O SÁBADO NA IGREJA APOSTÓLICA
Pastor Humberto Carletti Banhara
Compilado da Apostila – O Sábado –
Curso Estudos em Religião
Se
investigarmos detidamente a história da igreja apostólica, perceberemos que o
Sábado continuou sendo observado como o único dia de repouso entre os cristãos
do primeiro século. A igreja cristã nasceu na terra dos judeus, com uma
perspectiva judaica da vida, e com uma herança de conceitos judaicos. Todos os
primeiros discípulos eram de origem judaica, com idéias judaicas da palestina.
Nos primórdios da igreja, estes discípulos trabalharam apenas entre seu próprio
povo, e, conseqüentemente ganharam conversos apenas dessa raça.
Os conversos
judeus no princípio aderiram naturalmente, tanto quanto possível, as sagradas
tradições de seus pais. Eles não podiam crer que a religião do Antigo Testamento,
revelada pelo próprio Deus, deveria cessar.
Os primeiros
cristãos não criam que pertencessem a uma nova religião. Eles haviam sido
judeus toda sua vida e continuavam sendo. Isto e
certo, não só de Pedro e dos doze, mas também dos sete, e até mesmo de Paulo. Sua
fé não consistia em uma negação do judaísmo, mas consistia antes em uma convicção
em que a idade messiânica, tão esperada pelo povo hebreu, havia chegado.
Conforme Paulo a expressa aos judeus em Roma no final de sua carteira: “pela
esperança de Israel estou preso com esta cadeia” (Atos 2 8:20). Isto é, a
razão pela qual Paulo e os demais cristãos são perseguidos não é porque
se opunham ao judaísmo, mas porque criam e pregavam que em Jesus cumpriram-se
as promessas feitas a Israel.
Por esta
razão, os cristãos da igreja de Jerusalém continuaram guardando o Sábado e
assistindo ao culto no templo.
Os Primeiros Cristãos e o Sábado
O livro de
Atos menciona um número considerável de referências ao Sábado. entre os
cristãos da igreja primitiva, que continuaram se reunindo nesse dia para o
serviço religioso. Nada menos que 84 reuniões no Sábado, em diferentes lugares,
podem ser enumeradas:
1. Uma
em Antioquia, 14 anos após a cruz (Atos 13:14).
2. Outra
novamente em Antioquia, também 14 anos após a
cruz (Atos 13:42.44).
3. Uma
em Filipos, 22 anos após a cruz (Atos 16:13)
4. Três
em Tessalônica também 22 anos após a cruz (Atos 17:2).
5. Setenta
e oito em Corinto, 24 anos após a cruz (Atos 18:4 e 11).
Embora o propósito evangelístico do apóstolo
Paulo, ao participar do culto da sinagoga, aos Sábados, não possa ser negado,
as evidências de que ele e os demais apóstolos eram observadores do Sábado
residem numa base mais sólida. Lucas afirma que, como Cristo tinha por
“costume” freqüentar a sinagoga aos Sábados (Luc 4:16). o apóstolo Paulo
manteve também o mesmo “costume” (Atos 17:2). Mas sua relação para com o Sábado
não se restringia apenas a oportunidade evangelística, fornecida pelo culto da sinagoga
judaica pois, estando certa ocasião em Filipos, ele e seus companheiros, saindo
da cidade, buscaram um lugar de oração junto às margens do rio Gangites. onde
pudesse realizar seu culto sabático (Atos 16:13). Outro texto significativo,
que merece ser considerado, é Atos 13:42.44, que diz:
“Ao saírem eles, rogaram-lhes que nos Sábado seguinte lhes falassem estas mesmas palavras Despedida a
sinagoga, muitos dos judeus e dos
prosélitos piedosos seguiram a
Paulo e a Barnabé, e estes,
falando-lhes, os persuadiram a perseverar
na graça de Deus. No Sábado seguinte, afluiu quase toda a cidade
para ouvir a palavra de Deus”
Estes textos
demonstram:
a Que
pelo termo sábado, no livro de Atos, faz-se referência ao dia no qual o povo
judeu se reunia na sinagoga para ouvir a voz dos profetas.
