A divindade
e a
personalidade do
Espírito Santo
O Espírito Santo não é uma criatura subordinada ao
Pai e ao Filho
por Ozéas Caldas Moura
Idéias heréticas sobre a divindade e a personalidade do Espírito Santo já
vêm de longe. “Macedônio, bispo de Constantinopla de 341 a 360 d. C., já
ensinava que o Espírito Santo era ‘ministro e servo’ no mesmo nível dos anjos.
Cria que o Espírito Santo era uma criatura subordinada ao Pai e ao Filho. Isso
era uma negação da verdadeira divindade do Espírito Santo.” Em 381 d. C., o
Concílio de Constantinopla condenou essas idéias de Macedônio.
No entanto, vê-se hoje que essas velhas heresias
sobre a pessoa do Espírito Santo vêm sendo ressuscitadas, seja por mera
curiosidade teológica especulativa, seja como meio de atacar a Igreja e suas
doutrinas, O certo é que o conselho dado pelo apóstolo João, no 1 século,
continua bastante valido para os nossos dias; “Amados, não deis crédito a
qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque
muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora” (1 João 4:1).
Concordamos que, devido à nossa limitação humana,
não nos é possível abarcar tudo o que Deus é. Em relação com a pessoa do
Espírito Santo, não é diferente: o que dEle podemos e devemos saber está
revelado nas páginas das Escrituras, quer seja lógico ou não à razão humana.
Com esse cuidado em mente, analisemos o que nos diz a Palavra de Deus sobre a
Terceira Pessoa da Trindade. O que passar disso é mera especulação perigosa,
que pode e tem desencaminhado da fé aqueles que se deixam levar “por todo vento
de doutrina” (Efés. 4:14).
1. O Espírito
Santo é Deus, pois tem os mesmos atributos de Deus. Por exemplo: santidade — em muitas passagens das
Escrituras o adjetivo “santo” é acrescido ao nome do divino Espínto (Mar.
13:11; Tito 3:5); eternidade — (Heb
9:14); onisciência — (1 Cor. 2:10 e
11); onipotência — (em Lucas 1:35, o
Espírito Santo é chamado de “poder do Altíssimo”; confira, ainda, a palavra
“poder” ligada ao Espírito em Isa. 11:2; Miq. 3:8; Luc. 4:14 e Atos 1:8); onipresença — (Sal. 139:7-12); Criador — (Gên. 1:2; Jó 33:4; Sal.
104:30 e Eze. 37:14). Uma vez que só Deus tem esses atributos, e o Espírito
Santo os tem, então Ele é Deus, como Deus Pai e Deus Filho. Por isso Pedro disse
a Ananias que mentir ao Espírito Santo é mentir a Deus (Atos 5:3 e 4).
2. O Espírito
Santo é uma Pessoa. Os que dizem que o Espírito Santo é apenas uma força e não
uma pessoa, deveriam atentar para os atributos pessoais com que a Bíblia O
apresenta. Ele tem inteligência, pois “perscruta ou investiga (1 Cor. 2:10 e 11) e “ensina” (João 14:26 e
1 Cor. 2:13); tem vontade, pois distribui os dons “como Lhe apraz” (1 Cor.
12:11); tem emoção, pois pode ser “contristado” (Isa. 6310) ou “entristecido” (Efés. 4:30). Ele fala (II Sam. 23:2 e
Atos 13:2); ensina (João 14:26); guia (Rom.8:14); convence (João 16:8);
contende ou age (Gên. 6:3); testifica (Rom. 8:16); separa e envia (Atos 13:2);
intercede (Rom. 8:26).2
A palavra grega com a qual Jesus descreve a obra do
Espírito Santo, é PARAKLETOS (João 14:16, 26; 15:26; 16:7; aparece também em 1a.
João 2:1), vocábulo cuja tradução é “Ajudador”, “Intercessor’~ “Advogado” (na
Versão Almeida, o vocábulo é traduzido por “Consolador”). Esses significados de
PARAKLETOS indicam que o Espírito Santo é uma pessoa, pois uma mera força não
poderia ser um Ajudador, um Intercessor, um Advogado e um Consolador.
