O casamento foi estabelecido por Deus na Criação. Foi dado ao Homem como meio de revelar e atingir plenamente a imagem e semelhança com Deus sendo considerado por Ele mesmo como algo de” Muito Bom”.
Como todos os dons de Deus, o Amor conjugal é um dom inacabado e exige o investimento pessoal de cada cônjuge para a sua plena realização. O marido e a esposa devem receber esse dom com gratidão e alegria e desenvolve-lo através de investimento mútuo, de compromisso, de renúncia e de companheirismo, características do verdadeiro amor. Ainda que o pecado tenha desfigurado o plano inicial de Deus para o casamento, Deus não renunciou jamais ao Seu projecto. Graças ao Plano da Redenção o casamento pode voltar a ser aquilo para que Deus o criou. Jesus, graças à Sua vitória sobre o pecado e o mal põe à disposição dos casais o Poder e Graça suficientes para o êxito do casamento com a condição de que os cônjuges deles se apropriem.
Este módulo tem, pois, como objectivo levar os nubentes a: - RECONHECEREM a origem Divina do matrimónio, a vê-lo não apenas como a realização de sentimentos e desejos humanos normais e universais, mas como um projecto de Deus, como um presente de Deus ao Humano para seu desenvolvimento e felicidade; - COMPREENDEREM que, um envolvimento sério, contínuo e, muitas vezes, laborioso de cada cônjuge é imprescindível para um casamento com êxito; - ADMITIREM que as boas intenções e esforços humanos só não chegam, mas que uma permanente busca de Sabedoria e Graça através de Jesus Cristo são indispensáveis.
Palavras-chave
Projecto de Deus – amor conjugal – família - diferenças – complementaridade –
crescimento mútuo – compromisso – submissão – intimidade – companheirismo.
Sugestões para o conselheiro
DAR-SE A CONHECER: Após a chegada do casal, é de vital importância para o êxito do processo de aconselhamento pré-matrimonial que o pastor despenda algum tempo para conhecer o casal. Nalguns casos o casal pode ser bem conhecido do pastor, mas apesar disto, um bom período de tempo deve ser dedicado a estabelecer uma afinidade mediante partilha mútua.
DEFINIR PROCEDIMENTOS: Logo no início das suas conversas com o casal, o pastor deve procurar esboçar os pormenores de como serão conduzidas as sessões de aconselhamento. Deve prestar atenção em explicar o seguinte:
· Hora e dias de Sessão
· Número total de sessões
· Vista de olhos aos temas propostos
· Regras básicas para Discussão
· A importância do casal completar todo o trabalho de casa
· Método ou abordagem que será usado nas sessões
· A teologia do ministro sobre o casamento e a família
Depois de delinear o programa de aconselhamento que vai realizar-se, é importante que o pastor obtenha, antes do encerramento desta primeira sessão, a aprovação e empenho do casal para participar.
Este acordo actua então como um contrato para ligar o pastor e o casal numa relação de trabalho que é compreendida claramente por todos. Se o casal não quiser prosseguir, eles têm o direito de decidir não avançar com o programa e escolher outro conselheiro se assim o desejarem.
Ao estabelecer as regras básicas para a discussão o pastor deve tornar claro ao casal que:
1. Podem colocar qualquer pergunta ou assunto relativos à sua relação e/ou ao seu casamento. Cada sessão começará e terminará a horas.
REUNIR UM HISTORIAL DO RELACIONAMENTO
(Ver teste anexo). Este exercício pode ser completado levando o casal para casa o “Inventário Pré-Marital” para o preencher num passo mais descansado e reflectido. O propósito principal do exercício é:
· Desenvolver um perfil do casal e do seu relacionamento.
· Procurar clarificar com o casal as suas expectativas e objectivos para o casamento.
ESBOÇE A SUA TEOLOGIA DO CASAMENTO E DA FAMÍLIA
Durante esta primeira sessão pode ser apropriado para o pastor partilhar com o casal as suas bases particulares do casamento e da vida familiar. Como dirigente espiritual e amigo do casal, é importante que eles compreendam porquê ele considera o casamento tão importante e porquê está empenhado no processo de aconselhamento pré-matrimonial. O material que se segue destina-se a assisti-lo enquanto partilha com o casal a visão bíblica do casamento e da família. Os testes sobre o casamento destinam-se também a facilitar a interacção com o casal numa compreensão bíblica do casamento.