b. Que,
como este discurso foi proferido 14 anos após a ressurreição de Cristo não
havia, mesmo depois de muitos anos, chegado ao conhecimento de Paulo, nem de
Lucas uma suposta mudança em relação ao dia de guarda.
c. Que
essa foi uma extraordinária oportunidade para mencionar
a mudança do Sábado, caso o sábado realmente houvesse sido mudado em honra à
ressurreição de Cristo pois quando Paulo foi solicitado a pregar as mesmas
palavras no Sábado seguinte era o dia apropriado para o culto divino e
Lucas. ao registrar o incidente, não poderia ter deixado de mencionar esse novo dia, se houvesse realmente
outro dia se tornado o Sábado do
Senhor.
d. Que,
como essa segunda reunião era composta quase que em sua totalidade de
gentios, não se pode afirmar neste
caso que Paulo pregou no Sábado por causa dos judeus, pelo contrário, a
narrativa indica enfaticamente a relação de Paulo para com o Sábado como o
dia apropriado para o culto divino.
e. Nem
ainda pode-se negar o fato de que o Sábado era bem conhecido pelos gentios
desta cidade, e que eles tinham certo grau de relação com ele, fato este que é
corroborado por outros textos.
O Concilio de Jerusalém
Em Atos 15
encontramos a descrição dos eventos relacionados com o Concilio de Jerusalém,
que teve lugar em cerca de 49 AD. Controvérsias sobre a questão da circuncisão
dos gentios (Atos 15:1-5), fez com que os apóstolos e presbíteros se reunissem
em Jerusalém para examinarem detidamente o assunto. Entre os líderes que compareceram ao concílio estavam Pedro,
Tiago, Paulo e Barnabé (Atos 15:7, 12 e 13).
Embora o
motivo inicial da convocação do concílio fosse a questão da circuncisão dos
gentios, as discussões não se restringiam apenas a elas, mas examinaram também
os demais problemas enfrentados pela igreja primitiva da época.
Pelo menos
quatro importantes decisões foram tomadas:
a. Com
respeito a idolatria,
b. Com
respeito às relações sexuais ilícitas.
c. Com
respeito as leis de saúde.
d. Com
respeito aos pobres.
Mas em parte
alguma do relato transparece qualquer indício de urna controvérsia sobre a
observância do Sábado. A única referência ao Sábado nesse contexto é encontrada
em Atos 15:21 “Porque Moisés tem, em cada cidade desde tempos antigos, os que
pregam nas sinagogas, onde é lido todos os Sábados.”
Em realidade
tivessem os judaizantes encontrado os gentios negligenciando o Sábado, e
inquestionavelmente, este teria sido o primeiro motivo de sua censura. É digno
de nota que nenhuma disputa houve nesse tempo na igreja, em relação coma observância
do Sábado; pois nada sobre o assunto foi trazido diante desta assembléia
apostólica. A questão não foi colocada em discussão nessa ocasião - uma prova
conclusiva de que os gentios não haviam sido ensinados a negligenciar o
Sábado, como haviam sido, a omitir a circuncisão,
que foi o motivo de serem trazidos
diante dos apóstolos em Jerusalém. Todavia o Sábado foi
referido nessa mesma assembléia como uma instituição existente, e isso, também,
em relação com os cristãos gentios (Atos 15: 19-21).
A Prova
Real de que Paulo era um Observador do Sábado
Ainda que as
evidências anteriormente mencionadas sejam conclusivas, a prova real de que
Paulo continuou sendo um fiel observador do Sábado até o final de sua vida é
encontrada em suas declarações, registradas em Atos 25:8; 26: 4-6;
28:17.
Quando Paulo
esteve em Jerusalém, os judeus levaram-no para ser julgado perante o governador
romano. Neste julgamento eles evidentemente procuraram tudo o que pudessem
encontrar contra ele - suas
doutrinas, bem como sua conduta. Foi acusado de ser
“um promotor de sedições entre os judeus” e “o principal agitador da seita dos
nazarenos”. Atos 24:5.
