Como podemos entender Mateus 15:10-20? Ali é dito que “não é o que entra pela
boca o que contamina o homem” (verso
11).
Não é necessário ser um perito em exegese bíblica para perceber que Cristo está Se referindo aqui não à contaminação física e sim à contaminação espiritual do homem. Se realmente pudéssemos ingerir qualquer coisa, sem que isso prejudicasse o nosso organismo, então não haveria mais necessidade de conhecermos os princípios básicos de nutrição e higiene, de procurarmos consumir apenas os alimentos da melhor qualidade e de advertirmos os jovens a respeito dos malefícios das drogas.
Para compreendermos a declaração de Mateus 15:11, precisamos levar em consideração o fato de
que ela foi proferida por Cristo em resposta à acusação dos “fariseus e
escribas”, de que os discípulos transgrediam “a tradição dos anciãos”, ao
comerem sem antes lavar as mãos (versos 1 e 2). Esse
ato de lavar ritualmente as mãos não era motivado por razões de higiene, mas
para evitar a contaminação religiosa. Mesmo destituído de qualquer fundamentação
bíblica, o rito era considerado pelos fariseus tão normativo como a própria lei
mosaica.
Tentando romper com essa tradição infundada, Cristo declarou
que a contaminação religiosa do ser humano não reside na prática de ritos
exteriores, mas na degradação interior do coração que se manifesta
exteriormente. Ele esclarece: “Porque do coração procedem maus desígnios,
homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias.
São estas as coisas que contaminam o homem; mas o comer sem lavar as mãos não o
contamina” (Mt 15:19 e 20; ver também 23:1-39). Em outras palavras, Cristo deixou claro “que o
mal que sai da boca é muito maior do que qualquer mal que possa entrar nela
quando se come alimento ritualmente impuro”
(R.V. G. Tasker).
(R.V. G. Tasker).
O mesmo incidente de Mateus
15:1-20 é também registrado em Marcos 7:1-23,
com o acréscimo das palavras: “E, assim, considerou ele puros todos os
alimentos” (verso 19). É importante notarmos que,
mesmo nesta afirmação, Cristo não está dizendo que todas as coisas, quer animais
ou vegetais, são puras e apropriadas para a alimentação. O que o texto está
enfatizando é simplesmente o fato de que todas as coisas divinamente criadas com
o propósito de servirem como alimento aos seres humanos são apropriadas,
independente da falsa contaminação a elas atribuídas pelas tradições farisaicas
sobre o lavar ritual das mãos antes das refeições.
FIM
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Fonte: Sinais dos Tempos, maio de 1998, p. 29
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