À medida que a Biologia Molecular e a Bioquímica se
desenvolvem, mais dúvidas surgem sobre a teoria da evolução
A Dra. Márcia Oliveira de Paula
é bióloga, formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde
também concluiu seu mestrado em Ciências, com ênfase em Micro biologia. De
1989 a 1991, lecionou em várias universidades e faculdades particulares. Em
1998, concluiu seu doutorado na USP (também
na área de microbiologia).
Atualmente, além de professora e
chefe do Departamento de Biologia Geral da Faculdade de Ciências do ME Campus 1, também é secretaria do Núcleo de Estudas das
Origens (NEO), criado recentemente. O grupo desenvolve trabalho de divulgação
de estudos criacionistas para a igreja, universidades, escolas, etc.
A Dra. Márcia nasceu no dia 23 de
maio de 1960, em São Paulo. Porém, morou a maior parte de sua vida em Minas Gerais
principalmente em Juiz de Fora e Belo Horizonte. Só voltou para São Paulo em 1991, para fazer o doutorado.
O esposo se chama Marcos
Giron.
No intervalo de uma de suas aulas, concedeu esta entrevista a Michelson Borges:
Revista Adventista: O caderno “Mais”, do jornal Folha de S. Paulo (31/12/98), apresentou
artigos sobre o evolucionismo,dizendo que essa teoria é um dos principais
debates deste fim de século, Por que depois de quase 140 anos da formulação
da teoria de Darwin, os evolucionistas ainda não chegaram a um consenso?
Dra. Márcia: Nenhuma das teorias atuais explica todos os pontos da evolução. Embora muitos experimentos tenham sido feitos e muita coisa tenha sido
discutida, não se tem uma teoria para explicar a origem da vida, de maneira
clara.
Temos que lembrar, também, que a Ciência não é
algo estático. Ela está sempre mudando. A medida que se conhece mais, novas
opiniões surgem. Além disso, grande parte dos cientistas considera a evolução
um fato. Eles acreditam que são as teorias que mudam para explicar a evolução.
E nós, criacionistas, contestamos isso porque evidencias não são provas. E
a evolução só dispõe de evidências.
RA: A idéia de um Criador não pode ser provada por
experiências de laboratório. Mesmo assim, podemos considerar o criacionismo
“cientifico”?
Dra. Márcia: A ciência atual não aceita a presença do
sobrenatural e tenta explicar tudo
pelos mecanismos naturais. Os cientistas procuram explicar o comportamento do
universo físico, em ter-
mos de causas
puramente físicas e materiais, sem invocar o sobrenatural. Mas por que não
podemos invocar o sobrenatural? Alguns cientistas têm medo de que, se o
sobrenatural for invocado, pare de se fazer ciência, atribuindo-se ao
sobrenatural tudo o que a ciência não puder explicar. Só que invocar o
sobrenatural para explicar, por exemplo, a origem da vida — que é algo que
ninguém conseguiu explicar — não parece ser uma coisa tão ilógica.
RA: O criacionismo
também tem evidências daquilo que defende?
Dra. Márcía: Temos muitas evidências do planejamento do Universo e da vida. Mas isso
não prova a existência de Deus. Até
que ponto se pode provar que Deus existe? Eu acredito que Deus não quer ser provado. As pessoas devem acreditar
nEle pela fé. Os evolucionistas têm evidências que apóiam sua teoria, mas nós
também temos evidências que apóiam o criacionismo.
RA: No campo das evidências, nenhuma teoria leva
vantagem sobre a outra?
Dra. Márcia: Alguns criacionistas mal-informados acham que não
existe nenhuma base para se acreditar na evolução, mas essas pessoas realmente
não conhecem a ciência. É lógico que a teoria da evolução faz algum sentido,
porque, se ela fosse totalmente absurda, não haveria milhares de cientistas
e uma boa parte da população que a aceitaria. O evolucionismo tem alguma
lógica, mas também tem muitas incoerências.
