Dario Roger Perli
As profecias de Daniel são paralelas, ou seja, correm paralelamente
através da história, muito embora, cada uma delas apresentem novas informações
e alguns detalhes que seriam comparados como um “zoom” de uma máquina filmadora
dentro dos acontecimentos da história.
Assim, por
exemplo, a profecia de Daniel 2, nos dá em pinceladas gerais, um resumo dos
acontecimentos políticos da história, desde o tempo do Império de Babilônia (606 a 538 aC), até o
estabelecimento do Reino de Deus (Dan.2:44), quando uma pedra sem auxilio
de mãos foi cortada e feriu os pés da
estátua (Dan.2:34 e 35). Ou seja:
Cabeça de Ouro = Império de
Babilônia (Dan.2:38)
Peito de
Prata = Império
Medo-Persa (Dan. 2:39)
Ventre de Bronze (ou de Cobre) =
Império Grego (Dan.2:39)
Pernas de Ferro = Império Romano
(Dan.2:40)
Pés parte de
ferro e parte de barro = Nações que
surgiriam da divisão de Roma. “Algumas fortes como o ferro e outras fracas como
o barro”. (Dan. 2:41 a 43)
Pedra lançada sem
auxílio de mãos = o estabelecimento do Reino de Cristo, através de sua segunda vinda.
Um aspecto
importante a ser destacado aqui é que o ferro que simboliza Roma, estende-se
desde a Grécia até que a pedra, que é Cristo, destrua tudo no momento da
segunda vinda de Cristo. No inicio o ferro era puro, depois misturou-se
como o barro. No entanto ainda é ferro. Porque ? Veremos isso ao final deste
trabalho.
Já em Daniel capitulo
7, a mesma descrição é apresentada, porem com outros detalhes. Aqui Daniel
vê na seqüência quatro animais saindo do Grande Mar (Segundo
Apoc.17:15, são povos, multidões, nações e línguas). Foi dito à Daniel que os mesmos (os quatro
animais), representavam reis ou reinos que surgiriam (Dan.7:17 e 23).
Vejamos a seqüência:
O Leão com
asas de águia = Babilônia (Dn.7:4)
O Urso que se
levantou de um lado e tendo 3 costelas em sua boca = Média e a Pérsia ( as
costelas seriam: Babilônia, Egito e a
Lídia que os Persas conquistaram
). (Dn.7:5)
O Leopardo
com quatro cabeças e quatro asas = Grécia , (sendo que as quatro cabeças
representariam as quatro divisões do império depois da morte de Alexandre o
Grande e quatro asas devido a rapidez de suas conquistas). (Dn.7:6)
O 4º Animal
era “Terrível e espantoso, muito forte, o qual tinha dentes grandes de ferro,
devorava e fazia tudo em pedaços e pisava aos que sobrava. Era diferente de
todos os animais que apareceram antes dele e tinha 10 chifres.”(Dn.7:7)
Dentre os chifres do “animal terrível”, que já tinha 10, (verso 7), subiu outro
chifre pequeno (portanto depois dos 10 chifres), (pequeno no início), e
este arrancou três chifres, (Dn. 7:8 e 20), tinha olhos, uma boca que “falava
com vanglória, se tornou mais robusto que os demais chifres”, mesmo
tendo surgido pequeno e depois do que os outros. O verso 25 nos dá mais
informações deste “chifre”, ... “proferirá palavras contra o Altíssimo, cuidará
de mudar os tempos e as leis”, e diz ainda que “os santos serão
entregues em suas mãos ...por um tempo, dois tempos e metade de um
tempo.”
O 4º Animal = Roma. Ver
verso 23
Os 10 chifres = 10 povos que
surgiriam do Império Romano (o nº 10 significa plenitude), (na profecia de
Daniel cap.2, eram os10 dedos dos pés).
Ver a explicação do anjo no verso 24.
Na descrição deste verso, nos diz claramente que o chifre que surgiria
depois, abateria três reis (ou reinos).
Julgamento - Na
seqüência, no verso 9 e 10, ocorre um
julgamento, e a visão parece ocorrer no céu... Leia com atenção estes dois
versos do capítulo 7 ... “Milhares de milhares o serviam e milhões e milhões
estavam diante dEle. Assentou-se o tribunal e abriram-se os livros”. Esse
detalhe não é revelado na profecia do capitulo 2.
