SERMÃO DA MONTANHA - NÃO JURAREIS
NÃO JURAREIS
1.
"De maneira nenhuma,
jureis." Mat. 5:34.
2.
É apresentada a razão para
isso: não devemos jurar "pelo Céu, porque é o trono de Deus, nem pela
Terra, porque é o escabelo de Seus pés, nem por Jerusalém, porque é a cidade do
grande Rei, nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo
branco ou preto". Mat. 5:34-36.
3.
Todas as coisas vêm de
Deus. Nada temos que não tenhamos recebido; e, mais ainda, não temos nada que
não haja sido comprado para nós pelo sangue de Cristo.
4.
Tudo quanto possuímos,
recebemos selado com a cruz, comprado com o sangue cujo valor é inapreciável,
pois é a vida de Deus. Daí, não há coisa alguma que, como se fora nossa mesma,
tenhamos o direito de empenhar para o cumprimento de nossa palavra.
5.
Os judeus compreendiam o
terceiro mandamento como proibição do emprego profano do nome de Deus; mas se
julgavam na liberdade de empregar outros juramentos.
6.
O jurar era coisa comum
entre eles. Haviam sido proibidos, por intermédio de Moisés, de jurar
falsamente; mas tinham muitos meios de se livrar da obrigação imposta por um
juramento. Não temiam condescender com o que era realmente profano, nem
recuavam do perjúrio, contanto que o mesmo estivesse velado por qualquer
técnica evasiva à lei.
7.
Jesus lhes condenou as
práticas, dizendo que seu costume de jurar era uma transgressão ao mandamento
de Deus. Nosso Salvador não proibiu, todavia, o emprego do juramento judicial,
no qual Deus é solenemente invocado para testificar que o que se diz é verdade,
e nada mais que a verdade.
8.
O próprio Jesus, em Seu
julgamento perante o Sinédrio, não Se recusou a testificar sob juramento.
Disse-Lhe o sumo sacerdote: "Conjuro-Te pelo Deus vivo que nos digas se Tu
és o Cristo, o Filho de Deus." Jesus respondeu: "Tu o disseste."
Mat. 26:63 e 64.
9.
Houvesse Cristo, no Sermão
do Monte condenado o juramento judicial, em Seu julgamento haveria reprovado o
sumo sacerdote, reforçando assim, para benefício de Seus seguidores, Seus
próprios ensinos.
10.Muitos,
muitos há que não temem enganar seus semelhantes; mas foi-lhes ensinado, e eles
foram impressionados pelo Espírito de Deus, que é terrível coisa mentir a seu
Criador.
11.Quando
postos sob juramento, é-lhes feito sentir que não estão testemunhando apenas
diante dos homens, mas perante Deus; que se derem falso testemunho, é Àquele
que lê no coração, e que sabe a exata verdade.
12.O
conhecimento dos terríveis juízos que se têm seguido a esse pecado tem uma
influência refreadora sobre eles.
13.Mas se
existe alguém que possa coerentemente testificar sob juramento, esse é o
cristão. Ele vive constantemente como na presença de Deus, sabendo que todo
pensamento está aberto perante os olhos daquele com quem temos de tratar; e,
quando lhe é exigido fazer assim em uma maneira legal, é-lhe lícito apelar para
Deus como testemunha de que o que ele diz é a verdade, e nada senão a verdade.
14.Jesus
estabeleceu então um princípio que tornaria desnecessário o juramento. Disse
que a exata verdade deve ser a lei da linguagem. "Seja, porém, o vosso
falar: Sim, sim; não, não, porque o que passa disso é de procedência
maligna." Mat. 5:37.
15.Essas
palavras condenam todas aquelas frases sem sentido e palavras expletivas, que
beiram a profanidade. Condenam os enganosos cumprimentos, a evasiva da verdade,
as frases lisonjeiras, os exageros, as falsidades no comércio, coisas comuns na
sociedade e no comércio do mundo. Elas ensinam que ninguém que busque parecer o
que não é, ou cujas palavras não exprimam o sentimento real do coração, pode
ser chamado verdadeiro.
16.Caso
fossem ouvidas essas palavras de Cristo, elas impediriam a enunciação de ruins
suspeitas e crítica má; pois, comentando as ações e os motivos de outro, quem
pode estar certo de que o que diz é a justa verdade? Quantas vezes o orgulho, a
paixão, o ressentimento pessoal, dão cores à impressão transmitida!
17.Um olhar,
uma palavra, a própria entonação da voz, podem estar cheios de mentira. Mesmo
os fatos podem ser declarados de modo a dar uma falsa impressão. E "o que
passa" da verdade "é de procedência maligna". Mat. 5:37.
18.Tudo
quanto os cristãos fazem deve ser tão transparente como a luz do Sol. A verdade
é de Deus; o engano, em todas as suas múltiplas formas, é de Satanás; e quem
quer que, de alguma maneira, se desvia da reta linha da verdade, está-se
entregando ao poder do maligno.
19.Não é,
todavia, coisa leve ou fácil falar a exata verdade; e quantas vezes opiniões
preconcebidas, peculiares disposições mentais, imperfeito conhecimento, erros
de juízo, impedem uma justa compreensão das questões com que temos de lidar!
Não podemos falar a verdade, a menos que nossa mente seja continuamente
dirigida por Aquele que é a verdade.
20.Cristo
nos recomenda por intermédio do apóstolo Paulo:
a)
"A vossa palavra seja sempre
agradável." Col. 4:6.
b)
"Não saia da vossa
boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação,
para que dê graça aos que a ouvem." Efés. 4:29.
c)
À luz destas passagens, as
palavras de Cristo no monte condenam as galhofas, as futilidades, as conversas
impuras. Exigem que nossas palavras sejam, não somente verdadeiras, mas puras.
21.Aqueles
que têm aprendido de Cristo não terão comunicação "com as obras
infrutuosas das trevas". Efés. 5:11. Na linguagem, como na vida, serão
simples, retos e verdadeiros; pois estão-se preparando para a companhia
daqueles santos em cuja boca "não se achou engano". Apoc. 14:5.
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