Youtube

sexta-feira, 10 de junho de 2016

O SÁBADO NA BÍBLIA - TEMPO SAGRADO



Tempo sagrado


A observância do sábado é uma prática antiga
que está de volta como um antídoto para o estresse moderno

Gary Krause
Jornalista


Depois de muitos anos de negli­gência, a observância do sába­do está de volta. Isso certa­mente atingiu o principal ní­vel social da América do Norte quan­do o então vice- presidente Al Gore es­colheu um judeu ortodoxo guardador do sábado como seu companheiro na candidatura para as eleições presiden­ciais do ano passado. Mas o atual en­tusiasmo pela observância do sábado não é visto apenas entre os judeus. En­contramos a mania do sábado-para-todos em toda parte desde as páginas das principais revistas cristãs até as prateleiras das livrarias seculares.
Por séculos, como sabemos, os ju­deus reverenciaram o sábado, e mui­tos anos após a morte de Jesus os cris­tãos também seguiam Seu exemplo na guarda desse dia especial. Mas a maioria dos cristãos, com o passar do tempo, mudou para o domingo. Aquela prática tem continuado através dos séculos, com diferentes graus de entusiasmo.
Alguns guardam o domingo como os judeus ortodoxos guardam o sába­do, proibindo trabalhos e negócios de qualquer espécie. Mas outros o guar­dam simplesmente como um símbolo. Para a maioria, atualmente, ele encerra poucos compromissos religiosos além de levar as crianças à escola dominical e ir à igreja. É também um dia para ir às compras, ver o jogo de futebol ou le­var a família ao teatro, O significado original do sábado a guarda de um dia especial de descanso ordenado por Deus está praticamente perdido.

Nova onda  — Inúmeros livros e artigos re­centes mostram que a observância do sábado está de volta como um antigo antídoto para o estresse moderno. Al­guns dos títulos lançados nos últimos dois anos, nos Estados Unidos, são: Só­bado: Restaurando o Ritmo Sagrado do Descanso; Celebrando o Sábado; Encon­trando Descanso em um Mundo Agitado; Tome Fôlego; O Convite de Deus Para o Descanso do Sábado; A Observáncia do Sábado; e Um Dia de Repouso: Criando um Espaço Espiritual no Seu Trabalho.
No mês de março de 2000, a revista Christianity Today publicou um artigo in­titulado: “Recebendo o dia que o Senhor fez; um dia de descanso é um presente de Deus para nós”. Essa matéria, extraida de um novo Livro escrito por Dorothy Bass, detalha a redescoberta da observância do sábado. Bass conta a respeito de uma noi­te de sábado quando ela e algumas pro­fessoras amigas estavam sentadas ao re­dor da mesa se lamentando por causa da pilha de papéis que precisavam conferir no dia seguinte: “Foi ai que me ocorreu: “Lembra-te do dia de sábado, para o san­tificar.” Este era um mandamento, um dos dez no código moral básico dos cris­tãos, judeus e da civilização ocidental, e aqui estávamos nós planejando viola-lo. Eu não podia imaginar esse grupo sentado dizendo; “Estou planejando tomar o nome de Deus em vão”; “estou planejando cometer adultério”; “acho que vou roubar alguma coisa”.”
Conquanto Bass não defenda espe­ciflcamente o sábado do sétimo dia, ela admite que os cristãos devem ob­servar o quarto mandamento. Isso sig­nifica ir além do que muitos cristãos estão preparados a ir. Martha Hick­man, por exemplo, escreve em seu li­vro Um Dia de Repouso: “Os batistas do sétimo dia e os adventistas do séti­mo dia consideram o mandamento sobre a observància do sábado como vigente. A maioria das igrejas conside­ra esse mandamento não como parte da lei moral, mas como parte dos ritos cerimoniais dos judeus.” No entanto, Hickman acrescenta: “Uns poucos momentos de reflexão, e a maioria de nós estaria pronta a concordar que esta­mos sedentos e famintos pela pausa, uma calma profunda, o senso de estar em con­tato com nossa realidade mais profunda, que o sábado oferece.”
Essa nova onda de literatura sobre o sábado reivindica que o mundo moder­no tem se defraudado de uma rica e im­portante herança. “Não temos obedeci­do ao mandamento de Deus, não temos planejado nossos horários de acordo com o quarto mandamento, o mais bá­sico, ritmo do tempo, e as conseqüên­cias têm sidos sérias”, escreveu Bonnie Thurston, cm To Eveiything a Season: A Spirituality of Time (Um Tempo Para Cada Coisa: Uma Espiritualidade do Tempo), lançado em 1999.
Lauren Winner, ex-judia ortodoxa, lamenta ter perdido o sábado ao se tor­nar cristã. Ela comenta: “Normalmente eu não sinto falta das leis judaicas do re­gime alimentar, por exemplo, ou das prescrições acerca do uso de certos tecidos. Mas tenho saudade, em minha fase cristã, do rigor do sábado judaico, um dia verdadeiramente separado dos ou­tros seis dias da semana. Para muitos ob­servadores não-ortodoxos, o sábado ju­daico parece não ser convidativo; é me­ramente uma longa lista de ‘nãos’. Mas o sábado para os judeus é muito mais do que um punhado de restrições.”