1. Introdução
Quase no final daquele 6º dia da Criação, observando e avaliando, juntamente com o homem, tudo o que tinha feito, Deus considerou-o “Muito Bom”. No entanto, olhando melhor, Deus e o homem descobriram algo que não era bom: “Não é bom que o
homem esteja só; far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele.” Génesis 2:18.
Como deves imaginar não se tratava de uma lacuna, esquecimento ou imprevisão da parte de Deus mas sim da manifestação da Sua sábia pedagogia. Deus quis primeiro que o homem sentisse que não estava completo que lhe faltava a presença de alguém igual a
si com quem pudesse partilhar, não só a Criação que punha em suas mãos mas o seu próprio destino e mistério; Deus fez o homem sentir a profunda necessidade de “alguém” pois queria que o seu olhar sobre o casamento fosse um olhar diferente daquele que teria sobre o resto das coisas. Ao criar a mulher Deus introduzia o Humano numa outra dimensão da sua existência: A dimensão afectiva e relacional.
O casamento, o amor conjugal, a família, não seriam uma realidade entre outras, mas seriam uma realidade de ordem diferente, mais importante, na escala de valores da Criação. Deus usou assim o estratagema da lacuna para fazer sentir a importância da união conjugal, resposta dum Criador amoroso à necessidade mais fundamental do ser humano – a necessidade de companhia, de partilha, de Amor.
2. Deus os fez, homem e mulher
2.1. Complementares
O texto de Génesis 1:26,27 descreve como Deus criou o homem: “Disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme à nossa semelhança, …E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou. E Deus os abençoou…”. O termo homem é usado aqui no sentido genérico, ou seja, Humano, designando o homem e a mulher. Não é o homem nem a mulher que são separadamente a imagem de Deus mas o casal. Tal como Deus o Humano é plural e relacional.
O texto evidencia a igualdade do homem e da mulher em essência, em valor e em destino, tal como na Divindade. No entanto, o homem e a mulher não são idênticos em pessoa, os seus corpos são complementares, as suas funções cooperantes. As semelhanças são tais que permitem uma compreensão básica do outro; as diferenças convidam a uma exploração fascinante e infinita. Esta exploração deve conduzir à admiração, humildade e ao grato louvor a Deus que projectou uma diversidade tão extraordinária. A complementaridade leva à união mas esta não implica a perda da individualidade, que é um dom de Deus; o casamento é união não fusão.
2.2. Uma relação horizontal
A relação no casamento é pois uma relação horizontal, de igual para igual, sem superior nem inferior, sem dominador nem dominado. A relação do homem com Deus é uma relação vertical – Deus é o Criador, o homem a criatura. A relação do homem com os seus progenitores também é vertical – os pais têm autoridade, os filhos devem obedecer.
A relação conjugal é horizontal, ambos têm os mesmos direitos, ambos têm os mesmos deveres, um em relação ao outro. Deus criou a mulher do lado do homem, não da cabeça nem dos pés, para significar esta horizontalidade.
2.3. A sexualidade
Ao dizer “sede fecundos e multiplicai-vos” Deus indicava ao Homem um outro aspecto da sua semelhança com o Divino. Tal como Deus, o Homem pode trazer à existência seres semelhantes a si também, não por criação, pois só Deus pode criar a vida, mas por reprodução. Ao amar, cuidar e educar filhos o Humano revela atributos semelhantes aos de Deus que é Pai e Mãe de todas as Suas criaturas e permanece o Modelo para toda a função parental.”
A família e o lar são, pois, construídos sobre a realidade da diferenciação sexual. No entanto, “Deus poderia ter feito propagar a vida na terra sem criar um macho e uma fêmea, como está demonstrado na reprodução assexual de algumas formas de vida animal. Mas Deus fez dois indivíduos, idênticos na forma e nas características gerais, mas cada um contendo em si alguma coisa que falta no outro e lhe é complementar.”As 27 Doutrinas, pág. 284.
