SERMÃO DA MONTANHA - CONDUTA CRISTÂ
1.
"Se os teus olhos
forem bons, todo o teu corpo terá luz." Mat. 6:22.
2.
Sinceridade de propósito,
inteira devoção a Deus, eis a condição indicada pelas palavras de nosso
Salvador. Seja o desígnio de descobrir a verdade e obedecer-lhe custe o que
custar, sincero e inabalável, e haveis de receber divina iluminação. A
verdadeira piedade começa quando termina toda transigência com o pecado. Então
a linguagem do coração será a do apóstolo Paulo: "Uma coisa faço, e é que,
esquecendo-me das coisas que atrás ficam e avançando para as que estão diante
de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo
Jesus." Filip. 3:13 e 14. "Tenho também por perda todas as coisas,
pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a
perda de todas estas coisas e as considero como esterco, para que possa ganhar
a Cristo." Filip. 3:8.
3.
Mas quando os olhos se
acham cegados pelo amor do próprio eu, não há senão trevas. "Se, porém, os
teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso." Mat. 6:23. Era essa
terrível cegueira que envolvia os judeus em obstinada incredulidade,
4.
tornando-lhes impossível
apreciarem o caráter e a missão dAquele que viera salvá-los de seus pecados.
5.
O ceder à tentação começa
ao permitirdes que a mente vacile, seja inconstante na confiança em Deus. Se
não preferirmos entregar-nos inteiramente a Deus, achamo-nos então em trevas.
Quando fazemos qualquer reserva, deixamos aberta uma porta pela qual Satanás
pode entrar para nos extraviar com suas tentações. Ele sabe que, se nos puder
obscurecer a visão de maneira que os olhos da fé não possam ver a Deus, não
haverá barreira contra o pecado.
6.
A predominância de um
desejo pecaminoso revela a ilusão da alma. Cada condescendência com aquele
desejo, avigora a aversão da alma para com Deus. Ao seguirmos a senda escolhida
por Satanás, encontramo-nos envolvidos pelas sombras do mal, e cada passo leva
a uma treva mais densa e aumenta a cegueira do coração.
7.
A mesma lei que rege o
mundo natural, domina o espiritual. Aquele que permanece nas trevas perderá por
fim a faculdade da visão. Fica encerrado por trevas mais profundas que as da
meia-noite; e para ele o mais luminoso meio-dia não pode trazer qualquer luz.
"Anda em trevas, e não sabe para onde deva ir; porque as trevas lhe
cegaram os olhos." I João 2:11. Nutrindo persistentemente o mal,
desatendendo voluntariamente as súplicas do divino amor, perde o pecador o amor
do bem, o desejo em torno de Deus, a própria capacidade de receber a luz do
Céu. O convite da misericórdia ainda é cheio de amor, a luz brilha ainda tão
resplandecente como quando raiou a princípio em sua alma; mas a voz cai em
ouvidos moucos, a luz em olhos cegos.
8.Alma
alguma é abandonada por Deus, entregue a seus próprios caminhos, enquanto
houver qualquer raio de esperança quanto a sua salvação. "O homem se
desvia de Deus, não Deus do homem." Nosso Pai celestial acompanha-nos com
apelos e advertências e afirmações de compaixão, até se tornarem de todo
inúteis posteriores oportunidades e privilégios. A responsabilidade fica com o
pecador. Resistindo ao Espírito de Deus hoje, prepara ele o caminho para uma
segunda resistência à luz quando ela vier com maior poder. Assim passa ele de
um grau de resistência a outro, até que por fim a luz deixa de causar impressão,
e ele cessa de corresponder por qualquer maneira ao Espírito de Deus. Então
mesmo "a luz que em ti há" se tornou em trevas. Mat. 6:23. A própria
verdade que conhecemos ficou tão pervertida que aumenta a cegueira da alma.
"Ninguém
pode servir a dois senhores." Mat. 6:24.
9.Cristo
não diz que o homem não servirá a dois senhores, mas que ele não pode fazê-lo.
Os interesses de Deus e os interesses de Mamom não têm ligação ou
correspondência. Justamente onde a consciência do cristão o adverte para deter-se,
para negar o próprio eu, para parar, aí mesmo o mundano ultrapassa a linha a
fim de condescender com suas propensões egoístas. De um lado do limite se
encontra o abnegado seguidor de Cristo; do outro lado está o amante do mundo,
complacente consigo mesmo, cortejando a moda, empenhando-se em frivolidades e
regalando-se em proibido prazer. Àquele lado do limite não pede ir o cristão.
10.Pessoa
alguma pode ocupar uma posição neutra; não há classe neutra que nem ama a Deus
nem serve ao inimigo da justiça. Cristo deve viver em Seus instrumentos
humanos, e operar mediante suas faculdades, e agir por meio de suas aptidões. A
vontade deles precisa estar submissa a Sua vontade; eles devem agir com o Seu
Espírito. Então, não mais vivem eles, mas Cristo é que neles vive. Aquele que
não se entregou inteiramente a Deus, acha-se sob o controle de outro poder,
escutando outra voz, cujas sugestões são de caráter inteiramente diverso. Um
serviço pela metade coloca o agente humano do lado do inimigo, como bem-sucedido
aliado dos exércitos das trevas. Quando homens que se dizem soldados de Cristo
se empregam na confederação de Satanás, e ajudam o seu lado, demonstram-se
inimigos de Cristo. Traem sagrados depósitos. Formam um elo entre Satanás e os
verdadeiros soldados, de modo que, por meio desses instrumentos, está o inimigo
operando continuamente para roubar o coração dos soldados de Cristo.
11.O mais
poderoso baluarte do vício em nosso mundo, não é a vida iníqua do abandonado
pecador ou do degradado; é a vida que, ao contrário, parece virtuosa,
respeitável e nobre, mas na qual é nutrido um pecado; a vida em que há
complacência com um vício. Para a alma que está lutando intimamente contra
alguma gigantesca tentação, tremendo à beira de um abismo, tal exemplo é um dos
mais poderosos estímulos a pecar. Aquele que, dotado de altas concepções da
vida, da verdade e da honra, transgride ainda voluntariamente um preceito da
santa lei de Deus, perverteu seus nobres dons, tornando-os um laço para o
pecado. O temperamento, o talento, a simpatia, mesmo a
12.generosidade
e as boas ações, podem tornar-se um engodo de Satanás para seduzir almas para o
precipício da ruína nesta vida e na futura.
13."Não
ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não
está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a
concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo."
I João 2:15 e 16.
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