Comportamento artificial
A pessoa que tenta ser o que não
é precisa da terapia divina
“Esquadrinhar a alma par ver o que ela tem de
melhor e pior é tarefa difícil e dolorosa”
Augusto César Maia é psicólogo clinico em
Campinas, SP.
A
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palavra
“natural” quer dizer “original”, que não tem a intervenção humana, que segue a
ordem regular das coisas, que está como foi criado, O ser humano natural, como
foi criado, é aquele que não
sofreu intervenção,
que segue a ordem regular das coisas, unido ao Criador. Porém, não somos mais seres humanos naturais; o pecado desfigurou a criação.
O homem desejou ser igual ao Criador, não no caráter, mas em poder
infinito. Desejou ser uma coisa que não é. Por isso, ficou em desarmonia consigo mesmo e com o seu Criador. Tornou-se
artificial.
“Artificial” quer dizer não natural, dissimulado, disfarçado, O ser
humano artificial não aceita mais a condição de criatura mortal, falível,
limitada. Suas pretensões vão às raias do imponderável:
ser como o
Criador. No momento em que ele sai do prumo posto por Deus, para atingir um plano impossível,
cria interna e externamente
divergência, desarranjo e desequilíbrio, cujo seguro resultado é o que
chamamos de doença.
O conceito de doença aqui
apresentado não se reduz ao aspecto biológico. Incorporamos também os aspectos
psicológico, social e principalmente espiritual.
A pessoa artificial é aquela que esconde a sua verdadeira condição. Vive em
estado doentio, neurótico e rastejante.
O ser humano pós-moderno, infelizmente, assimilou todo esse complexo
artificialista. Ama a superfluidade, as exterioridades, as coisas deste mundo.
Por isso, tem uma brutal dificuldade de enxergar a si mesmo e admitir defeitos.
Esquadrinhar a alma para ver o que ela tem de melhor e pior é tarefa muito difícil e dolorosa.
Desse modo,
passamos a vida dentro dos estreitos limites de nossos potenciais e
capacidades, tomando todos os cuidados que julgamos necessários para
reprimir e manter os conflitos, mágoas e rancores sob controle.
Pagamos, por conseguinte, um preço muito alto para
poder, em nome do medo da dor, viver uma vida artificial, O recurso de negar a realidade não nos parece um
ato patológico, pois o poder dessa ação está na sua capacidade de aliviar a
dor. Por isso, este caminho passa a ser uma atitude
“sensata”, ‘necessária” e desejada.
Produz uma sensação artificial de felicidade e segurança.
Admitamos que o processo de recuperação não é fácil. Porém, quando alguém começa a compreender sua própria miséria e
nulidade, quando conhece seus próprios defeitos de caráter, quando abandona os
delírios de grandeza, cria-se então a condição propícia à ação terapêutica de
Deus.
Nesse momento, somos impulsionados na direção de Jesus, e Ele nos instruirá
e executará o processo de restauração da vida, fazendo perecer aquilo que por
nossas próprias escolhas e esforços não conseguimos remover. Ele produzirá em
nós o Seu caráter, através de um processo psicoterapêutico divino.
As primeiras sessões são doloridas, porque esses materiais inúteis estavam
dentro de nós havia muito tempo. Aderiram à pele da personalidade. Jesus sabe disso e os remove cuidadosamente, no
ritmo de cada pessoa, usando as ferramentas adequadas a cada caso. Em uma
pessoa, Ele usa uma pequena pá; em outra, pode ser que a camada seja tão
grande e compactada que é necessário o uso de escavadeira.
Precisamos saber que a terapêutica de Deus é um processo lento, de uma vida toda, mas seguro e eficaz. Cristo vai retirando
de nós o postiço, o disfarce, a fachada e nos tomando mais verdadeiros nas emoções, pensamentos e
relacionarnentos (com Deus, com nós mesmos e com os outros). Conseqüentemente,
a vida vai mudando, os gostos vão se modificando, tudo marcha em direção ao
crescimento, à vida, ao que é natural.
Sinais dos Tempos Março-Abril/2001
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