Estes foram os
judeus que acusaram Jesus, porque Ele não guardava o Sábado da maneira que lhes
agradava, e que reclamaram porque os seus discípulos colheram alguns punhados
de grãos, enquanto passavam por uma seara em dia de Sábado, e, desta forma
alegavam eles, profanavam o dia.
Ora, se Paulo
por ocasião deste julgamento houvesse abandonado complemente a observância do
Sábado, os judeus certamente teriam encontrado um motivo justo, do ponto de
vista judaico, para acusa-lo de heresia o que eles estavam então tentando
fazer. Mas apesar de tudo, não existe qualquer referência da parte deles em
relação com a observância do Sábado.
Antes, ouvimos
Paulo dizer:
“Quanto a minha vida, desde a
mocidade, todos os judeus a conhecem... porque vivi fariseu conforme a seita
mais severa da nossa religião. E agora estou sendo Julgado por causa da
esperança da promessa que por Deus foi feita a nossos pais.” Atos 26:4-6.
“Nenhum pecado cometi contra a
lei dos judeus, nem contra o templo...” Atos 25:8.
“Nada havendo feito contra o povo
ou contra os costumes paternos.” Atos 28:1
Paulo jamais
poderia ter afirmado isso se ele houvesse abandonado uma das mais sagradas
observância dos judeus - o
Sábado.
Análise de Alguns Textos
Controvertidos:
Por mais
conclusivas e esclarecedoras que possam ter sido as considerações anteriores,
elas seriam incompletas sem uma breve análise dos principais textos usados para
contestar a validade do Sábado como o dia de repouso do Novo Testamento. Assim
sendo, passaremos a considerar. de forma objetiva e clara aquilo que cremos ser
o verdadeiro sentido dos textos comentados a seguir.
João 20:19
Como é dito que os discípulos estavam reunidos “ao cair da tarde” do dia
em que Cristo ressuscitou.
algumas
pessoas usam este texto como um argumento para apoiar a observância
do domingo como dia de repouso.
E certo que os
discípulos estavam reunidos no domingo da ressurreição. mas rejeitamos a
pretensão de terem se reunido para culto. em honra da ressurreição, e que tal
procedimento indique a mudança do Sábado. Consideremos alguns pontos:
1. A
Bíblia declara explicitamente que até as horas finais daquele domingo da
ressurreição, os discípulos descriam da nova de que Cristo havia ressuscitado,
e que se achavam reunidos no cenáculo porque evidentemente ali era sua
habitação (Atos 1:13)
2. Estavam
com as portas cerradas com “medo dos judeus”. De um grupo de homens que
passaram o dia temendo e descrendo, dificilmente se poderia dizer que
estivessem empenhados em adoração espiritual, e muito menos em celebrar a
ressurreição. Com certeza, nada haveria de pasmar mais estes discípulos do que
o pensamento de que os cristãos do século vinte haveriam de empenhar-se em
basear um argumento a favor da santidade do Domingo sobre o mero fato de se
terem nesse dia reunido em sua própria habitação.
3. Portanto, uma vez que no próprio texto de João 20:19 o dia da
ressurreição é mencionado simplesmente como sendo o “primeiro (dia) da semana”,
e o motivo da reunião, como sendo o “medo dos judeus”, a conclusão inevitável é
que o texto não fornece o mínimo apoio para a observância do Domingo.
I
Coríntios 16:2
Se
considerarmos atentamente o conteúdo deste texto, perceberemos:
1. Que,
ao utilizar a expressão “primeiro dia da semana”. Paulo não atribuiu qualquer
distinção especial ao Domingo.
2. Que
a orientação de Paulo aos crentes da igreja de Corinto é que separassem sua
oferta, no primeiro dia da semana. “em casa” e não em qualquer reunião pública.
3. Que
a justificativa apresentada é simplesmente “para que se não façam coletas
quando eu for”.
Dificilmente
se pode afirmar que neste verso esteja implícita a observância do Domingo. A
expressão grega implica em que o por de parte era feita “em casa”.
E Samuele
Bacchiocchi esclarece ainda mais a questão ao afirmar que a menção de Paulo ao
primeiro dia pode ter sido motivada mais por razões práticas do que teológicas.
