A
Bíblia descreve os
poderes que tentariam dominar o nosso planeta
O profeta Daniel oferece, em apenas nove versos do
capitulo 2 de seu livro, uma visão antecipada da História desde o
tempo de Nabucodonosor, imperador da Babilônia no 6o.século a.C.,
até a volta de Jesus (confira as duas últimas edições de Sinais). Esse rei recebeu tal revelação através do sonho da
estátua representativa dos dominadores da Terra. Dois pontos da profecia
merecem uma atenção adicional.
Poder fragmentado — A
profecia previu que depois de Roma não surgiria Outro poder político que
dominaria o mundo na forma de um império, tal como a Babilônia, a Medo-Pérsia,
a Grécia e a própria Roma. O quarto poder, o império das pernas de ferro da
estátua, seria sucedido por “um reino dividido” (Dan. 2:4 1), isto é, um poder
fragmentado nos diferentes remos representados pelos pés de barro e ferro,
cada qual delimitado por suas fronteiras e convivendo com os demais num plano
de soberania extensiva aos seus territórios apenas. Isso se cumpriu
literalmente, embora não faltassem, no correr do tempo, tentativas de formação
de um poder absoluto no Ocidente.
A História relata que, a partir
do 4o.século da era cristã, os romanos se viram
invadidos por tribos bárbaras provenientes do norte, as quais, finalmente,
dissolveram o império. O último imperador, Rômulo Augústulo, rendeu-se em 476
d.C. diante de Odoacro, rei dos hérulos. Esta é a data da queda de Roma e o
início da Idade Média.
Essas tribos deram origem
aos países da Europa Ocidental e, através desta, das Américas e Austrália.
Entre as principais tribos, podemos mencionar: os alamanos, ancestrais dos
povos germânicos; os francos, de quem os franceses procedem; os anglo-saxões e
bretões, fundadores do conglomerado que deu origem aos países britânicos; os
visigodos e os suevos, que se estabeleceram respectivamente na Espanha e em
Portugal; os burgundos, que expulsaram os helvéticos da região onde hoje é a
Suiça; e os lombardos, que se situaram ao norte da Itália. Outras tribos
fundaram reinos que tiveram duração curta: os hérulos, que haviam conquistado
a capital (Roma) em 476 e foram aniquilados pelos ostrogodos em 493; estes,
por sua vez, capitularam em 538 diante de Belisário, sob ordens de Justiniano,
imperador romano oriental; e os vândalos, que se fixaram em Cartago, ao norte
da África, e foram derrotados em 534 também por Belisário. A queda destes três
reinos teve implicação político-religiosa, pois contribuiu para consolidar o
domínio do bispo de Roma sobre a Igreja Cristã.
Quanto aos hunos, que desapareceram tão rápido
quanto surgiram, nem mesmo chegaram a estabelecer um reino no antigo império.
As nações oriundas dessas
tribos, diz a profecia, seriam fortes como o ferro e fracas como o barro (Dan.
2:41 e 42). Isso também se cumpre com exatidão;
as nações superdesenvolvidas se distinguem daquelas em desenvolvimento, e
compõem o chamado “primeiro mundo”. Umas se impõem como potências, enquanto
outras lutam para sobreviver.
Império europeu? — As tentativas de unificação da Europa num grande
império não se limitariam apenas às conquistas da guerra. O casamento seria
também empregado como estratégia política, mas igualmente sem resultados.
“Misturar-se-ão mediante casamento” afirmou o profeta, “mas não se ligarão um
ao outro” (Dan. 2:43).
Que os diferentes reinos da
Europa tentaram uma coligação de forças através do casamento de conveniência é
fácil de se constatar. A propósito, na época da Primeira Guerra Mundial, George
H. Merritt afirmou: “A Europa em guerra pode ser quase comparada a uma briga em
família. As casas reais, especialmente os países mais fortemente relacionados
à guerra, são praticamente todos do mesmo tronco germânico, e quase do mesmo
sangue. Tem havido tantos Casamentos entre estas casas a ponto de dominar
sangue germânico em cada trono europeu, com exceção dos dois pequenos reinos
da Sérvia e Montenegro.”
Merritt Continua sua descrição:
“O imperador Guilherme da Alemanha, ao guerrear contra a Grã-Bretanha e a
Rússia, está igualmente em guerra com seus primos. O rei George IV da
Grã-Bretanha e o Czar Nicolau II da Rússia são primeiramente primos por suas
mães que eram filhas do rei Cristiano IX da Dinamarca, [...]. Guilherme II da Alemanha é
primo em primeiro grau de George V, e sua mãe Vitória era a irmã do pai de
George, Eduardo VII da Grã-Bretanha. Além disso, Nicolau casou-se com outra
prima em primeiro grau tanto de George como de Guilherme; a mãe da czarina era
outra irmã de Eduardo VII. Finalmente, George, Guilherme e Nicolau são, por
seus pais, netos de Carlos, duque de Mecklenburg-Strelitz, que morreu em 1752,
e Guilherme e Nicolau são descendentes do rei Frederico Guilherme III da
Prússia. Outros primos do rei George e do czar Nicolau, também netos de
Cristiano IX da Dinamarca, são: Cristiano X da Dinamarca, Constantino I da
Grécia, e Ernesto Augusto, duque de Brunswick, que é também genro do
imperador Guilherme II.”
O casamento uniu pessoas e famílias,
mas não reinos. A Europa permaneceu dividida, e assim deve continuar, até que
um poder diferente conclame e receba o apoio de cada nação no mundo. O
Apocalipse identifica este poder final como “a besta que emergiu do mar” (Apoc.
13:1). Num artigo futuro, veremos quem é esse poder e como finalmente ele conseguirá
a adesão mundial. Quando isso acontecer, se cumprirá a profecia que diz: “Toda
a terra se maravilhou seguindo a besta. [...] Deu-se-lhe ainda autoridade sobre cada tribo, povo, língua
e nação” (Apoc. 13:3 e 7).
Até lá, a profecia de Daniel 2
prosseguirá inviolada em seu cumprimento, em que pese o empenho de alguns em
imaginar que a União Européia conspira contra a exatidão profética. Isso não é
verdade. Muito ao contrário, a profecia previu que tentativas de união
ocorreriam na Europa, e é natural que fatores econômicos finalmente se
envolvam no processo. O que se tornou comum foi o mercado, e não as forças
políticas. O Continente ainda é uma colcha de retalhos, com nações fortes e
fracas desempenhando o seu papel no cenário mundial, e se preparando para
conferir seu apoio à “besta”, precisamente como previsto no Apocalipse.
Portanto, o tempo em que
vivemos é importante. Estamos nos aproximando do momento em que será cumprida
a única parte de Daniel 2 que ainda não se cumpriu; a pedra que atinge os pés
da estátua e a destrói. Essa pedra foi interpretada pelo profeta como sendo a
implantação do Reino de Deus na Terra, fato que acontecerá com a volta de
Jesus.
Quando isso acontecer, os remos
do mundo, fracos ou fortes, terão de passar. Já o Reino de Deus “não passará a
outro povo; esmiuçará e consumirá todos estes remos, mas ele mesmo subsistirá
para sempre” (Dan. 2:44). E com ele existirão para sempre os que hoje obedecem
a Deus e se preparam para o encontro com Ele. “O mundo passa, bem como a sua concupiscência;
aquele, porém, que faz a vontade de Deus, permanece eternamente (1 João 2:17).
Vale a pena se preparar para ser um cidadão do Reino de Cristo.
Sinais dos Tempos -
Setembro Outubro de 2001
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