A lei e os profetas
Os opositores da lei citam Lucas 16 :16 como prova
de que estamos desobrigados de guardar os Dez Mandamentos. Como convencê-los de
que estão equivocados? A.Z.P.
Uma boa explicação encontra-se às páginas 85 e 86
do livro Answers to Objections, de
Francis D. Nichol. A referida obra, já traduzida para o português, tem 895
páginas, e a Casa está estudando a possibilidade de publicá-la.
A seguir, a resposta de Nichol:
Lucas 16:16 diz o seguinte: “A lei e os profetas
vigoraram até João; desde esse tempo. vem sendo anunciado o evangelho do reino
de Deus, e todo homem se esforça por entrar nele.” Ponha ao lado desta a
passagem paralela de Mateus 11:13: “Porque todos os profetas e a lei profetizaram
até João.”
A palavra “vigoraram” em Lucas 16:16 é um termo
suprido. Lucas simplesmente escreveu: “A lei e os profetas, até João.” Se os
tradutores tivessem comparado suas palavras com as de Mateus, teriam visto que
Lucas não quis dizer que a lei e os profetas terminaram nos dias de João, mas
que “profetizaram” até aqueles dias. A diferença é muito grande e provê a
chave para o significado da passagem em discussão.
A frase “os profetas e a lei’ ou mais comumente,
“a lei e os profetas’; é usada com freqüência na Bíblia para descrever os
escritos de Moisés mais os escritos de outros profetas do Antigo Testamento. Os
escritos de Moisés eram tão distingüidos pelos códigos de leis ali registrados
que eram, obviamente e com freqüência, descritos como “a lei’; em contraste
com os escritos de outros profetas. Este fato em si desconsidera a objeção
acima, porque nem Lucas nem Mateus estão realmente discutindo a lei dos Dez
Mandamentos.
Mas o que queriam dizer esses dois escritores do
evangelho? O contexto dá a resposta, O ceticismo quanto à missão e o caráter, tanto de Cristo como de João, era a marca de
muitos judeus. Eles insistiam em que criam em Moisés e em todos os profetas.
Cristo procurou repetidamente esclarecer-lhes que Ele era Aquele predito pelos
profetas, e igualmente Seu precursor, João Batista, fora predito, e que agora o
reino de Deus lhes estava sendo pregado.
Ao iniciar Seu ministério público, Cristo
declarou: “O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Marcos 1:15.
Os profetas tinham predito a vinda do Messias. Cristo anunciou que aquelas
profecias estavam então cumpridas.
Para os céticos judeus, que deixaram de ver em
Cristo o cumprimento dessas profecias, Ele declarou: “Não penseis que Eu vos
acusarei perante o Pai; quem vos acusa é Moisés, em quem tendes firmado a vossa
confiança.” Porque, se de fato crêsseis em Moisés, também crerieis em Mim;
porquanto ele escreveu a Meu respeito. Se, porém, não credes nos seus escritos,
como crereis nas Minhas palavras?” João 5:45-47.
Quando Filipe encontrou a Natanael e procurou levar-lhe a emocionante notícia de que o Messias
prometido tinha chegado, disse: “Achamos Aquele de quem Moisés escreveu na
lei, e a quem se referiam os profetas: Jesus, o Nazareno.” João 1:45.
Quando Cristo ressurgiu dos mortos, Ele Se dirigiu
naquele mesmo dia aos perplexos e desnorteados discípulos e perguntou: “Por
que estais perturbados? E por que sobem dúvidas ao vosso coração?” Lucas
24:38, Então lembrou-lhes que o que Lhe havia acontecido naquele fatidico fim
de semana foi o que os profetas tinham predito — “importava se cumprisse tudo
o que de Mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos’ Verso
44.
Paulo declarou que sua missão na vida era dar
“testemunho, tanto a pequenos como a grandes, nada dizendo, senão o que os
profetas e Moisés disseram haver de acontecer’~ Atos 26:22.
De sorte que o profetizar de Moisés e de outros
profetas era uma das principais provas oferecidas por Cristo e os apóstolos em
apoio da afirmação de que o Messias tinha vindo. Os profetas profetizam até o
tempo em que suas profecias se cumprem. Depois disso, a profecia se torna
história. Deste modo, nosso Senhor, ao declarar que “os profetas e a lei
profetizaram até João’ estava simplesmente anunciando que “o tempo está
cumprido, e o reino de Deus está próximo’ Ele não estava sugerindo que Moisés
ou os profetas estavam agora abolidos, muito menos que a lei dos Dez
Mandamentos tivesse chegado ao fim.
Revista Adventista
Setembro/2003
Sem comentários:
Enviar um comentário