Vivemos hoje numa cultura
em que o factor Milagre deixou de ter a importância e o impacto, podemos mesmo
dizer que a crença no milagre decresceu vertiginosamente com o aparecimento e
desenvolvimento da ciência e da técnica.
Pegando numa citação do
prestigiado teólogo Rudolf Bultman, a determinada altura e falando de Milagres
ele diz: “Não se pode utilizar a luz eléctrica e o aparato da rádio, e exigir
em caso de doença tratamentos médicos e clínicos modernos, e crer ao mesmo tempo,
no mundo dos espíritos e dos milagres do Novo Testamento.”
Hoje pode-se qualificar
como sendo milagre qualquer acontecimento insólito e inesperado, em frases como
“É um Milagre ele ter sobrevivido ao
acidente” ou “Não me matou
por milagre”, neutralizando assim a essência daquilo que deve ser
entendido e aceite como milagre.
Visão
tradicional do Milagre.
Mais ou menos está claro
para todos os Homens que o Milagre está associado ao contexto religioso, mesmo
as definições que temos nos dicionários vão nesse sentido, por exemplo no
dicionário da Porto Editora vem a
seguinte definição:
“1.
|
facto extraordinário ou inexplicável pelas leis da natureza que é
atribuído a causa divina ou sobrenatural
|
2.
|
intervenção sobrenatural
|
3.
|
coisa extraordinária de que se não
está à espera ou que parece incompreensível
|
4.
|
Maravilha”
|
Sabemos pela história, arqueologia,
literatura etc, que as civilizações antigas atribuíam aos acontecimentos fora
do comum, a intervenção de Deus ou dos deuses em que acreditavam. Como
percebiam que certos acontecimentos escapavam ao seu poder e à compreensão
humana, atribuíam-no à divindade. Nesse sentido chegou até aos nossos dias
relatos que vão desde a fantasia dos relatos mítico-lendários até as evidências
confirmadas por testemunhas oculares.
Nestes últimos encontramos
os relatos registados nas sagradas escrituras quer no Antigo quer no Novo
Testamento,
Neste contexto
Judaico-Cristão, a noção ou definição de Milagre não será muito diferente, pois
é atribuído à Divindade mas com a particularidade que a intervenção divina
sobre as leis naturais ocorre não por capricho voluntário mas como acção, instrutiva, educativa, reveladora,
protectora, transformadora, redentora, salvífica.
A
palavra milagre na bíblia.
Na bíblia não têm uma
palavra específica que corresponde ao nosso termo Milagre, o Antigo Testamento
usa uma serie de palavra que temos como habito traduzir por Milagre, na
realidade esta palavra MILAGRE procede da tradução latina
das escrituras “VULGATA”.
Em hebraico existem sete
palavras que de certa forma definem a acção milagrosa (môphet, ‘ôt, pele’, nifla’ôt,
nôra’ôt, g’bûrah, ma’âseh) de Deus na história humana. Enquanto no
grego do Novo Testamento existem cinco, (téras, sêmeion, érgon, dýnamis, thaúma)
Pegando nessas palavras do Antigo Testamento como do Novo Testamento podemos
agrupa-las em três grupos distintos.
·
Grupo dos Sinais, Marcas e Prodígios,
em hebraico Môphet, ‘Ôt, Pele’, e em grego terás, Sêmeion. Estas palavras descrevem o Milagre sobre o seu
duplo aspecto, extraordinário e
significativo. São sinais
distintivos que estão reservados somente ao domínio divino, mas nos quais os
homens são beneficiados. Eles podem indicar o inicio de uma etapa, qualquer
coisa que está para chegar, ou o cumprimento de um anúncio passado.
·
Grupo das Obras, Actividade, Força, Poder,
em hebraico ma’âseh, g’bûrah, e em grego Érgon, dýnamis. Estes
termos designam a interveção de Deus quer na criação, quer na história, é a força
e o poder de Deus agindo sobre este planeta e seus habitantes.