RA: Quais são as maiores incoerências do
evolucionismo?
Dra. Márcia: Não dá para explicar a origem dos sistemas vivos
pela evolução. Isso não era um problema para os evolucionistas do século
passado. como Darwin, que acreditavam que as células eram organismos muito
simples. Mas, hoje em dia, cada vez mais os estudos de biologia molecular e
bioquímica estão mostrando que a célula e os sistemas celulares são altamente
complexos e o surgimento desses sistemas não pode ser explicado através de
etapas sucessivas. E o problema da “complexidade irredutível”. Muitos sistemas
biológicos são consideraos irredutivelmente complexos, ou seja, eles dependem
de várias partes que têm que inteagir. E essas partes não poderiam ter surgido gradualmente simplesmente
porque, se tirarmos uma delas, o todo não funciona mais.
Tomemos o exemplo da coagulação
do sangue. A Hemofilia A é uma doença
que impede a coagulação, devido à falta de uma substância chamada Fator
VIII da Coagulação. Portanto, se
faltar somente esta substância na circulação sangüínea, e a pessoa não se
tratar, ela irá morrer. Então, como a coagulação, que é um processo em cascata,
onde um componente ativa o outro, poderia ter se desenvolvido a partir do
nada, se quando falta uma única proteína, ele não funciona? Outro exemplo de
complexidade irredutível é o sistema imunológico. É algo tão intrincado que
não se pode explicar seu surgimento de forma gradual.
Esses sistemas biológicos irredutivelmente complexos realmente indicam
planejamento. Só que a ciência, ao invés de estar comemorando a existência do
Planejador, se calou diante dessas evidências. Por quê? Porque admitir Deus
exige compromisso com Ele. E as pessoas querem fugir de um compromisso com o Criador. Se, pelo contrário,
surgimos pela evolução. somos livres para fazer o que quisermos, sem dar
satisfação a ninguém.
RA.: O que a coluna geológica diz ao criacionista?
Dra. Mácia: Há pelo menos dois problemas relacionados com
esse assunto e que apóiam o criacionismo.
No princípio do período Cambriano você tem praticamente todos os filos
representados. Se todos os organismos aparecem no começo do Cambriano, de onde
eles evoluíram? Onde estão os ancestrais deles? Alguns dizem: “Ah, no
Pré-Cambriano.” Mas o alhando para o Pré-Cambriano, não encontramos absolutamente
nada, a não ser bactérias e algas azuis. E todo mundo sabe que, para uma
bactéria dar origem a um trilobita, seria um salto absurdo, porque os
trilobitas são seres altamente complexos. De onde evoluíram então? Alguns
poderiam dizer: “Evoluíram de animais
mais simples.” Mas por que nenhum deles se fossilizou? Esse é o “grande salto”que a evolução
não explica.
A falta de elos intermediários no registro paleontológico é outro grande
problema para a evolução. Se o darwinismo é verdadeiro, onde estão os fósseis
intermediários entre os grupos de organismos? Deveria haver, na coluna
geológíca, milhares de fósseis de organismos em transição, com características
intermediárias entre dois grupos, mas estes nunca foram encontrados.
RA.: A biologia molecular e a bioquímica têm sido uma
pedra no sapato” dos evolucionistas. Porquê?
Dra. Mácia: A biologia molecular e a bioquímica estão
mostrando cada vez mais a complexidade da célula. Antigamente, os cientistas
consideravam os protozoários (organismos unicelulares) muito simples, achando
que eles poderiam ter surgido do nada. Isso era conhecido como geração
espontânea. E era fácil acreditar na geração espontânea, pois se considerava
que a célula era simples como um pedacinho de gelatina. Mas quando se começou
a estudar as células em microscópios mais potentes, verificou-se que a única
célula de um protozoário, por exemplo, é
altamente complexa. Não dá para explicar a origem desses sistemas como
vindo do nada. A teoria da evolução não consegue explicar nem a origem de
proteínas. Até hoje, o máximo que se conseguiu produzir em laboratório,
utilizando as supostas condições da
“terra primitiva”, foram alguns aminoácidos e proteinóides, que não são
proteínas. E mesmo que se conseguisse produzir uma molécula de proteína ou de
DNA funcionais, isso ainda não seria vida. Precisaríamos colocar todas essas moléculas em uma célula viva,
que tivesse uma membrana, e que conseguisse se reproduzir.
