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segunda-feira, 15 de outubro de 2018

A CRIAÇÃO DO SOL



A criação do Sol
Gostaria de saber mais claramente se o Sol foi realmente criado no quarto dia, ou já havia sido criado antes. Eu acredito numa semana de criação e não de aparecimento. Devemos aplicar o princípio de herme­nêutica a Gênesis 1? E. E


Devemos aplicar os princípios de hermenêutica na interpretação de Gênesis 1, como de qualquer outra passagem bíblica. Quanto ao Sol ter sido criado ou ter apareci­do, será que as duas coisas não podem acontecer? Afinal, Deus pode criar fazendo coisas aparecerem, como o verso 9 nos assegura concernente à porção seca.
A idéia de que Deus fez o Sol aparecer no quarto dia da semana da criação é uma das maneiras de interpretar o texto. Os que esposam esta interpretação acham que o “prin­cípio” de Gênesis 1:1 ocorreu tempos antes do primeiro dia, com o que 11 Pedro 3:4 e 5 parece concorrer, já que “principio” do verso 4 está em antítese com “de longo tempo houve céus bem como terra” do verso 5. A outra manei­ra, naturalmente, é afirmar que Deus criou o Sol no quarto dia, e ponto final.
Claro que o irmão, tem o direito de crer desta maneira, e ter sua opinião respeitada. Quanto a mim, prefiro aceitar a primeira interpretação por quatro razões: (1) o relato de Gênesis 1 tem a ver com a criação da Terra, não com a de outros corpos do Universo. Quando o quarto mandamento diz que em “seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há,” são ai referidas as três divisões fundamentais desta criação, e não todo o Universo. São estas três divisões respectivamente: a cama­da atmosférica que nos envolve, a parte seca, e a parte liquida; (2) a”terra’ que foi criada no “principio,” segundo 1:1, é a Terra em seu estado original, primitivo, caótico por estar ainda “sem forma e vazia” (verso 2) imprópria, por­tanto, para a presença da vida; o que Deus faz a partir do primeiro dia é aprimorar o planeta, adequando-o à vida. Os “céus,” também criados “no principio’ não podem ser o céu onde Deus habita, pois este, como domínio da divindade, é eterno; não podem ser o céu atmosférico porque este foi criado no segundo dia (verso 8); sobra-nos a tercei­ra alternativa: os céus estelares. O Sol é um astro destes “céus’ e, portanto, foi criado “no principio’ isto é, antes do quarto dia; (3) essa posição explica “o haja luz” do primei­ro dia, sem dúvida a luz solar, pois a seqüência noite/dia, que ocorre em decorrência do Sol, começa aí (versos 4 e 5) e não a partir do quarto dia. De fato, com exceção do sétimo, esta seqüência é referida como tomando lugar a cada dia, com o emprego da fórmula “houve tarde e manhã” (versos 5,8,13,19,23 e 31). Ora, se a fórmula é empregada em alusão inclusive ao primeiro, segundo e terceiro dias, e se o Sol é responsável pela alternância “tarde e manhã’ segue-se que este astro já existia antes do quarto dia; (4) esta posição explica também o que são “águas abaixo” do céu atmosférico, e “águas sobre” o céu atmosférico (verso 7).
Naturalmente, os raios solares, aquecendo a superfície aquática (verso 2; compare com II Ped 3:5) da Terra ori­ginal. produziram uma camada tão espessa de vapor que o bloco liquido, no núcleo, se envolveu em trevas (Gên. 1:2). Ë a partir deste ponto, a meu ver, que Moisés traça o relato da semana da criação.
De inicio, essa camada tocava as águas liquidas. Na verdade, a ordem divina “haja luz’; do primeiro dia (verso 3), fez com que a camada se dissolvesse parcialmente, tornado-se menos espessa e permitindo que a luz solar penetrasse atingindo o bloco liquido em baixo, que se iluminou mais ou menos como num dia de neblina; houve iluminação sem que o Sol fosse visto. No segundo dia da semana Deus fez “separação” entre águas e águas, colocando um “firmamento entre elas (versos 6 e 7). Em outros termos, Ele ordenou que o vapor se elevasse e se condensasse acima. Este “firma­mento” recebeu o nome de “céus” (verso 8), e é, com efeito, a camada atmosférica que envolve o planeta. Isso feito, Deus fez surgir, das águas liquidas, o solo, a chamada “porção seca” do verso 9; a partir deste ponto, a superfície do plane­ta é dividida em “mares” e “terra” (solo). Havendo vapor d’água e solo, o ambiente tornou-se propício para Deus criar a primeira forma de vida, a vegetal. Esses milagres to­dos ocorreram no “terceiro dia” (versos 9-13).
Uma vez criada, a vida vegetal deveria crescer e ser pre­servada; isto seria possível através da assimilação da cloro­fila e do gás carbônico. Deus~,então, no quarto dia, fez com que a camada gasosa restante acima se desvanecesse, e o sol incidisse diretamente sobre as plantas. Isso efetivou o pro­cesso conhecido como fotossintese, através do qual a cloro­fila é assimilada, enquanto a criação da vida animal, a partir do quinto dia, proporcionou o meio de manutenção do gás carbônico, a ser, também com o auxilio da irradiação solar, absorvido pelos vegetais. Na verdade, os seres da vida animal aspiram o oxigênio e expiram o gás carbônico útil para os vegetais, enquanto estes assimilam o gás carbônico e exalam o oxigênio útil para a vida animal. Assim, um plano de apoio recíproco entre vegetais e animais subsiste na natureza e a vida na Terra é mantida. Isso encarece o valor dos princípios ecológicos do planeta.
Conforme a semana da criação começou e prosseguiu, Deus foi aprimorando este mundo, tornando-o cada vez mais adequado para a presença da vida em seus diferentes níveis de manifestação. Os atos divinos em cada dia foram estágios progressivos no cumprimento deste maravilhoso propósito, cujo clímax é logrado com a criação da vida hu­mana. Vemos aqui a operação não apenas de um Deus todo-poderoso, trazendo cada coisa à existência pelo poder do Seu comando, mas também um Deus amoroso e sábio, cumprindo um plano perfeito de criação e sustentação da vida.

José Carlos Ramos, diretor dos cursos de Pós-Graduação do SAFE IAR Campus 2.


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