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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

SEMIINARIO DE FAMÍLIAS 3ª SESSÃO



PAIS IMPERFEITOS … PROCURAM-SE!



INTRODUÇÃO

Nota: Começar esta sessão fazendo uma lista das qualidades que os participantes pensem ser indispensáveis para se ser bons pais hoje. Se for possível fazer grupos, que cada grupo faça e apresente a sua lista. Se não for possível fazer grupos, então o apresentador poderá perguntar e fazer ele mesmo uma lista com as qualidades sugeridas. Depois ler toda a lista pondo a ênfase no facto de que nenhuns pais podem reunir todas as qualidades julgadas necessárias para se ser bons pais. Fazer sentir que se exige muito dos pais e que talvez os pais exijam muito de si próprios, mas que ninguém é perfeito.

Milhões de novos pais e mães assumem, cada ano uma tarefa que se estima estar entre as mais difíceis que alguém pode desempenhar, a de ter um filho, um pequeno ser que é quase totalmente indefeso, assumindo a inteira responsabilidade pela sua saúde física e psíquica e por educá-lo de modo a que se torne um cidadão de valor, um contributo positivo para a sociedade. Não há tarefa mais difícil e exigente do que esta. Além disso somos muito bem preparados para o desempenho profissional, mas não somos ensinados a ser pais. Só aprendemos fazendo-o e é por isso que os pais não podem deixar de cometer erros.


OS OUTROS PAIS DOS NOSSOS FILHOS

 (Ver e comentar quadro no power point.)

 A maneira como uma criança se conduzirá no futuro não depende apenas dos seus pais mas da conjugação de todos estes, e outros, factores que vão produzir um grande efeito no seu desenvolvimento, progresso e maturidade.


PREPARAÇÃO DO TERRENO

Conquanto que os pais não sejam os únicos factores determinantes no desenvolvimento dos filhos são, certamente, os mais importantes pois são eles que preparam o “terreno” emocional e psíquico onde a sua personalidade vai desenvolver-se. É dos pais que a criança aprende aquela atitude de base sobre a qual será construída toda a sua vida, que se chama o RESPEITO PRÓPRIO. Esta atitude vai depender das experiências da vida que a criança fará, podendo crescer ou não, mas são os pais que lançam os seus alicerces de maneira inabalável. O respeito próprio é a melhor herança que os pais podem deixar aos filhos.


RESPEITO PRÓPRIO – A MELHOR HERANÇA!

O respeito próprio é um sentimento incondicional e global de apreço e de confiança para com a sua própria pessoa.” Paul Curtay
O respeito próprio tem que ver com a imagem mental que se tem de si mesmo, é como uma fotografia mental. Forma-se com:

1)   O que os outros nos dizem e o que dizem de nós.
2)   O modo como se é tratado.
3)   Com as experiências da vida.

Uma criança percebe a sua importância quando recebe atenção ou experimenta sentimentos negativos, quando é tratada com grosseria. Identifica-se com a forma como os seus pais a vêem. A sua captação do amor e respeito que seus pais manifestam em relação a ela coloca o importante fundamento do respeito próprio.”

“As pessoas com uma imagem mental positiva têm uma vida mais equilibrada e não andam às apalpadelas…Os que têm respeito próprio sentem-se à vontade com a sua pessoa, têm confiança em suas habilidades, podem correr riscos ao tentarem fazer coisas novas. Se fracassam aceitam isso sem necessidade de se castigar, enchendo-se de culpa. Podem tomar as medidas necessárias para evitar o fracasso da próxima vez que tentarem fazer algo. Os que têm respeito próprio sentem, não somente, que são valiosos pessoalmente, mas também sabem que têm uma importante contribuição a fazer na vida. Sentem-se à vontade com eles mesmos e podem responder positivamente na sua relação com outras pessoas e nas diversas situações da vida. Sentem-se amados e, portanto, podem amar genuinamente os outros.” Nancy Van Pelt (Educando Com Sucesso, pág. 27, 29 e 30).


COMUNICAÇÃO E AUTO-IMAGEM

A mente de uma criança está cheia de perguntas sobre a sua identidade: “Quem sou eu?”, “Que tipo de pessoa sou?”, “Onde é que eu me encaixo?”. Estas perguntas são questões de auto-imagem, ou de identidade, nas quais se baseiam as nossas vidas de adultos e a partir das quais tomamos todas as nossas decisões importantes.

