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quarta-feira, 14 de maio de 2014

A MÁSCARA DO ANTICRISTO


A máscara do anticristo

As características do anticristo o identificam como um poder religioso que aparenta fidelidade a Deus
 

 

 O chifre pequeno” do quarto animal de Daniel 7, que começamos a es­tudar no último número de Sinais, é um ingrediente muito significati­vo dessa profecia. Em visão, o profeta con­templou quatro animais saindo do Mediterrâ­neo, o último dos quais era “terrível, espanto­so e sobremodo forte”. Este simboliza o Impé­rio Romano, que dominou o Ocidente e o Oriente por mais de seiscentos anos. Ele tinha dez chifres, representando os diferentes remos formados pelas tribos bárbaras que invadiram e dissolveram o império, dando origem às na­ções da Europa ocidental.

O chifre pequeno surgiu e cresceu a ponto de derrubar três dos dez. Ele atraiu a atenção do profeta por ter olhos e boca como de ho­mem, falar insolentemente e fazer coisas terrí­veis, como perseguir os fiéis de Deus e mudar a Sua lei (vs. 8, 21 e 25). Nesta edição, pros­seguiremos considerando este símbolo, a fim de determinar que poder na história ele repre­senta. Para isso, observemos mais atentamen­te os aspectos proféticos a ele aplicáveis.

 

Detalhes — A profecia apresenta dez característi­cas do poder representado pelo chifre pequeno:

1. Um poder que se levantaria do Império Ro­mano. Segundo o que o profeta viu, o chifre pequeno não se manifestou no primeiro, no segundo ou no terceiro animal, mas no quar­to, precisamente aquele que simboliza o Im­pério Romano.

2. Um poder que se levantaria na parte oci­dental do império. Se os dez chifres do quarto animal representam as tribos bárbaras que in­vadiram e dividiram a parte ocidental do Im­pério Romano, e se o chifre pequeno surgiu entre eles (v. 8), temos que convir que este símbolo representa um poder também ociden­tal. Como visto, quando se afirma que o ano 476 d.C. marca o fim do Império Romano, está sendo feita, é claro, uma referência ao Império do Ocidente, já que o do Oriente, também conhecido como Império Bizantino, continuou por ainda quase mil anos.

3. Um poder que se levantaria após a queda do Império Ocidental. A profecia previu que o

chifre pequeno não surgiria apenas “entre” os dez, mas “depois” deles (v. 24). Se a invasão bárbara do império ocidental culminou com a queda de Roma diante de Odoacro, rei dos hé­rulos, em 476, então o poder representado por esse chifre projetar-se-ia no cenário da História particularmente após este ano.

4. Um poder diferente. Embora o chifre pe­queno haja aparecido “entre” os dez e “depois” deles, é-nos dito que ele seria um reino “dife­rente” (v. 24), isto é, distinto dos primeiros, na­turalmente na forma e natureza do domínio exercido, bem como em força e influência. A profecia afirma que ele “parecia mais robusto do que os seus compa­nheiros” (v. 20).

5. Um poder supressivo. A profecia pre­viu que o chifre pequeno chega­ria ao pleno domínio com a derrubada de três dos dez pri­meiros chifres (vs. 8, 20 e 24). Isso implica, naturalmente, que os remos representados por esses chifres invadiriam o Império Ocidental, mas não perdurariam. Na verdade, mais de três dessas tribos tiveram duração curta, mas exa­tamente três não vingaram por influência dire­ta do poder representado pelo chifre pequeno.

6. Um poder insolente. Quatro vezes a profe­cia anunciou que o poder representado pelo chifre pequeno seria blasfemo: três na descrição da visão, quando é dito que falaria “palavras in­solentes” (vs. 8, 11 e 20), e uma ao ser dada a interpretação, quando é dito que estas palavras seriam proferidas “contra o Altíssimo”.

7. Um poder usurpador. Além de blasfemar contra Deus, este poder usurparia prerrogativas divinas, pois a profecia declara que ele cuidaria em mudar os tempos e a lei de Deus (v. 25). As­sim como é Deus quem muda os tempos (Dan. 2:21), igualmente Ele apenas pode alterar Sua lei, caso ela devesse ser alterada. Mas por ser

uma expressão do caráter dEle, ela, a exemplo de Deus, não muda (ver Mal. 3:6). É por isso que Jesus afirmou: “Émais fácil passar o céu e a terra do que cair um til sequer da lei” (Luc. 16:17).