Enquanto no céu ocorre algo
semelhante a um julgamento, aqui na terra, (Dan.7:11) o chifre emitia
“grandes palavras”... através de uma voz que chamava a atenção do
profeta... até que o animal foi morto...
A Posse do
Reino - Na seqüência, nos versos 13 e 14, é descrito a posse do Reino por
Jesus: “um como o Filho do Homem se dirigiu até ao Ancião de Dias... e foi-lhe
dado o domínio, a honra e o reino; todos os povos, nações,
línguas o adoraram. O seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu
reino o único que não será destruído.” Isto nos indica que a volta de Jesus tem
lugar logo após ter Ele recebido o domínio e o Reino, que ocorre logo após
estabelecimento de um tribunal, que indica ocorrer um julgamento no céu. No
verso 26, quando o anjo está explicando a visão para Daniel, que o Tribunal se
assentará em juízo.
Daniel fica
aturdido com a visão, e pede que lhe de a interpretação do que estava
presenciando em visão. (Dn.7:16).
No verso 19,
Daniel que saber quem seria o quarto animal e no 20 quer saber mais dos 10
chifres e do que surgia e tinha características especiais:
Derrubou três
chifres, tinha olhos, uma boca que falava com vanglória, parecia ser mais forte
que os demais seus companheiros... fazia guerra contra os santos e os vencia,
...até que veio o Ancião de Dias... e chegou o tempo em que os santos possuíram
o reino. (verso 21 e 22)
No verso 23, o
Anjo começa sua explicação...
Mas afinal, quem
é o chifre pequeno ?
Na idade média os grandes
reformadores, tais como Lutero, Calvino, John Wycliffe e outros, não tinham
dúvidas... Se tratava de Roma papal, que se seguiu a Roma pagã. Roma pagã, caiu
em 476 DC, através de sucessivas invasões de tribos bárbaras ... mas sua sede
de governo que havia sido transferida para Constantinopla, de onde os
Imperadores continuaram a exercer sua influência e poder. E em Roma o Bispo de
Roma é quem tinha grande autoridade. Nesta época haviam cerca de dez tribos que
perambulavam pela Europa, e que deram origem para 10 nações da Europa, ou seja:
Visigodos, Ostrogodos, Vândalos, Borgúndios, Lombardos, Anglo Saxões, Francos, Alamanos, Hérulos, e
os Suévos. Estas tribos foram cristianizadas, mas algumas não conforme o credo
da Igreja Romana. Haviam três tribos, entretanto, cujo cristianismo não era
católico, mas eram uma espécie de arianos, que criam em Jesus, embora não o
considerassem como Deus, e sim um ser criado. Em virtude dessas diferenças,
católicos e arianos opunham-se mutuamente. Desta forma, através de diversas
tramas políticas, os Imperadores do Império Romano do Oriente (sediados em
Constantinopla) derrubaram os Hérulos em 493 A.D. , os Vândalos em 534 e os
Ostrogodos em 538 A.D. satisfazendo assim a
profecia que “... três chifres
seriam arrancados”. “Foi sobre as
enfumaçadas ruínas do Império Romano Ocidental e depois da derrocada dos três
reinos arianos que surgiu o papa como a mais influente pessoa individual no
Ocidente, o líder de uma organização religiosa adequadamente organizada,
detentora de um credo definido e com vasto potencial para influência política”
(*). A partir de 538, o bispo de Roma
passou a exercer esse poder, inclusive o de perseguir os hereges, fato este que
já havia ocorrido desde 533 AD., por decreto do Imperador Justiniano, que permanecia em Constantinopla.
O Império Romano foi assim substituído pela Igreja Romana, ou conforme os escritores do século dezenove, Roma Pagã
foi substituída por Roma Papal.
Voltemos ao verso
25 de Daniel cap. 7 , que nos dá novas características do chifre :
Lemos que o
Chifre, “...destruiria os santos do Altíssimo”, e isto se cumpre com presteza durante o
período da inquisição,
Diz ainda
que “... cuidará em mudar os tempos e
a lei...” A Igreja Romana, em seu
catecismo Romano omite o segundo mandamento, “não farás para ti imagem de
escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na
terra, nem nas águas debaixo da terra não te encurvaras a elas nem as servirás,
pois eu, o Senhor teu Deus, sou um Deus zeloso, ...” ( Êx.20:4) e para que
existam 10 mandamentos dividem o décimo mandamento (não cobiçaras...) em
dois... (não cobiçaras a mulher do teu próximo e não cobiçaras a casa de teu
próximo).
