O sábado e o selo de Deus
Como devo entender a questão do selo de Deus’ Sempre ouvi dizer que ele é o
sábado, mas alguns dizem que é o nome de Deus. Outros acham que é uma vida
santificada na verdade, em obediência aos mandamentos de Deus no processo do
aperfeiçoamento do caráter. Afinal, no que devo crer? — N. C.
Admito que cada uma das coisas referidas na pergunta está relacionada com o
selo de Deus. Eu diria que o selo é a confirmação divina no crente de sua
santificação e total dedicação a Deus. Ora, o sábado é o mandamento divino que requer
que sejamos santos: “Lembra-te do dia de sábado, para o santificar” (Exo. 20:8; ênfase suprida) Ninguém dá do que não
tem. Não posso santificar alguma coisa
se eu mesmo não for santo. Todavia, ser santo é algo que está além da minha
capacidade; é obra de Deus na minha vida e devo permitir que Ele assim opere:
Nesse sentido, o sábado se torna, para mim, um sinal de que Deus me santifica,
como Ele mesmo disse: “Também lhes dei os Meus sábados, para servirem de sinal
entre Mim e eles, para que soubessem que Eu
sou o Senhor que os santifica” (Ezeq. 20:12; ênfase suprida). O nome de
Deus não é questão de mera nomenclatura, como querem as chamadas testemunhas
de Jeová, mas equivale a Seu caráter. Nosso Deus é um Deus santo, e Ele espera
que nós também sejamos santos (1 Ped. 1:16). E assim, o assunto é ainda
santificação.
Agora, o crescimento na santificação requer nossa obediência aos
mandamentos de Deus, nossa fidelidade cada vez mais expressiva, conforme os
dias transcorrem. Então, quando chegar o último dia, a humanidade estará
dividida em dois grupos bem distintos: o remanescente, isto é, aqueles que estarão
plenamente santificados; e Babilônia, isto é, o mundo perdido, composto por
aqueles que estarão plenamente degenerados. Os primeiros exibirão o caráter de
Cristo, estarão assinalados com o selo
de Deus (Apoc. 7:1-4) e terão na fronte o nome dEle (14:1). Os segundos
exibirão o caráter de Satanás, e estarão assinalados com o sinal da besta (13:16-17), o que envolve o nome dela (v. 17). Nesse
contexto, a guarda do sábado será a evidência externa de uma santificação
plena interna, em contraste com a guarda do domingo, que será a evidência
externa de uma degeneração plena interna.
Daí eu afirmar que tudo o que é mencionado na pergunta está vinculado ao
tema do “selo de Deus’~ O erro, a meu ver, está em limitarmos tão vasto
assunto, vasto a ponto de envolver todo o meu ser e todo o período de minha
existência, a um desses tópicos apenas, como quando dizemos que o selo de Deus
é exclusivamente a guarda do sábado, etc.
Pés da estátua
Tenho uma duvida sobre Daniel 2 Essa idéia de que os pés da estátua
representam as nações atuais da Europa é a mais correta? Não seria melhor
afirmar que representam o mundo todo? No sonho de Nabucodonosor, a pedra, que
simboliza a volta de Jesus, cai sobre os pés. Pergunto:
Este grande
evento ocorrerá apenas na Europa? Foram os impérios babilônico, medo-persa,
grego e romano essencialmente europeus? — P. H. A.
Dos quatro, os dois únicos impérios “essencialmente” europeus foram o
greco/macedônico e o romano. Os
dois primeiros
foram impérios orientais.
Naturalmente a volta de Jesus atetará o
mundo todo. Mas não podemos esquecer que a Interpretação dada pelo profeta a
Nabucodonosor tinha a ver com o reino deste e os rei-nos que vieram após. Este
é o contexto de Daniel 2. Por exemplo, é afirmado nos versos 35 e 45 que a
pedra destruirá o ferro, o bronze, a prata e o ouro, representativos de
impérios que ficaram no passado, mas que, segundo a interpretação, são
destruídos na volta de Jesus (que ainda está no futuro).
As divisões do quarto reino são, de fato, as divisões do império romano que
ocorreram especialmente na Europa Ocidental, já que em outras regiões os povos
antes conquistados meramente lograram independência. Foi particularmente a área
hoje identificada por Europa Ocidental que as tribos bárbaras invadiram para
firmar o domínio. As nações européias que se originaram dessas tribos
acabaram por exercer, direta ou indiretamente, decisiva influência nas nações
atuais, não exclusivamente, mas especialmente nas Américas e na Oceania. Vale
lembrar que os próprios romanos, na implantação de seu domínio (o quarto
império foi o mais mundial dos quatro), avançaram até regiões longínquas,
mesmo para o Extremo Oriente, e deixaram ali a sua marca.
Em resumo, a “pedra” que vem e, partindo do pés, destrói toda a estátua é o
ponto culminante de uma profecia que, conforme se desenvolve, revela um
crescendo de mundialidade. De impérios
que dominaram apenas no Oriente, o segundo dos quais numa extensão territorial
mais extensa, o relato avança para impérios ocidentais cujo domínio incluiu
também o Oriente, o segundo igualmente numa extensão territorial mais ampla.
Em outras palavras, a profecia alude inicialmente a um ponto específico no
mundo, a Mesopotâmia e regiões adjacentes do sul e do norte conquistadas pelos
babilônicos; em seguida a uma área oriental mais ampla (que chegava até a
Índia, segundo Ester 1:1); daí a uma grande extensão de domínio reunindo
Oriente e Ocidente, para, finalmente, no tempo do lançamento da “pedra”,
envolver o mundo todo, compreendido na expressão “todos estes remos” do verso
44. — Por José Carlos Ramos, diretor do programa de pós-graduação do SALT — Unasp, Campus
2, Engenheiro Coelho, SP.
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