·
Grupo dos Efeitos, Reacções, e Maravilha,
diante de um prodígio, em hebraico nifla’ôt, nôra’ôt, e em grego thaúma,
Trata-se da impressão causada nos homens depois de um prodígio divino. Por
vezes espanto, reverência, temor, etc. é o reconhecimento de estar diante de
alguma coisa impossível para o ser humano.
O que aconteceu, foi que
as línguas latinas agruparam estes termos hebraicos e gregos com o nome de
Milagres, mais no sentido da atitude ou reacção do homem diante a acção de
Deus.
Os homens da bíblia viam
os Milagres em tudo aquilo que Deus operava, mas reconheciam que de tempos em
tempos a sua acção era mais espectacular, sendo quase um convite para que o
povo relembrasse a intervenção amorosa de Deus em sua salvação.
Se o Milagre é a alteração
do curso natural das coisas, somente aquele que criou a natureza e as suas leis
é que as pode interromper.
No pensamento hebraico
Deus intervêm constantemente na história, e ele não deve perturbar a ordem que
ele próprio criou segundo a sua providência, se do ponto de vista humano essas
manifestações têm por vezes um carácter extraordinário é para manifestar que
Deus está lá ao controle e fazendo conhecer a sua vontade. Os Milagres são
pontos singulares na obra do Todo Poderoso para a salvação das suas
criaturas.
Milagre
no Antigo Testamento.
Na bíblia e em particular
referindo-nos ao Antigo Testamento existem dois períodos da história sagrada
onde os milagres foram mais abundantes e com mais intensidade, o primeiro
situa-se no momento da fundação e estabelecimento de Israel como nação que vai
do Êxodo à entrada em Canaã. E o segundo na época de Elias e Eliseu.
Êxodo
É incontestável que
a história dos Hebreus desde a saída do Egipto até à entrada em Canaã, é
realizada numa sucessão de acontecimentos extraordinários. Nenhum acontecimento
é relatado sem que seja acompanhado de um prodígio. O Êxodo constitui um
momento decisivo na história de Israel, é-lhe permitido sair com dificuldade de
um mondo opressivo para entrar num universo novo. Mais do que em qualquer outro
período da história bíblica este foi sem dúvida aquele que regista a marca do
Milagre. O livro de Deuteronómio descreve a maravilhosa epopeia da saída do
Egipto da seguinte maneira: “ou se um deus intentou ir tomar para si um povo do meio de outro povo, com
provas, com sinais, e com milagres, e com peleja, e com mão forte, e com braço
estendido, e com grandes espantos, conforme tudo quanto o SENHOR, vosso Deus,
vos fez no Egito, aos vossos olhos.”Deuteronómio 4:34
Podemos dizer que
foi no Milagre do Mar Vermelho, e o da
Revelação no Sinai, que Israel experimentou de forma especial a presença
activa de Deus. O trabalho de Deus não se limitara somente à criação, mas
via-se ali na história das suas criaturas.
A travessia do Mar
Vermelho que mais tarde era recordada pelo Judeus como o maior Milagre da sua
história, é sem dúvida reconhecido com uma Acto
Salvador, o milagre não foi só a travessia do mar, mas sobretudo o livramento
da mão do faraó. Chegar em liberdade, e reconquistar a autonomia impossibilitada
pela escravatura, era algo totalmente imprevisível e inesperado.
Juntamente com este
Milagre é importante recordar o provisionamento de Deus no deserto, desde a
coluna de fogo à noite e a nuvem durante o dia, a transformação das águas
amargas, o maná, a água da rocha, a vitória sobre os Amalequitas, as tábuas da
lei etc. a história do Êxodo fala-nos de um povo alienado que é reintroduzido
na história normal para que a historia da salvação se redefina.
É interessante
perceber que a manifestação activa e milagrosa de Deus nesta altura, acontece
em contraste com a falta de preceitos, e quando estes foram dados por Deus o
Milagre perde a sua intensidade.
