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segunda-feira, 15 de outubro de 2018

1290 e 1335 dias EM DANIEL 12:11-12






CONSULTORIA DOUTRINARIA

Os 1290 e 1335 dias de Daniel 12 são dias li­terais ou simbólicos? O que significa o “sacrifí­cio diario” e a abomina­ção desoladora” men­cionados nesse capítu­lo? J.E.R.F.

A natureza e o cumprimento dos “1290 dias” e “1335 dias” de Daniel 12:11 e 12 só poderão ser devidamente compreendidos se considerados dentro da estrutura de paralelismo profético do livro de Daniel. O Dr. William H. Shea esclarece que no livro de Daniel cada período profético (1260, 1290, 1335 e 2300 dias) aparece como um apêndice calibrador ao corpo básico da respectiva profe­cia que lhe corresponde. Por exemplo, a visão do capítulo 7 é descrita nos versos 1-14, mas o tempo a ela relacionado só apare­ce no verso 25. No capítulo 8, o corpo da visão é relatado nos ver­sos 1-12, mas o tempo só ocorre no verso 14. De modo semelhan­te, os tempos proféticos relaciona­dos com a visão do capítulo 11 só são mencionados no capítulo 12.
(W. H. Shea, Daniel 7 12: Pro­phecíes of lhe End D’me, págs. 217e 218.)
Esse paralelismo comprova que os 1290 e 1335 dias, de Daniel 12:11 e 12, compartilham da mesma natureza profético-apoca­líptica que os “tempo, tempos e metade de um tempo”, de Daniel 7:25, e as 2300 tardes e manhãs, de Daniel 8:14. Assim, se aplica­mos o princípio dia-ano aos pe­ríodos proféticos de Daniel 7e8,também devemos aplicá-lo aos períodos de Daniel 12; pois todos esses períodos estão interligados entre si, de alguma forma, e a descrição de cada visão indica apenas um único cumprimento para o período profético que lhe corresponde.
Básico para a compreensão desses períodos e também a iden­tificação dos eventos e dos poderes a eles relacionados. A alusão em Daniel 12:11 ao “sacrifício diá­rio” e à “abominação desolado­ra” conecta os 1290 e 1335 dias não apenas com o conteúdo da visão de Daniel 11 (ver Dan, 11:31) mas também com as 2300 tardes e manhãs de Daniel 8:14 (ver Dan. 8:13; 9:27).  O mesmo poder apóstata que haveria de es­tabelecer a “abominação desola­dora” em lugar do “sacrifício diário” é descrito em Daniel 7 e 8 co­mo o “chifre pequeno”, e em Da­niel 11 como o ‘rei do Norte”.
A expressão “sacrifício diário” é a tradução do termo hebraico tamid, que significa “diário” ou “contínuo”, ao qual foi acrescida a palavra “sacrifício”, que não se encontra no texto original de Da­niel 8:13 e 12:11. Esse termo (ta­mid) é usado nas Escrituras em relação não apenas com o sacrifí­cio diário do santuário terrestre (ver Êxodo 29:38, 42) mas tam­bém com vários outros aspectos da ministração contínua daquele santuário (ver Êxodo 25:30; 27:20; 28:29, 38; 30:8; I Crôn.16:6). No livro de Daniel o termo se refere, obviamente, ao contí­nuo ministério sacerdotal de Cris­to no santuário/templo celestial (ver Dan. 8:9-14). Já a ‘abomina­ção desoladora” subentende o amplo sistema de contrafação a esse ministério, construído sobre as teorias antibíblicas da imorta­lidade natural da alma, da me­diação dos santos, do confissioná­rio, do sacrifício da missa, etc.
Foi com base nesses princípios que Guilherme Miller chegou à conclusão de que tanto os 1290 anos como os 1335 anos iniciaram em 508, quando Clóvis obteve a vitória sobre os visigodos arianos, passo esse decisivo na união dos poderes político e eclesiástico para a punição dos “hereges” pelo cato­licismo medieval. Os 1290 anos eram vistos como havendo se cumprido em 1798, como o aprisiona­mento do Papa Pio VI pelos exérci­tos franceses. Já os 1335 anos eram considerados como se estendendo por mais 45 anos, até o término dos 2300 anos de Daniel 8:14, em 1843/1844. Essa interpretação foi mantida pelos primeiros adventis­tas observadores do sábado, trans­formando-se na posição histórica da Igreja Adventista do Sétimo Dia até hoje.
Rompendo com essa interpre­tação, alguns indivíduos têm pro­posto, em anos mais recentes, uma “nova luz” sobre um supos­to cumprimento futuro dos 1290 e 1335 dias, como meros dias lite­rais,  Por mais interessante que possa parecer, essa nova interpre­tação (1) rompe completantente com o paralelismo profético do li­vro de Daniel; (2) busca endosso em uma leitura parcial e tenden­ciosa do Espírito de Profecia: (3) é, inconsistente em sua aplicação do princípio dia-ano de interpre­tação profética; (4) promove a in­terpretação profética futurista da contra-reforma católica: e (5) menospreza as advertências do Espírito de Profecia sobre marca­ções de quaisquer novas datas.
Sem dúvida, esse suposto cum­primento futuro dos 1290 e 1335 dias é totalmente irreconciliável com as declarações de Ellen White de que “o tempo não tem sido um teste desde 1844, e nunca mais o será” (Primeiros Escritos, pág. 75), e que “nunca mais haverá para o povo de Deus uma mensa­gem baseada em tempo (Mensa­gens Escolhidas, vol. 1, pág. 188),

Alberto R. Timm. Ph.D., é Professor de Teologia no IAE  Campus 2, e diretor do Centro de Pesquisas Ellen G.. White, do Brasil.


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