Qualquer dia? Todas essas obras pro­movem a guarda de um sábado, mas admitem que o sábado especifico do sétimo dia não é importante. “A se­gunda-feira pode ser o dia de Deus tão bem quanto o domingo”, escreve Don­na Schaper, em Sabbath Keeping (Ob­servância do Sábado), titulo lançado em 1999. “É uma questão de perspec­tiva. Os cristãos não precisam retor­nar à observância do sétimo dia da se­mana como o sábado”, acrescenta Thurston. “Mas o conceito de sábado, sua origem e seu propósito devem ser reivindicados por todas as pessoas, para nosso próprio bem.” Wayne Mul­ler vai além, dizendo que o “sábado” pode ser tanto o sábado como o do­mingo, ou simplesmente uma tarde, ou mesmo uma hora qualquer coisa que preserve uma experiência profun­da de nutrição vitalizadora e descanso.
Winner, entretanto, adverte contra a idéia de tratar a observância do sábado de forma muito casual: “Está cada vez mais na moda entre os cristãos falar so­bre recomeçar sua observância do sába­do, e essa tendência é sem dúvida para o bem. Contudo, muitos cristãos e al­guns não-cristãos brincam com o ‘sába­do’ como se fosse sinônimo de ‘folga’. As­sim sendo, o sábado pode ser uma via­gem ao Taiti, um banho espumante de banheira, ou um fim-de-semana quando os filhos estão na casa dos avós. Mas, em­bora o sábado tenha sido planejado para revigorar, o revigoramento sozinho não constitui observância do sábado.”
É realmente tolice pensar que Deus queria que guardássemos como santo um período especifico de tempo (o sá­bado do sétimo dia)? Seria simples­mente o hábito o que levou os judeus ortodoxos a se apegarem tão firmemen­te ao verdadeiro sétimo dia da semana?
Ou compreenderam eles algo impor­tante e especifico acerca do mandamen­to de Deus para guardar o sétimo dia?
Há sólido apoio bíblico para o con­ceito da guarda do sábado do sétimo dia. Segundo a Bíblia, Deus escolheu o sétimo dia, e não simplesmente um dia dos sete, para que o guardássemos. E possível que, quando a Bíblia diz que Deus fez o sétimo dia especial e o aben­çoou, Ele realmente tenha feito o séti­mo dia especial e o tenha abençoado?

Faz diferença Em nosso mundo pós-moderno torna-se cada vez mais acei­tável a idéia de “construir sua própria verdade” em grande número de as­suntos. Se algo funciona para você, tudo bem (só não prescreva isso para todo mundo). O teor da maioria des­sas novas publicações pende para a guarda do sábado por conveniência planeje um modo de guardar o sába­do de acordo com o seu programa, algo que funcione para você.
Mas o sábado histórico e bíblico do sétimo dia tem sido sempre uma prá­tica especifica, em um dia especifico e com um propósito específico. A Bíblia sustenta que o sétimo dia é algo que o próprio Deus ordenou, e que quando e como o guardamos faz diferença.
O livro de Chris Blake, Searching for a God to Love (Procurando um Deus Para Amar), publicado em 2000 por urna das principais editoras cristãs americanas (Word), e espalhado pelas livrarias cris­tãs e seculares por toda a América do Norte, recomenda a guarda do sábado do sétimo dia. “Para comemorar Sua criação, Deus santifica separa para um propósito especifico o sétimo dia”, es­creve Blake. “Os seguido­res do judaísmo ainda honram o sábado como José, Jesus e Paulo de Tar­so o guardaram. Por que a maioria dos cristãos não guarda esse sábado?” Bla­ke, um adventista do séti­mo dia, salienta que a mu­dança da adoração para o domingo ocorreu gradual­mente no 2o. século, atra­vés da igreja romana. “Em anos recentes, milhões de pessoas desco­briram a beleza do sábado”, ele acres­centa. “Em lugar da ininterrupta corre­ria, o sábado provê um momento de cal­ma, um momento íntimo, um momento de sabedoria. Um momento para todo o tempo, exatamente em tempo.”
Escrevendo recentemente no jornal Town Crier, de Los Altos, Califórnia, Joan Passarelli compartilha uma varia­ção do Convite de Blake para guardar o sábado do sétimo dia. Embora ela e sua família continuem a freqüentar a igreja aos domingos, descobriram o beneficio de guardar o sétimo dia como seu sába­do. “O domingo não é o sábado”, diz ela. “Como lembram os judeus e os ad­ventistas do sétimo dia, o sábado é o sétimo dia da semana, o dia em que Deus descansou e que nós devemos descansar também. Eu proponho que reivindiquemos o sábado como o séti­mo dia, e concedamos a nós mesmos o dom da liberdade nesse dia.”
No Ocidente estamos vivendo num tempo em que as pessoas estão famintas por “espiritualidade” reli­gião de forma geral, não estruturada. Livros da Nova Era são vendidos aos milhões, gurus da vida interior lotam centros de convenções e o povo bus­ca algo mais do que apenas uma casa melhor ou uma conta bancária maior.
A recente chamada para reconside­rar a observância do sábado é um em­polgante primeiro passo na redesco­berta do sábado do sétimo dia, que é parte essencial e prática do plano de Deus para nossa saúde espiritual. O primeiro passo, porém, não é o sufi­ciente. Seria praticamente como cele­brar o Natal em janeiro, sozinho. A co­mida pode ser ótima, mas não seria a mesma coisa.
Até pessoas que nunca foram à igreja ou sinagoga estão descobrindo o bene­fício de um repouso sabá­tico a cada semana, por­que a observância do sába­do tem muita lógica, mes­mo que seja apenas nos níveis físico e emocional. Mas ele pode e deve signi­ficar muito mais.

Sinais dos Tempos                                                                                                 


Setembro – Outubro / 2001

Sem comentários:

Enviar um comentário

VEJA TAMBÉM ESTES:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...