filho, eu estou-te a ouvir” e nos atarefamos com a lida da casa ou olhamos para a televisão, enviamos mensagens contraditórias, pois o corpo mostra aos nossos filhos que não estamos a ouvir, apesar de nós lhe dizermos que sim).

Para comunicar eficazmente, o seu corpo mostra ao seu filho(a) que se interessa pelo que ele está a dizer se, se inclinar ligeiramente na direcção dele, o olhar nos olhos e ao mesmo nível (em vez de ser de cima para baixo, connosco na mó de cima), acenar com a cabeça em sinal de aprovação, não interromper, parar e dar mesmo atenção (desligando a TV, poisando o jornal), ter o corpo com braços e pernas descruzadas, em total sinal de abertura e escuta.


A COMUNICAÇÃO EFICAZ

A comunicação é eficaz e o diálogo faz-se quando nos sentimos ouvidos e ouvimos os nossos filhos, as ideias e as intenções passam sendo bem compreendidas e mutuamente respeitadas, há consonância entre o corpo e as palavras e estamos genuinamente interessados em ouvir, tanto ou mais do que em falar. Há algumas regras que pode seguir para melhorar a comunicação com os seus filhos.

- Comece a comunicar. Se treinar todos os dias um bocadinho, nunca sentirá o seu filho como um estranho, com o qual não tem tema de conversa.

- Inicie as frases por “Eu”, começar por “Tu” é habitualmente sinónimo de acusação, e faz os filhos encolherem-se, defenderem-se ou calarem-se, em vez de terem vontade de partilhar as suas ideias e de ouvir o que temos para lhes dizer (afirmar “Eu não gosto que saias com esse amigo” em vez de “ Tu escolhes sempre amigos horríveis” é muito mais eficaz).

- Centre-se no presente e tente perceber o mundo deles, mais do que usar o seu mundo como referência (nunca inicie uma frase com ”Quando eu tinha a tua idade…” ou “Se fosse no meu tempo…”). O mundo é diferente, e mundos novos exigem regras novas. Não necessariamente novos valores, mas novas formas de viver. Claro que as raparigas não costumavam pedir os rapazes em namoro, mas as mulheres também não eram primeiras-ministras ou administradoras de grandes companhias.

- Seja verdadeiro(a). Não finja que é perfeito, não se ponha em cima de um pedestal, não se mostre permanentemente frio e emocionalmente distante. Ria-se dos seus disparates, não se leve sempre a sério e aceite as suas insuficiências – aliás naturais, como ser humano que é. Se os filhos virem as mães e os pais como pessoas que também falham, não escondem nem mentem sobre esses falhanços, e se aceitam e criticam, usando humor e tentando melhorar, vão sentir-se mais próximos e dispostos a comunicar. Os nossos filhos serão tão abertos e honestos connosco como nós formos com eles. Porque não contar aos seus filhos alguns dos disparates que fez em criança ou jovem?

- Não envie palavras contraditórias ou com duplo sentido e tenha consciência das mensagens disfarçadas que vão no meio daquilo que diz (Afirmar “ Para quem é inteligente, realmente não sabes lá muito bem resolver os teus problemas!” significa de facto “És um incompetente e um palerma!”; dizer “Dá cá eu faço-te isso. Coitadinho, isto é muito difícil para ti” quer de facto dizer “Não és capaz de fazer nada, és um enrascadão.”)

- Nunca use frases que denigram ou deitem abaixo o seu filho ou filha. Não há nada mais violento e demolidor da auto-estima, e provavelmente que faça sentir à criança ou jovem com mais intensidade, a falta de amor e respeito que lhe tem.

- Expresse aquilo em que acredita – opiniões e ideias – como um ponto de vista, não como “A Verdade”.

- Institua momentos para conversar. Porque não durante o jantar, em volta da mesa, e com a televisão desligada? E depois, já com o seu filho(a) na cama, antes de adormecer, sentar-se na beirinha e ficar, durante 5 ou 10 minutos, contando isto e aquilo da sua vida, mas sobretudo ouvindo da dele(a).

- Tente mostrar que percebe o que o seu filho sente, sem dar logo soluções, criticar, dar ordens ou ameaçar.

Em resumo, ouça mais do que fale, pare para escutar. Coloque perguntas esclarecedoras e confirmadoras, simples e directas, sobre o que o seu filho disse, quando ele terminar de dizer o que tem para dizer. Não interrompa, há tempo para ambos falarem. Reconheça e expresse os sentimentos que ele deve estar a sentir. Ponha de lado julgamentos e críticas. Não aproveite a conversa para lhe lembrar todas as coisas que ele fez de que você não gostou.

Profª Drª Helena Águeda Maruju
 (De Pais para Filhos: Formas de Educar para a Felicidade)

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