Namoro:
Preparando-se para um casamento bem sucedido
Bill
e Nina encontraram-se na igreja. Depois sairam para comer alguma coisa.
“Conversamos durante horas”, disse Nina. “Jamais encontrara alguém com quem
podia me comunicar tão depressa. Naquela noite o fiquei conhecendo melhor do
que todos os outros rapazes que eu tinha namorado. Contei-lhe coisas sobre mim
mesma que nunca tinha partilhado com qualquer outro. Encontramo-nos todas as
noites durante uma semana e então Bill propôs. Sabia que era a coisa certa, e
aceitei”.
Bill
também se lembra daquela primeira semana. “Nina era a menina mais inteligente e
bonita que eu jamais encontrara. Mal podia tirar meus olhos dela. Eu queria
tocá-la e segurá-la. Ela possuía uma forte atração sexual. Víamo-nos cada dia.
Eu estava fisgado. Nunca amei a ninguém como eu a amava. Sabia que isso era o
fim. Tínhamos de nos casar”.
Bill
e Nina se casaram — um mês depois de se encontrar. Quatro meses mais tarde eles
se separaram e pediram divórcio.
Que
aconteceu de errado? Duas pessoas boas, honestas em seus sentimentos um pelo
outro, casaram-se e depois viram seu casamento destruído, suas esperanças
desfeitas.
Olhe antes de dar o pulo
A
maior tragédia no namoro é de casar-se antes de ultrapassar a onda de
sentimentos apaixonados e depois descobrir-se casada com uma pessoa totalmente
desqualificada. A sociedade chama isso “casamento fracassado” quando na
realidade é um “namoro fracassado”.
Mais
de um milhão de divórcios ocorrem nos Estados Unidos. A maior parte dos pares
casam-se dentro de sete meses depois de se encontrarem. A duração média desses
casamentos é de sete anos, com cerca da metade desintegrando-se dentro de três
anos. Cada um desses casais apresentou-se ao altar, os olhos brilhando de
alegria, prometendo amor e fidelidade para sempre, não prevendo que estavam
cometendo o maior erro de suas vidas. Que aconteceu com suas conversas
cintilantes, as promessas cheias de ternura, os olhares lânguidos, abraços
apertados, beijos apaixonados e sussurros de amor?
Emoções
ardentes vencem o bom senso e as pessoas se precipitam em compromissos que
podem lamentar nos anos subseqüentes. Não há tal coisa como amor instantâneo.
Relacionamentos fortes e duradouros precisam ser espaçados durante um longo
período quando “aprendendo a conhecê-lo” é o tema principal. É por isso que eu
enfatizo ir mais devagar, e olhar cuidadosamente antes de saltar.
Etapas no namoro
O
namoro procede em sete etapas. Cada etapa tem uma função e propósito em vista
de estabelecer uma base para a relação. Se qualquer etapa é apressada ou
pulada, há uma lacuna no desenvolvimento da relação, e problemas resultam.
Etapa 1: Amizade. Durante esta etapa vocês chegam a conhecer um ao
outro enquanto participam de atividades sociais, recreativas, espirituais e
intelectuais sem romance. A maior parte destas atividades são de grupo e não de
parzinhos. Esta etapa é mais casual e menos emotiva do que as etapas seguintes,
visto não haver implicações românticas ou sexuais.
Amizades
envolvem menos stress do que namoros, e não há necessidade de pretender. Muitas
vezes amigos são mais honestos uns com os outros do que namorados.
Fazer
amizade antes de ficar envolvido emocionalmente tem bastante sentido. Se vocês
se enamoram depressa demais e não dá certo, vocês raramente se tornarão amigos
de novo. Se você tomar tempo para conhecer alguém no nível de amizade primeiro
e permitir que o amor cresça lentamente e gradualmente, é mais provável que tenham
um amigo para toda a vida, quer se case com essa pessoa ou não. Além disso,
amores que se inflamam instantaneamente usualmente se apagam com a mesma
rapidez. E é mais provável que você seja julgada por qualidades superficiais
como sua aparência física do que pelo caráter.
É
mais difícil continuar como amigos do que como namorados. É fácil quando você
se sente atraída por alguém de dar a partida e disparar. É infinitamente mais
difícil desacelerar. Mas escolher o caminho rápido e fácil raramente cria um
relacionamento que dura porque quando conflitos surgem, a tendência é de
escolher o caminho mais fácil — desaparecer.
