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sexta-feira, 12 de outubro de 2018

PREDESTINAÇÃO BÍBLICA



Predestinacão bíblica
                         ,
A doutrina calvinista não tem base nas Escrituras Sagradas

por Pedro Apolinário






É comum, quando ocorre uma desgraça ou um acidente, ouvir­mos: "Chegou a sua hora': "Era seu destino", e outras opiniões
semelhantes. Na mente dessas pessoas há o conceito de que os seres huma­nos não são responsáveis por seus atos, porque obedecem a um destino cego e implacável.
Uma análise através da história da humanidade nos comprovará como o destino exerce influência destacada no pensamento das pessoas.
Os gregos criam numa providên­cia imutável em seus desígnios para com o homem. O carma da filosofia hindu é conseqüência inexorável das ações humanas. O tao dos chineses também está cheio de predestinações. Os maometanos crêem fielmente em destinos previamente fixados, ante os quais o ser humano não pode fazer absolutamente nada.
Mesmo entre os judeus, os essê­nios criam num destino implacável. Os fariseus, embora cressem no livre ­arbítrio, deram ênfase ao destino. O profeta levantou sua voz para re­preender os que punham mesa para a fortuna e ofereciam libações ao desti­no. Isa. 65: 11
O estudo das predestinações nos comprovará que esse problema não está restrito à área da filosofia pagã, pois ele apareceu também entre teólo­gos cristãos, como vemos em Calvino (1509-1560).
Calvino, ampliando idéias já an­tes defendidas por Santo Agostinho, afirmou que desde a antigüidade Deus estabeleceu dois decretos - um selecionando um grupo à salvação e outro, selecionando aqueles que se­riam destruídos. O próprio Calvino denominou-o como terrível decreto de Deus. Esse raciocínio conduz a duas conclusões erradas: 1) Se fui pre­destinado para a perdição, então, mesmo que me esforce, não serei sal­vo; 2) Se Deus me escolheu para ser salvo, não importa o que eu faça, serei salvo. Em ambos os casos, o modo de viver estará errado.
Uma das razões que levaram os calvinistas a defenderem a dupla pre­destinação foi o fato de não saberem harmonizar a justiça e a misericórdia de Deus. Para eles, Deus é metade jus­tiça e metade misericórdia. Deus é cem por cento justiça e cem por cento mi­sericórdia, tanto para aqueles que se perdem como para os que se salvam.
Dentre as doutrinas bíblicas que têm trazido problemas ao cristianis­mo, talvez a mais conhecida seja a da predestinação. Para a boa compreen­são deste assunto, é necessário saber explicar "livre-arbítrio e predestina­cão”. Livre-arbítrio é o princípio es­criturístico que declara ser o homem livre para decidir o seu futuro. Predes­tinação pode ser definida no sentido geral e no sentido bíblico. No sentido geral, é crer que Deus traçou um pla­no para a nossa vida e devemos segui-­lo sem o direito de escolha. Em outras palavras, somos autômatos desempe­nhando um papel previamente esta­belecido por Deus. Este ensinamento é de origem pagã.
Predestinação bíblica é o decreto de Deus que possibilita a salvação a todos aqueles que aceitaram a Cristo como seu Salvador. Deus tem predes­tinado que aqueles que crêem sejam salvos e aqueles que não crêem sejam condenados, mas Ele deixa cada um escolher se crerá ou não.

      Calvino apresentou cinco princí­pios nos quais baseou sua doutrina:

1.     Deus, por um decreto eterno e ir­revogável, escolheu alguns para a morte eterna e outros para a salvação eterna.   
2.  O ser humano, pelo pecado, es­tava sujeito à morte. Ele escolheu livrar alguns como exemplo de sua
     mi­sericórdia e os demais, como exemplo de Sua justiça.
      3.  Cristo não morreu por todos, mas somente pelos eleitos.
      4.  Nos escolhidos Deus atua com graça irresistível.
5.  Os que obtiveram essa graça, jamais se perderão - uma vez salvos, salvos para sempre.

Armínio, teólogo holandês, de­fensor do livre-arbítrio e o maior opositor da predestinação calvinista, juntamente com seus colaboradores, apresentou também cinco argumen­tos contrários aos de Calvino e muito mais convincentes, porque estão em harmonia com a Bíblia.
Uma pergunta natural vem à mente: Se a predestinação calvinista não tem base bíblica, por que surgiu? Muitas explicações são apresentadas, especialmente a interpretação equivo­cada dos seguintes textos bíblicos: Provérbios. 16:4: "O Senhor fez todas as coisas para determinados fins e até o perverso, para o dia da calamidade." Êxodo. 7:3: "Eu, porém, endurecerei o coração de Faraó." Rom. 9:13: "Como está escrito: Amei a Jacó, porém me aborreci de Esaú:'
Várias vezes, a Bíblia declara que Deus endureceu o coração de Faraó, mas também que o monarca endure­ceu o seu próprio coração. Temos aqui um idiomatismo hebraico: o verbo em­pregado não é para expressar a execu­ção de alguma coisa, mas a permissão para fazer isso. A prova está em Êxodo 5:22. A história bíblica comprova que Deus jamais destruiu o Seu povo, mas permitiu que ele fosse destruído.
A declaração de Romanos 9: 13 foi tirada de Malaquias 1:2 e 3. Ele a es­creveu mil anos depois; portanto, não é uma profecia, mas um fato histórico.