É a diferenciação sexual que permite o desejo, a descoberta do
outro e de si, a liberdade, o enriquecimento, o amor…
Portanto, ainda que Deus tenha designado à sexualidade a nobre função da reprodução, a sua primeira função é a de promover a união e comunhão do casal: “e serão os dois uma só carne.” É o dom de um ao outro, o amor de um ao outro, que se torna fecundo e do qual os filhos são a manifestação. “O homem e a mulher fazem assim a experiência da sexualidade criadora do amor, a qual fundamenta e antecede a realidade procriadora da sexualidade. A procriação é uma bênção de Deus na medida em que ela exprime a continuidade da promessa de Deus feita ao homem e à mulher de se poderem acolher um ao outro no amor...” Erich Fuchs, O Desejo e a Ternura pág. 60
A sexualidade não é pois nem mal, nem desgraça, nem pecado, como a tradição católica, durante séculos, no-la fez ver, também não é o objectivo da existência humana, como a nossa sociedade hedonista no-lo faz crer, tornando o sexo o maior e mais poderoso dos ídolos. A sexualidade é um dom de Deus ao Humano feito com o objectivo de contribuir para o seu pleno desenvolvimento e realização. Inter-agindo:
Podes preencher o teste nº 7.1. “Relacionamento” lembrando o quando e o como do teu primeiro encontro com a tua/teu noiva/o e indicando o que pensas mais ter contribuído para fundamentar e cimentar o vosso relacionamento, assim como a reacção das famílias de ambos.
3. Casamento, um concerto
3.1. Três andamentos
Como sabes o concerto é uma forma musical que consiste numa aliança entre uma orquestra e um elemento solista que conjugam os seus instrumentos em conjunto ou em solistas de maneira a reproduzirem a música. A Bíblia diz-nos que o casamento é também uma aliança entre duas pessoas, de sexo oposto, que conjugam as suas vidas e personalidades para criarem o casal, uma entidade que não existia antes, uma “melodia” única, nunca ouvida no Universo, pois mesmo que hajam muitos casais cada um é único, cada um inventa e executa a sua própria partitura, assim como a interpretação da mesma
Ao presidir ao concerto do casamento Deus indicou-lhe três andamentos, indispensáveis
à eclosão e beleza da melodia conjugal: “Deixará o homem seu pai e sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher e serão ambos uma só carne.” Génesis 2:24. Apenas três verbos, três andamentos para o concerto conjugal:
3.2. Deixar
O primeiro andamento é indicado pelo verbo deixar, deixar pai e mãe. Não quer dizer que tenhas que abandonar os teus pais ou a tua noiva os seus, mas quer dizer que a vossa relação filial passa para 2º plano a fim de construírem a relação conjugal, que passa a ser prioritária. Não implica um rompimento na relação com os pais mas sim uma mudança na escala de prioridades. Este verbo “deixar” evidencia, também, o facto que cada cônjuge rompe com aquilo que até ao casamento tinha sido o seu suporte material, social, e afectivo, numa palavra, com aquilo que até ali tinha feito a sua segurança a todos os níveis. O deixar tudo isso, que é vital para o ser humano, exige um verdadeiro envolvimento na construção da nova plataforma de apoio, o casamento. Está aqui, subentendida, mas muito clara, a noção de compromisso. O casamento não é algo que se realize para “ver se dá” é vital “que dê” pois na perspectiva bíblica o casamento é irreversível.
3.3. Apegar-se
A noção de irreversibilidade dada pela palavra “deixará” dá força à palavra “apegar-se”. No original esta palavra é dabaq, palavra que quer dizer apegar-se, prender, ligar, agarrar, e tem a mesma raiz da palavra usada para designar a acção de soldar duas placas de metal. “A coesão e a força desta ligação ilustra a natureza do vínculo do casamento. Qualquer tentativa de quebrar essa união danificará a integridade dos indivíduos ligados tão intimamente um ao outro.” 27 Doutrinas, pág.285.
Tanto deixar como apegar-se são verbos de acção e indicam que esta aliança não é mágica, mas laboriosa, exigindo esforço e vontade da parte dos parceiros envolvidos. Implica renúncia e investimento pessoal de cada cônjuge no crescimento humano e espiritual do outro, o que terá como consequência o crescimento próprio e o do casal.
Os sentimentos e emoções arrebatadores que envolvem o casamento, para além de se esbaterem com o tempo, são insuficientes para a construção duma relação sólida e durável. O amor conjugal, para além de sentimento é um acto de vontade. Uma vontade firme de estar unidos apesar das dificuldades que esse amor possa encontrar.