Etapa 2: Encontros casuais. Dois amigos agora se afastam do grupo para desfrutar
atividades que já aprenderam a apreciar juntos. Visto que o grau de
envolvimento emotivo entre eles é baixo, ambos estão livres para ter encontros
com outros. Não se consideram estar apaixonados. Tempos agradáveis são
partilhados juntamente com uma amizade que pode ser promissora para o futuro.
Um
parzinho devia permanecer na etapa de amizade e encontros casuais de seis a
doze meses. Esse é o tempo de aprender a conhecer os gostos, desgostos, o
passado, hábitos e comportamentos. Se o que aprendem nesse ritmo vagaroso
concorda com o que esperam, eles podem lentamente passar para a etapa três. É
possível permanecer amigos durante meses e mesmo anos sem se tornar envolvido
romanticamente.
Etapa 3: Encontros ocasionais. Encontros ocasionais é uma etapa intermediária. Há
uma ligação emotiva crescente entre os dois, mas ainda não alcançaram o
compromisso que se requer de uma relação estável. Estão passando mais tempo
juntos mas não estão ainda namorando de modo permanente.
Etapa 4: Encontros regulares. Nessa etapa, há um entendimento entre os dois de que
não vão namorar outra pessoa. Vêem-se mais freqüentemente do que no encontro
casual. Pela primeira vez, palavras como compromisso e exclusivo
são usadas. Encontros regulares provêem uma oportunidade de se examinarem
cuidadosamente sem compromisso de casamento. A etapa também testa a relação com
mais rigor. Revela se as duas pessoas são capazes de se manterem comprometidas
com uma relação — um fato vital a conhecer antes do casamento ser considerado.
Nesta
etapa um parzinho pode pensar que se amam, mas ainda não têm certeza. Mas há a
oportunidade para que desenvolvam confiança em uma pessoa do sexo oposto
durante um período longo. Muitos traços de personalidade podem ser observados
durante esta etapa — senso de humor, habilidade de ouvir, maneiras, ponderação,
espiritualidade e maturidade, como resolve diferenças de opinião e habilidades
de comunicação.
Encontros
regulares provêem um período de prova durante o qual o parzinho pode fazer
decisões inteligentes quanto à sua compatibilidade. Também significa
intensificar um sentimento de amor ao passarem mais tempo sós. O impulso sexual
pode estar explodindo de modo acelerado. O sexo agora confundirá as emoções e
complicará o processo de distinguir paixonite do verdadeiro amor. Encontros
regulares requerem renúncia, paciência e disciplina — traços que vão longe em
construir uma relação que dura. Forma uma ponte natural ao pré-noivado e ao
noivado formal.
Etapa 5: Pré-noivado. Pré-noivado é a etapa na qual o parzinho começa a
sondar a possibilidade de casamento. O parzinho fala do casamento — “algum
dia”. Algum dia, quando terminarmos a faculdade, ou ganharmos uma promoção, ou
quando as circunstâncias se tornarem favoráveis. Toda conversa e planos são de
caráter tentativo, mas o parzinho está mais seguro de que foram feitos um para
o outro. Seu entendimento é privado e pessoal e não tanto final ou obrigatório.
Durante
esta etapa, um parzinho pode ponderar se seus estilos de vida e personalidades
são bastante compatíveis para se casarem. Muito do que costumava ser discutido
somente durante um noivado formal é agora aberto para escrutínio. Esta
abordagem devia tornar o noivado mais significativo e reduzir o número de
noivados rompidos.
Visto
que comunicação efetiva é o maior contribuidor para um casamento estável e
satisfatório, o alvo mais importante para um parzinho no nível cinco é de
avaliar e aperfeiçoar sua habilidade de comunicar. Essa é a última oportunidade
para fugir de uma relação sem ofender a ninguém.
Etapa 6: Noivado formal. O noivado formal segue a conversa de “algum dia” da
etapa cinco. Envolve um senso profundo de compromisso que não vem com o namoro
regular ou pré-noivado. Ha várias coisas que distinguem o noivado formal da
etapa do pré-noivado. Um anúncio de noivado formal alerta amigos e famílias de
que o parzinho pretende casar. Provê uma oportunidade para outros se ajustarem
ao fato de que uma nova família logo vai-se formar, e que um novo membro vai
unir-se à família maior. O anúncio público também fortalece o compromisso.
