SERMÃO DA MONTANHA - ORAR COMO OS HIPÓCRITAS
JEJUNS E ORAÇÕES 2
1.
"Quando orares, não
sejas como os hipócritas." Mat. 6:5.
2.
Os fariseus tinham horas
designadas para oração; e quando, como freqüentemente acontecia, eles estavam
fora, no tempo determinado para isso, paravam onde estivesse - talvez na rua ou
nos lugares de comércio, entre as multidões apressadas - e ali, em altas vozes,
repetiam suas formais orações. Tal culto, prestado apenas para glorificação
própria, suscitou severa censura da parte de Jesus. Ele não desanimou,
entretanto, a oração em público; pois Ele mesmo orou com os Seus discípulos e
na presença da multidão. Ensina, porém, que a oração particular não deve ser
feita em público. Na devoção íntima nossas orações não devem chegar aos ouvidos
de ninguém mais senão do Deus que ouve as orações. Nenhum ouvido curioso deve
receber o fardo de tais petições.
3.
"Quando orares, entra
no teu aposento." Mat. 6:6. Tende um lugar para a oração particular. Jesus
tinha lugares especiais para comunhão com Deus, e o mesmo devemos fazer.
Precisamos retirar-nos freqüentemente para algum canto, por humilde que seja,
onde nos possamos encontrar a sós com Deus.
4.
"Ora a teu Pai, ...
que está oculto." Mat. 6:6. Podemos, em nome de Jesus, chegar à presença
de Deus com confiança infantil. Homem algum precisa servir de mediador.
Mediante Jesus, é-nos dado abrir o coração a Deus como a alguém que nos conhece
e ama.
5.
No lugar secreto de oração,
onde olho algum senão o de Deus nos pode ver, ouvido algum senão o Seu pode
escutar, é-nos dado exprimir nossos mais íntimos desejos e anelos ao Pai de
infinita piedade. E, no sossego e silêncio da alma, aquela voz que jamais deixa
de responder ao clamor da necessidade humana, falará ao nosso coração.
6.
"O Senhor é muito
misericordioso e piedoso." Tia. 5:11. Ele aguarda com incansável amor
ouvir as confissões do extraviado, e aceitar-lhe o arrependimento. Ele observa
a ver qualquer resposta de gratidão de nossa parte, assim como uma mãe observa
o sorriso de reconhecimento de seu amado filho. Ele desejaria que levássemos
nossas provações a Sua
7.
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8.
compaixão, nossas dores ao
Seu amor, nossas feridas à Sua cura, nossa fraqueza à Sua força, nosso vazio à
Sua plenitude. Jamais foi decepcionado alguém que fosse ter com Ele.
"Olharam para Ele, e foram iluminados; e os seus rostos não ficarão
confundidos." Sal. 34:5.
9.
Aqueles que buscam ao
Senhor em segredo, contando-Lhe suas necessidades, e pedindo auxílio, não
rogarão em vão. "Teu Pai, que vê em secreto, te recompensará
publicamente." Mat. 6:6. À medida que fizermos de Cristo nosso companheiro
diário, havemos de sentir que as forças de um mundo invisível se encontram
todas ao redor de nós; e, pelo contemplar a Jesus, seremos transformados à Sua
imagem. Somos transformados pela contemplação. O caráter é abrandado, refinado
e enobrecido para o reino celeste. O seguro resultado de nosso trato e convívio
com nosso Senhor, será o acréscimo de piedade, de pureza e fervor. Haverá
progressiva inteligência na oração. Recebemos assim uma educação divina, o que
é ilustrado por uma vida de diligência e zelo.
10.A alma
que se volve para Deus em busca de auxílio, de apoio, de poder, mediante diária
e fervorosa oração, terá aspirações nobres, percepções claras da verdade e do
dever, altos propósitos de ação, e uma contínua fome e sede de justiça.
Mantendo comunhão com Deus, seremos habilitados a difundir para os outros,
através de nosso convívio com eles, a luz, a paz e a serenidade que reinam em
nosso coração. A força obtida na oração a Deus, unida ao perseverante esforço
no exercitar a mente na reflexão e no cuidado, prepara a pessoa para os deveres
diários, e mantém o espírito em paz em todas as circunstâncias.
11.Se nos
achegarmos a Deus, Ele porá em nossos lábios uma
12.Pág. 86
13.palavra
para dirigir-Lhe, isto é, um louvor ao Seu nome. Ele nos ensinará o acento do
cântico dos anjos - ações de graças a nosso Pai celestial. Em todo ato da vida,
manifestar-se-ão a luz e o amor de um Salvador a residir em nós. As
perturbações exteriores não atingem uma vida vivida pela fé no Filho de Deus.
14.
15."Orando,
não useis de vãs repetições, como os gentios." Mat. 6:7.
16.
17.Os
pagãos consideravam suas orações como possuidoras em si mesmas do mérito de
expiar pecados. Assim, quanto mais longas as orações, tanto maiores os
merecimentos. Se se pudessem tornar santos por seus esforços, teriam em si
mesmos, alguma coisa de que se regozijar, algo de que se vangloriar. Essa idéia
da oração é fruto do princípio de expiação individual, o qual jaz na base de
todos os falsos sistemas religiosos. Os fariseus haviam adotado essa idéia pagã
acerca da oração, a qual não se acha de modo algum extinta em nossos dias,
mesmo entre os que professam o cristianismo. A repetição de frases feitas,
habituais, quando o coração não sente nenhuma necessidade de Deus, é da mesma
espécie que as "vãs repetições" dos pagãos.
18.A
oração não é uma expiação pelo pecado; não possui em si mesma nenhuma virtude
ou mérito. Todas as palavras floreadas de que possamos dispor não equivalem a
um único desejo santo. As mais eloqüentes orações não passam de palavras
ociosas, se não exprimirem os reais sentimentos do coração. Mas a oração que
provém de um coração sincero, quando se exprimem as simples necessidades da
alma, da mesma
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20.maneira
que pediríamos um favor a um amigo terrestre, esperando que o mesmo nos fosse
concedido, eis a oração da fé. Deus não deseja nossos cumprimentos cerimoniais;
mas o abafado grito de um coração quebrantado e rendido pelo senso de seu
pecado e indizível fraqueza, esse alcançará o Pai de toda a misericórdia.
21.
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