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segunda-feira, 22 de abril de 2013

INTRODUÇÃO ÀS CARTAS DE PAULO "CARTA AOS ROMANOS"




9º Capitulo


A Epístola aos Romanos



A epístola ao Romanos não só é a mais longa carta de Paulo mas também a mais estruturada, devido à sua riqueza doutrinal é sem dúvida a que influenciou mais o cristianismo. Podemos considerar esta carta como sendo a mais rica, mais completa, e mais clara mensagem evangélica de toda a bíblia.

Esta carta teve um papel importante sobretudo no século 16 com o pensamento de Lutero, naquilo que ficou conhecido pela justificação pela fé, este a considerava como “o livro capital do Novo Testamento” além disso Lutero dizia que cada cristão devia a decorar a fim de meditar nela todos os dias.  

Esta epístola deu origem a maior parte das reformas espirituais, Wesley converteu-se lendo o prefácio de Lutero sobre a carta aos Romanos, no século 19 na cidade de Genebra um grupo de jovens iniciaram um despertamento espiritual baseados nesta carta de Paulo. Em Oxford em 1875 aconteceu a mesma coisa, e foi com a exposição do famoso teólogo Karl Barth sobre os Romanos que a teologia do século vinte se distinguiu. Cada vez que esta carta de Paulo ocupava lugar na história dos homens era inaugurada uma nova era.



A cidade de Roma no primeiro século.

Capital do império que dominava o mundo era sem dúvida a cidade mis importante da altura. Estamos habituados à frase “que todos os caminhos vão dar a Roma” mostrando assim a sua importância no mundo.

Cidade que comportava um número de quatro milhões de habitantes fascinava os habitantes de todas as partes do império. Devido as boas estradas, comércio, e monopólio politico esta cidade tinha-se tornado numa grande atracão, até mesmo para os cristãos a fim de ali difundirem a mensagem do seu mestre.

Em Roma havia uma grande comunidade Judia, que ali se tinha fixado desde o segundo século a.C. com a invasão de Pompeu no ano 63 a.C. muitos judeus foram levados escravos para Roma o que fez que esta colónia Judia se tivesse ainda multiplicado mais. No ano 49 d.C. o Imperador Cláudio expulsou-os de Roma muito por causa das dissensões que eles tinham uns com os outros, mas acabaram por retornar sob o comando do imperador Nero. Alguns daqueles que voltaram tornaram-se aristocratas de Roma enquanto que a maioria eram simples comerciantes.

Foi com a dispersão causada por Cláudio que muito Judeus ouviram da fé de Jesus nas sinagogas das cidades que lhes serviram de refúgio, e ali abraçaram a nova fé. Um caso evidente é o de Áquila e Priscila, (Ac 18:2) depois de terem sido ensinados na nova fé por Paulo eles voltaram a Roma e ali tinham uma igreja no seu lar.. (Rm 16:3-5)



Situação moral e religiosa de Roma

Depois de num capítulo anterior termos abordado o tema da moralidade, a verdade é que a cidade de Roma proporcionava condições que privilegiavam a imoralidade e com isso a espiritualidade.

No primeiro século havia 159 feriados no ano, 93 deles eram reservados aos jogos e espectáculos de rua, assim como a diferentes representações promovidas pelo governo. A vida religiosa com o seu politeísmo estava em declínio, aumentando o interesse pelos novos cultos orientais, introduzindo-se nesta capital as religiões mistério. Existem vários locais de culto a Mitra e a deusa Síria Asterote.

As divindades primitivas conhecidas pelos rituais sensuais já não mais satisfaziam as exigências intelectuais dos Romanos, e nesse sentido a fé monoteísta dos Judeus atraia cada vez mais os pagãos. As 11 sinagogas que existiam em Roma contavam com um numero bastante interessante de simpatizantes que criam em Deus, e que na realidade constituíam um publico preferencial e pronto a aceitar a mensagem cristã.



A formação da igreja cristã.

Hoje não podemos ter a certeza de quem e como a igreja em Roma se originou, mas pode-se circunscrever alguns factores que determinaram a sua formação.

·  Não foi fundada por Paulo, pois no momento que ele escreveu-lhes a sua carta o apóstolo ainda não tinha ido à capital, isso podemos ver em (Rm 1:10-15)

· Não foi fundada por Pedro ao contrário do que a tradição indica, isto por vários motivos, em primeiro lugar Pedro conhecido como apóstolo da circuncisão ministrou bastante tempo em Jerusalém, quando Paulo dirige a sua carta aos Romanos, se Pedro lá estivesse Paulo o saudava. Mais tarde no ano 61-62 d.C. quando Paulo chega a Roma o texto de (Ac 28) mostra que Pedro não lá estava. E mesmo quando Paulo escreve as suas cartas enquanto prisioneiro (Filipenses, 1 e 2 Timóteo,) o nome de Pedro não é mencionado. Se realmente Pedro morreu como mártir em Roma como indica a tradição ele acabou por ali ir só para o seu martírio.

