A Importância das Cores Divinas
A
referência à mulher, na palavra de Deus é, muitas vezes, simbólica.
Vejamos dois exemplos no livro do Apocalipse: o primeiro, é o de uma
mulher pura a ser perseguida por um dragão – Apoc. 12.1-6; o segundo, é
uma mulher prostituta que, ao contrário da anterior, é descrita como
estando unida a um dragão - Apoc. 17.1-6. E o que significa a palavra
mulher quando é empregue simbolicamente? A própria
palavra de Deus nos dá a resposta: uma Igreja – cf. Jer. 6.2; II Cor.
11.2; Ef. 5.23,25. Assim, uma mulher pura representa a Igreja verdadeira
– a de Deus; uma mulher impura, prostituta, representa, claro está, o
seu contrário. Os textos do Apocalipse mostram-nos
duas Igrejas que representam dois sistemas religiosos diferentes – um
falso e outro verdadeiro. Vejamos, em particular - Apocalipse 17.1-6.
Este mostra-nos algo que, talvez, não nos tenhamos apercebido até aqui;
não só é interessante como também muito importante
para uma cabal compreensão do quanto Deus nos quer revelar na Sua
palavra profética.
1.
A Mulher Prostituta
“E a mulher estava vestida de púrpura e de escarlata, e adornada
com ouro e pedras preciosas; e tinha na sua mão um cálice de ouro cheio das abominações e da imundícia da sua prostituição” – v. 4. Aqui, como podemos ver, encontramos alguns aspectos
interessantes inerentes a esta mulher/Igreja, não só a alusão às cores das suas vestes: - púrpura (vermelho
escuro), escarlata1 (vermelho vivo). Ela aparece adornada
com: - ouro
(amarelo), pedras preciosas e pérolas. Esta mulher/Igreja está vestida
com vestes de duas cores
– púrpura, escarlata. O que poderão significar estas cores? Que relação
têm com as de Deus? As que esta mulher/Igreja apresenta significam
alguma coisa ou postura? Será por esta razão que o profeta a apresenta
como – uma Igreja apóstata – visto que, ao se apresentar
desta maneira, está a tentar imitar a Igreja verdadeira, o verdadeiro
povo de Deus, assim como a santidade do Santuário antigo de Israel?
Assim sendo, o que é que a palavra de Deus nos tem a dizer acerca destas
cores em relação: 1- ao Santuário/Tabernáculo
de Israel; 2- ao Sumo-sacerdote. Vejamos caso a caso:
2.
O Santuário/Tabernáculo de Israel
Deus
tinha ordenado ao Seu povo que, nesta Terra, Lhe erigissem um
tabernáculo/santuário, uma cópia do verdadeiro que está do céu, tal como
a maqueta que lhes foi mostrado sob visão, no monte – Êx. 25.8, 9,40;
Heb. 8.2,5. Este estava dividido em três partes – Pátio, Lugar Santo e
Lugar Santíssimo – cf. Ex. 27.9; Heb. 9.2,3. Cada uma destas partes
destinadas a diferentes ofícios, comportava diferente
mobiliário que, uns, de ouro maciço, outros, forrados com este metal
precioso – cf. Ex. 25.3,10,13,17, etc. O seu exterior como se fosse uma
parede a toda à volta, era revestido de linho (cor branca), desde um
lado da porta de entrada até ao outro lado da mesma
porta. Esta porta tinha, por sua vez, três cortinas de cores diferentes:
“(...) azul, púrpura, carmesim (…)” – Êx. 26.36; 27.16; 38.18. Este
linho (o branco) a que o texto faz referência, encontrava-se em cada
lado da porta de entrada, portanto, onde terminava
o revestimento exterior do Santuário. A adicionar a estas cores, ainda
havia a do ouro (amarelo), no seu interior, por todo o lado - Ex.
25.11,12,13,17,18, 25,31, etc .
3.
Sumo-sacerdote
Esta
era a pessoa que oficiava no Santuário. No exercício da sua sagrada
função, ao longo de todo o ano, à excepção de um dia sua indumentária
sacerdotal era como nos dá a conhecer as Sagradas Escrituras: - “Também
farás o manto do efode todo de azul. (…). E nas suas bordas farás romãs
de azul e de púrpura e de carmesim (…)” – Êx. 28.31,33. Aqui, de novo,
encontramos as mesmas três cores.
Mas,
unicamente no exercício das suas funções, realizadas uma vez no ano, na
celebração da cerimónia conhecida por - Dia das Expiações –
(Ex. 30.10; Lev. 16.34; Heb. 9.7) – as suas vestes, contrariamente do
que acontecia até aqui, as vestes sacerdotais
eram totalmente de – linho – isto é, de uma
só cor – branco – Lev. 16.4,32. Fazia parte da sua indumentária alguns
apêndices de ouro – nas bordas do seu manto – campaínha de ouro – Ex.
28.34. Igualmente, tinha sobre si, uma lâmina de ouro puro, presa na sua
mitra com a inscrição: “Santidade ao Senhor”
– Ex. 28.36.
4.
Síntese
Como
pudemos ver, temos alguns elementos para fazermos algumas comparações
em relação às cores que nos foram mostradas. Façamos um quadro
comparativo para que vejamos melhor as cores vistas até aqui de cada
elemento:
Cores divinas
|
Púrpura
|
Escarlata/Carmesim
|
Azul
|
Ouro
|
Linho
|
Santuário
|
x
|
x
|
x
|
x
|
x
|
Sumo-sacerdote
|
x
|
x
|
x
|
x
|
x
|
Mulher/Igreja (Apoc. 17)
|
x
|
x
|
-
|
x
|
-
|
Como
podemos observar, a mulher/Igreja tem todas as cores, à excepção do
azul! Qual a razão para tal ausência? Por lapso? Vejamos:
5.
