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segunda-feira, 15 de outubro de 2018

O BODE AZAZEL






Uma antiga tradição interpreta o bode Azazel como representando a Crísto ou um aspecto de Sua obra


Levítico 16:22 diz que o bode por Azazel “levará sobre si todas as iniqüidades deles”; e Isaías
53:12 descreve o prometido Salvador por meio das palavras: ‘Ele levou o pecado de muitos”. Esta última afirmação não torna o bode Azazel um símbolo de Cristo?
Às vezes, é necessário examinar a origem histórica de certas idéias teológicas. O caso que estamos analisando é um bom exemplo.
Uma antiga tradição cristã vê o bode Azazel como representando a Cristo ou um aspecto de Sua obra. Justino Mártir (100-165 d. C.), por exemplo, viu-o como um símbolo do segundo advento de Cristo; Tertuliano (160-220) viu nele uma referência à natureza humana de Cristo e Sua humilhação; e, para Cirílo de Alexandria (d. 444), o bode emissário era Cristo ascendendo ao Céu, carregando nossos pecados. Já Orígenes (185-254) comparou o bode emissário a  Azazel, que ele admitiu ser o anjo caído. Obviamente não havia harmonia na primitiva interpretação cristã do bode emissário, e as opiniões apresentadas tinham uma natureza mais especulativa, sem base exegética.
Durante a Reforma, o ritual do bode emissário foi usado na formulação da doutrina da expiação, e esta idéia ainda prevalece entre os protestantes. Hoje, entretanto, os eruditos são inclinados a crer que Azazel foi uma figura demoníaca do Antigo Testamento, o que toma difícil interpretar o ritual em apreço como um tipo da obra expiatória de Cristo.
A aplicação do símbolo do bode emissário a Cristo baseia-se geralmente em dois argumentos. O primeiro tem que ver com o uso da frase “levou o pecado”, que também se aplica a Jesus. O segundo argumento é extraído de Hebreus 13:12, onde se afirma que Jesus, “para santificar o povo, pelo Seu próprio sangue, sofreu fora da porta”. Neste caso, leva-se em conta que o bode emissário foi tomado fora do acampamento israelita. Este último argumento não é persuasivo pelo fato de não existir correspondência simbólica entre Cristo oferecendo Seu sangue fora da cidade como um sacrifício, e o bode emissário, que foi levado vivo para o deserto. Além disso, o contexto de Hebreus trata da oferta regular pelo pecado, e não do bode por Azazel.
No estudo das Escrituras, não devemos levar em consideração apenas o uso especifico das
palavras para comunicar uma idéia que uma dessas palavras não pode expressar por si mesma. A frase “levar o pecado/iniqüidade” parece ser uma expressão legal usada para indicar que a pessoa que leva o pecado é legalmente culpada, responsável pelo pecado cometido, e sujeita a castigo (ver ~xo. 28:43; Lev. 19:8; 20:17). Algumas vezes Deus é o sujeito da frase (Deus leva o pecado de Seu povo), significando que Ele assume a responsabilidade por ele e perdoa o pecador arrependido (Núm. 14:18; Sal. 25:18).
No contexto do santuário, os pecadores são descritos como levando o pecado (Lev. 5:1,2,5 e 6), e isto ocorreu no período em que eles ofereciam seus sacrifícios ao Senhor. Eram responsáveis por seus próprios pecados e, portanto, sujeitos à punição divina. Só podiam livrar-se daquela situação por meio de um sacrifício. O sacerdote usava o sacrifício para fazer expiação, e assim a pessoa era perdoada (versos 6 e 10). O pecado era então transferido para a vítima sacrifical, e esta morria em lugar do pecador arrependido. Foi exatamente isto o que Jesus fez por nós (Isa. 53:4 e 12). Devemos observar uma peculiaridade nessa frase. Ela praticamente nunca é usada para expressar a idéia de levar o pecado de um lugar para outro. “Levar o pecado” significa ser ou tomar-se responsável por ele e sujeito a punição. Isto é o que chamamos de uso absoluto da frase. A única exceção desse uso encontra-se em Levítico 16:22, onde ela é seguida de uma cláusula de destinação. Neste caso, ela quer dizer “carregar ou transportar o pecado”, e não “levar o pecado vicariamente”. “Assim, aquele bode levará sobre si todas as iniqüidades deles para uma regido solitária.” O bode não leva vicariamente o pecado do povo, mas simplesmente o conduz ao deserto, retomando-o a Azazel, o originador do pecado e da impureza. Este uso da frase não é o mesmo que encontramos nos serviços diários do santuário, e não se refere a Cristo, que, como sabemos, levou nossos pecados como nosso substituto.


Angel Manuel Rodríguez é diretor
associado do instituto de Pesquisas Bíblicas da Associação Geral



O exame cuidadoso de Levítico 16 revela que Azazel representa Satanás, e não Cristo conforme alguns têm imaginado. Os argumentos que apóiam esta interpretação, são: (1) bode emissário não era morto como sacrifício, e assim não poderia ser usado como um meio de trazer o perdão, uma vez que’sem derramamento de sangue não há remissão’Heb 9:22, (2) ó santuário era . Inteiramente purificado pelo sangue do bode do Senhor antes que o bode emissário fosse introduzido no ritual. -  Lev. 16:20; (3) a passagem trata  o bode emissário como um ser pessoal que é o oposto, e se opõe a Déus.~— Nisto Cremos, pág. 415.

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