Nenhuma computação ou transação financeira era feita pelo judeus no Sábado.”
Diante disso,
somos levados à inevitável conclusão de que não existe realmente nada no texto
que sugere. mesmo remota,mente. que haja qualquer santidade atribuída ao
primeiro dia da semana.
Atos 20:7
Este é um dos
textos mais utilizados por aqueles que procuram encontrar provas bíblicas para
a observância do Domingo. ainda no período da igreja apostólica Mas o próprio
texto, analisado dentro do seu contexto, esclarece toda e qualquer dúvida a
respeito.
Esta passagem
é paste de uma narrativa que descreve vários incidentes da viagem de Paulo a
Jerusalém. no fim de sua terceira viagem missionária. Para toda narrativa são
necessários dois capítulos.
Examinemos a
primeira afirmação quanto ao partir o pão. No segundo capitulo de Atos, no
versículo quarenta e seis, lemos que os discípulos. “perseverando unânimes
todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam todos com alegria e
singeleza de coração” Aparentemente, pois, “partindo o pão”, significava
simplesmente participar do alimento: a idéia de serviço de Santa Ceia não está.
necessariamente, expressa na frase. Contudo, se alguém achar que há terreno
para depreender da passagem. que os discípulos estivessem a celebrar esse
serviço, deve essa pessoa reconhecer que mesmo tal fato nenhuma distinção
conferiria a esse dia, pois os discípulos partiam o pão “todos os dias”.
Notai agora
que nenhum titulo de santidade é usado para este dia Ele é simplesmente chamado
o “primeiro dia da semana”. Logo, sobre que haveremos de basear um argumento
para a santidade do Domingo? Sobre o simples fato de ter havido uma reunião
religiosa naquele dia ? Em outras
palavras, o silogismo seria o seguinte:
1. A
celebração de uma reunião em certo dia é prova de ser esse dia santo
2. Paulo
realizou uma reunião no primeiro dia da semana
3. Logo,
o Domingo é dia santo.
Quando assim
desprendido de todo o excesso de linguagem, tal argumento em favor da santidade
do Domingo se revela em sua verdadeira debilidade. Vê-se desde logo a falsidade
da premissa maior.
Lendo toda a
história da viagem, vemos que Paulo pregou em vários lugares no caminho,
enquanto viajava para Jerusalém. Foram, todos estes sermões, pregados em
domingos? Incrível! Lede a última metade do capítulo vinte de Atos, a qual dá o
sumário de um sermão que foi talvez o mais importante que Paulo pregou em toda
a sua viagem - é pelo menos, o único que é descrito pormenorizadamente.
Um exame do
contexto, especialmente o versículo quinze, haverá de mostrar que foi,
provavelmente, pregado na quarta-feira: concluiremos portanto que a quarta-feira
é dia santo? Esta é a conclusão que poderíamos tirar do argumento apresentado
acima, em favor do domingo. Realmente, a lógica do oponente do Sábado,
força-nos a concluir que Paulo, nesta viagem, santificou quase todos os dias da
semana, tantas foram as reuniões que ele realizou em caminho. Não, é necessário
mais do que pregar um sermão para santificar um dia, ou para anular o
mandamento divino de que “o sétimo dia é o Sábado do Senhor teu Deus.”
Deve-se notar,
também, que não existe um consenso absoluto entre os comentaristas, se a
referida reunião ocorreu no Domingo à tarde, ou na tarde anterior.
Sendo que a
reunião se estendeu “até à meia noite” (Atos 20:7), se ela começou no Domingo à
tarde, então o “partir o pão” ocorreu no inicio da madrugada de Segunda-feira
Se a reunião começou no Sábado à tarde, então o “partir o pão” ocorreu no
inicio da madrugada de Domingo. Seja como for, este é um horário incomum para
“partir o pão” (ver Atos 20:7 e 11), o que mais sugere “uma ocasião
extraordinária do que um costume habitual.”
Portanto,
somente uma interpretação tendenciosa, que desconheça intencionalmente o
contexto, pode ver nesta passagem um indício da observância do Domingo como dia
de guarda.
