TESES CAPCIOSAS SOBRE O SÁBADO
Arnaldo B. Christianini – Subtilezas do Erro –
Capitulo 21 – 3a. Edição 1881 – CASA
Neste capitulo e nos seguintes vamos analisar quatro teses geralmente
formuladas contra o dia divino de guarda.
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Ei-las:
1. Ensinamos não se salvar quem não guarda o
sábado, e que todos os observadores do domingo têm o sinal da besta:
2. O sábado é um mandamento de dupla natureza: uma
cerimonial, que é a fixação de um dia certo de repouso: outra moral, que é a
guarda de um dia em sete:
3. A santificação do sábado é idêntica á
santificação das festas judaicas capituladas em Lev. 23:
4. Não podemos provar que o sábado não se tenha
perdido antes do dilúvio, no Egito. no período anárquico dos juízes, no
cativeiro babilônico ou em algum outro tempo.
Vamos reduzir a pó estas objeções.
Primeira Tese
A Bíblia não diz — nem nós dizemos — que somos salvos pela guarda do sábado, como
também pela obediência ao pai ou mãe, ou abstendo-nos de matar, roubar,
adulterar, mentir, enfim, pela observância de qualquer dos mandamentos de
Deus. Nenhum cristão, por mais inculto que seja, jamais admitiria um absurdo
deste. Salvação é em Cristo, e somente em Cristo. Por Ele somos salvos, porém
eis a questão: somos salvos para pecar e transgredir. ou somos salvos para a
justiça? Sem dúvida, somos salvos para que a justiça de Deus se cumpra em nós’,
somos salvos para a obediência, para uma vida correta, santificada. Somos
salvos para fazer a vontade de Deus, somos salvos para as obras, que Deus
preparou para que andássemos nelas. Somos salvos para confirmar nossa “eleição
e vocação”. Por isso, a evidência da salvação é a guarda de todos os
mandamentos. Sem omissão de um sequer. (5. Tia. 2:10.) Prova que o caráter do
salvo coincidiu com o seu nome no livro da vida.
Jamais ensinamos que somente nós nos salvamos ou que
pessoas sinceras que jamais tiveram conhecimento do sábado venham a perecer.
Perlustrem a nossa literatura, e certifiquem-se se este é o nosso ensino ou a
nossa crença. A Escritura diz que Deus não leva em conta os tempos da ignorância
de Sua doutrina verdadeira. Atos 17:30.
Proclama-se alto e bom som, que a Sra. White é a
papisa dos adventistas do sétimo dia
— a sua mais alta expressão
doutrinária. Então é preciso admitir também que o que ela realmente disse
representa a nossa verdadeira crença. Pois bem, assim se expressa ela em
relação aos que não tiveram conhecimento da lei divina:
“Entre os pagãos encontram-se pessoas que adoram a
Deus na ignorância. às quais nunca foi levada a luz por meio de instrumentos
humanos, e que não obstante não perecerão. Apesar de ignorantes quanto ã lei
escrita de Deus, eles ouviram Sua voz a falar-lhes por meio da Natureza, e
fizeram aquilo que a lei requer. Suas obras são a evidência de que o Espírito
Santo tocou seu coração, e são reconhecidos como filhos de Deus.”’
Agora, o outro aspecto da tese: a marca da
apostasia. O sinal da besta — em torno do qual tanto alarde fazem os nossos
oponentes — é um evento profético que se dará no futuro. segundo se depreende
dos ensinos da Palavra de Deus. Citemos ainda as palavras da Sra. White, que os
opositores proclamam ser a nossa insuperável profetísa:
“Os cristãos das gerações passadas observaram o
domingo, supondo que em assim fazendo estavam a guardar o sábado bíblico: e hoje
existem verdadeiros cristãos em todas as igrejas, não excetuando a comunhão
católica romana, que crêem sinceramente ser o domingo o dia de repouso
divinamente instituído. Deus aceita a sinceridade de propósitos de tais pessoas
e sua integridade. Quando, porém. a observância do domingo for imposta por lei,
e o mundo for esclarecido relativamente á obrigação do verdadeiro sábado. quem.
então transgredir o mandamento de Deus para obedecer a um preceito que não tem
maior autoridade que a de Roma, honrará desta maneira ao papado mais do que a
Deus. Prestará homenagem a Roma. e ao poder que impede a instituição que Roma
ordenou. Adorará a besta e a sua imagem. Ao rejeitarem os homens a instituição
que Deus declarou ser o sinal de Sua autoridade, e honrarem em seu lugar a que
Roma escolheu como sinal de sua supremacia, aceitarão, de fato, o sinal de
fidelidade para com Roma — ‘o sinal da besta’. E somente depois que esta
situação esteja assim plenamente exposta perante o povo, e este seja levado a
optar entre os mandamentos de Deus e os dos homens, é que. então, aqueles que
continuam a transgredir hão de receber o ‘sinal da besta’.” 2 (Grifos
nossos).