Elias
e Eliseu
O segundo período de
relatos milagrosos acontece no período dos profetas Elias e Eliseu. Os milagres
nesta época estão baseados no mesmo princípio daqueles de Êxodo, ou seja libertar
o povo da escravatura do pecado, e demonstrar que Deus é o único que pode
efetuar verdadeiros Milagres. Neste sentido temos o fogo que desce do céu
quando do sacrifício de Elias no monte Carmelo (I Rs 18:36) ou a cura de Naamã
o Sírio por Eliseu (2 Rs 5:14), ambos os acontecimentos terminam numa confissão
de fé em Deus, seja colectiva ou individual.
Depois encontramos mais
alguns milagres de carácter individual beneficiando pessoas, famílias, os
próprios profetas ou os seus discípulos. Ex:(Viúva de Sarepta 1Rs 17:8-24 /
Fogo que desce dos céus 2Rs 1:10-12 / Subida ao céu 2Rs 2:11 / Rio Jordão
dividido 2Rs 2:13-14 / Fonte purificada em Jericó 2Rs 2:19-22 / O Azeite da
viúva multiplicado 2Rs 4:1-7 / O menino ressuscitado 2Rs 4:18-37 / A comida
multiplicada 2Rs 4:42-44 etc.
A concepção do milagre no
Novo Testamento não é diferente daquela que o povo viveu no Antigo Testamento,
ou seja Deus age na história de forma ordinária e extraordinária segundo a sua
divina omnisciência.
Milagres
de Jesus.
Para o crente não existe
qualquer problema em aceitar as narrações do Novo Testamento com respeito aos
Milagres de Jesus como sendo verdadeiros e por isso feitos históricos. Contudo
os não crentes, pergunta-se se realmente os relatos de prodígios atribuídos a
Jesus e que são conhecidos como milagres, são na realidade verdade? Terão
realmente ocorrido como nos contam os evangelhos? E o que é que na realidade
sucedeu?
A verdade é que as
narrações dos milagres de Jesus ocupam um lugar tão importante nos evangelhos,
que se os riscássemos, destruiríamos os próprios evangelhos.
Uma caso evidente de
alguém que quis anular todas as evidências dos milagres de Jesus nos
evangelhos, foi Thomas Jefferson, o terceiro presidente dos Estados Unidos, decorria
o ano de 1804, quando após um laboroso trabalho metódico conseguiu recortar
todos os episódios de milagres realizados por Jesus, mais tarde em 1820 ele
produz a sua própria versão da bíblia, retirando os milagres de Jesus, o seu
nascimento virginal, e a sua ressureição. Ele apelidou esta versão de “A
vida e moral de Jesus” que está hoje exposta no Museu Smithsonin em
Washington, DC, juntamente com duas bíblias recortadas por ele.
Dissociar a mensagem de
Jesus com os feitos que realizou era impossível, pois ambas manifestam a mesma
realidade, assim como não se pode chamar ovo só à gema ou só à clara, assim não
se pode aceitar os ensinamentos de Jesus pondo de lado os seus actos, Lucas
24:19 diz o seguinte: “As que dizem respeito a Jesus, o Nazareno, que foi um
profeta poderoso em obras e
palavras”
Seria impossível explicar
a admiração e entusiasmo que suscitou Jesus entre o povo se essas obras não
fossem autênticas.
As obras de Jesus seriam
rapidamente desmentidas se fossem fictícias, e não constariam nos relatos dos
evangelhos que temos hoje, isto porque muitas testemunhas oculares estavam
vivas quando os evangelhos foram produzidos.
Um dado também que
fortalece a ideia de Jesus autor de milagres vem do facto que nem os seus
próprios inimigos duvidavam que ele os realizava, Mateus 12:24 diz: “Mas os fariseus, ouvindo isso, diziam: Este não
expulsa os demônios senão por Belzebu,
príncipe dos demônios.”
Não podendo desmentir a realidade dos mesmos, e não
o aceitando como o Messias, os líderes judaicos atribuíam-lhe tais feitos ao
poder de Satanás.