3.4. Ser
Já reparaste que o terceiro verbo usado por Deus não é um verbo de acção como os outros dois? O verbo ser não indica uma acção mas um estado. Duas acções que se conjugam para atingir um estado. O “deixar” e “apegar-se” tem como resultado uma união única e misteriosa: Estamos na presença de uma unidade em todos os sentidos – os cônjuges andam juntos, mantêm-se unidos e partilham uma intimidade profunda; intimidade física, sexual, mas também e sobretudo, mental, afectiva e espiritual. É interessante notar também que, os verbos que indicam estes três andamentos da aliança conjugal se encontram, os três, no tempo verbal do futuro – deixará, apegar-se-á, e serão. Isso indica que o Concerto Matrimonial não se realiza num momento, na igreja, registo civil ou noutro lugar, mas realiza-se no tempo, precisa de tempo: tempo de aceitação e de confrontação, tempo de reflexão e de mudança, tempo de perseverança e de confiança, tempo de oração, de perdão e de esperança. Como diz E. White: “Por mais cuidadosa e sabiamente que se tenha entrado no matrimónio, poucos casais se encontram plenamente unidos ao realizar-se a cerimonia matrimonial. A real união dos dois é obra dos anos subsequentes.” O Lar Adventista, pág. 105.
O casal é como uma criança que nasce e cresce até à maturidade plena. O casamento bíblico conta com o sentimento, com a vontade, com o futuro e com Deus.
4. O casamento, o pecado e Jesus
4.1. De trampolim a obstáculo
O pecado atingiu o casamento em cheio desfigurando esse belo projecto de Deus. Após a queda, aquilo que Deus tinha unido começou a desunir-se, cada um se tornou para o outro não o companheiro amante, cujo amor faz crescer mas o problema, o obstáculo que faz regredir e promove a infelicidade: “A mulher que me deste por companheira…”. O medo, o egoísmo, o desejo de dominar, os interesses pessoais ou sociais, a rejeição e as roturas têm dominado a maioria dos casamentos ao longo da História. Para muitas pessoas, especialmente para muitas mulheres, a história do seu casamento foi a história de uma longa escravidão. Ao projecto ideal de Deus os homens opuseram alternativas como a poligamia, a poliandria, o amor livre, o par homossexual, etc. Alternativas aberrantes, redutoras do ser humano e do plano divino.
4.2. O plano da redenção e o casamento
4.2.1. Regresso ao princípio
O plano da redenção tem, como sabes, o objectivo de restabelecer a relação do Humano com Deus, cortada pelo pecado. Ora esta recuperação implica também a restauração da relação do Homem consigo mesmo e com os outros e por conseguinte a restauração da relação conjugal e familiar. Não foi certamente por acaso que Jesus, o nosso Redentor, fez o Seu primeiro milagre num casamento, nas bodas de Caná (João 2:1-11); como para dizer que sendo no casamento que tudo começa, é aí que começa também, a
restauração da Humanidade; mostrando que, a partir de agora, a Sua presença na vida conjugal e familiar pode fazer uma diferença tão marcante e determinante como a diferença que existe entre a água e o vinho. Com Cristo o casamento pode voltar a ser a experiência profunda e enriquecedora que Deus tinha projectado na criação. Aliás, aos seus contemporâneos que vieram questioná-l’O sobre o que pensava do divórcio Jesus fez referencia ao relato bíblico do casamento na criação: “Não tendes lido que Aquele que os fez no princípio macho e fêmea os fez, e disse: Portanto deixará o homem seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher e serão os dois uma só carne? Assim não serão dois mas uma só carne. Portanto não separe o homem aquilo que Deus ajuntou.” Mateus19:4-6.
O plano original não tinha sido posto de parte, Jesus reivindicava assim para o casamento monogâmico todo o seu valor assim como o seu carácter santo e irreversível: “Eu vos digo porém que qualquer que repudiar a sua mulher, não sendo por causa de prostituição e casar com outra comete adultério; e o que casar com a repudiada comete adultério também.” Mateus 19:9.
4.2.2. A Graça disponível
Ao olhares para uma boa parte dos casamentos que conheces talvez possa parecer-te que Jesus foi um pouco lírico, ignorando voluntariamente as dificuldades reais e, aparentemente, intransponíveis que alguns casais enfrentam no seu percurso. Dificuldades que lançam no divórcio, actualmente, metade dos casamentos realizados no Ocidente, precisamente nos países ditos cristãos. Não, Jesus não era ingénuo querendo ver tudo cor-de-rosa, nem utópico acreditando que os casais poderiam vencer sozinhos todos os problemas; o que Jesus quer dizer é que n’Ele a Graça de Deus tocou a Humanidade e põe à disposição desta um poder capaz de vencer qualquer dificuldade ou pecado assim como as taras que este produz. Com a Sua presença não há problemas insolúveis. Trata-se de um desafio à fé e não apenas ao raciocínio, aquele que Jesus nos faz. “Tudo é possível àquele que crê” é uma verdade e uma promessa também para o casamento. Mas cuidado, Jesus não faz magia, disponibiliza “Graça”. Cabe a cada cônjuge acreditar nela, buscá-la e recebe-la a cada momento.