Deve-se dizer ainda que o fato de as Escrituras
apresentarem o Espírito Santo como uma pessoa divina, não contraria Deuteronômio
6:4: “Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor.” A palavra
“único”, no original hebraico, é Echad (pronuncia-se
“errad”), a qual indica uma “unidade composta”.
Em Gên. 1:5, uma tarde e uma manhã é igual a um echad — dia. Em Gênesis 2:24, um homem e uma mulher, mediante o
casamento, são uma (echad) só carne.
Se Moisés quisesse dizer que Deus é uma só pessoa, teria empregado Yachid (pronuncia-se “iarrid”), como se
pode ver no caso de Isaque, que era filho “único” (Yachid) de Abrão e Sara
(Gên. 22:2). O fato de Moisés ter empregado Echad
e não Yachid para falar de Deus,
indica que Deus é uma “unidade composta”:
Pai, Filho e Espírito Santo (Mat. 28:19). Sendo que as três pessoas da
Trindade são co-iguais, co-eternas, da mesma natureza, da mesma qualidade e com
os mesmos propósitos, então é correto dizer que adoramos Um Deus, que Se
manifesta ou Se apresenta em três pessoas divinas. Em outras palavras,
adoramos o Deus Triúno. Isso pode não parecer lógico à nossa pobre mente
humana, limitada, finita e imperfeita, mas é o que Deus revelou acerca de Si
mesmo nas páginas das Escrituras. Caberia aqui nos lembrar do conselho divino
dado em
Deuteronômio 29:29: “As coisas encobertas
pertencem ao Senhor, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a
nossos filhos, para sempre...”
Deveríamos também atentar para o que Ellen G. White escreveu sobre a
pessoa do Espírito Santo:
“O Consolador que Cristo prometeu enviar depois
de ascender ao Céu, é o Espírito em toda a plenitude da Divindade... Há três pessoas vivas pertencentes à
Trindade celeste; em nome destes três grandes poderes — o Pai, o Filho e o
Espírito Santo — os que recebem a Cristo por fé viva são batizados, e esses poderes
cooperarão com os súditos obedientes do Céu em seus esforços para viver a
nova vida em Cristo.... Os eternos dignitários celestes — Deus, Cristo e o
Espírito Santo — munindo-os [aos discípulos] de energia sobre-humana,
avançariam com eles para a obra e convenceriam o mundo do pecado.
“Precisamos reconhecer que o Espírito Santo, que
é tanto uma pessoa como o próprio Deus, está andando por esses terrenos. O
Espírito Santo é uma pessoa, pois dá testemunho com o nosso espírito de que
somos filhos de Deus. ... O Espírito Santo tem personalidade, do contrário não
poderia testificar ao nosso espírito e com nosso espírito que somos filhos de
Deus. Deve ser também uma pessoa divina, do contrário não poderia perscrutar os
segredos que jazem ocultos na mente de Deus.
“O príncipe da potestade do mal só pode ser
mantido em sujeição pelo poder de Deus na terceira pessoa da Trindade, o
Espírito Santo. Cumpre-nos cooperar com os três poderes mais altos no Céu — o
Pai, o Filho e o Espírito Santo — e
esses poderes operarão por meio de nós, fazendo-nos coobreiros de Deus.”3
Qzéas Caldas Moura é doutor em Teologia Bíblica;
leciona no UNASP — Campus 2,
Engenheiro
Coelho, SP
Referências:
1. CAIRNS, E. E. O Cristianismo através dos Séculos,,,, (Sao Paulo: Vida Nova, 1992), pag. 109.
2. APOLINARIO, P As Testemunhas de Jeová e sua intepretoção da Bíblia (São
Paulo Gráfica do IAE,1986). Pág. 84 e 85
3.Ehite, E.
G. Evangelismo 2a. Edição (Santo An&e: Caso Publicadora Brasileira, 1978), págs 615-617.
Revista Adventista Novembro 2002
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