Viva bem com todos
A reconstrução de relacionamentos
quebrados, segundo Jesus Cristo.
por Francisco Lemos
Editor associado
O relacionamento interpessoal sempre foi um grande desafio para a convivência
em sociedade. Em tempos de mundo globalizado nada mudou, a não ser a ênfase
que os mestres da Qualidade Total dão ao tema. Hoje se fala muito sobre isso
porque, afinal, todos, ou quase todos, admitimos que homens e mulheres são
mais importantes do que máquinas e instituições. Apesar da ênfase, o desafio
do bom relacionamento continua.
É assim na família, no comércio, na igreja e na política internacional.
Nações inteiras já se envolveram em guerras motivadas por rusgas
não-resolvidas entre seus governantes. Parece que a palavra perdão não faz parte
do vocabulário de um grande número de pessoas. A atitude, então, a esquecemos
faz tempo. Como devemos nos relacionar com uma pessoa, depois que ela nos
maltratou?
Nosso Salvador, Jesus Cristo, disse algo muito interessante sobre isso: “Se
o seu irmão pecar contra você, vá e mostre o erro dele. Mas faça isso em
particular, só entre vocês dois. Se ele ouvir o conselho, então você ganhou o seu irmão” (Mat. 18:15, BLH). Algumas regrinhas básicas podem ajudar a contornar possíveis dificuldades e
agregar valor aos nossos relacionamentos:
1 — Considerar o lugar e as circunstâncias — Só não enfrenta crises de relacionamento quem se isola do mundo. Para quem partilha a vida com outros, os problemas
são comuns e podem ocorrer com as pessoas em qualquer lugar e em todas as circunstâncias. Com
conhecidos e desconhecidos; com parentes e amigos; cm casa ou no clube; no trabalho ou na igreja.
2 — Nunca superestimar pessoas — Não pense que
devido à bagagem cultural ou religiosa, uma pessoa não o ofenderá jamais. Indivíduos refinados
e espirituais cometem falhas. Isso é terrivelmente humano. Somos pó. Iguais. É possÍvel encontrar atitudes refinadas em pessoas sem
nenhum suporte escolar e atitudes estúpidas em verdadeiros “poços culturais e religiosos.
3 — Não fazer publicidade de coisas ruins — Uma das
características de nossa era é a fome por notícias
espalhafatosas, maldosas. E a cumplicidade da indústria da má notícia transita entre a fonte e o receptor da comunicação.
Se alguém fez algum mal a você ou a outra pessoa, lembre-se de que, no relacionamento pessoal, quanto menor a
publicidade de fatos negativos, melhor, O sábio Salomão já dizia: “Não descubras o segredo de
outro” (Prov. 25:9). “Terceiros” e quartos” só devem ser envolvidos em problemas de dois, caso não haja
outra saída para a solução. Falar por falar apimenta mais a situação, e todo mundo sai perdendo.
4 — Não se concentrar na falha em
si, mas na pessoa — As pessoas deveriam ser consideradas como na verdade são: mais importantes do que as
ações por elas cometidas. Quando uma pessoa calunia, mente ou prejudica a outrem, mostra que alguma coisa não
vai bem em seu interior. “Porque do coração procedem os maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias”
(Mateus 15:19). Uma pessoa que comete tais ações pode estar profundamente
alterada. Mesmo que não se dê conta disso, falta-lhe algo: a
presença de Jesus na vida. Tente, se for
possível, encontrar uma maneira de ajudá-la em sua busca espiritual.
5 — Conversar com o ofensor — Essa
orientação soa contraditória para nosso padrão humano de relacionamento. O comum é rejeitar com a indiferença ou
contra-atacar. O que Jesus disse, porém, foi: “Vá
e- converse com quem o ofendeu.” Nessas ocasiões, é normal erguerem-se muros de indiferença. Derrube-os. Tome a iniciativa. Escolha
hora e lugar Certos para conversar com a pessoa. O objetivo não é esfregar erros na cara do
outro. Evite discussões exageradas, manifeste tristeza pelo acontecido e diga
que está disposto a perdoar. Para sanar qualquer dúvida, coloque-se como quem também precisa de perdão. Perdoar não é rastejar e humilhar-se diante
do outro. E urna atitude conciliatória sem a qual é impossível manifestar o
verdadeiro espírito cristão.
6 — Confiar —
Diga a quem o ofendeu que, apesar do ocorrido, você está disposto a colaborar para
consertar o que foi quebrado.
Uma das grandes falhas de nosso sistema punitivo é quase sempre destruir a dignidade do errante. Uma pessoa
que foi presa por furto, por exemplo, dificilmente
encontra quem lhe dê um emprego como caixa de um banco. Alguém logo se adiantaria
dizendo: “E a raposa cuidando do galinheiro.” E um Cristão rebatizado pela
terceira vez facilmente acha quem duvide de sua sinceridade. Deixar clara nossa disposição para confiar e
dar um novo crédito ao ofensor arrependido é
vital para reconstruir uma amizade ou salvar uma vida da marginalidade e para
Deus.
Há situações em que nada disso adianta, pois vivemos num mundo onde o eu
primeiro” é o deus. Entretanto, Na medida do possível precisamos seguir a
orientação de Cristo se somos Seus seguidores. Jesus nos dará a coragem necessária
se tivermos disposição de fazer o que Ele nos pede. E Sua bênção sobre nossa
vida será Certa: “Bem-aventurados os
pacificadores, porque serão chamados filhos de
Deus” (Mat. 5:9).
A paz de Cristo, a paz que excede todo o entendimento, é o trunfo maior, nas mãos dos filhos de Deus. O exemplo dEle ao
tratar com os que O ofenderam diz tudo: “Quando
chegaram ao lugar chamado calvário, ali O crucificaram,
bem como aos malfeitores, um à direita, outro à esquerda. Contudo. Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas 23:33 e 34).
Sinais dos Tempos Março/99
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