O
que Jesus quis dizer em Lucas 16:9 (“Granjeai amigos com as riquezas da
injustiça...”)?
por
Alberto R. Timm
Em Lucas 16:1-8, aparece o
relato da parábola de um homem rico que possuía um administrador infiel.
Ameaçado de ser demitido de sua posição, esse administrador chama “cada um dos
devedores do seu senhor” e lhes diminui indevidamente as respectivas dívidas.
Por este meio ele procurou conquistar a amizade dos devedores, para que no
futuro, ao ser ele efetivamente demitido, estes o recebessem “em suas casas”
(verso 4). Iniciando a aplicação da parábola, Cristo afirmou: “E eu vos
recomendo: das riquezas de origem iníqua fazei amigos; para que, quando aquelas
vos faltarem, esses amigos vos recebam nos tabernáculos eternos” (verso 9).
Uma análise do contexto
desta passagem esclarece o fato de que Cristo não está estimulando aqui o
suborno ou a aplicação indevida dos recursos financeiros, pois logo no verso 11
Ele mesmo incentiva a fidelidade “na aplicação das riquezas de origem injusta”.
As “riquezas” são consideradas como de “origem iníqua” ou “injusta” devido ao
seu acúmulo ocorrer quase sempre em detrimento dos menos favorecidos (ver Tiago
5:1-6). O fazer “amigos” com essas riquezas significa desprender-se delas, com
o propósito de usá-las em benefício dos pobres (ver Lucas 12:33-34). Um claro
contraste é feito entre a transitoriedade do acúmulo de riquezas terrestres,
que perderão finalmente seu valor, e a perpetuidade que resulta de sua devida
aplicação.
A generosidade para com os
necessitados é considerada não como um mérito à salvação, mas apenas como “um
teste de caráter” (Jamieson, Fausset e Brawn). Ajudando aos necessitados,
estaremos rompendo com nossos próprios interesses egoístas, para acumular
“tesouros no Céu” (Mateus 6:19-21; Lucas 12:33-34). O maior tesouro é, sem
dúvida, a salvação eterna, pela graça de Cristo (Efésios 2:8-10), daqueles que
são levados a glorificar a Deus por nossas boas obras de generosidade (ver
Mateus 5:16). Estes tesouros vivos são vistos metaforicamente, no texto sob consideração,
como estendendo as futuras boas-vindas aos “tabernáculos eternos” àqueles que
foram generosos para com eles nesta vida (ver Mateus 25:31-46).
Uma vez que Lucas 16:9 é
parte da aplicação da parábola do administrador infiel (versos 1-8), a mensagem
básica do texto pode ser bem sumarizada na seguinte paráfrase de Jack Blanco:
“Vocês deveriam estar tão determinados a assegurar o seu futuro no Céu como
esse administrador esteve em assegurar o seu futuro na Terra” (The
Clear Word).
Fonte:
Sinais dos Tempos,
fevereiro de 1998. p. 29 (usado com permissão)
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