Em outra ocasião os seus inimigos tiveram mesmo que
reconhecer que ele fazia grandes coisas: “47 Depois, os principais dos sacerdotes e
os fariseus formaram conselho e diziam: Que faremos? Porquanto este homem faz
muitos sinais.” João 11:47
Milagres
de Jesus como uma carta de recomendação.
Sem dúvida que se hoje
víssemos alguém a curar leprosos, restaurar paralíticos, dar vista os cegos,
com certeza que o consideraríamos alguém fora do normal, se o víssemos andar
sobre a água, ou acalmar uma tempestade, ou mesmo alimentar uma multidão de
mais de 5 mil pessoas de uma só vez usando somente o lanche de uma criança,
suspeitaríamos que ele seria mais do que humano. E se tudo isso não bastasse
presenciávamos a ressurreição de três pessoas que ele trouxe novamente à vida,
será que não o aclamaríamos de deus?
Foi nesse sentido
que também Jesus fez uso do Milagre, algo que serviria para atestar a sua
pessoa e seu ministério. A propósito disso Jesus disse: “Mas eu tenho maior testemunho do que o de João,
porque as obras que o Pai me deu para realizar, as mesmas obras que eu faço
testificam de mim, de que o Pai me enviou.”João 5:36
E o mais
interessante é que as pessoas acabaram por perceber que essas mesmas obras
(Milagres) faziam de Jesus um ser único. “…Rabi, bem sabemos que és mestre vindo de Deus, porque ninguém pode fazer
estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele.”
Quase vinte séculos mais
tarde, se não fosse por seus milagres sobrenaturais, raramente alguém teria
ouvido falar de Jesus Cristo. Foram eles que certamente estabeleceram sua
identidade divina.
Os milagres de
Jesus eram a sua carta de recomendação, Ele sabia que por eles e através deles
muitos aceitariam a sua mensagem e com isso a salvação. Um caso evidente foi
quando os discípulos de João Baptista vieram ter com Jesus a mando do próprio
João, perguntando se era Jesus o Messias ou se aguardariam por outro? Jesus
simplesmente pediu-lhes que fosse dizer a João Baptista aquilo que eles viram: “Respondendo, então, Jesus, disse-lhes: Ide e
anunciai a João o que tendes visto e ouvido: os cegos vêem, os coxos andam, os
leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres
anuncia-se o evangelho.” Lucas 7:22
João Baptista estava na prisão prestes a ser
executado, e Jesus sabia que João precisava de algo para fortalecer a sua
crença no Messias, por isso Cristo não hesita em usar os seus Milagres como
prova.
É interessante pensar também que não foram os
ensinos de Cristo que levou Pedro e os outros discípulos a deixar a redes e
segui-lo, foi o milagre da rede cheia de peixes que os convencera. “9
Pois que o espanto se apoderara dele e de todos os que com ele estavam, por
causa da pesca que haviam feito,
10 e, de
igual modo, também de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de
Simão. E disse Jesus a Simão: Não temas; de agora em diante, serás pescador de
homens.
11 E,
levando os barcos para terra, deixaram tudo e o seguiram”.Lucas 5:1-11
Jesus fala também
das consequências de rejeitar os seus milagres, “Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se
em Tiro e em Sidom fossem feitos os prodígios que em vós se fizeram, há muito
que se teriam arrependido com pano de saco grosseiro e com cinza.
22 Por isso,
eu vos digo que haverá menos rigor para Tiro e Sidom, no Dia do Juízo, do que
para vós.” Mateus 11:21-22
Os Milagres tinham
o propósito de convencer as pessoas de que Jesus estava a agir em nome e no
poder de Deus, ao rejeitar essas evidências os Judeus estavam a rejeitar a
única forma de terem a salvação. Falando especificamente para o povo
privilegiado que observou as obras de Jesus, Cristo disse: “E tu, Cafarnaum, que te ergues até aos céus, serás
abatida até aos infernos; porque, se em Sodoma
tivessem sido feitos os prodígios que em ti se operaram, teria ela permanecido
até hoje.”
