Introdução: Esse não é o primeiro encontro de Maria Madalena com Jesus.
O primeiro encontro foi marcado por uma libertação de sete demônios que
atormentava sua vida. Maria era muito grata a Jesus pois ele havia lhe
devolvido a vida, lhe havia dado uma razão para viver, um lugar em seu reino.
Maria andou
por toda a Galiléia e Judéia acompanhando Jesus e o servindo inclusive com seus
bens, ao lado do mestre ela teve a sua dignidade restaurada, junto a ele
encontrou compreensão, compaixão, amor e esperança.
Agora porém,
seu amado mestre jazia no sepulcro cavado em uma rocha, com ele jazia toda a
sua esperança, Como conter aquela angustia? Como controlar aquela ansiedade?
Logo de madrugada ela vai ao sepulcro para embalsamar o corpo de Jesus. Havia
uma grande interrogação em sua cabeça: “Como vou remover a pedra?”. Pensativa
ela caminha na madrugada escura de Jerusalém. Chegando ao sepulcro, para a sua
surpresa, ela encontra a pedra removida,
volta apavorada e conta tudo a Simão Pedro, que corre junto com João em direção
ao sepulcro para averiguar a notícia. João chega primeiro mas espera por Pedro.
Eles voltam pensativos nas inúmeras possibilidades do que poderia ter ocorrido.
Maria permanece ali, chorando, lamentando, com a alma sangrando. Para
onde levaram o corpo do mestre? Era tudo o que ela queria descobrir.
Inconformada abaixa-se e olha no sepulcro e vê dois anjos. Em meio ao êxtase daquela visão, Maria ouve
uma voz que lhe pergunta: “Mulher, porque choras?”. Voltando-se vê um homem, na
sua angustia o tem por um desconhecido. Pode ser o jardineiro, quem sabe, ele
viu alguma coisa e poderia ajudar a encontrar o corpo do mestre. Resoluta e
decidida a resolver a situação ela pergunta: “Senhor, se tu o levaste, diga-me
onde o puseste, e eu irei buscar”. Mais uma vez Jesus olha para aquela mulher
cheio de compaixão e fala apenas o seu nome: “Maria”. Instantaneamente, como
toda as vezes que ouvia seu nome naquele tom, com aquela ternura, ela responde:
Rabôni (mestre). Ela se lança num abraço caloroso naquele que ela procurava
entre os mortos mas agora sabe que está
vivo.
O raiar de
um novo dia trouxe também o raiar da esperança, a luz daquele amanhecer também
iluminou a eternidade. Jesus lhe dá uma nova incumbência: “Não me detenha
porque ainda não subi para o Pai, mas ide e dizei para meus irmãos e que volto
para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus”.
Correndo,
agora mais do que nunca, ela vai até os discípulos e dá as boas novas: “Eu vi o
Senhor, ele espera todos lá na Galiléia”.
Para nós que
estamos vivendo tantos anos depois desse encontro, o que fica para nós como
desafio, consolo e compromisso?
1-Fica o desafio do encontro
com o Senhor ressurreto.
A nossa vida é marcada por encontros. Encontro com
pessoas, algumas das quais desejávamos encontrar, outras que a gente desejava
nunca terem as conhecido. Encontro com realidades agradáveis, encontro com
tragédias. Encontro com a alegria, encontro com a tristeza.
Especialmente naquele domingo pela manhã, Maria se
encontrava na mais profunda angustia. Toda a sua esperança havia terminado de
modo trágico. Nem ela, nem os discípulos pensavam na possibilidade do
ministério de Jesus acabar daquele jeito, mesmo tento ouvido sobre o assunto,
não chegaram a compreender o teor da realidade que os aguardava.
Apesar dos encontros anteriores com Jesus, onde ela
experimentou a libertação, onde ela passou a ser mantenedora do ministério de
Jesus, parece-nos que algo não está resolvido para Maria. A sua história ao
lado do Mestre havia terminado abruptamente, deixando um vácuo que ela tenta
ocupar indo ao sepulcro para embalsamar o corpo de Jesus.
Muitos crentes, talvez você e eu, nos identificamos muito
com Maria. Passamos pela cura e libertação, até pela experiência de perdão dos
pecados, nos levantamos como mantenedores da Obra de Deus, mas fica a sensação
de que Jesus viveu tão longe da nossa realidade, lá passado, que ele é
intocável, está distante. Fica a
sensação de que ele morreu por nós e nosso próximo contato com ele será na
ocasião de seu retorno visível a terra para buscar sua Igreja.
Deixe-me dizer algo para vocês: hoje é domingo de páscoa,
tempo não somente de lembrarmos que Jesus ressuscitou, mas também é tempo de
buscarmos um encontro o Cristo ressuscitado. É tempo de sair ao jardim para
encontrar-se com ele, é tempo de levar até ele nossas tristezas, inseguranças,
dúvidas, receios e decepções. Não importa se a noite está escura, há um Cristo
ressurreto nos esperando no jardim, fora do sepulcro, para nos dar as boas
novas.
O Cristo ressurreto nos espera para um encontro marcante
no jardim. Mas você me pergunta qual jardim?
- O jardim da oração
- O jardim do silêncio
- O jardim da Palavra de Deus
- O jardim da comunhão dos irmãos
- O jardim da adoração
- O jardim da fome e sede de Deus
2-Fica o consolo da presença do
Senhor ressurreto.
Na Palavra
de Deus percebemos como os discípulos ficaram desorientados depois da morte de
Jesus. Jesus já havia predito esse acontecimento quando disse: “Ferirei o
pastor e as ovelhas se dispersarão”.