Lei de Deus
Antes
da outorga da lei - Deus ordena que subam ao monte Sinai: Moisés, Arão,
Nadabe, Abiú e setenta dos anciãos de Israel. O texto que nos
mostra tal situação revela-nos o seguinte: - “E viram o Deus de Israel e
debaixo de seus pés havia como uma obra de pedra de safira, e como o
parecer do céu na sua claridade” – Êx. 24.1,10. Convem acrescentar que a
cor da safira é azul.
No
Antigo Testamento encontramos duas visões do trono de Deus, dadas ao
profeta Ezequiel. Na primeira é dito: - “E por cima do firmamento,
que estava por cima das suas cabeças, havia uma semelhança de trono,
como de uma safira (…)” – Ezeq. 1.26. Na segunda, é dado a conhecer: -
“Depois olhei, e eis que no firmamento que estava por cima da cabeça dos
querubins, apareceu sobre eles como uma pedra
de safira, como o aspecto da semelhança de um trono” – Ezeq. 10.1. 3.
Nestes
textos, em contextos diferentes, encontramos a mesma referência à pedra
de safira, ou seja, à cor do material que constitui o trono
de Deus – o azul. Poderemos perguntar qual a relação que esta cor terá
com tudo o que vimos até aqui, de uma forma particular, com a própria
Lei de Deus? A nosso ver, esta relação tão estreita entre a Lei de
Deus/Trono de Deus/Safira, está bem patente no texto
que, a seguir, passamos a transcreve: - “Fala aos filhos de Israel e
diz-lhes que nas bordas dos seus vestidos façam franjas pelas suas
gerações; e nas franjas das bordas porão um cordão azul. E nas franjas
vos estará, para que o vejais e vos lembreis de todos
os mandamentos do Senhor, e os façais; e não seguireis após o vosso
coração, nem após os vossos olhos, após os quais andais adulterando.
Para que vos lembreis de todos os meus mandamentos, e os façais e santos
sejais a vosso Deus” – Números 15.38-40.
Conclusão
O
Santuário e o Sumo-Sacerdote, ambos comportam três cores capitais
(azul, púrpura, carmesim/escarlate). A mulher/Igreja, como vimos, tem,
unicamente, vestes com duas cores (púrpura, carmesim/escarlate). Podemos
concluir, à luz dos elementos analisados, que: 1- É perfeitamente
visível a conexão entre a cor azul do trono de Deus e as tábuas da lei
de Deus – os 10 Mandamentos; 2- A Lei de Deus,
na sua forma inicial, foi gravada pelo “dedo de Deus” em duas tábuas de
pedra – Êxodo. 31.182 ; estas que Moisés partiu, quando desceu do monte,
após as ter recebido directamente de Deus (cf. Ex. 32.19; 34.1) não
eram duas simples tábuas de pedra nuas e cruas,
esculpidas e retiradas do monte Sinai, mas sim, pensamos nós, da matéria
do próprio trono de Deus - “pedra de safira” - cor azul – Êx. 24.10; 3-
Esta mulher/Igreja mencionada no Apoc. 17 tem quase tudo para ser
perfeita e pura. Só lhe faltam, como podemos constatar
no quadro acima, duas vertentes: a primeira, o símbolo da sua perfeição,
a cor – azul – a lei de Deus – os 10 mandamentos; a segunda, o símbolo
da sua pureza, a cor – branca – o linho; por esta razão é que ela é
considerada impura, prostituta!
Por
esta ordem de razões – ausência da lei de Deus – 10 mandamentos – e
ausência de pureza – é que esta mulher/Igreja é catalogada de - mãe
(Apoc.17.5). Se tem este estatuto é porque deu à luz filhas iguais a si
mesma - Igrejas protestantes -, igualmente prostitutas, visto que, não
só ensinam falsas doutrinas, como também, a exemplo da mãe, proclamam
que a Lei de Deus foi mudada ou, simplesmente,
abolida na cruz do Calvário – os 10 mandamentos.
Uma
última nota. Como vimos, a porta do Santuário tinha três cortinas de
cores diferentes – azul, púrpura e carmesim. Qual a razão para tal?
A razão era simplesmente pedagógica. O penitente, quando a ela se
dirigia para entrar, no seu interior, confessava os seus pecados sobre a
cabeça do animal por ele trazido, devendo matá-lo de seguida – Lev.
1.1-5. Ora o que é que ele via à entrada? Ele via
a cor azul, isto é, a cor que representava a Lei de Deus -10 mandamentos
- por
ele transgredida. Ela via também
as cores das restantes cortinas que simbolizavam o seu pecado - púrpura e
carmesim (cf. Isaías 1.18). Depois de ter sacrificado aquele animal em
seu lugar, quando se dirigisse para a porta por onde tinha entrado,
agora liberto do seu pecado, a única cor que
via, bem na sua frente, era unicamente a do linho – a que revestia o
interior do Santuário – a
cor branca – que
representava a justiça de Cristo que agora o cobria. Agora, ele saia
justificado, limpo, mas o Santuário, ao contrário ficava sujo até à
festa anual do – dia das Expiações – onde, finalmente, este era limpo de
todos os pecados ali acumulados ao longo do ano
– Lev. 16.
FIM
FONTE - PR. ILÍDIO CARVALHO IN "NEWSLETTER DO ANCIÃO" 13 ABRIL 2013
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