Os Milagres são pois o testemunho
público e poderoso da identidade de Jesus, as pessoas que os rejeitam, correm
sérios riscos.
Cinco
categorias de Milagres
Os evangelhos
relatam-nos pelo menos 35 milagres, produzidos por Jesus, isto sem contar com a
ressurreição e ascensão. Mas estes foram aqueles que ficaram registados, visto
que o apostolo João afirma que: “Jesus, pois, operou também, em presença de seus discípulos, muitos outros
sinais, que não estão escritos neste livro.
31 Estes,
porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e
para que, crendo, tenhais vida em seu nome.” João 20:30
Isto mostra que os três
anos e meio de ministério, Jesus Cristo realizou milagres mais do que
suficientes, para que nós hoje também pudéssemos crer e viver.
Poderíamos então
classificar os milagres de Jesus em pelo menos 5 categorias, Natureza,
Curas físicas, expulsão de demónios, Multiplicação e ressurreição dos mortos.
Milagres
da Natureza – Jesus deu inicio ao seu ministério
precisamente com um milagre deste género, foi num casamento e Cristo
transformou cerca de 100 litros de água no mais delicioso vinho que aqueles
convidados já tinham provado, este milagre beneficiou muitas pessoas. (João
2:1-11)
Outro milagre desta
natureza aconteceu quando Jesus acalmou uma tempestade que amedrontava até os
mais experientes pescadores, depois de Jesus repreender os ventos e acalmar o
mar, os seus discípulos ficaram espantados com o seu poder sobre a natureza “Quem
é este que até o vento e o mar lhe obedecem?” (Marcos 4:41)
Em outras duas ocasiões
Jesus realizou pescas miraculosas, uma no inicio do seu ministério (Lucas 5) e
outra após a sua ressurreição, (João 21). Em ambos os casos Jesus desejava
aumentar a fé dos seus discípulos na sua divindade.
Mais três milagres
impressionantes que Jesus efectuou demonstrando o seu poder sobre a natureza. O
de Pedro encontrando a moeda na boca do peixe tal como Jesus dissera, o da
figueira que secou depois de Jesus a amaldiçoar, e talvez aquele que mais
impressiona, quando Jesus Cristo andou sobre as águas do mar.
Milagres de cura física – Talvez os
milagres mais marcantes no ministério de Jesus sejam estes, visto que tinham um
impacto directo na vida das pessoas. Jesus se deteve pelo menos e segundo o que
está registado 17 vezes para aliviar o sofrimento daqueles que estavam fora do
alcance de qualquer ajuda, Lucas o médico e autor do evangelho com o seu nome,
talvez sensível a este drama relata que: “E toda a multidão procurava
tocar-lhe, porque saía dele virtude que curava
todos.” Lucas 6:19
Pessoas eram curadas com
simples palavras, quer perto (Lc 17:11-19) quer à distância, (Mt 8:5-13) em
alguns casos Jesus tocava as pessoas (Mc 8:22-26) noutro, uma mulher ficou
curada por ter tocado em Jesus. (Lc 8:43-48). Um dos episódios mais hilariantes
de uma cura que Jesus fez, está descrito no capítulo 9 de João, tratava-se de
um cego de nascença, que depois do encontro com Jesus e de ter sido curado,
envolve-se num diálogo com os dirigentes religiosos, dialogo este que até nos
faz rir, a realidade é que ele foi alvo do poder miraculoso de Jesus, dizia
ele: se Jesus não é de Deus então que lhe explicassem o que lhe tinha
acontecido. Ali estava uma prova viva de um testemunho irrefutável.
