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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

SEMNÁRIO DE FAMÍLIAS 2ª SESSÃO



OLHARES DIFERENTES – CORAÇÕES UNIDOS



INTRODUÇÃO

Na sessão de ontem falámos sobre os factores que constróem e os que destruem a relação conjugal. Falámos da decepção como o mais nocivo inimigo do casamento. Sentimo-nos decepcionados porque nos apercebemos que o nosso cônjuge, aquele que amamos e de quem tanto esperávamos é, finalmente, bem diferente do que imaginávamos, e pensa, sente e age de maneira bem diferente da nossa.


LENTES DIFERENTES

As diferenças entre os cônjuges são de várias naturezas – temperamento, educação, meio social – , mas muitas delas são, simplesmente, constitucionais, pelo facto de se ser homem ou mulher. O ser feminino é muito diferente do ser masculino. Os homens e as mulheres têm o mesmo “par de óculos”, mas as lentes têm graduações diferentes; face à mesma realidade, não vêem forçosamente a mesma coisa, dependendo isto da especificidade do seu género.


A JOVEM E A VELHA (SLIDE)

Nota: Fazer os participantes identificar o que está nesta imagem: uma jovem ou uma velha. As pessoas acham, geralmente, muita graça a esta imagem e ficam prontas para compreender as várias faces duma mesma realidade. → Explorar essa ideia com eles.

Duas pessoas podem ver aspectos diferentes e até contraditórios duma determinada situação, tendo as duas razão. A interpretação que o marido e a mulher têm do mesmo acontecimento é determinada em larga escala pela sua identidade sexual. Ora, estas diferenças, longe de serem um obstáculo para a solução dos problemas e para a relação são um enriquecimento, se aceitas e orientadas para o bem comum.


MASCULINIDADE E FEMINILIDADE

AS MULHERES desempenham melhor tarefas que impliquem factores:

 1) Estéticos (mais gosto na escolha de formas, cores, imagens, etc.).

 2) Verbais (falam mais facilmente, utilizam um vocabulário mais concreto).

 3) Performances manuais (superioridade no que diz respeito à habilidade manual).

 4) Preocupações sociais (relações humanas, capacidade de simpatia, maior “memória                                  
     social” como o reconhecimento de situações, nomes, rostos...).

5) Organização material do trabalho.


Ø As mulheres exprimem as emoções de maneira mais espontânea e mais
    excessiva. Têm menos respostas de indiferença que os homens.


OS HOMENS desempenham melhor tarefas que impliquem factores:

1) Aptidões espaciais (as mulheres resistem menos bem do que eles à desorientação     
    experimental).

2) Percepção analítica (descobrem uma figura simples perdida num esquema complexo,
    o que é mais difícil numa mulher – que tem um percepção global ).

3) Tempo de reacção rápida

4) Raciocínio matemático e lógico, definição de palavras abstractas.


Ø O homem é essencialmente ACTO – o bem-estar dele é experimentado,
     primeiramente, pelo sucesso que tem no trabalho.

Ø A mulher é essencialmente SER – o bem-estar dela é determinado, primeiramente, pela
    qualidade dos seus relacionamentos.


Não negamos que haja muito de cultural e de papéis aprendidos nos comportamentos masculinos e femininos. Lembramos a célebre frase de Simone de Beauvoir: “Não se nasce mulher, aprende-se a sê-lo”, querendo denunciar, e com justiça, o papel feminino de eterna Segunda, oprimida, passiva, submissa à superioridade masculina. No entanto, é evidente que, para além da cultura, que durante milénios deu a supremacia ao masculino, existem comportamentos especificamente masculinos e femininos. Margaret Mead, célebre antropóloga americana, disse que as diferentes culturas apenas terão formalizado, por vezes negativamente, é certo, a diferença biológica dos sexos, e demonstra que os papéis masculinos / femininos foram fixados desde muito cedo na espécie humana.


DIFERENTES A TODOS OS NÍVEIS


1) BIO-PSICOLOGIA

Existem entre o homem e a mulher diferenças profundas a nível genético (diferença cromossómica que determina o sexo e que tem outras implicações a nível da saúde, como na maior resistência das mulheres às doenças não infecciosas), hormonal, humoral e fisiológico, com grandes repercussões cerebrais e psicológicas:

Os homens são mais resistentes a nível muscular. As mulheres são mais resistentes a nível psicológico (os suicídios são mais frequentes nos homens).

Os homens usam mais o hemisfério cerebral esquerdo. As mulheres o hemisfério cerebral direito, tendo mais facilidade em usar os dois, simultaneamente.


2) SEXUALIDADE \ AFECTIVIDADE

A sexualidade, assim como a afectividade, são muito diferentes no homem e na mulher. Veremos ainda esta parte mais detalhadamente.


3) SENSIBILIDADE E INTELIGÊNCIA

A inteligência feminina parece ligada a uma maior capacidade das mulheres em cernir e compreender a vida e o vivente. A inteligência masculina á mais orientada para a matéria inanimada, daí uma maior capacidade a nível espacial, analítico e abstracto. O 1º universo do homem é o FAZER, e o da mulher o SER. O ponto forte do homem é a acção e o da mulher o relacionamento.