·   Não foi fundada por nenhum apóstolo de Jesus, pois o próprio apóstolo afirma que ele não construiu em cima das fundações de outro. (Rm 15:20; 2Co 10:16)

·  Provavelmente também não foi formada pelos judeus que se converteram no dia de Pentecostes, isto porque quando Paulo escreve a esta igreja a sua linguagem não era a uma igreja Judeo-cristã, e mesmo quando ele chega como prisioneiro a Roma os chefes da sinagoga não estavam ainda informados sobre a doutrina da nova fé. (Ac 28:21)

Mesmo com estas noções negativas, do resposável da origem desta igreja, podemos também reflectir em alguns elementos positivos.

·  A igreja já existia há um bom número de anos, isto por aquilo que Paulo escreve em (Rm 15:23) ele menciona também que a fé deles era famosa por toda a parte. (Rm 1:8) Paulo também não tem um discurso como se tivesse a dirigir-se a recém-convertidos. É bem provável que a igreja já existisse à bastante tempo, com uma boa organização baseada nos dons (Capítulo 12)

·  Paulo conhecia um bom número de cristãos, pois ele saúda 26 pessoas e 5 igrejas em casas particulares, é bem provável que muitos daqueles que receberam a mensagem por Paulo, se tenham encontrado em Roma e ali edificado esta igreja. Visto que os Judeus da sinagoga não tinham conhecimento da nova fé, é bem provável que os fundadores da igreja de Roma tenham sido gentios convertidos ao cristianismo e que vindo viver em Roma como emigrantes ali se estabeleceram.



Organização da igreja

A igreja de Roma não estava organizada de forma central, ou seja a partir de um local de culto. Quando Paulo escreve ele não se dirige “à igreja em Roma” como era habitual dirigir-se às outras igrejas. (1Co 1:1; 2Co 1:1; 1Tss 1:1…) mas “a todos aqueles que em Roma são bem-amados de Deus”. (Rm 1:7) No capítulo 16 vemos que havia pelos menos 5 grupos que se reuniam em vários lugares da cidade. Isto era compreensível visto que a lei romana proibia uma organização centralizada. As igrejas se constituíam como sinagogas, ou seja independentes, espalhadas pela cidade, mas reunidas em casas particulares.



Local e data de redacção

A carta de Paulo aos Romanos deve-se sobretudo a um desejo contrariado de visitar Roma. Essa impossibilidade trouxe bênção à igreja e a nós hoje, por causa desta belíssima obra teológica que ficou registada. Esta é uma forma de Deus trabalhar ou seja Ele faz acontecer o bem daquilo que parece ser mau.

Paulo tinha acabado de terminar a sua recolha de ofertas para levar à igreja mãe em Jerusalém, (Rm 15:22-26) esta colecta tinha sido realizada durante a sua terceira viagem missionária, (Ac 24: 17) quer dizer que Paulo escreve aos Romanos depois das cartas aos Coríntios, visto que nessa altura ainda não tinha acabado a colecta. (1Co 16:1-4; 2Co 8:6) Presume-se que foi na estadia de 3 meses de Paulo em Coríntio (Ac 20:3) que a carta aos Romanos foi escrita, isto porque certas personagens como Galio, (Rm 16:23/ ICo 1:14) Erasto, (Rm 16:23/2Tm 4:20) Febe (Rm 16:1-2 diaconisa que entrega a carta e que vive a poucos kilometros de Corinto) eram crentes que estavam muito ligados à cidade de Corinto. A data provável da sua redacção terá sido o ano 57 ou 58 d.C.



Carácter distintivo da Epístola.

Na sua maioria as epístolas de Paulo são escritos de circunstancia, tendo quase sempre um motivo polémico e correctivo. Mas a carta aos romanos acaba por ser uma excepção, isto porque ela acaba por ser mais uma exposição sistemática de grandes temas da mensagem do apóstolo. Ela é desenvolvida de forma harmoniosa, onde as grandes secções se encadeiam de forma metódica, ela não parece ter sido construída de rompante, mas de uma profunda meditação dos vários assuntos nela tratados.

Paulo quando escreve não se encontra sobre pressão de urgência, ele escreve seguindo o método dos autores Judeus, ou seja estabelecendo paralelos e antíteses, susceptíveis de sensibilizar os leitores. Os argumentos por ele utilizados são bem encadeados, para a maior parte dos estudiosos esta carta é a obra-prima saída da pena do apóstolo Paulo.