Milagres
de expulsão de demónios – Uma das profecias cumpridas por
Jesus e mencionado por ele próprio no evangelho de Lucas 4:19 “a apregoar liberdade aos
cativos, …, a pôr em liberdade os oprimidos”
Era na realidade
libertar aqueles que estavam sob o domínio de Satanás, e muitos são os relatos
que os evangelhos mencionam em que tal acontece. Tais relatos levam alguns
cépticos a argumentar que na realidade tais possessões não passavam de insanidade
mental. Se bem que a psiquiatria possa fornecer explicações científicas para
certos casos, (tais como demência) a realidade é que existe a possessão
demoníaca. Os próprios evangelhos fazem distinção de curas: “E a sua fama correu por toda a Síria; e traziam-lhe
todos os que padeciam acometidos de várias enfermidades e tormentos, os
endemoninhados, os lunáticos e os paralíticos,
e ele os curava.” Mateus 4:24
Durante todo o seu
ministério Jesus teve de enfrentar o poder das trevas, quer num ataque directo
à sua pessoa, (Tentação no deserto) quer pelo menos seis vezes em contacto com
endemoninhados. Em cada caso ele demonstra o seu poder expulsando os demónios e
libertando a pessoa. É curiosos que os demónios identificavam Jesus dizendo: “Que
tenho eu contigo, Jesus, filho de Deus altíssimo.” Marcos 5:7
Em Resposta Jesus não
dialogava com eles, simplesmente exorcizava-os.
Os
Milagres da Multiplicação – Por duas vezes Jesus
satisfez a fome da multidão que o seguia alimentando-a milagrosamente. Na primeira
estão mencionados 5 mil homens e na segunda 4 mil. A multiplicação dos cinco
mil homens em parceria com a ressurreição de Jesus, são os únicos milagres
relatados pelos 4 evangelhos, mostrando assim a importância de tal relato por
parte dos evangelistas. A intenção de Jesus foi com certeza alimentar toda
aquela multidão, mas também fortalecer a fé dos seus discípulos pois coube
ainda a cada um deles um cesto cheio de comida.
Milagres de ressuscitar
mortos – Este foi sem qualquer sobra de dúvida o milagre que causou mais
impacto no povo, ele aconteceu por três vezes no ministério de Jesus, com dois
jovenzinhos (Lc 7:11-17) e (Mt 9:18-26). E também com um amigo intimo de Jesus
chamado Lázaro (João 11).
Jesus mostrou com estes
milagres que ele era mais poderoso que a morte, algo que até hoje os homens não
deram solução.
Perante este
milagre as pessoas reagiram de forma diferente, houve quem cresse em Jesus “Muitos, pois, dentre os judeus que tinham vindo a
Maria e que tinham visto o que Jesus fizera creram nele.” João 11:45
Mas houve também
quem o rejeitasse “Mas
alguns deles foram ter com os fariseus e disseram-lhes o que Jesus tinha feito.
47 Depois,
os principais dos sacerdotes e os fariseus formaram conselho e diziam: Que
faremos? Porquanto este homem faz muitos sinais.” João 11:46-47
E depois planearam
conselho para o matarem.
A pergunta que vem
a nossa mente é: porquê de duas reacções tão diferentes perante um milagre tão
extraordinário? O próprio apóstolo João dá a resposta mais à frente, ele diz: “36 Enquanto tendes luz, crede na luz, para que
sejais filhos da luz. Essas coisas disse Jesus; e, retirando-se, escondeu-se
deles.
37 E, ainda
que tivesse feito tantos sinais diante deles, não criam nele,” João 12:36-37
Estes tinham a mente e o
coração fechados, Não houve qualquer negação da sua parte em relação ao milagre
da ressurreição, nem a outros que Jesus fez, simplesmente eles não queriam crer
em Jesus por vontade própria.
Esta atitude por parte de
muitas pessoas rejeitando as evidências, é ainda nos nossos dias vivida pela
humanidade, embora os relatos não desmintam aquilo que Jesus foi e fez, a
realidade é que muitas pessoas preferem seguir a sua vontade, vontade essa
oposta aos desafios que o próprio Jesus coloca. Elas acabam por viver vidas sem
sentido e sem alegria, vivem para o agora e aqui, esquecendo-se do futuro
extraordinário que Jesus lhes quer proporcionar.