4.2.3. Um modelo eficaz
A experiência humana de Jesus proporciona também o modelo do que deve ser o amor no casamento. O apóstolo Paulo resume em Efésios 5: 22-28 a atitude de base para um casamento conseguido e feliz: “Vós mulheres sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor; porque o marido é a cabeça da mulher como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo Ele próprio o Salvador do corpo. De sorte que assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos. Vós maridos amai as vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a …para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. Assim devem
os maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher ama-se a si mesmo.” Muito se tem dito e escrito sobre esta submissão da mulher apontando-a como humilhante e redutora; mas no original a palavra usada para submissão, é a mesma que é usada para indicar a submissão a alguém que vai adiante de nós para correr riscos e enfrentar o perigo em nosso lugar; a ênfase é posta na responsabilidade e no serviço e não no privilégio da posição e no domínio, tal como Jesus, não veio para dominar a igreja mas para servi-la, pagando o preço máximo para salvá-la, a Sua vida! Além disso, quando tomamos o texto no seu conjunto é evidente que esta submissão é em primeiro lugar uma submissão de cada cônjuge ao Senhor Jesus Cristo e que esta conduz a uma submissão mútua da mulher ao homem e do homem à mulher, em Amor. Sem esta submissão de cada um a Jesus, a relação conjugal fica tributária apenas do querer, saber e poder humanos e o amor no casamento que, à semelhança do amor de Cristo pela igreja, deve ser envolvimento total no crescimento humano e espiritual um do outro, feito de dom pessoal e de renúncia, torna-se no egoísmo mais destrutivo, buscando cada um apenas a satisfação de si mesmo. Inter-agindo:
A noção de submissão pode parecer algo ultrapassado e negativo, reflecte sobre o seu verdadeiro significado preenchendo os testes nº 7.2. e 7.3., “Definição de casamento” e “Definição de submissão mútua” e lendo cuidadosamente os textos bíblicos que os apoiam.
5. Mantendo vivo o amor
5.1. O amor e seus sucedâneos
“Casaram-se e foram felizes para sempre” é considerada a frase mais infeliz da cultura ocidental, pois tem levado muitos casais a pensarem que a felicidade é inerente ao casamento independentemente do comportamento dos cônjuges, como se essa felicidade não dependesse daquilo que cada um traz para e investe na relação. Além disso existe uma enorme confusão na mente dos nossos contemporâneos sobre o que é o amor. Para muitos o amor é um arrebatamento de sentimentos e emoções que deve estimular a relação sem cessar; quando a euforia sentimental e as emoções se esvanecem um pouco, o que acaba sempre por acontecer, então pensam que já não se amam e buscam novos parceiros que continuem a estimular a efusão sentimental. A atracção sexual tornou-se também em equivalente do amor, de tal maneira que à relação sexual se chama “fazer amor”, assim, as pessoas pensam que estão enamoradas ou que se amam quando se desejam sexualmente. Um dos aspectos mais importantes da educação sexual devia ser o de ensinar os jovens a distinguir o verdadeiro amor do prazer sexual.
O adultério é a consequência mais frequente destas concepções do amor. Num tempo em que homens e mulheres passam a maior parte do seu tempo em lugares de trabalho convivendo uns com os outros, a proximidade pode criar, facilmente, as condições de excitação emocional/sensual concebidas como manifestações de amor. Só os casais que experimentam e nutrem, cada dia, o verdadeiro amor podem subsistir face a uma sociedade que tem como deus o prazer sensual imediato.
5.2. As três faces do amor
Como um triângulo equilátero com três lados de igual valor, assim o amor conjugal tem três componentes de igual importância. São elas: A Paixão, o Compromisso e a Intimidade.