Romanos
14:5
Alguns tem
usado este texto para provar que o Sábado não mais necessita ser guardado. Se
este fosse realmente o seu significado, então não haveria também razão para a
observância do Domingo; pois nenhum dos dois é por ele mencionado.
Conseqüentemente, se a regra é aplicável ao Sábado, por que não o seria também
ao Domingo?
Não dispomos
de meios para julgar, com base neste texto, com toda a certeza, se Paulo queria
incluir ou não o Sábado na lista dos vários dias especiais que os irmãos
“débeis na fé” insistiam em observar.
Se analisarmos
mais detidamente a passagem, veremos que o contexto trata da atitude de
tolerância para com os fracos na fé em relação coma questão da alimentação, e
não do descanso semanal.
Estes “fracos
na fé” se abstinham de carne e vinho, para que não fossem contaminados por
coisas que eram “impuras”, por terem sido oferecidas aos ídolos.
Uma vez que
não se trata de um grupo de cristãos judeus, procurando impor costumes judaicos
à igreja, nem ao menos aparece qualquer alusão ao Sábado no contexto, pode-se
plenamente afirmar:
Trata-se de
alguns cristãos que faziam distinção entre os dias. Nada indica que seja
questão de judaizantes, logo, não haveria aqui alusão ao Sábado: trata-se de
práticas de abstinência ou de jejum fixadas para datas regulares.
O Didaquê 8 1
era incisivo em admoestar os cristãos a “não jejuarem com os hipócritas no
segundo e quinto dias da semana, mas no quarto e sexto dias.” Diante disso,
Paulo insiste que, em questões de consciência, a alma deve ser deixada livre.
Ninguém deve controlar o espírito de outro, julgar por outro, ou prescrever-lhe
o dever.
Portanto, este
texto jamais pode ser usado como um endosso à falsa teoria de que, no período
do Novo Testamento, não existe um dia específico. para ser observado como “dia
do Senhor”. O próprio Paulo. que evidentemente não pode ser alistado entre os
“fracos”, observava o Sábado como era “seu costume” (Atos 17:2; cf S. Luc.
4:16), não havendo qualquer evidência em contrário disso.
Colossenses
2:16 e 17
A expressão
“ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou
lua nova, ou Sábados (grego sabbaton)”, encontrada neste texto, tem sido usada
para provar que a observância do Sábado foi invalidada por Cristo na cruz. Se,
porém, analisarmos mais atentamente o seu conteúdo, veremos que também este não
pode ser aplicado em relação com o descanso semanal.
O tipo de
Sábado que está sendo considerado é indicado pela frase “que são uma sombra das
coisas vindouras” (Col.. 2:17).
O Sábado semanal
é um memorial de um evento do início da história da Terra (Gên. 2:2 e 3; Exo.
20:8-l1; PP 31 e 32). Portanto, os “Sábados”, que Paulo declara serem sombras
que apontam para Cristo, não podem referir-se ao Sábado semanal designado pelo
quarto mandamento, mas devem indicar os dias de descanso cerimonial, que
encontram seu cumprimento em Cristo e no Seu reino (ver Lev. 23:5-8. 15, 16,
21. 24. 26. 27, 28. 37 e 38).
Adam Clarke.
conhecido comentarista Metodista, é claro em afirmar:
“SÁBADOS: os sábado.s do dia da Expiação e da festa dos Tabernáculos
chegaram ao fim com os serviços judáicos aos quais pertenciam (Levítico 23:32,
37.39). O Sábado semanal se apoia em uma base mais permanente, tendo sido
instituído no Eden, para comemorar o término da criação em seis dias (Levítico
23:38) Expressamente distingue “o Sábado do Senhor” dos “outros
Sábados” Um preceito positivo é bom
porque é “ordenado” e deixa de ser obrigatório quando ab-rogado; um preceito
moral é mandato eternamente, por ser eternamente justo”
O que foi dito
anteriormente é suficiente para esclarecer que Paulo jamais pretendeu abolir,
em Colossenses 2:16 e 17, a obrigatoriedade moral do quarto mandamento, que,
por ter sido instituído na criação e fazer parte da lei moral, também é um
mandamento “santo e justo e bom”. (Rom. 7:12)
Gálatas 4:10
Existe uma
similaridade entre os “dias, e meses, e tempos, e anos” de GáIatas 4:10 e “dia
de festa, ou lua nova, ou Sábados” de Colossenses 2:1 6. As mesmas idéias são
aparentemente apresentadas, mas em ordem inversa.