Todos os discípulos de Jesus
viviam numa região pastoril sabiam que sem a presença do pastor as
ovelhas ficam desorientadas. Não era
diferente com Maria. Em busca de algo que pudesse abafar aquela dor ela vai ao
sepulcro de madrugada.
Há coisas neste texto que eu não entendo e nem sei se
deveria entender:
(1)-Porque Jesus aparece em
primeiro lugar para Maria e não para Pedro Tiago e João que eram seus
discípulos mais próximos?
(2)-Porque Jesus não esperou
Maria na porta do sepulcro uma vez que a escolheu para ser a primeira a vê-lo
ressurreto?
(3)-Porque os anjos dão a
notícia da ressurreição e o próprio Jesus?
Mas há coisas no texto que podemos entender
claramente.
Em primeiro lugar
o negativismo nos envolve de tal maneira que não nos permite discernir os
acontecimentos a nossa volta. Maria estava tão desiludida, tão triste, tão
sem esperança que
ao ver a
pedra removida no sepulcro seu
pensamento foi rápido: O sepulcro
foi violado. Quando olhou e viu o sepulcro vazio a lógica da negatividade
continuou e ela concluiu: o corpo foi roubado.
Em segundo lugar
nem sempre conseguimos discernir a presença do Senhor.
Algumas
vezes não discernimos por que não sabemos de que forma ou com que rosto Jesus
vai nos aparecer. Certamente, naquela manhã, o
semblante de Jesus era outro, bem diferente daquele que Maria conhecia tão bem,
já não havia mais o peso do pecado, nem da dor e do sofrimento, mas um corpo
humano totalmente glorificado. Assim funciona conosco: nunca sabemos de que
forma o Cristo ressurreto vai agir em nossa vida. Ele está sempre fugindo
daquele jogo com cartas marcadas, ele está sempre fugindo do previsível porque
a sua graça é multiforme. Eu nunca sei com que rosto ou semblante o Cristo
ressurreto se apresentará a mim, pode com o teu rosto, com o rosto daquele
amigo que conheço tão bem, mas também pode ser no rosto do desconhecido que me
pede ajuda, no abraço amigo de quem me estende a mão.
Outras
vezes não conseguimos discernir a presença de Jesus porque o nosso negativismo,
nossa lógica, nossos categorias racionais de pensamento, nossa miopia
espiritual só nos permite ver a realidade imediata, formam um biombo que nos
impedem a visão do Cristo ressurreto. Quantas vezes reclamamos aqui e
descobrimos mais tarde que Deus sabia o que fazia e nós não sabíamos o porque
reclamávamos?
Mas naquela
manhã a tristeza daria lugar a maior das alegrias: o Cristo crucificado é o
Cristo ressurreto. É o Cristo que prometeu
“eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século”.
Por isso meus irmãos mesmo que estejam acontecendo coisas
em nossa volta que não entendemos, mesmo que a tristeza tenha tomado conta de
nosso coração, mesmo que toda a esperança tenha se diluído na desilusão, mesmo
que a pedra tenha sido removida e você não sabe onde colocaram o corpo há um
Cristo ressurreto o qual, somente a sua presença será suficiente para afugentar
todo o negativismo para longe de nós. É a esse Cristo ressurreto que buscamos e
a sua presença que desejamos.
3-Fica a compromisso de
conduzir outros ao encontro do Senhor ressurreto.
Ninguém que se encontra com o Cristo ressurreto sai desse
encontro sem um compromisso a ser assumido. Maria é comissionada pelo mestre a
ir a busca de seus discípulos como portadora de boas novas:
1-Maria testemunharia como
primeira testemunha a ressurreição do Senhor. Isso ela fez, mas não foi
acreditada por muitos, como foi o caso dos discípulos de Emaús.
Meus queridos irmãos, a Páscoa é a oportunidade de
anunciarmos como testemunhas a ressurreição de Cristo, talvez alguns não crerão
em nosso testemunho, mas o importante é anunciar que ele vive. O sepulcro está
vazio, porém o corpo não foi roubado, ele ressuscitou. Aleluia.
2-Maria seria portadora da
mensagem de um novo relacionamento de Jesus com seus discípulos e com o Pai.
Jesus continua sendo o mestre, o Cristo, o Salvador, mas
ele se coloca como nosso irmão! Ele disse: “Vai ter com meus irmãos”, essa é
parte da nossa nova relação com ele. Ele é o primogênito e nós seus irmãos.
Logo a sua mensagem se completa dizendo: “Subo para meu Pai, vosso Pai, para
meu Deus, vosso Deus”.
O apóstolo Paulo escrevendo aos Efésios diz que nós
éramos inimigos de Deus, estávamos longe e nem povo de Deus éramos. Paulo
afirma que aqueles que estavam longe foram aproximados por Jesus e essa aproximação é tanta que agora ele não
é apenas o Deus de Jesus Cristo, ele é nosso Deus, agora ele só não é Pai de
Jesus Cristo, ele é nosso Pai.
É essa mensagem que Jesus manda que Maria anuncie. É essa
mensagem que temos que anunciar até aos confins da terra.
Conclusão: Desse encontro Jesus
com Maria fica claro que :
- Somos desafiados a um encontro com o Cristo
ressurreto.
- Somos consolados com a presença do Cristo
ressurreto.
- Somos comissionados a levar outros a um
encontro com o Cristo ressurreto.
Que Deus abençoe sua Palavra!
Amém
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