O espírito das crianças é fortemente influenciado por afirmações começadas pelas palavras “Tu és…”. Se a mensagem for “És tão egoísta!”, “Não fazes nada de jeito”, “Que preguiçoso me saíste!”, ou outras do género, estas mensagens, de pessoas grandes, vão enraizar-se profunda e firmemente no subconsciente da criança. Quando adulta, face aos desafios ou perplexidades da vida vai dizer a si mesmo “Sou um inútil”, “Não sou capaz de fazer face”, etc. As mensagens negativas são sementes lançadas na mente que vão crescer e dar forma à imagem que a criança terá de si. Se, pelo contrário procuramos inculcar-lhe outro tipo de convicções como: “Sou uma boa pessoa”, “Sou uma pessoa inteligente e criativa”, “Gosto da minha aparência”, etc., será assim que a criança e o adulto se verá e agirá em consequência.


OUTRAS CAUSAS DUMA AUTO-IMAGEM NEGATIVA

Para além da comunicação há outras causas para a formação de um auto conceito negativo:


REJEIÇÃO DOS PAIS

- Pelo nascimento inoportuno da criança.
- Pela rejeição do seu sexo.
- Pela incapacidade de renúncia a si mesmos.
- Falsas expectativas em relação à criança (físicas, intelectuais, artísticas, etc.).


REJEIÇÃO DE OUTROS

- Outros membros da família.
- Professores.
- Outras crianças (as crianças podem ser cruéis com outras crianças).


SOCIEDADE COMPETITIVA

“Nas salas de aulas e quase em todos os lugares, a competência se destaca porque há alguém que é o melhor de todos. Os vencedores no desporto e noutras actividades recebem honras e prémios. Há recompensas para os campeões. Até dentro do ciclo familiar pode haver competição por posições, honras e favores entre os irmãos. Sempre que há vencedores há perdedores. Os que perdem sentem falta de aceitação e de apreço. A competição reinante na sociedade prepara o cenário para que uma criança se deprecie e recuse a aceitar-se. Os pais devem cuidar em dar à criança um sentimento de valor.” Nancy Van Pelt


TRÊS PILARES DO RESPEITO PRÓPRIO

- O Sentimento de Ser Único – Toda a criança é única. Deus não fez duas folhas duma mesma árvore iguais, menos ainda duas pessoas. Cada pessoa é especial e o que ela tem de especial merece respeito. Mesmo que tenhamos vários filhos cada um deve reconhecer que é único e que pode fazer uma contribuição à família e à sociedade que mais ninguém pode fazer. Os pais devem pensar nas características particulares que cada filho tem, valorizá-las, desenvolvê-las e descobrir outras.

- O Sentimento de Pertença – Cada ser humano tem uma necessidade básica de sentir que “faz parte de” uma família, um grupo, uma nação. Não é diferente com a criança. Ela necessita de experimentar um sentimento de unidade com os seus. Esse sentimento estabelece-se particularmente durante a infância. Contar-lhe as histórias da família, falar-lhe de cada membro, os presentes e os ausentes, permitir-lhe que se identifique com os que a precederam. Um dos problemas das famílias actuais é que não têm tempo para contar as experiências uns dos outros, de maneira que os jovens conhecem pouco ou quase nada das suas raízes.

- O Sentimento de Ser Amado – O amor é a consideração pela criança como algo de valioso, uma terna preocupação por ela. As crianças sentem-se amadas quando são cuidadas, quando são satisfeitas as suas necessidades básicas; quando abraçadas e acarinhadas desenvolvem a sensação de ser amadas. O amor é demonstrado por gestos mas deve também ser dito por palavras.
O amor para ser amor tem que ser incondicional, independentemente da beleza, da inteligência, das capacidades físicas ou até do comportamento repreensível. Estar em desacordo com o comportamento da criança é uma coisa, amá-la é outra. É muito importante fazer a diferença entre o que a criança faz e o que a criança é: ela pode ter um comportamento inadequado e desagradável aos olhos dos pais mas não é, por isso, uma pessoa má. Os adultos também cometem muitos erros e têm comportamentos inadequados mas não é por isso que se consideram pessoas “más”. Só o amor incondicional pode preencher as necessidades afectivas da criança e permitir o seu crescimento emocional até à maturidade.