Se isto não bastar, citemos outro trecho da mesma
escritora:
“Ninguém recebeu ainda o sinal da besta, pois o tempo
de provação ainda não chegou. Há verdadeiros cristãos em todas as igrejas, sem
excetuar mesmo a católica romana. Ninguém é condenado enquanto não tiver a luz
e veja a exigência do quarto mandamento. Porém, quando sair o decreto,
tornando obrigatória a guarda do dia espúrio de repouso. e o alto clamor do
terceiro anjo advertir os homens contra o culto da besta e de sua imagem. será
claramente demarcada a linha entre o falso e o verdadeiro. Então aqueles que
continuarem em transgressão receberão o sinal da besta. “~
Dizem que os adventistas do sétimo dia têm um
outro escritor muito acatado. cujas obras estão sendo traduzidas para o
português, o Sr. lJriah Smith. Pois bem. São da lavra desse “escritor muito
acatado” as seguintes palavras:
“Dir-se-á ainda: Então todos os observadores do
domingo têm o sinal da besta? Então todos os justos do passado. que guardaram
esse dia, têm o sinal da besta? Então Lutero, Whitefield, os Wesleys e todos
os que fizeram uma notável obra de reforma, tinham o sinal da besta? Então
todas as bênçãos que foram derramadas sobre as igrejas reformadas, o foram
sobre pessoas que tinham o sinal da besta? E todos os cristãos que hoje guardam
o domingo como sendo o sábado, têm o sinal da besta? Respondemos: Não. E
lamentamos dizer que pretensos ensinadores religiosos, posto que muitas vezes
corrigidos, persistem em nos representar mal neste ponto. Nunca defendemos isso nunca o ensinamos, Nossas premissas não levam a tais conclusões.
Prestai atenção: o sinal e adoração da besta são impostos pela besta de duas
pontas. A recepção do sinal da besta é um ato especifico que a besta de duas
pontas há de levar a fazer. A terceira mensagem de Apoc. 14 é uma advertência
misericordiosamente enviada com antecedência a fim de preparar o povo para o
perigo vindouro, Não pode, portanto, haver adoração da besta, nem recepção do
seu sinal — tal como a profecia indica
— até que seja imposta pela besta de
duas pontas. Vimos que a intenção era essencial na mudança que o papado fez na
lei de Deus, para constituí-la o sinal daquele poder. Assim a intenção é
necessária na adoção daquela mudança, da parte de cada individuo, para a
recepção daquele sinal. Noutras palavras, uma pessoa tem de adotar a mudança,
sabendo que ela é uma obra da besta, recebendo-a sob a autoridade daquele
poder, em oposição à ordem de Deus.
Que sucede com os homens citados, que guardaram o
domingo no passado e a maioria dos que o guardam hoje? Guardam-no como uma
instituição do papado? — Não. Chegou o
tempo de decidirem entre o sábado do Senhor e o outro? — Não. Por que motivo o
guardaram e o guardam ainda? Supõem que estão a guardar um mandamento de Deus!
Seu procedimento é atribuível a um erro inconscientemente recebido da igreja de
Roma, e não a um ato de adoração prestada a ela.” 4
Aí estão as nossas mais legítimas expressões
doutrinárias, respondendo às infundadas acusações. Pessoas que têm peso de
autoridade em nossas doutrinas.
O que nos condena não é o que praticamos na
ignorância, mas o que persistimos em fazer depois que tivemos o
conhecimento da lei de Deus. Diz a Bíblia: “Aquele, pois, que sabe fazer o
bem e não o faz, comete pecado.” S. Tia. 4:17 e qualquer que violar um destes
mais pequenos mandamentos e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no
reino dos Céus...” S. Mat. 5:19. Deus enviou o movimento adventista ao mundo,
não para condenar os homens, mas para pregar a verdade. O juízo a Deus
pertence. Ele saberá os que terão o sinal da besta.
À vista de tudo o que expusemos, não é correta a
afirmação de que sustentamos ferrenhamente que uma pessoa não se salva se não
guardar o sábado, dele não tendo conhecimento. Ensinamos que quem é salvo,
prova-o pela obediência aos mandamentos de Deus. Aquele que é redimido pela
graça de Cristo. anda em obediência a toda a luz que Deus projetou em seu
caminho. Não inventa subterfúgios para contornar a guarda dos mandamentos. Diz
a Escritura que o caminho dos justos “é como a luz da aurora que vai brilhando
mais e mais até ser dia perfeito”. Prov. 4:18. Pedro intima os cristãos:
“acrescentai à vossa fé” uma longa lista de virtudes cristãs. II S. Ped. 1:5-7. Quando obedecemos, crescemos na graça: quando
deliberadamente recusamos prosseguir na senda da lei divina porque defrontamos
algum preceito difícil de ser obedecido ou algo que exija renúncia. estamos na
verdade rejeitando a luz do Céu, e a nossa situação é perigosa. Heb. 10:26 e
27. Com relação aos judeus que rejeitaram o seu ensino, declarou Jesus: “Se Eu
não viera, nem lhes houvera falado, não teriam pecado. mas agora não têm
desculpa do seu pecado.” S. João 15:22.
A muitos sinceros cristãos nunca foi revelado u
pecado de violar o quarto mandamento da lei moral, que diz “o sétimo dia é o
sábado do Senhor teu Deus” e são, portanto, tidos por justificados aos olhos de
Deus e perfeitamente dignos de um lugar no Céu. Aqueles. porém. que tiveram
tal conhecimento. e o rejeitam, ficam sob a condenação. E mais ainda: cremos
que Deus, em Sua Infinita sabedoria, viu com clarividência ao fazer o sábado, a
grande prova de lealdade a Ele, nestes últimos dias: e que antes de terminar o
tempo da graça para os habitantes do mundo, estes receberão o conhecimento e a
convicção desta verdade, e terão de tomar a sua decisão eterna. Nessa ocasião —
e somente nessa ocasião — aqueles que rejeitarem a luz adicional,
automaticamente se desligarão de Deus e receberão o sinal da apostasia — o
sinal da besta.
Portanto, os opositores precisam revisar e
retificar as suas inexatas afirmações em relação a nossa crença.
1 E. G. White. O Desejado de
Todas as Nações pág. 348
2. E. G.White. O Conflito dos Séculos (
Edição antiga) pág. 448
2 E. G. White. Evangelismo.
pags. 234 e 232
4. Uriah
Smith. Daniel and Revelation. Pág. 613 e 616.
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