As proteínas nas células são produzidas pelo DNA. E o DNA, para se
duplicar precisa de muitas proteínas e de enzimas. Aí vem aquela história do
ovo e da galinha:
“Quem surgiu
primeiro: o DNA ou a proteína?’ Os evolucionistas arranjaram a história de um
RNA autocatalítico, ou seja, um RNA que pode se autoproduzir. Só que, na
verdade, mesmo que isso tenha existido no passado, hoje em dia os sistemas
biológicos não funcionam com esse RNA, e sim com DNAs. As proteínas são
produzidas numa organela da célula chamada ribossomo, que, por sua vez, é
formado por dezenas de proteínas diferentes e mais alguns tipos de RNA (que
também são produzidos a partir do DNA). Então, para fabricarmos a “máquina” de
produzir proteínas, teremos que ter muitas proteínas.
Mesmo que elas
tivessem surgido por acaso, no começo, como poderiam ter sido produzidas
depois?
RA: No livro Viagem
ao Sobrenatural, recentemente publicado
pela Casa, o autor Roger Morneau diz (nas págs. 54 e 55) que a teoria da
evolução é uma arma eficaz nas mãos do inimigo. Por quê?
Dra. Mácia: Porque desvia o pensamento de Deus como
Criador. Para os que crêem em Deus e, ao
mesmo tempo, aceitam a evolução (evolucionistas teístas), o Senhor não criou o
homem de maneira pessoal e não criou a Terra para ser habitada. Para eles,
Deus teria dado início à vida através da evolução. Só que isso elimina a
credibilidade das Escrituras porque, se passarmos a considerar o livro de
Gênesis como uma alegoria, também poderemos considerar os demais livros da Bíblia
como não-verdadeiros.
RA: Então é impossível conciliar a teoria da evolução
com a teoria da criação...
Dra. Márcia: Algumas pessoas até tentam, mas não dá. Se você
se toma um evolucionista teísta, tem que deixar de crer em grande parte da Bíblia. Você não crê no Gênesis,
por conseguinte você não vai acreditar no plano da salvação. E também vai
questionar a existência de Satanás, porque vai achar que o mal está dentro do
ser humano. E para que a volta de Cristo, se o homem tem a capacidade de
melhorar? Será que as profecias estão se cumprindo mesmo? Não seriam linguagem
figurada, poesia, etc.? Realmente, eu acho muito difícil conciliar as duas
coisas.
Os evolucionistas teístas acham que conseguem fazer essa conciliação. O
problema é que muitos deles não conhecem, não aceitam e não lêem a Bíblia. Na
verdade, alguns até aceitam algumas
partes que lhes convêm, mas não aceitam a Palavra de Deus como um todo, porque
não dá para fazer isso e continuar sendo evolucionista.
RA: Você acha,
então, que a experiência da conversão é fundamental para que se aceite a
Bíblia e o criacionismo?
Dra. Márcia: Sem dúvida. Duvido que, algum dia, alguém consiga
convencer um evolucionista a se tomar criacionista sem aceitar a Deus primeiro.
Eu acredito que um evolucionista se torna criacionista quando passa pela
experiência da conversão, quando encontra e aceita a Deus. Aí, sim, ele vai
tentar explicar a origem das coisas de uma outra maneira, porque saberá que
Deus é o Criador.
É lógico que, se fizermos palestras apresentando as incoerências da teoria
da evolução, poderemos até despertar na pessoa algumas interrogações que
abrirão caminho para a busca de Deus.
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