SEQUÊNCIA EVOLUTIVA DO AMOR

O amor é como uma semente que se planta, cresce e se desenvolve no ser humano, não de maneira inata nem mágica, mas como algo que se aprende e se desenvolve através de etapas bem precisas. A sequência evolutiva do amor é assim:
      
 1º - SER AMADO
                               
   2º - AMAR-SE A SI PRÓPRIO                             

                                                                   3º - AMAR OS OUTROS


Qualquer defeito nesta cadeia conduzirá a uma perturbação agravada em cada uma das fases seguintes. Não amado, não considerado bom e autêntico, o indivíduo não se ama, ficando desse modo incapaz de amar. E, mais do que isso, o amor pode transformar-se em ódio e onde nascia o afecto germina a raiva. O ódio nasce da falência do primeiro amor.” Margarida Norton

Não estará aqui a génese da violência nas sociedades ocidentais? A falta de amor cria uma frustração que gera uma má auto-imagem. Alguém que tem de si próprio uma boa auto-imagem não se sente facilmente ameaçado e vai reagir positivamente às frustrações da vida. Em contrapartida os que se sentem ameaçados, por instinto de conservação, tornam-se agressivos e violentos. Não amados, não amam. Não se respeitando, não respeitam.


AUTO-IMAGEM E ATITUDES NA VIDA

Uma auto-imagem positiva vai determinar a maneira como cada indivíduo se posiciona face aos outros e face à vida em geral (ver power point).

O símbolo (+) significa a estima, a aceitação, a confiança, a aprovação, o bem-estar próprios.

O símbolo (-) põe em evidência a falta de confiança, o desacordo, a não-aceitação e a desvalorização próprias.

A combinação das diferentes apreciações de si próprio e dos outros dá um total de 4 posições (atitudes) de base na vida, que podem variar em função das situações e das personagens:

Posição (- +): É a atitude da pessoa que duvida de si própria ao mesmo tempo que confia no outro, conduzindo a uma atitude de submissão, dependência, vergonha de si, culpabilidade, admiração resignada pelos outros, complexos… “Não sirvo para nada”, “Não sou digno de ser amado”, “A minha vida não vale grande coisa”, “A culpa é minha”, etc. É a pessoa pronta a tudo para se fazer aceitar, para merecer a atenção. É a atitude de servilismo.

Posição (+ -): É a tendência à sobrevalorização pessoal acompanhada de uma depreciação do outro, o que dá o sentimento de superioridade e a atitude de orgulho, justiça própria, domínio, agressividade e condescendência: “Só posso contar comigo”, “A tua vida não vale grande coisa”. Na maior parte dos casos a pessoa busca a afirmação própria com prejuízo dos outros. Esta atitude deriva de falta de ternura, de partilha e de compreensão durante a infância. Invadido de um sentimento de injustiça, o sujeito considera que a única maneira de conseguir ter êxito na vida é sendo o mais forte, dominando, esmagando os outros. 

Posição (- -): Atitude, por vezes provisória, de fechar-se sobre si próprio face a dificuldades existenciais intensas, revelando fracasso, abandono, decepção cruel. Esta posição é particularmente dramática se reflecte um estado latente de fracasso, de estagnação: “Sou um incapaz e os outros também”, “A vida não vale a pena…”
Estas pessoas são fatalistas, pessimistas, desconfiadas, demitidas. A indiferença conduz à desesperança e depois à depressão.

Posição (+ +): Atitude que comporta um olhar lúcido e de aceitação sobre si próprio e sobre os outros, sobre as forças e as fraquezas de cada um, considerando-se digno de ser amado. Agradecido e feliz por existir, a vida é interessante, as relações são benéficas, enriquecedoras, promovendo o crescimento de cada um; existe um espaço de liberdade, de partilha, de trocas construtivas, de cooperação. Porta aberta à alegria, ao amor autêntico, incondicional, à estima mútua, ao optimismo. Boa integração social, abertura de espírito, tolerância, disponibilidade. Posição dinâmica onde cada um pode assumir as suas responsabilidades.

Ser (+ +) é viver no presente e é a atitude que corresponde ao mandamento bíblico “Ama o teu próximo como a ti mesmo.”

Nota: Fazer uma pausa e convidar os participantes a preencherem o teste sobre a sua auto-estima.








