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sexta-feira, 12 de outubro de 2018

O SUICÍDIO NA BÍBLIA



O suicídio na Bíblia
A Bíblia registra casos de suicídio
sem julgar a moralidade do ato

por Angel Manuel Rodríguez



Suicídio é geralmente definido como tirar a própria vida. As ci­catrizes emocionais deixadas na família e em amigos são profundas e produzem não só sentimentos de solidão, mas especialmente um senso de culpa e desnorteamento. Na tentativa de prover alguma orientação, desejo fazer um breve comentário.
Vamos primeiramente fazer a dis­tinção entre suicídio e martírio. Martírio é a disposição de entregar a vida em favor de convicções e valores que consideramos não negociáveis e atos heróicos de sacrificio próprio que resultam na preservação da vida de outros (um soldado, por exemplo, lançando-se sobre uma granada para salvar a vida de outras pessoas). Esses casos são expressões de respeito e amor pela vida, ao passo que suicídio é basicamente a negação dos valores da vida presente, a solução final para uma vida considerada insuportável.
Vamos analisar os casos de suicí­dio ou tentativa de suicídio registra­dos na Bíblia, tirar algumas conclu­sões e fazer alguns comentários gerais.
1. Casos de suicídio na Bíblia. Abimeleque, mortalmente ferido por uma pedra de moinho atirada por uma mulher, pediu ao seu escudeiro que o matasse para evitar a vergonha (Juíz. 9:54). Saul, depois de ser ferido mortalmente em batalha, tirou a própria vida (1 5am. 31:4).Vendo o que o rei fizera, o escudeiro “se lançou sobre a sua espada e morreu com ele” (ver­so 5). Isso foi feito por temor do que os inimigos poderiam fazer a eles. Aitofel, um dos conselheiros do rei Ab­salão, enforcou-se depois de perceber que o rei rejeitara seu conselho (II
8am. 17:23). Zinrí se tornou rei de­pois de um golpe de estado, mas percebendo que o povo não o apoiara, foi ao castelo da casa do rei e “o queimou sobre si, e morreu” (1 Reis 16:18). Judas ficou tão perturbado emocional-mente depois de haver traído Jesus, que se enforcou (Mat. 27:5). Sansão tirou a própria vida em sua luta con­tra os inimigos (Juíz. 16:29 e 30). De­pois de um terremoto, o carcereiro de Filipos, supondo que os presos tivessem fugido e por temor, tentou suicidar-se, mas Paulo o persuadiu ao con­trário (Atos 16:26-28).
2. Comentários sobre o material bíblico: Nos incidentes mencionados acima, percebemos várias coisas.
Primeiro, a maioria dos suicídios ocorreu no contexto de guerra, no qual tirar a própria vida resulta de te­mor ou vergonha.
Segundo, outros casos são mais pessoais e refletidos: além de temor, baixa auto-estima. Todos eles ocor­rem no contexto de um estado mental altamente emocional.
Terceiro, o suicídio é mencionado sem julgar a moralidade do ato. Isso não significa que é moralmente correto; in­dica que o escritor bíblico está simples­mente descrevendo o que aconteceu.
A influência moral do suicídio é abordada através da compreensão bíbli­ca da vida humana: Deus criou a vida; ela não nos pertence, para dela usarmos e dela dispormos conforme desejar­mos. O sexto mandamento tem algo a dizer sobre o assunto. Portanto, o cristão não deve sequer considerar o suicí­dio como uma solução moralmente vá­lida para a condição de viver em um mundo de dor física e emocional.
3. Comentários e sugestões. Como então devemos considerar o suicídio de uma pessoa querida?
Em primeiro lugar, a psicologia e a psiquiatria demonstram que o suicí­dio é freqüentemente o resultado de intensa revolta emocional ou desequi­líbrio bioquímico associado a um profundo estado de depressão e te­mor. Não devemos julgar a pessoa que, em tais circunstâncias, optou pelo suicídio.
Em segundo lugar, a justiça de Deus leva em consideração a intensi­dade de nossa mente atribulada. Ele nos compreende melhor do que qual­quer outra pessoa. Devemos colocar o futuro de nossos queridos em Suas amorosas mãos.
Em terceiro lugar, com o auxílio de Deus podemos enfrentar a culpa de maneira construtiva. Conservemos em mente o fato de que na maior par­te das vezes aqueles que cometeram suicídio precisavam de ajuda profis­sional que a maioria de nós era inca­paz de fornecer.
E por último, se algum dia você for tentado a cometer suicídio, lem­bre-se de que: há medicamentos que podem ajudar a combater a depressão; há amigos que o(a) amam e fariam tudo que pudessem para ajudá­-lo(a); e existe um Deus que está disposto a atuar em você e através de outras pessoas para sustentá-lo(a) ao você passar pelo vale da sombra da morte. Jamais desista de nutrir a esperança! .

Angel Manuel Rodríguez é diretor do Instituto de Pesquisa Bíblica da Associação Geral da IASD.


Revista Adventista, abril 2004

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