5.2.1. A paixão
É o enamoramento, o elemento sentimental e afectivo do amor, indispensável ao estabelecimento e crescimento da relação; o enamoramento é, altamente, marcado pelo desejo e pelo erotismo, e ainda que este aspecto do amor tenha a tendência, na quase totalidade dos casais, a esbater-se um pouco com os anos é muito importante que cada cônjuge zele pela sua manutenção. Os afazeres, as ocupações e responsabilidades, assim como a presença e o cuidado dos filhos não devem afastar o casal do dever de manter vivo o aspecto romântico do amor, através de palavras e gestos de ternura, de contacto físico íntimo e visual e de momentos especiais vividos a dois.
5.2.2. O compromisso/envolvimento
Trata-se da decisão segura e fundamental de permanecer juntos para o que der e vier; seja qual for a situação, o outro não é nunca questionado como parceiro. Esta atitude indispensável leva ao investimento pessoal no nutrimento emocional do outro assim como à vontade de realizar todo o seu potencial. É a componente mais nobre do amor porque se trata da atitude voluntária de agir para o crescimento humano e espiritual do outro o que implica esforço, renúncia e força de vontade pessoais e que, por isso mesmo, faz crescer a ambos. “O amor genuíno é mais voluntário do que sentimental. A pessoa que verdadeiramente ama fá-lo porque tomou a decisão de amar. Essa pessoa assume o compromisso de amar, quer o sentimento de amor esteja ou não presente…O Amor é um acto de vontade.” Sccot Peck. Este é o aspecto do amor que o torna mais semelhante ao amor de Jesus; é o dom de si próprio ao serviço do bem do ser amado e é a condição sine qua none para o amadurecimento da relação e de cada cônjuge, pois no dizer de Eric From “ não há casamentos infelizes, apenas cônjuges imaturos”.
5.2.3. A Intimidade
É a consequência directa dos sentimentos e do compromisso e não deve confundir-se com a intimidade puramente sexual, que pode acontecer mais rapidamente. A verdadeira intimidade compreende os sentimentos, o afecto e o pensamento; é a comunhão das almas, do ser… Esta intimidade resulta da confiança que se adquire na partilha de experiências comuns, quando vividas com lealdade e respeito, da sinceridade que é a capacidade de se ser verdadeiro para com o outro seja qual for o preço a pagar por isso, da liberdade que advém do sentimento de aceitação e de segurança na relação, o que permite que cada um possa viver a sua individualidade e realizar o seu potencial, e do tempo passado
juntos pois a intimidade instantânea não existe. A sinceridade, a confiança e a liberdade são atitudes que exigem tempo; é por isso essencial que cada cônjuge dedique tempo ao casal pois o tempo é a matéria de que é feita a vida. “Um casamento feliz é um longo diálogo que parece sempre muito breve.” André Maurois Inter-agindo: Preenche o teste nº 7.4. “Expectativas” pensando seriamente nos temores e forças pessoais que trarás para o teu casamento.
6. Conclusão
O casamento e Deus
O motivo principal porque hoje o número de divórcios é metade do número de casamentos é porque há muito que os casais excluíram Deus da sua relação. Mesmo os
que se dizem crentes apenas buscam a presença de Deus para a cerimónia do casamento deixando-O depois fora de seus projectos e vidas (Apoc. 3:20). Muitos casais esquecem, demasiado depressa, que o casamento é uma aliança a três (Ecles. 4:12). O que o texto de Génesis 2:18-24 nos diz é que o casamento é uma criação de Deus e como, nada criado pode subsistir sem a manutenção do Criador, também o casamento sem a presença de Deus está votado ao fracasso. Particularmente neste tempo em que a vida moderna põe tantas armadilhas no percurso dos casais, em que estes são confrontados com situações para as quais as respostas, apenas, humanas são insuficientes, é, absolutamente, indispensável buscar a presença e sabedoria de Deus através de uma viva comunhão com Ele. O estudo da Palavra, o recurso eficaz da oração, assim como uma entrega autêntica e diária à Sua vontade e cuidado são os meios que Deus coloca à tua disposição, e daquela (e) com quem desejas construir a tua vida e o teu futuro, a fim de realizarem o vosso lindo projecto. Deus não é apenas uma ideia ou uma bonita história, mas uma Presença real e capacitadora para aqueles que O buscam e se apropriam da Sua sabedoria e força. Lembra-te que “só permanece de pé aquilo que é erguido de joelhos”, sobretudo no casamento.
FONTE: HORTELINDA GAL
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