Quanto mais pessoas souberem do noivado, tanto mais certo que o par vai
casar-se. Assim um noivado secreto não vale em absoluto como noivado.
Em
segundo lugar, o noivo oferece um presente à futura esposa para tornar o
noivado mais solene. Este presente é um símbolo de compromisso de um para o
outro e fortalece ainda mais o compromisso do par.
Em
terceiro lugar, a data do casamento é marcada e começam os planos para o
casamento. O noivado não é um fim em si. É um compromisso que precede o
casamento. Portanto, planos para o casamento devem proceder. Um noivado sem
data de casamento destrói o valor do noivado.
Durante
o noivado, expressões de afeição tornam-se mais intensas porque estão na
transição entre fazer a corte e o casamento. Por causa desta urgência de
satisfazer o desejo natural de intimidade irrestrita, noivados curtos de seis a
nove meses são o ideal. Se o parzinho gastou dois anos para se conhecerem um ao
outro antes do noivado, um período curto de noivado é suficiente.
Essa
é a última oportunidade de examinar o futuro parceiro antes de se amarrarem
para o resto da vida. Esse é o tempo para trazer à luz quaisquer diferenças não
resolvidas ou para revelar quaisquer segredos, examinando e re-examinando suas
avaliações.
O
noivado não é um contrato selado que para sempre une o destino de um casal. É
possível que um par de noivos possa decidir não casar-se. Isso não é uma
ocorrência rara. Cerca de 40 ou 50 por cento de todos os noivados se rompem.
Por penoso que seja, um noivado rompido é melhor do que um casamento rompido.
A
tarefa mais importante a ser feita durante o noivado não é o planejamento do
casamento, mas aconselhamento pré-marital com um pastor qualificado ou um
conselheiro profissional. Todo casal devia ter um mínimo de seis sessões de
aconselhamento antes do casamento.
Etapa 7: Casamento. O casamento é diferente das seis etapas prévias
visto ser final e com recursos legais necessários para dissolver a relação
mediante o divórcio. Ele devia ser uma continuação da fase romântica do
noivado, caraterizado por afeição, respeito e cortesia.
Pondo a carroça adiante do cavalo
Infelizmente,
parzinhos freqüentemente atravessam essas etapas fora de seqüência. Tão
ansiosos estão eles de achar amor, que pulam os preliminares e se precipitam no
romance. Mas todo o romanticismo não produz necessariamente amor duradouro se
uma amizade forte não foi estabelecida primeiro.
A
maior parte dos parzinhos tende a agir precipitadamente e se casa depressa
demais. Todo casal faria bem em se conhecer durante dois anos antes do casamento.
Idealmente, um total de um ano devia ser gasto nas etapas 1, 2 e 3, alimentando
primeiro uma amizade de modo lento e cuidadoso.
Para
ganhar o amor e respeito de seu parceiro, a maior parte das pessoas mostra
somente seu lado melhor e tenta ocultar suas faltas e deficiências. Crê que se
a outra pessoa soubesse de suas faltas e idiossincrasias não seria bastante boa
ou amável. Assim eles agem como se essas faltas não fossem parte de sua
personalidade — por algum tempo — permitindo que seu namorado veja somente o
seu melhor lado. Tal comportamento não passa de uma mascarada.
Muitas
pessoas podem encobrir suas tendências negativas por um ano. Raramente pode tal
jogo de esconder durar mais tempo. Portanto, quando um parzinho se precipita no
casamento, não permitiu tempo suficiente para as máscaras cairem. Estão se
casando com um estranho virtual. A aceleração de relações é tão excitante que
sentimentos românticos continuam vivos quando deviam começar a murchar. Ao se
intensificar a euforia, o prazer de fazer coisas agradáveis juntos cega o casal
à realidade. Casar-se apressadamente, sem tomar tempo suficiente para conhecer
uma pessoa, é precipitar-se numa relação na base de suposições. Suposições
fazem horríveis parceiros no casamento.