4) CASAMENTO E LAR

O casamento e o lar são concebidos diferentemente pelo homem e pela mulher. Desenvolvimento mais à frente.


5) MATERNIDADE \ PATERNIDADE

A maternidade tem para a mulher uma repercussão em 1º lugar psicológica, afectando também todo o seu corpo. Sob influência hormonal estão, também, os seus sentimentos durante os primeiros meses de vida da criança. O amor materno é um facto existencial imediato.
Para o homem a paternidade tem uma repercussão unicamente social e afectiva, não orgânica.


6) AGRESSIVIDADE

A agressividade masculina é ofensiva, aberta e motora. A agressividade feminina é defensiva e verbal.
“Os valores do clã, do grupo ou das etnias são mais importantes para o homem, o que alimenta a sua agressividade para com os clãs adversos. Os valores humanos interpessoais são mais importante para as mulheres.” Roger Mucchielli


7) COMUNICAÇÃO

As mulheres têm mais facilidade na comunicação verbal. Pode falar-se da superioridade verbal da mulher. As mulheres têm menos perturbações da fala. Por exemplo, e segundo estatísticas, existe uma gaga para sete gagos.
8) RELIGIÃO

Também a nível religioso os homens e as mulheres são diferentes. A atitude do homem é marcada pela necessidade de acção, a da mulher pelo sentimento e pelo relacionamento.


DIFERENÇAS E RELACIONAMENTO CONJUGAL

Todas as diferenças consideradas vão influir a todos os níveis na relação conjugal. Vamos abordar apenas 4, que nos parecem ser as principais causadoras de problemas na vida quotidiana dos casais.


1) MANIFESTAÇÃO DE AFECTOS

A nível da afectividade, as necessidades do homem e da mulher são muito diferentes: a maior necessidade da mulher é ser amada. Quando ama, a mulher prova o seu amor relacionando-se de maneira afectiva – pelo olhar, toque físico, palavras ternas e atenção exclusiva. Em contrapartida, a maior necessidade do homem é sentir-se capaz. O homem prova o seu amor quando se realiza e dá à sua esposa motivo para se sentir orgulhosa dele.

Ø Ele investe-se POR ELA.
Ø Ela investe-se NELE.  

No relacionamento afectivo as mulheres sentem-se ameaçadas pela separação e isolamento. Os homens sentem-se ameaçados pela intimidade. (John Gray, “Os Homens são de Marte, as Mulheres de Vénus).
Os problemas que estas diferenças colocam são que as mulheres se sentem frustradas, porque gostariam de ser amadas como elas amam e buscam a proximidade dos homens. Estes, sentem-se ameaçados na sua intimidade pela invasão feminina e isolam-se. As mulheres pensam que os maridos não as amam.
Para superar esta dificuldade é necessário compreender estas diferenças. Os homens devem aprender a ser mais demonstrativos nos afectos e as mulheres devem aprender a respeitar a necessidade de espaço e de isolamento dos homens. Cada um deve pensar nas necessidades do outro.


2) COMUNICAÇÃO

O objectivo da Comunicação para o homem é a informação. Ele é conciso, lógico, objectivo, como a informação requer. Dito o que tem a dizer, o homem volta para o seu silêncio. O objectivo da Comunicação para a mulher é a relação. A mulher tem necessidade de conversar para sentir-se ligada. Interpreta o silêncio do marido como rejeição, sente-se insegura. Deste modo, fala e tenta fazer falar o marido. Ele interpreta essa atitude como invasão e conversa desnecessária.


Ainda na Comunicação, face aos problemas, as mulheres gostam de dar conselhos, o que enerva os homens, pois, como vimos, a sua maior necessidade é sentirem-se capazes Os homens, face aos problemas das mulheres apresentam soluções (não são eles capazes, lógicos e objectivos?), o que enerva as mulheres, porque elas necessitam de um ouvinte atento e interessado, pois elas encontram a solução falando.

Que fazer? 

As mulheres devem aceitar o silêncio dos maridos, sem deixarem de partilhar.                            
Os homens devem tomar tempo para ouvir. Não devem dar soluções.


3) VISÃO DO LAR

Uma das causas que mais contribui para deteriorar a qualidade da relação conjugal é a visão diferente que o homem e a mulher têm do lar e da casa.

Para o homem, o lar é um porto ou um refúgio, onde ele se sente e se mete ao abrigo da luta pela vida. Busca espontaneamente a paz, muitas vezes o silêncio e sempre a tranquilidade. Se uma nova luta o espera, então ele procurará chegar mais tarde. A nova geração de maridos é muito mais cooperante e investida a nível da “casa”, mas os homens continuam a sobrevalorizar o seu trabalho e, quando este está cumprido, eles sentem facilmente que a sua missão de homens está, igualmente, cumprida. Não esqueçamos que o homem é essencialmente acto e por isso realiza-se plenamente no seu trabalho profissional.

