Quem são os 144 mil de
Apocalipse 14?
por
Alberto R. Timm
Em Apocalipse 14 encontramos
uma estrutura proléptica, na qual primeiro é descrito o grupo dos 144 mil
(versos 1-5), para então serem mencionadas as três mensagens angélicas
responsáveis pela origem desse grupo (versos 6-12). Tanto a proclamação das
mensagens quanto a formação do grupo são descritas como ocorrendo no período
final da história humana, que antecede a segunda vinda de Cristo e o juízo
final (versos 14-20).
Nesse contexto, os 144 mil aparecem
como a última geração dos verdadeiros adoradores de Deus (verso 7), que
“guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus” (verso 12), em contraste com
aqueles que adoram “a besta e a sua imagem” e recebem “a sua marca na fronte ou
sobre a mão” (versos 9-11).
O fato de Apocalipse 7:1-8
mencionar o mesmo grupo de 144 mil como sendo formado “de todas as tribos dos
filhos de Israel” (verso 4) tem levado alguns comentaristas a sugerir que esse
grupo será formado por judeus literais, em cumprimento a certas promessas do
Antigo Testamento para com a nação de Israel. Essa interpretação carece, no
entanto, de base bíblica e de fundamentação histórica, pois (1) as tribos
mencionadas em Apocalipse 7:1-8 não são exatamente as mesmas que aparecem na
promessa de Ezequiel 48:1-8, 23-29 (ver também Gênesis 49:1-28); (2) seria
praticamente impossível reunir ainda hoje “doze mil pessoas de cada tribo de
Israel, uma vez que tais distinções tribais desapareceram quase que em sua
totalidade, devido à deportação compulsória e miscigenação das tribos do norte
(ver II Reis 17); e (3) no Novo Testamento a salvação “em Cristo” desfaz toda e
qualquer distinção étnica (ver Gálatas 3:26-29). Diante disso, somos levados à
conclusão de que os 144 mil serão formados pela última geração do povo
remanescente de Deus, também chamado de Israel espiritual (ver Romanos 9:6-8; I
Pedro 2:9 e 10).
Uma vez que as doze tribos
de Apocalipse 7 devem ser interpretadas simbolicamente, surge a indagação:
podemos entender o seu número como literal? Embora alguns comentaristas o
façam, existe uma forte tendência de ver nessa multiplicação de 12 vezes 12.000
(= 144.000) apenas um símbolo da totalidade de componentes da última geração
dos salvos que estarão vivos por ocasião da volta de Cristo.
Fonte:
Sinais
dos Tempos, julho de 1998. p. 29 (usado com permissão)
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