Pesquisadores
na Universidade de Kansas acharam “uma correlação forte...entre o tempo gasto
namorando seus cônjuges atuais e satisfação marital corrente”. Os pesquisadores
notaram que “casais que tinham namorado por mais de dois anos tinham nota alta
consistentemente em satisfação marital, ao passo que casais que tinham namorado
por um período mais curto tinham notas que variavam de muito altas a muito
baixas”.*
Bill
e Nina podiam talvez ter salvo seu casamento se seu namoro tivesse incluído
este período de dois anos. Nada atrai minha atenção mais depressa do que ouvir
um casal falar de casamento sem ter namorado tempo suficiente. Eles seriamente
subestimam a necessidade de um relacionamento forte e da habilidade de se
comunicar para resistirem a crises financeiras, dias de enfermidade e
mal-entendidos.
A
regra dos dois anos se aplica aos que já tenham se casado anteriormente. Alguns
dos fiascos maiores envolvem indivíduos que tinham se casado antes e pensam que
porque “têm experiência”, eles podem pular todo o “negócio de criança”. “Afinal”,
declaram “não somos adolescentes”.
Todo
casal, apesar de sua idade, circunstâncias ou experiência, devia gastar dois
anos inteiros para avaliar sua qualificação para o casamento. Se o fizer, terá
uma probabilidade bem maior de fazer uma boa escolha. O conselho mais
importante que dou para casais pode ser resumido em três palavras: “Tomem
tempo”.
Relações apressadas
Progredindo
demasiado rapidamente numa relação causa dois problemas. Primeiro, há uma
possibilidade forte de que o casal não diminua o passo suficientemente para
desenvolver as habilidades necessárias para manter uma relação a longo termo.
Habilidades de relacionamento, tais como comunicação, resolução de conflito,
provavelmente ficarão sem serem testadas. Casais imaturos tendem a resolver
seus conflitos na cama, especialmente se essa rotina foi aprendida no passado.
Seu relacionamento carece de profundidade, e o primeiro sinal de dificuldade
indica uma ameaça séria.
Em
segundo lugar, desenvolver relacionamento com uma pessoa do sexo oposto é tão
eletrificante que é necessário estender o período para que profundidade se
desenvolva. Um desejo compulsivo de passarem tempo juntos tanto quanto
possível, impele o casal para intimidade física e compromisso.
Quando
um casal experimenta uma forte atração sexual, eles assumem que se amam e se
casam na base de excitação sexual apenas. Depois de se casarem descobrem que
têm poucos interesses em comum e personalidades incompatíveis. São diferentes
em muitos aspectos da vida, desde o que fazer num feriado até como gastar seu
dinheiro. No meio de um tal caos, descobrem que seu interesse sexual também
declina. Quando acordam para aquilo que todo mundo já via, divorciam-se. Não
experimentavam amor, mas paixão.
Desenvolver
intimidade física é mais excitante e dá menos trabalho do que desenvolver
intimidade nos níveis emocional, espiritual e de amizade. Isso torna a
intimidade física mais difícil de ser controlada. Mas pode ser controlada se
você usar seus encontros cuidadosamente. Algumas atividades formam relacionamentos
lentamente mas de modo seguro no nível de amizade; outras atiram o casal na
intimidade física. Uma tarde gasta explorando uma cidade histórica é mais
edificante do que gastar o dia afagando-se sobre um cobertor na praia.
Cathy
Guise de um desenho animado diz: “Sou bonita, inteligente, encantadora,
talentosa e pronta a partilhar minha vida com alguém, Charlene! Quero sonhar
com alguém...pla-nejar com alguém...quero que alguém esteja à minha espera!”
Charlene
responde: “Meu marido tem um amigo simpático que...”
“Ora
bolas!” Cathy exclama, “Um trama?? Nada de tramas!! Estou pronta para me casar.
Não estou pronta para encontros”.
Muitas
pessoas são como Cathy. Casamento é seu alvo, mas não querem passar pelo
processo de preparar-se adequadamente para atingir o alvo. Querem o prêmio, mas
não querem pagar o preço.
Seja
mais esperta que tais pessoas. Em vez de ficar envolvida sexualmente e mais
tarde tentar formar uma amizade, avance mediante relacionamento, e não regrida.
E tome tempo!
FONTE: Nancy L. Von Pelt
Nota
*Citado em Neil Clark Warren, Finding the Love of Your Life
(Colorado Springs, Colorado: Focus on the Family, 1992), pág. 9.
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