8. Um poder opressor. Além de blas­femar contra Deus e de se levantar contra os tempos e a lei estabelecidos por Ele, o poder representado pelo chi­fre pequeno também investiria contra os Seus fiéis, chamados “santos do Al­tíssimo” na profecia (vs. 22 e 25).

9. Um poder que dominaria por de­terminado tempo. A profecia estabele­ceu também o período durante o qual o poder representado pelo chifre pe­queno dominaria: “um tempo, dois tempos e metade de um tempo” (v. 25). Considerando que na mensagem profética do livro de Daniel um tempo corresponde a um ano (ver 11:13), te­mos aqui três anos e meio como ex­tensão do domínio deste poder. Consi­derando ainda que, na profecia de gê­nero apocalíptico, 1 dia profético equi­vale a 1 ano literal (ver Sinais de abril de 1998), e que, com base em Apoca­lipse 11:3, 12:6, 14, e 13:5, o ano pro­fético contém 360 dias, três tempos e meio seriam o produto de 3,5 multi­plicado por 360, isto é, 1.260 dias, na realidade 1.260 anos (cf. Ezeq. 4:7).

10. Um poder aparentemente favo­rável a Deus. Na visão, o chifre pe­queno possui olhos “como os de ho­mem”, e uma boca que fala (v. 8), portanto humana, Já observamos que a profecia de Daniel 7 contém dois blocos principais de símbolos: o elemento animal e o elemento hu­mano. O primeiro retrata poderes hostis a Deus e a Seu povo; o segun­do, poderes favoráveis a Ele. Os olhos e boca do chifre pequeno não podem ser autenticamente humanos porque explicitamente agem contra Deus, Suas instituições e Seu povo, o que conflita com o caráter dos ele­mentos representados pela simbolo­gia humana na visão. O substantivo “olhos”, no original aramaico, é re­gistrado prefixamente com a letra kaph, que funciona, dependendo do sentido, como partícula de compara­ção, de aparência, de equivalência ou de qualidade, entre outras aplicações. Em nossas Bíblias, a partícula que aparece nesse texto é “como” (“olhos como os de homem”).

Assim, a profecia deixa entrever que, enquanto o poder representado pelo chifre pequeno se levanta contra a lei de Deus e contra Seu povo, ele os­tenta uma aparência favorável a Deus. Jesus tocou nesse ponto ao advertir os discípulos: “vem a hora em que todo o que vos matar julgará com isso tribu­tar culto a Deus” (João 16:2).

 

Identificação - Um grande número de co­mentaristas do livro de Daniel, em que pesem as diferentes linhas interpretati­vas adotadas, reconhece que o chifre pequeno do quarto animal, na visão do capítulo 7, projeta a discutida figura do “anticristo”. E não poderia ser diferen­te, pois a maneira como o texto sagra­do descreve o poder representado por este símbolo não deixa dúvida. Somen­te o anticristo iria usurpar direitos ex­clusivos de Deus, atentar contra Sua lei, insolentemente blasfemar de Deus e fi­nalmente guerrear contra Seu povo.

Os dados proféticos, todavia, nos ad­vertem contra tendências interpretati­vas que contrariam a revelação proféti­ca. Por exemplo, aqueles que imaginam que o anticristo será um poder totalitá­rio, materialista e abertamente contrá­rio a Deus e às coisas de Deus estão equivocados, pois a profecia atribui-lhe uma aparência de piedade. Outros ima­ginam que o anticristo procederá do Extremo Oriente (onde imperam reli­giões não cristãs), quem sabe na forma de um novo messias, um Maitréia, como anunciado pelos arautos da Nova Era. Outros ainda o imaginam na figu­ra de um importante líder comunista, ateu e carismático, que mobilizará o mundo numa última batalha contra o Céu; ou, então, o vêem no perfil de uma figura islâmica radical, imponente, impulsiva, arrebatadora, um novo Bin Laden infinitamente mais ameaçador, levando os atentados às últimas conse­qüências. Porém, se o chifre pequeno do quarto animal é um símbolo do an­ticristo, este é um poder ocidental.

Mas quem é ele? Quem, unica­mente, cumpre as dez características acima?

 


 

Sinais dos TemposMaio-Junho/2003

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