A personalidade do Espírito Santo
É o Espírito Santo um mero poder despersonalizado ou
uma pessoa real? —J.M., Aracaju, SE
“A natureza do Espírito Santo é um mistério a
respeito do qual a lógica humana deve se curvar diante da revelação divina”
Alberto Ronald Timm, Ph.D., é
diretor do Centro de Pesquisas Ellen G.
White e professor de teologia no
Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia, em Engenheiro Coelho, SP.
Algumas pessoas têm grande dificuldade para entender
o que a Bíblia diz a respeito da natureza do Espírito Santo. Isso se deve em
grande parte, ao fato de enfatizarem determinadas características deste Ser divino em detrimento de outras, e de
não conseguirem conciliar os atributos da personalidade e da onipresença em um
só Ser. Para elas, se o Espírito Santo é uma Pessoa, então Ele não pode estar em toda parte ao mesmo tempo; e, por
outro lado, se Ele é onipresente, então não pode ser uma Pessoa. Baseados nessa
pressuposição, chegam mesmo a crer que Deus Pai e Deus Filho, sendo Seres pessoais,
só conseguem ser onipresentes através do Espírito Santo, que, por sua vez, não
pode ser mais do que um mero poder despersonalizado.
Se o critério para se estabelecer a verdade é apenas a lógica humana, então o
argumento acima até poderia ser considerado correto. Mas se analisarmos
detidamente o que a Palavra de Deus nos diz a respeito do Espírito Santo,
perceberemos que Ele é um Ser tanto onipresente como pessoal. Isso significa que a natureza do
Espírito Santo é um mistério a respeito do qual a lógica humana deve se curvar diante da
revelação divina.
Na Bíblia
encontramos vários textos que confirmam a onipresença do Espírito Santo (ver
Sal. 139:7-12; João 14:16 e 17; 1a. Cor. 3:16: 6:19). Além disso, existem pelo menos quatro importantes
evidências bíblicas de que o Espírito Santo é também um Ser pessoal distinto
do Pai e do Filho. Uma delas são as alusões à Divindade como composta de três
Personalidades distintas. Por exemplo, no batismo de Jesus a voz do Pai foi ouvida
do Céu, e o Espírito Santo desceu na forma de uma pomba (Luc. 3:21-22).
Tanto na fórmula batismal (Mat. 28:19) quanto na bênção apostólica (2a.
Cor. 13:13) as três Pessoas são mencionadas de forma distinta.
Outra evidência da personalidade do Espírito Santo é o fato de Cristo referir-Se
a Ele em João 14:16 como “outro Consolador” (grego állon parácleton) que seria enviado pelo Pai em nome de Cristo (João 14:26). Se o
Espírito Santo fosse o próprio Pai, como alegam alguns, como poderia o Pai enviar-Se a
Si mesmo? Referindo-Se ao Espírito Santo como “Consolador”, Cristo usa o mesmo termo
grego parácleton que é traduzido em
l~ João 2:1 como “Advogado”. Assim como este ~Advogado” (Cristo) está “junto ao Pai”, sem
ser o próprio Pai, também aquele ~‘Consolador” (o Espírito Santo) é
qualificado como “outro Consolador”, enviado pelo Pai sem ser o próprio Pai.
Uma terceira evidência de que o Espírito Santo é um Ser divino encontra-se
nos vários textos que O associam a várias características de uma personalidade
distinta dentro da Divindade. Por exemplo, Ele “a todas as coisas perscruta,
até mesmo as profundezas de Deus” (1a. Cor. 2:10); Ele derrama o
amor de Deus em nosso coração (Rom. 5:5);
Ele distribui os dons espirituais a cada um “como Lhe apraz” (la. Cor.
12:11); e Ele pode ser entristecido (Efés. 4:30).
Além disso, a Bíblia declara também que o Espírito Santo “intercede por
nós” diante do Pai” com gemidos inexprimíveis” (Rom. 8:26). Como poderia o
Espírito Santo interceder diante do Pai se Ele mesmo fosse o Pai? A fim de
perscrutar “as profundezas de Deus”, o Espírito Santo precisa ser plenamente Deus; e para interceder com o Pai, o Espírito Santo precisa ter uma
Personalidade distinta do Pai.
Cremos, portanto, no testemunho bíblico de que o Espírito Santo é um Ser
plenamente divino, onipresente e pessoal.
Sinais dos
Tempos Março-Abril/2003
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