Gostaria de saber se
em I Timóteo 4:1-5 Paulo não estaria ordenando os cristãos a comerem de tudo.?
O texto de I Timóteo
4:1-5 fala da apostasia dos “últimos tempos”, quando falsos mestres propagariam
“ensinos de demónios”, proibindo “o casamento” e exigindo a “abstinência de
alimentos, que Deus criou para serem recebidos, com ações de graça, pelos fiéis
e por quantos conhecem plenamente a verdade”. A isso é acrescentado: “pois tudo
que Deus criou é bom, e, recebido com ação de graças, nada é recusável, porque,
pela Palavra de Deus e pela oração, é santificado”.
Algumas pessoas têm
sugerido, equivocadamente, que nesse texto Paulo esteja eliminando todas as
distinções entre alimentos “limpos” e “imundos” do Antigo Testamento (ver Lv
11), e que os cristãos do Novo Testamento têm hoje plena liberdade de comer,
sem quaisquer restrições, de “tudo que Deus criou”. Ora, se esse fosse o caso,
então estaríamos justificados em comer até mesmo a carne de outros seres
humanos, também criados por Deus (Gn 1:26 e 27), o que é completamente
inaceitável.
Abalizados comentaristas bíblicos têm
reconhecido que a discussão de Paulo em I Timóteo 4:1-5 diz respeito a certas
proibições alimentares antibíblicas, propagadas pelos gnósticos do 1.º século
d.C. Os adeptos do gnosticismo criam que a
matéria fora criada não por Deus, mas por uma divindade inferior (Demiurgo),
sendo má em sua essência. Abstendo-se de relações sexuais e de certos alimentos
“materiais” (especialmente de toda espécie de carne), criam que estavam dando
provas de uma mais profunda espiritualidade, que levaria a alma a libertar-se
futuramente de tudo
o que é material.
Paulo contesta essa
dicotomia gnóstica, ao afirmar que os verdadeiros “alimentos” foram criados
pelo próprio Deus (e não por uma divindade inferior), sendo conseqüentemente
bons e apropriados para o consumo. Portanto, o texto sob discussão não está
dizendo que podemos comer de tudo o que Deus criou (alimentos e não alimentos),
mas apenas de tudo aquilo que Ele criou com o propósito específico de servir
como alimento.
FIM
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Fonte: Sinais dos Tempos,
novembro/dezembro de 2001. p. 30
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