Período Patriarcal
Pode-se dizer que, no período dos
patriarcas, não havia nenhum templo. Sem dúvida não havia templo, mas haviam
altares e sacrifícios, e os altares e sacrifícios são uma prefiguração deste
santuário.
Conforme sabemos, o plano da salvação
não foi elaborado após a queda; Deus tinha o Seu plano já pronto. Ellen White
diz em Patriarcas e Profetas que Adão e Eva ofereceram sacrifícios no portão do
jardim do Éden - na Bíblia isto não é especificamente mencionado. Deus deu a
nossos primeiros pais vestes feitas de pele de cordeiro, mas não foi um
sacrifício oferecido por eles. O primeiro sacrifício especificamente mencionado
encontra-se em Gênesis 4, na história de Caim e Abel. Ambos trouxeram sacrifícios,
cada um trouxe parte daquilo que produziram, seus produtos, mas Deus só aceitou
o sacrifício de Abel, rejeitando o de Caim. É interessante ver como o
sacrifício de Abel é descrito em Gênesis 4:4 - nesta referência sobre o
sacrifício de Abel é dito que ele trouxe a gordura do sacrifício. Como oferecer
a gordura do sacrifício? Se oferecemos isto, é importante que se mate o animal;
portanto, é a primeira menção do sacrifício de um animal na Bíblia. Não é
mencionado aqui especificamente que ele tenha oferecido este animal sobre UM
ALTAR, mas temos aqui o primeiro caso de um ser humano oferecendo sacrifício.
O ALTAR é mencionado em outro texto
próximo - Gên. 8:20 - onde diz que Noé "levantou um altar". Aqui
temos uma referência específica a um altar e a primeira referência bíblica
sobre um altar onde um sacrifício é oferecido. Assim, Abel é o primeiro a
oferecer um sacrifício e, na história de Noé, o primeiro altar de sacrifício é
mencionado e as ofertas queimadas são expostas por Noé. É dito o que ele fez
com esses sacrifícios e também é dito como ele selecionou os animais. A
história real sobre o uso desses altares é aumentada ao se explicar a história
de Abraão, o qual foi chamado pela fé, para vir para a terra de Canaã. O
primeiro lugar onde ele pára ao vir para Canaã é a cidade de Siquém. Gênesis
12:6 diz que ele chega a Siquém e, no verso seguinte, é dito sobre o altar que
Abraão edificou. Não é dito que ele tenha oferecido um sacrifício sobre este
altar, mas a implicação lógica é que ele ofereceu. Observemos o contexto: a
primeira parte deste verso fala sobre o concerto que Deus estabeleceu com
Abraão e a segunda parte da edificação do altar por Abraão. A construção,
portanto, deste altar, é colocada no contexto do concerto. Como sabemos, o concerto
é ratificado com sacrifício. Portanto, o
símbolo neste verso é o seguinte: Abraão ratifica o concerto feito com Deus com
sacrifício, mas, indubitavelmente ele continua a usar este altar para o culto.
E é isto o que encontramos no altar seguinte, como relatado no verso 8 - Abraão vai para um local mais
distante (Betel) onde constrói um outro altar ao Senhor e, neste altar, é dito
que ele invocou o nome do Senhor, uma afirmação que significa mais
especificamente uma oração. Uma outra função, portanto, do altar patriarcal, é
o oferecimento de orações, mas novamente diríamos que isto inclui o sacrifício
de animais. Temos implicitamente o sacrifício de animais nos dois casos, mas no
primeiro caso vemos o altar no contexto do concerto e, no segundo, falando de
oração e culto.
No capítulo 13, verso 4, Abraão já
havia estado no Egito e volta agora para Canaã. Ele vem ao mesmo local de
Betel, onde estivera antes, onde reconstrói - ou constrói outro - o altar.
Novamente o invocar o nome do Senhor é oração, mas oração num contexto de
culto. Seu destino final em Canaã era mais para o sul, em Hebrom. Assim, em
13:18 fala de sua chegada a Hebrom e do que ele fez ali - levantou um altar ao
Senhor. É claro qual era o costume de Abraão nestas referências: onde quer que
ele fosse, ou parasse, ele construía um altar e sobre este altar ele invocava o
nome do Senhor, que significa oração, e estes altares tinham como propósito
sacrifício.