DOIS TIPOS DE AMOR

Todos os pais amam os seus filhos mas nem sempre esse amor é um amor adequado pois nem sempre promove o desenvolvimento equilibrado dos filhos. O amor pode ser confundido com:


AMOR INADEQUADO

Desejo de Possessão – É a tendência dos pais a encorajar uma demasiada dependência dos filhos em relação a eles. A criança pertence-lhes e eles têm todos os direitos sobre ela. Têm a tendência a tratar a criança como objecto ou propriedade adquirida e não como uma pessoa que tem necessidade de crescer segundo as suas características próprias e de tornar-se gradualmente independente e confiante em si mesma.

Há o desejo, quase natural, de possessão dentro de cada pai, mas devemos vigiar em identificá-lo e em separá-lo do verdadeiro cuidado pelo bem-estar da criança e a resistir à sua influência.

Desejo de Sedução – É um tipo de “amor” que não se define facilmente. Este termo engloba tudo o que possa girar em volta da sugestão sexual. Podemos dizer que é uma tentativa consciente, ou inconsciente, de retirar do relacionamento com uma criança emoções sensuais ou sexuais.

Desejo de Projecção – Este é, certamente, o tipo de amor inadequado mais frequente. É o desejo de se realizar pessoalmente através da criança. É a utilização do filho para satisfazer os desejos pessoais não realizados por si mesmo. Tal como o desejo de possessão, o de projecção leva-nos a olhar os filhos como objectos que podemos usar para realizar os nossos próprios sonhos, quando o verdadeiro amor nos levaria a descobrir os sonhos deles e a ajudá-los a cumpri-los.

Inversão de Papéis – Consiste na dependência afectiva e emocional dos pais em relação aos filhos. São pais que esperam e pedem muitíssimo aos seus filhos. Exigem para além das capacidades e da idade da criança. Esta não pode compreender o que lhe é exigido e por isso não corresponde correctamente. Estes pais que se conduzem com a criança como se ela fosse mais velha, são pais pouco seguros afectivamente e esperam que a criança seja uma fonte de conforto e de amor. Ora o objectivo de ter filhos não deve ser para que nos amem mas para que os amemos. O pior é que a inversão de papéis é a principal causa de maus-tratos nas crianças pois estes pais pensam que têm o direito de punir os filhos pelas frustrações que estes lhes causam. 


AMOR ADEQUADO

O amor adequado consiste, em primeiro lugar, numa total aceitação da criança a todos os níveis – físico, intelectual e emocional, num imenso respeito do que ela é e do que poderá ser, ou seja, das suas potencialidades, limites e características pessoais. Num total investimento a nível da sua educação física, intelectual e afectiva. A criança precisa de sentir-se amada e precisa que esse amor se manifeste através de contactos físicos – carícias, abraços, palmadinhas, jogos – de contactos visuais – olhá-la no rosto, nos olhos quando se lhe fala – de atenção exclusiva – tomando tempo para ela, fazendo-lhe sentir nesses momentos que não há nada mais interessante nem mais importante para nós do que ela. Dedicar uma hora ou meia hora por dia para falar, ouvir, brincar, estar com o nosso filho, estar para ele (s). Na vida de correria que os pais levam a atenção exclusiva não é fácil de praticar, mas se queremos que os nossos filhos se amem, desenvolvam respeito próprio e pelos outros, temos que encontrar esses momentos. Roubemo-los à televisão, ao computador ou a outras coisas importantes, mas não tão importantes quanto eles. Podemos ter a sensação de que estamos perdendo tempo, mas esta perda de tempo na infância far-nos-á ganhar muito tempo quando chegar a sua adolescência e juventude e dar-nos-á o prazer de ver crescer os filhos de maneira equilibrada até à maturidade.

O amor adequado comunica-se não só por gestos mas também por palavras. Palavras de conforto e de carinho mas também de confronto e de estímulo.  

Finalmente o amor adequado manifesta-se pelo apoio nos pequenos e grandes serviços que possamos prestar a uma criança, nas suas necessidades, preocupações, frustrações e dificuldades escolares, assim como na correcção e orientação dos seus comportamentos. Na 5ª sessão falaremos sobre o importante tema da disciplina.
Não esqueçamos, o respeito próprio é o maior e o melhor presente que possa ser dado a um filho.

FONTE: HORTELINDA GAL


























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