Neste caso
então, Paulo está aqui se referindo “aos sete sábados cerimoniais e as luas
novas do sistema cerimonial, e as mesmas considerações são feitas sobre
Colossenses 2:16 se aplicam também a este texto.
O Comentário
Bíblico Adventista acrescenta ainda:
“Não há base
escriturística para assumir, como alguns o fazem, que os “dias” dos quais Paulo
fala aqui se refiram ao Sábado do sétimo dia. Em nenhum lugar da Bíblia é feito
referência ao sétimo dia na linguagem aqui usada Alem disso, o Sábado do sétimo
dia foi instituído na criação, antes da entrada do pecado, e cerca de 2.500
anos antes da inauguração do sistema cerimonial, no monte Sinai. Se a
observância do Sábado sétimo dia subjuga o homem à escravidão, então o próprio
Criador deve ter entrado em escravidão, ao observar o primeiro Sábado do mundo!
E essa conclusão é inconcebível”.
Apocalipse
1:10
Neste texto
aparece a expressão grega “kuriake hemera cuja tradução
literal é “Dia do Senhor”. Das várias teorias propostas para identificar
seu verdadeiro significado, mencionaremos criticamente as quatro mais
importantes:
1- Como Sendo
o Domingo
Quando
Jerônimo traduziu a Bíblia para o latim, que era a língua oficial do império
romano, ele traduziu a expressão “Dia do Senhor” com o “Domines dei” ou seja o
Domingo. Seria isto correto?
Vejamos alguns
argumentos contra esta interpretação:
1. As
Escrituras, em nenhum outro lugar chamam-no de “dia do Senhor”
2 Nenhum
dos escritores cristãos surgidos nos primeiros anos depois da morte de Cristo,
chamam o Domingo de “dia do Senhor” Em realidade, mesmo que a expressão kuriake hemera apareça
freqüentemente entre os Pais da Igreja, para designar o Domingo, a primeira
evidência conclusiva de tal uso não aparece antes da última parte do segundo
século, no Evangelho Apócrifo de Pedro, onde o dia da ressurreicão de Cristo é
denominado “dia do Senhor”. Uma vez que esse documento foi escrito pelo
menos três quartos de século após João haver escrito o Apocalipse, não pode ser
apresentado como uma prova de que a expressão “dia do Senhor”, no tempo de
João, referia-se ao Domingo. Inúmeros exemplos poderiam ser citados para
demonstrar a rapidez com que palavras tiveram o seu significado alterado com o
correr do tempo. Por conseguinte, o significado de “Dia do Senhor” aqui é
melhor determinado ao se recorrer as Escrituras do que a literatura
subseqüente.
3. Além
disso, se João realmente tencionasse designar o Domingo como sendo o “Dia do
Senhor” com certeza ele também o teria feito em seu evangelho, que foi escrito
aproximadamente na mesma época do Apocalipse ( na década de 90 AD).
4. Em
todas as oito alusões ao Domingo no Novo testamento, ele é simplesmente chamado
de “primeiro dia da semana” (ver: Mat. 28:1; Mar. 16:2 e 9; Luc. 24:1; João
20:1 e 19; Atos 20:7; 1 Cor.. 16:2), sem qualquer distinção especial.
5. O
fato de um profeta ter uma visão em determinado dia, não significa que tal dia
deva ser guardado. A santidade de um dia repousa em base mais sólida,
fundamenta-se num claro e insofismável “Assim diz o Senhor”.