Quando chegamos ao capítulo 15
voltamos a ver especificamente o sacrifício de animais, mas não em relação a um
altar. Novamente temos o sacrifício mencionado que ratifica ou reafirma um
concerto. É a história de Abraão, que toma vários animais, imola-os e
reparte-os ao meio e os coloca sobre o chão. Ele espera e ora a Deus. A
aprovação divina é demonstrada quando Deus passa como se fosse fogo entre esses
sacrifícios. E isto demonstra duas coisas:
1. Deus aceitou o sacrifício de
Abraão; e
2. o relacionamento do concerto é
reafirmado também.
Temos
neste caso um sacrifício de animais sem uma referência específica a um altar,
pois parece que ele está oferecendo estes sacrifícios sobre o chão.
Mas o caso mais importante na vida de
Abraão sobre a oferenda de um sacrifício aparece próximo ao fim de sua vida,
quando finalmente ele tem o seu filho da promessa (que era tudo o que tinha) e
Deus lhe pede para sacrificar este filho. A história encontra-se em Gênesis 22.
No verso 9 temos a referência a um altar, conforme os outros casos de sua vida.
Ele constrói um altar (e Isaque sabe muito bem o propósito dos altares
construídos por seu pai: para sacrifícios) e aqui então vem o assunto
principal: onde está o sacrifício? Isaque então se dá conta de ele próprio será
o sacrifício. Ellen White descreve a cena dizendo que Isaque, sendo jovem,
poderia facilmente suplantar a seu pai e escapar, mas não o faz; ele tem a
mesma fé que seu pai, crê que seu pai de fato falou com Deus e então,
voluntariamente, oferece-se para o sacrifício, aceita partilhar a mesma fé de
seu pai.
Sabemos que Deus estava fazendo com
Abraão o teste supremo - e ele é aprovado. Ele tinha tanta fé que creu numa
coisa que era tão difícil crer. Deus respondeu a esta fé providenciando um
substituto para o sacrifício. Novamente Ellen White descreve que os anjos do
céu,ao contemplarem a cena, tiveram uma nova compreensão do plano da salvação,
da relação entre o Pai e o Filho, de como o Filho viria a esta Terra e, de modo
voluntário, ofereceria a Sua vida. Temos aqui, portanto, um tipo do
oferecimento do Filho numa data posterior.
Para nosso propósito presente tenhamos
em mente o uso do altar: o cordeiro que era providenciado deveria ser
sacrificado sobre o altar - este é o local onde o sacrifício é feito, conforme
todas as passagens do tempo patriarcal. Neste tempo, portanto, o altar é o
local onde a salvação é operada, mediante os sacrifícios oferecidos sobre ele.
A prática de construir altares
continua na vida e experiência de Jacó. Quando volta para Siquém, onde seu pai
primeiramente tinha vindo, constrói um altar e lhe dá um nome, que pode ser
traduzido El "o Deus de Israel". Este altar, portanto, é dedicado a
um Deus pessoal. Lembremos que, nesse tempo, não havia uma nação de Israel;
Israel é o nome pessoal de Jacó. (Cf. Gên. 33:18-20).
A última referência que encontramos
está em Gênesis 35:7, quando Jacó volta a Betel. Foi nesse lugar, onde,
anteriormente, ele tivera uma revelação de Deus. Ali ele constrói um altar e,
novamente, lhe dá um nome. O nome do altar deriva do local onde foi construído,
e pode ser traduzido como "Casa de Deus". Em adição, portanto, no
tempo de Jacó temos algo a mais em relação aos altares e este algo mais é o
costume de se dar nome aos altares.
SUMÁRIO
Por que os
patriarcas usavam o altar?
1. Sacrifícios - e pode implicitamente
indicar que é por causa do pecado.
2. Concerto - em algumas ocasiões o
sacrifício oferecido sobre o
altar podia ratificar o concerto. É dito que o nome do Senhor era invocado.
3. Oração.
4. Adoração.
5. Memorial (no caso de Jacó).
6. Gratidão (no caso de Noé).
Tudo isto aponta para o sistema do
santuário. Podemos dizer que era o sistema do santuário em embrião.
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