Penso que muito se poderia
dizer dos milagres de Jesus, mas há algo que ainda nos pode surpreender, o
próprio Jesus nunca fez nenhum milagre em proveito próprio, embora fosse
tentado nesse sentido (Deserto da tentação, ou sair da cruz).
Aliás penso que a grande tentação
que Jesus viveu em toda a sua vida foi precisamente não fazer uso daquilo que
ele era, para aliviar a sua carga. A sua principal preocupação foi o bem estar
da humanidade.
Milagres
no Novo Testamento.
É importante
perceber que os milagres no seguimento do Novo Testamento estão muito ligados à
acção do Espírito Santo. O próprio Jesus tinha dito aos seus discípulos: “7 Todavia, digo-vos a verdade: que vos convém que
eu vá, porque, se eu não for, o Consolador
não virá a vós; mas, se eu for, enviar-vo-lo-ei.
8 E, quando ele
vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça, e do juízo:” João
15:7-8
E a acção do Espírito
será reconhecida “17 E
nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito derramarei sobre
toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos
jovens terão visões, e os vossos velhos sonharão sonhos;
18 e também
do meu Espírito derramarei sobre os meus servos e minhas servas, naqueles dias,
e profetizarão;
19 e farei
aparecer prodígios em cima no céu e sinais em baixo na terra: sangue, fogo e
vapor de fumaça.”
Actos 2:17-19
É importante perceber que
os milagres efectuados no Novo Testamento quer pelos discípulos de Jesus quer
pelo apóstolo Paulo, não só tem o carimbo do Espírito Santo, como eram
realizados no nome de Jesus, mostrando com isto que o poder não era humano mas
que vinha do alto.
“6 E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e
anda.” Actos
3:6
É importante também
perceber que estes actos milagrosos acontecem ainda com alguma intensidade,
pois era necessário que aqueles que entravam em contacto coma mensagem de Jesus
pudessem acreditar nela contemplando o poder dessa mensagem. A igreja no seu
inicio precisava destas obras para abrir caminho para um futuro triunfante.
Satanás
também faz prodígios
Somos também advertidos quanto ao
poder de Satanás para realizar milagres, o apóstolo Paulo afirma: “E não é maravilha, porque o próprio Satanás se
transfigura em anjo de luz.” 2Coríntios 11:14
Um outro texto fala do homem iníquo
que vai aparecer e que se trata de Satanás personificado, desse Paulo escreve “9 a esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás,
com todo o poder, e sinais, e prodígios de mentira,
10 e com todo engano da injustiça
para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem.” 2Tesselonicenses 2:9-10
Nos evangelhos temos
uma citação curiosa daqueles que pensando estar a fazer a obra de Deus, estavam
na realidade a ser dirigidos por Satanás. “22 Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não
expulsamos demónios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas?
23 E, então,
lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que
praticais a iniquidade.” Mateus 7:22-23
Isto devia
alertar-nos para o facto de podermos ser enganados pelos nossos sentidos, algo
que não será difícil acontecer, sendo o desafio perceber se é algo divino ou
maligno. “24
porque surgirão falsos cristos e falsos profetas e farão tão grandes sinais e
prodígios, que, se possível fora, enganariam até os escolhidos.” Mateus 24:24-25
Se Satanás e os
seus anjos são capazes de realizar milagres e sinais prodigiosos, então
poderíamos dizer que sinais, milagres e curas, não constituem nenhuma garantia
de que seja o poder divino que está a actuar.