2- Como Sendo
o Dia do Senhor Escatológico
Os defensores
desta teoria vêem um paralelo entre a expressão “dia do Senhor” usada pelos
profetas
bíblicos em
alusão ao dia do juízo escatológico de Deus para com as nações (cf. Joel 2:1 e
3: Amós
5:18, I Cor 11:4. I Tes. 5:2; II Pedro 3:10, e o “dia do Senhor” de
Apocalipse 1:10.
1 Por
mais interessante que possa parecer, existem entretanto, razões para
rejeitarmos esta interpretação. Em primeiro lugar, quando a expressão “dia do
Senhor” designa claramente o grande dia de Deus, o grego é sempre “hemera tou kuriou” ou “hemera kuriou” (I Cor 5:5: II
Cor 1:14; I Tes. 5:2; II Pedro 3:10).
2. Em
segundo lugar. o contexto (Apoc. 1:9 e 10) sugere que a expressão “dia do
Senhor” se refere ao tempo em que João teve a visão. ‘e não ao conteúdo da
visão Se lermos o contexto subseqüente. perceberemos nitidamente que o conteúdo
da visão é de natureza histórica (ver Apoc. 1:10 a 3:22) e não escatológica
3- Como Sendo o Dia do Imperador
Esta teoria é sem dúvida a mais
inconsistente das que estamos analisando. Sobre ela o pode-se dizer o seguinte:
1. Primeira, ainda que houvesse dias imperais, e
ainda que o termo kuriaikos fosse usado para outras coisas pertencentes ao imperador, nenhum exemplo da
palavra kuriake, como empregada
para um dia imperial, foi ainda encontrado. Isto não é uma prova final,
evidentemente, pois é um argumento do silêncio.
2. Todavia, o segundo ponto que se pode levantar
contra a identificação do kuriake hemera de João, como dia imperial, parece
virtualmente conclusivo. Este é o fato de que tanto os judeus do primeiro
século, como os cristãos, pelo menos no segundo século são
reconhecidos como tendo se recusado a chamar a César de Kurios, “senhor”. Torna-se extremamente difícil pensar-se, portanto, que João se
referia a um dia imperial, como sendo o “Dia do Senhor”; especialmente ao tempo
em que ele e seus confrades cristãos, estavam sendo severamente perseguidos por
se recusarem a adorar o imperador.
4- Como sendo o Sábado
Parece mais provável que João
tenha escolhido a expressão kuriake hemera, para designar o Sábado, o sétimo dia da semana. Vejamos alguns argumentos:
1. Como um meio sutil de proclamar o
fato que, como o imperador tinha dias especiais devotados em sua honra, o
Senhor de João, por quem ele agora sofria, também tinha o Seu dia.
2. Esta é a única das quatro
posições que não desconhece o consenso das Escrituras, onde o Sábado é
reiteradas vezes mencionado como sendo o verdadeiro “Dia do Senhor” (cf. Isa.
58:13; Êxo. 16:23; Mat. 12:8)
A MUDANÇA DO SÁBADO PARA O DOMINGO
A quase universal aceitação do
Domingo como dia de repouso cristão nos leva a indagar também a respeito da sua
origem e absorção por parte do cristianismo. E evidente, à luz das
considerações anteriores, que a Bíblia não fornece maiores esclarecimentos
sobre essa instituição que permeia o cristianismo contemporâneo.
Diante disso, somos levados a
recorrer à história para encontrar a resposta para as nossas indagações sobre
este tema que não pode ser solvido por uma mera analise superficial.
Para tanto, consideraremos
inicialmente as raízes mais antigas relacionadas com a celebração do Domingo no
paganismo primitivo, para então analisarmos as evidências históricas de sua
gradual infiltração no seio do cristianismo dos primeiros séculos.
O Culto ao Paganismo Primitivo
Ao analisar as evidências
existentes, percebemos que de acordo com George L. Butler:
A celebração
do Domingo é muito antiga, estendendo-se à encanecida antigüidade.
Ninguém é capaz de dizer
onde ou quando ela se originou. Ela é de origem idolátrica, e era consagrada à
adoração do sol.
Entre os deuses das antigas
nações pagãs figuravam divindades representativas do culto ao sol. Na qualidade
de devotos adoradores do sol, os egípcios possuíam em seu panteão várias
divindades.
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