Os filisteus
Potência militar rival de Israel na antiguidade foi varrida da História em
cumprimento ao oráculo divino
“A história bíblica nos fala que
a vitória de Israel sobre os poderosos filisteus veio pelo poder de Deus”
Reinaldo W. Siqueira, Ph.D., em
Antigo Testamento pela Andrews University (EUA), é professor de Línguas e
Exegese Bíblicas e de Teologia do AT no Seminário Latino-Americano de Teologia
em Engenheiro Coelho, SP.
Um dos povos do Antigo Oriente
Médio mais citados na Bíblia são os filisteus. Referências a eles aparecem
desde os dias de Abrãao e Isaque até o tempo do exílio babilônico, totalizando
assim um período de cerca de 1.500 anos de contato e convivência com o povo de
Deus. Mas quem eram os filisteus? Quais eram suas origens? Eles ainda existem ou desapareceram do cenário
da história?
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O texto bíblico traça a origem dos
filisteus a um dos povos originários do Egito, os “casluim”, que eram
descendentes de Mizraim, filho de Cão, um dos três filhos de Noé. Aparentemente,
uma parte dos filisteus teria se estabelecido na região de Canaã desde os dias
dos patriarcas, enquanto a maioria deles teria saído da região do Egito e então
migrado para a região da ilha de Creta.
O grupo de filisteus que aparece em
Gênesis, nos dias de Abraão e Isaque, é apresentado no texto bíblico como relativamente
pequeno, habitando uma pequena região localizada ao sudoeste de Canaã,
dominada pela cidade de Gerar (próximo à cidade de Gaza). Esses fílisteus tinham pouco poderio militar. Um quadro
diferente, no entanto, e apresentado dos filisteus do período de juizes
(começando com Sangar) e dos primeiros reis de Israel (Saul e Davi), ou seja,
por volta do ano de 1300 a 1000 a.C. Os filisteus desse tempo formavam uma
poderosa liga militar envolvendo cinco cidades (Asdode, Gaza, Ascalorn, Gate e Ecrom) que dominavam
toda a região sudoeste de Canaã, fazendo fronteira com o Egito. Eles se
tornaram um poderio respeitado na região e oprimiam severamente a Israel. Uma
idéia da força militar dos filisteus desse tempo aparece em 1a. Samuel 13:5, onde se descreve o exército filisteu corno tendo “trinta mil
carros, e seis mil cavaleiros e povo em multidão
como a areia do mar”. Flecheiros faziam parte também desse exército.
Detalhes da
armadura e dos equipamentos de guerra de um soldado filisteu aparecem na descrição do aparato militar de Golias: capacete de
bronze, couraça de escamas, caneleiras de bronze, dardo de bronze, lança com
uma haste, escudo e espada ( 1o.
Sam. 17:5-7, 50 e 51). Esse aparato militar
corresponde detalhadamente ao aparato típico dos
guerreiros da região do mar Egeu.
Devido à proximidade das ilhas do Mar Egeu e da própria Grécia, os filisteus teriam se associado aos povos dessa região,
assumindo muito de seus costumes e se integrado então ao grupo chamado de “os Povos do Mar”. No final do 2o.
milênio a.C.. esses povos varreram a região do Antigo Oriente Médio com grande poder. Documentos da época
(principalmente do Egito) e recentes escavações arqueológicas evidenciam suas
poderosas conquistas. Muitas cidades foram então totalmente destruídas para
serem logo reconstruídas por um povo de nova cultura. Os israelitas, que
recentemente haviam invadido e dominado parte da região de Canaã, tiveram de se
defrontar com um extraordinário poder que havia
abalado as nações mais poderosas da época.
A história bíblica nos fala que a vitória de Israel sobre os poderosos
Filisteus veio, no entanto, não por sua
capacidade militar, mas sim pelo poder de Deus. Yahweh Se manifestava para ajudar e livrar o Seu povo, quando este O buscava sinceramente.
Finalmente, Davi não só venceu o grande campeão filisteu, o gigante Golias, mas pôs um fim sobre a supremacia
filistéia sobre Israel.
Referências aos filisteus aparecem nova mente nos tempos dos reis Josafá,
Jeorão, Uzias, Acaz e Ezequias, ou seja, de cerca de 900 a 700 a.C. As últimas referências aos filisteus na Bíblia aparecem no tempo do exílio babilônico e do rei
Nahucodonosor, por volta de 600-570 a.C. O mesmo ocorre nos documentos
históricos do Antigo Oriente Médio.
A partir do Império Medo-Persa (539 a.C.), os
filisteus tinham desaparecido
do cenário da História de uma vez por todas, cumprindo-se
assim as palavras da profecia: “Porque Gaza
será desamparada, e Asquelom ficará deserta; Asdode, ao meio-dia, será expulsa, e Ecrom, desarraigada. Ai dos que habitam no litoral, do povo dos
quereítas [povo de Creta]! A palavra do Senhor será contra vós outros, o Canaã,
terra dos filisteus, e Eu vos farei destruir, até que não haja um morador
sequer (Sofonias 2:4 e 5).
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