A autora Ellen G. White no
livro “Conselhos a pais professores e estudantes” na pagina 53 diz o seguimte:
“A maneira em que Cristo operava era pregar a Palavra e aliviar o sofrimento por meio de operações miraculosas de cura. Foi-me dito, entretanto, que não podemos agora trabalhar dessa maneira; pois Satanás exercerá o seu poder de operar milagres. Os servos de Deus não podem hoje trabalhar por meio de milagres, pois operações espúrias de cura, dizendo-se divinas, serão realizadas. – {MS 14.2}
Por essa razão, o Senhor indicou um meio pelo qual Seu povo deve levar avante a obra de cura física em combinação com o ensino da Palavra. Devem-se estabelecer sanatórios, e a estas instituições cumpre que sejam ligados obreiros que levarão a cabo a obra médico-missionária genuína. Dessa forma, uma influência protetora é lançada em torno daqueles que vêm aos sanatórios em busca de tratamento. – {MS 14.3}
Esta é a provisão feita pelo Senhor, mediante a qual deve ser realizada a obra médico-missionária em favor das almas.”
É interessante perceber
também que a actuação de Deus pode ser substituída por meios que ele coloca ao
nosso dispor para podermos aliviar o sofrimento das pessoas. Hoje, pregadores e
membros desejam milagres espectaculares e com efeitos imediatos, mas não é esta
a forma de Deus agir, se ele o faz uma vez ou outra é por sua omnisciência.
Satanás tem sempre um
preço a cobrar, ele não beneficia ninguém que depois não vá buscar em dobro,
ele pode fazer algum aparente milagre na vida de alguém, mas o preço a pagar
por essa pseudo-dádiva é a nossa vida eterna. Como ele tentou iludir Jesus com
a beleza dos reinos deste mundo (Mt 4:8-9), ele o faz também connosco. Muitas
vezes o homem vende a sua alma por uma ilusão.
Sinais,
que ajudam a discernir o verdadeiro do falso milagre, quando este é solicitado.
Quais são as
possibilidades de reconhecer a proveniência do milagre?
1- Aquele
que ora, pede a Deus o milagre ou dirige-se a outra fonte de poder?
2- A
petição é feita segundo o modelo que Jesus ensinou? Ou seja “Não
se faça a minha vontade mas a tua” ou a pessoa ordena a Deus a
realização do milagre?
3- A
vida e a fé do que pede o milagre estão em harmonia com a palavra de Deus?
4- Será
que o que espera um milagre tem respeitado as leis da natureza? Ex: Aquele que
pede um milagre de cura, mas depois prejudica o seu corpo com coisas nocivas.
5- Aquele
que ora por um milagre, deseja glória pessoa? ou glorifica a Deus?
6- O
Milagre que se quer é banal e supérfluo? ou consistente e importante? Ex: Quero
ganhar na lotaria para ajudar outros.
7- Os
efeitos do milagre são duradouros? Ou efémeros?
E quando os Milagres não
são correspondidos conforme o nosso desejo
Nas sagradas
escrituras temos um dos mais conhecidos pedidos de milagre que foi feito, mas
que também nunca se realizou, trata-se da cura pedida pelo apostolo Paulo por
causa do espinho na carne. “Acerca do qual três vezes orei ao Senhor, para que se desviasse de mim.
9 E disse-me: A
minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza.” 2
Coríntios 12:8-9
Não sabemos ao certo que
espinho na carne seria, no entanto, percebemos que Deus não actuou conforme o
desejo de Paulo. A lição foi, que ao conviver com essa fraqueza, o poder de
Deus poderia se desenvolver.
Outra possibilidade é que
Deus não responda de imediato, e por isso a resposta não vem na altura que
desejávamos. Ex: Maria e Marta que chamaram Jesus para actuar antes do seu
irmão Lázaro morrer, mas o milagre só acontece depois da sua morte, quando já
não havia esperança humana. Ver (João 11), o Milagre serviu para beneficiar
aquela família mas também glorificou a Deus.
Falar de milagres é falar
de algo que o homem não pode nem prever nem controlar, é uma acção divina
beneficiando a humanidade, costuma-se dizer que milagres não se explicam,
aceitam-se.
Por vezes a dúvida leva-nos
a racionalizar o milagre, mas é na medida em que
FIM
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