Esta carta contém cerca de metade das citações que Paulo faz do Antigo Testamento, tendo em conta tudo o que escreveu. Também as citações tiradas de diferentes partes eram compostas de maneira a que parecia ser a citação de uma só passagem.

As saudações e despedidas são bastantes longas, o que espanta pois esta carta é dirigida a uma igreja com a qual o apóstolo Paulo nunca esteve.       

Também é escrita a cristãos maduros e conhecedores das grandes verdades do evangelho não precisando mais do que uma chamada de atenção a essas verdades (Rm 15:14)



Objectivos da Epístola

Porque razão Paulo escreve aos cristãos de Roma se na sua grande maioria lhe eram desconhecidos?

Em primeiro lugar ele mostra o desejo de os ver a fim de lhes comunicar algum dom espiritual, (Rm 1:11) também deseja-lhes anunciar o evangelho, (Rm 1:15) pois ele considera-se o apóstolo dos sábios e ignorantes, dos gregos e dos bárbaros. (Rm 1:14) No final da epístola ele mostra mais alguns objectivos ao lhes escrever, ele diz que lhes escreve para lhes fazer relembrar as verdades do evangelho que lhe foi outorgado pelo próprio Cristo. (Rm 15:15-17)

·liMais à frente ele explica as razões porque não pode ainda se deslocar a Roma, (Rm 15:17-22) razões que têm a ver com o trabalho desenvolvido desde Jerusalém e cidades circunvizinhas. Também mostra que não é pela vergonha do evangelho como alguns o acusam. (Rm 3:8; 31; 6:1; 15; 7:7.)

Paulo também solicita a intercessão dos Romanos para a missão que ele estava prestes a cumprir em Jerusalém. (Rm 15:30-32) antes de terminar a sua carta ele exorta os seus correspondentes a guardarem-se daqueles que causam divisões e escândalos, e que podem prejudicar os ensinamentos que já receberam. (Rm 16:17)

Poderemos ler claramente cinco objectivos: 1- Contribuição para a santificação dos romanos. 2- Apresentação e defesa do seu ministério e da sua mensagem. 3- Pedido de colaboração para uma obra missionária em Espanha. 4- Pedido de apoio na oração. 5- guardarem-se dos falsos obreiros.



Mais algumas informações.

Nos capítulos 12 a 15, o apóstolo faz algumas exortações ao nível prático, ele recomenda os Romanos a serem modestos como membros do corpo de Cristo. (Rm 12:3-8) Também que sejam submissos às autoridades. (Rm 13:1-7) e ainda que deixe de existir opisição entre os “Fortes e os Fracos” (Rm 14:1;15:7)  

Nesta epístola existem alguns temas bem desenvolvidos em determinados capítulos, enquanto que outros nem por isso, Paulo desenvolve bem a sua soteriólogia enquanto que resume a sua escatologia ao papel de Israel no futuro. Não escreve nada sobre a vinda de Cristo e a ressurreição dos mortos, a preexistência e o seu papel na criação do mundo. Também não dá ensinamentos sobre a igreja como o faz na carta ao Efésios. Não existe também directivas práticas, como ele o faz nas cartas pastorais. Também não escreve sobre a santa ceia, isto porque provavelmente Paulo tinha noção que os Romanos já tinham conhecimento sobre esses temas por intermédio de Áquila e Priscila.

Percebemos bem que Paulo ao ter noções da realidade vivida pelos Romanos acabou por se debruçar mais sobre o tema da “Justificação” isto porque deseja mostrar a diferença da igreja nacionalista (Judaísmo) para a igreja Universal (boa nova aos gentios)



Autenticidade da epístola

Hoje em dia a autenticidade da epístola aos Romanos não é posta em causa, visto que os testemunhos internos e externos, são unânimes em atribuir a paternidade ao apóstolo dos gentios.

A literatura patrística, contêm inúmeras citações e alusões a esta epístola desde o primeiro século. (Clemente de Roma e Barnabé) no segundo século ela é citada por vários autores. (Inácio, Policarpo, Justino o Mártir, Hipólito, O Canon de Nuratori, Irineu, Clemente de Alexandria, Tertuliano, Marcião)

As provas internas também são evidentes, as alusões pessoais, o estilo, a argumentação designam Paulo como o autor desta epístola. Provada a autenticidade, esta epístola tem servido como padrão para se puder analisar as outras cartas e atribuir sua autoria fidedigna.   

FIM

NO PRÓXIMO CAPÍTULO ABORDAREMOS A 1ª CARTA AOS CORÍNTIOS 

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