O que Jesus queria
dizer com a expressão “sois deuses”? (Jo10:34 e
35)
O diálogo entre Jesus e os judeus narrado em João 10:22-42 ocorreu em Jerusalém por ocasião da Festa de Dedicação, instituída no período intertestamentário por Judas Macabeus (1 Macabeus 4:36-59). Indagado a respeito de quem Ele era, Jesus confirmou Sua messianidade, Sua capacidade de conceder “vida eterna” e Sua unidade essencial com o Pai (Jo 10:24-30). Mas os judeus, além de não aceitarem as prerrogativas de Cristo, planejavam apedrejá-Lo por blasfêmia (cf. Lv 24:16), pois para eles Jesus era um mero ser humano que alegava ser Deus (Jo 10:33).
O diálogo entre Jesus e os judeus narrado em João 10:22-42 ocorreu em Jerusalém por ocasião da Festa de Dedicação, instituída no período intertestamentário por Judas Macabeus (1 Macabeus 4:36-59). Indagado a respeito de quem Ele era, Jesus confirmou Sua messianidade, Sua capacidade de conceder “vida eterna” e Sua unidade essencial com o Pai (Jo 10:24-30). Mas os judeus, além de não aceitarem as prerrogativas de Cristo, planejavam apedrejá-Lo por blasfêmia (cf. Lv 24:16), pois para eles Jesus era um mero ser humano que alegava ser Deus (Jo 10:33).
Em Sua defesa, Jesus
declarou que se até mesmo “aqueles a quem foi dirigida a Palavra de Deus” no
Antigo Testamento foram chamados de “deuses”, muito mais tinha Ele o
direito de Se considerar “Filho de Deus” (Jo
10:34-38).
“Eu disse: sois deuses” (Jo 10:34) são as palavras iniciais do Salmo 82:6, onde lemos: “Eu disse: sois deuses, sois todos filhos do Altíssimo.” No Antigo Testamento, o substantivo hebraico elohim é usado para designar tanto o verdadeiro “Deus” (Gn 1:1, 26, 27) como os falsos “deuses” (Êx 12:12; 18:11; Sl 97:7).
“Eu disse: sois deuses” (Jo 10:34) são as palavras iniciais do Salmo 82:6, onde lemos: “Eu disse: sois deuses, sois todos filhos do Altíssimo.” No Antigo Testamento, o substantivo hebraico elohim é usado para designar tanto o verdadeiro “Deus” (Gn 1:1, 26, 27) como os falsos “deuses” (Êx 12:12; 18:11; Sl 97:7).
Mas no Salmo 82:6 o termo “deuses” refere-se
aos “filhos do Altíssimo”, não podendo, portanto, designar falsos deuses ou ser
considerado simplesmente uma expressão
irônica.
A tentativa de
interpretar os “deuses” do Salmo 82:6 como anjos celestiais ou outro seres perfeitos não é sancionada
pelo contexto, que os descreve como “homens” passivos de morte (Sl 82:7), atuando como juízes injustos
na Terra (Sl
82:2-4).
Também não podem ser
anjos caídos, pois estes já estão destinados à condenação no Juízo
Final (Jd 6), não podendo
mais reverter sua condição depravada, em resposta ao apelo do Salmo 82:3 e 4: “Fazei justiça ao fraco
e ao órfão, procedei retamente para com o aflito e o desamparado. Socorrei o
fraco e o necessitado; tirai-os das mãos dos
ímpios”.
Não podendo ser
falsos deuses, anjos celestiais, outros seres perfeitos ou mesmo anjos caídos,
os “deuses” mencionados no Salmo 82:6 só podem ser seres humanos constituídos como juízes entre o povo
de Deus, mas atuando de forma injusta nos dias de Asafe (autor do Sl 82). Essa interpretação é
corroborada pelo próprio Cristo, ao identificá-los com “aqueles a quem foi
dirigida a palavra de Deus” (Jo 10:35). Ou seja, a eles haviam sido confiados os oráculos divinos, a fim
de os transmitirem com imparcialidade e justiça aos seus
contemporâneos.
Além do Salmo 82:6, há no Antigo Testamento
pelo menos duas outras ocasiões em que mensageiros de Deus foram descritos
explicitamente como exercendo suas funções com prerrogativas divinas. Em
Êxodo 4:16, Deus disse a
Moisés: “Ele [Arão] falará por ti ao povo [de Israel]; ele te será por boca, e
tu lhe serás por Deus.” Em Êxodo 7:1, Deus disse novamente a Moisés: “Vê que te constituí como Deus
sobre faraó, e Arão, teu irmão, será o teu profeta.” Mas essas declarações
jamais deveriam ser consideradas uma evidência da divinização de Moisés. A
pessoa pode exercer uma função específica de Deus, sem com isso se tornar um
deus em essência. Isso acontece em ambos os casos citados. Deus sempre continua
soberano sobre os Seus mensageiros (Êx 4:15; Sl. 82:1), e não há
outro Deus além dEle (Êx 20:3; Dt 6:4; 2Sm 7:22; Os
13:4).
Em João 10:34-38, Cristo argumenta que se
“aqueles a quem foi dirigida a palavra de Deus” podiam ser considerados como
exercendo funções divinas na Terra, então muito mais Ele, que era funcional e
essencialmente Deus, podia reivindicar para Si todas as prerrogativas divinas.
As obras que Cristo fazia “em nome” do Pai testificavam de Sua unidade essencial
com Ele (Jo 10:25, 32, 37, 38). Essa unidade não é compartilhada por nenhuma criatura em todo o
vasto Universo (Cl 2:9; Hb
1:1-14).
FIM
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Fonte: Sinais dos Tempos, julho/agosto de
2002. p. 30
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