Para a mulher, a vida do lar é bem diferente. Para ela, o lar não é apenas uma parte da sua vida, ele é o pano de fundo da sua existência. Ela poderá, se amada e valorizada, sentir-se plenamente realizada neste universo. Jamais o homem.

Para a mulher, o lar é um lugar de trabalho, não de descontracção. Ela poderá trabalhar fora, ter muitas ocupações, mas a responsabilidade do lar está sempre presente. Para a mulher, o lar é um espaço de pessoas, de relacionamentos e esse é o seu primeiro universo.

É importante que os homens continuem a aprender a participar, como parceiros com igual empenho, nas tarefas domésticas e nas responsabilidades educativas, pois é-lhes natural um certo “egoísmo masculino”, resultado, certamente, da sua facilidade em isolar-se, o que, em certas circunstâncias, pode parecer alheamento...

Também na educação dos filhos os pais têm muita facilidade em delegar nas mães. Nas reuniões de pais nas escolas, por exemplo, são quase sempre as mães que estão presentes. No seu livro “Père manquant, fils manqué”, Guy Corneau pergunta: “Onde estão os homens?”. É necessário uma presença real dos pais na educação dos filhos.


4) SEXUALIDADE

Como vimos na sessão anterior, o desacordo sexual é uma das causas principais apresentadas para a ruptura dos casais. A sexualidade masculina e feminina manifesta-se e vive-se de maneiras muito diferentes, e a ignorância sobre essas diferenças pode ser fatal para o casamento. Os homens respondem melhor aos estímulos visuais e as mulheres aos auditivos.
“Os homens amam com os olhos e as mulheres com os ouvidos”, diz um ditado alemão. Na realidade, os homens podem excitar-se facilmente e sem muito critério. As suas respostas aos estímulos sexuais não dependem da qualidade do relacionamento. O homem busca a actividade sexual apenas pelo prazer sexual. Pode fazer sexo sem amor.

As mulheres têm uma resposta sexual mais lenta e dependente do contexto emocional e afectivo, da qualidade do relacionamento. Para rir se diz, em relação com a rapidez da satisfação sexual, que o homem é um Ferrari e a mulher uma bicicleta a pedais.

O marido precisa de ser paciente com as necessidades da mulher. A resposta dela depende
da qualidade do relacionamento, de se sentir ligada e de cultivar a intimidade.

Ø Para a mulher, a sexualidade é um ESTADO.
Ø Para o homem, a sexualidade é uma ACTIVIDADE. 

“ No antro do amor, a mulher prefere a fusão ao prazer, o homem tem órgãos sexuais, a mulher possui um sexo orgânico: os ritmos das estações, dos meses, dos dias, inscrevem-se no corpo da mulher, enquanto que deixam o homem bastante indiferente.” Jean Guitton


COMO CONSTRUIR COM AS DIFERENÇAS


1) RECONHECER A SUA IMPORTÂNCIA

As diferenças, longe de serem nocivas, são muito positivas. É preciso saber tirar partido delas para mudanças benéficas e crescimento mútuo, em vez de assumirem a postura de adversários.


2) ACEITAR AS DIFERENÇAS

Aceitá-las sem juízo de valor. Considerá-las como oportunidades e não como obstáculos, usando-as na compreensão das situações e na resolução de conflitos. Homens e mulheres precisam de ser aceites e amarem-se mutuamente, a fim de que as suas necessidades básicas sejam satisfeitas. O relacionamento com o sexo oposto influencia directamente a auto-estima e a realização pessoal.


3) FALAR SOBRE AS DIFERENÇAS

Para desdramatizá-las, delimitá-las e compreendê-las.


4) NÃO QUERER MUDAR O OUTRO, MAS A SI PRÓPRIO

Algumas pessoas só querem que o outro mude. Quando se trata de mudarem elas próprias, dizem: “Eu sou assim, é pegar ou largar...”





5) NÃO TER EXPECTATIVAS DEMASIADO ALTAS

O cônjuge é o que é e não o que desejamos ou sonhamos que seja. Expectativas razoáveis e adequadas são a solução para muitas frustrações conjugais.


6) NÃO DEPENDER SÓ DO OUTRO PARA A SATISFAÇÃO DAS NECESSIDADES  
    PRÓPRIAS

Jamais uma só pessoa, por interessante e madura que seja, poderá preencher, plenamente e a todos os níveis, outra. Cada um deve buscar a sua realização noutros investimentos também (sociais, por exemplo), noutros relacionamentos (amigos, Deus, etc.). Só Deus, que é infinito, pode preencher totalmente o coração humano.


CONCLUSÃO

As pessoas são diferentes devido a muitos factores, além do género masculino e feminino. A herança genética, o tipo de temperamento, as experiências da vida, as escolhas, os talentos e os interesses, contribuem ainda para uma infinidade de diferenças. Consequentemente é impossível generalizar todos os homens como sendo de uma certa maneira e todas as mulheres de outra. Sejam quais forem as diferenças, aceitemo-las e construamos com elas.

Terminar lendo a citação sobre a tesoura e a oração da aceitação (ver power point).

FONTE: HORTELINDA GAL

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