Provas biblicas - As seguintes decla­rações escriturísticas contradizem o ensino calvinista e, ao mesmo tempo, comprovam que Deus está interessa­do na salvação de todo ser humano:

1. I Timóteo 2:4: "O qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade:' É o texto mais claro do Novo Testamento. Note que não há uma única exclusão, como indica a palavra "todos': A afirmação de Paulo não ad­mite divagações e confirma que nin­guém foi designado para a perdição.
2. .II Pedro 3:9: "não querendo que nenhum pereça, senão que todos che­guem ao arrependimento". É impossí­vel harmonizar a idéia de que Deus não deseja que ninguém se perca com a idéia de que Ele escolheu pessoas para a perdição.
3. Apocalipse 22:17: "quem quiser receba de graça a água da vida". O ver­bo querer indica vontade; portanto, as pessoas escolhem sem nenhuma im­posição. A vontade humana é a condi­ção necessária para que Cristo nos salve. Maravilhoso é o livre-arbítrio concedido por Deus!
4. João 3:16: "para que todo o que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Deus decretou que todos os que aceitarem a Cristo serão salvos, mas não decretou que todos devam aceitá-lo.
5. Ezequiel18:32: "Porque não te­nho prazer na morte de ninguém, diz o Senhor Deus. Portanto, convertei­vos e vivei.
6. Mateus 7:21: "Nem todo o que Me diz: Senhor, Senhor! entrará no rei­no dos céus, mas aquele que faz a von­tade de Meu Pai, que está nos Céus." Muitos não serão salvos porque não aceitam as condições da salvação. É preciso submeter-se ao plano diyino.
7. Jeremias 21:8: "Eis que ponho diante de vós o caminho da vida e o caminho da morte." Para quê dois ca­minhos, se a sorte de cada um já estálançada antes?
      8. Mateus 24:13: "Aquele, porém que perseverar até o fim, esse será sal­vo." Vemos que a salvação depende da nossa perseverança.
9. Atos 17:30: "Agora, porém, noti­fica aos homens que todos, em toda a parte, se arrependam." O convite para que todos se arrependam seria um es­cárnio ao nome de Deus se muitos não pudessem se arrepender por esta­rem predestinados à destruição.
10. I Tessalonincenses 5:9: "Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nos­so Senhor Jesus Cristo:' Este verso seria suficiente para fazer desmoronar o frá­gil edifício da predestinação calvinista.
11. II Tessalonicenses 2: 13: "Por­que Deus vos escolheu desde o princí­pio para a salvação:'
12. Tito 2:11: "Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a to­dos os homens:' Todos estão predesti­nados para a salvação.
13. Atos 10:34: "Deus não faz “acepção de pessoas." Se Ele predesti­nasse alguns para a salvação e outros para a destruição, estaria fazendo acepção de pessoas.
14. Isaías 55:7: "Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensa­mentos; converta-se ao Senhor, que Se compadecerá dEle, volte-se para o nosso Deus, porque é rico em per­doar." Aqui se encontra um dos apelos mais tocantes da Bíblia. Esse convite divino é um dos mais fortes argumentos contra a predestinação .
No livro Armianismo e Metodismo, encontramos excelentes argu­mentos contra a predestinação e pro­vas convincentes para a boa com­preensão desse assunto. Destacarei apenas três:
"Deus seria incapaz de decretar a sal­vação de uns e a condenação de outros, porque isso é contra a Sua natureza.”
"Deus seria injusto com aqueles que não estivessem incluídos no plano da salvação. Deus não comete injustiça.”
"Este conceito destrói todos os atributos divinos; põe abaixo tanto a Sua justiça como Sua misericórdia."
O homem é predestinado para operar a sua salvação, para pelejar a boa peleja de fé. É predestinado para usar os meios que Deus colocou ao seu alcance. É predestinado para vi­giar em oração, para examinar as Es­crituras e evitar cair em tentação. É predestinado para ser obediente a cada palavra que procede da boca de Deus. (Ver Testemunhos Para Minis­tros, págs. 453 e 454.)
Rendamos graças a Deus pelo li­vre-arbítrio e pelo privilégio da salva­ção que Ele nos oferece por meio de Cristo. .

Pedro Apolinário, ex-professor de Crítica
                     Textual e Língua Portuguesa.

                  mora em Engenheiro Coelho SP.

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