O final do verso
25 diz que os santos “serão entregues nas suas mãos por um tempo dois tempos
e metade de um tempo.” Se verificarmos em Dan. 11:13, percebemos que um
ano é igual a um tempo, logo : Um
tempo = 1 ano, tempos = 2 anos, metade
de 1 tempo = metade de um ano. Ou ainda, transferindo-se para meses: 3,5 anos =
3,5x12= 42 meses. Ainda transferindo-se para dias = 42meses x 30 = 1260
dias. Isto conforme o princípio 1 dia por um ano de Ezequiel 3:5 e 6 e
de Números 14:34, e conforme princípio adotado já por Joaquim de Fiore (1135 –
1202) monge italiano, e por José Mede (1586 – 1638), professor de Grego na
Universidade de Cambridge, chegamos, partindo do ano de 538, quando o
papado, após derrubar três outros chifres, se estabeleceu com poder de
estado(pequeno no inicio), até o ano de 1798. [ 538
+ 1260 = 1798 ]
Mas o que acontece nesse ano ? O Papa foi preso pelo exercito francês, sob o
comando do coronel Bertier, levado para a França e morreu no exílio. Nessa
época foram confiscadas grandes propriedades da Igreja, sendo que aos poucos
esta foi recuperando parte desta imensa área perdida, e também do poder
político, e em 1924, com Musslini, foi assinado o Concilio de Latrão,
devolvendo uma pequena parte das terras pertencentes a Igreja, que hoje é o
Vaticano.
O verso 26, segundo o anjo que
explica a profecia para Daniel, informa
que na seqüência, ou seja, logo após cumprimento desta profecia de
tempo,mencionada no verso 25, (que é mencionada sete vezes nas escrituras, em
Dan.7:25, 12:7; e Apoc.11:2, 3; 12:6 e 14; e 13:5), e que como vimos se cumpriu
em 1798, informa que “... o tribunal se
assentará em juízo, e lhe tirará o seu domínio para o destruir e para desfazer
até o fim”. O Apoc. Cap. 13, 17 e 18 nos
dá maiores informações. Ali ficamos sabendo que este poder, recuperaria
novamente seu prestigio político, e certamente é o que podemos observar agora.
A volta de Jesus
e o estabelecimento do Reino - E no verso 27, vemos que o Reino e o domínio
serão dados aos santos do Altíssimo e o
seu reino será um Reino eterno.
Perceba na
seqüência como os passos das duas profecias
analisadas são semelhantes, e semelhantes às demais dos capítulos 8, 9 e
10e 11, com diferenças apenas nos detalhes, sendo que algumas apresentam como
que um “zoom”, dentro da história.
Esta forma de interpretar as
profecias, é conhecida como sendo a da escola
historicista, que como já vimos é
baseada no desenrolar da história.
Logo após a
Reforma Protestante, porém, veio a contra reforma, que através de Luiz de
Alcazar (1554 – 1613), um Jesuíta, que para livrar o papado das acusações de ser
o chifre pequeno de Daniel, que lhe faziam os reformadores, introduziu o
que chamamos de Escola Preterista, ou seja, todas as profecias teriam sido cumpridas no
passado, restando apenas algumas poucas que estariam num futuro distante.
Da mesma forma
surgiu também Francisco Rivera (1537 – 1591), também jesuíta, e que da mesma
maneira que Alcazar, tenta livrar o papa da acusação de ser o Chifre pequeno de
Daniel, interpretando as profecias de forma que tudo estaria no futuro, ou
seja, apenas uma pequena parte das profecias teriam sido cumpridas. Esta forma
de se entender as profecias foi chamado de Futurista. Grande parte dos
evangélicos e os anglicanos aceitam essa forma futurista de interpretar as
profecias de Daniel e de Apocalipse.
Em certo sentido,
estes dois últimos também estão certos, quando se fala de Anti-Cristo, porque
encontramos nas profecias mais de um poder que se opõe a Cristo, e o verdadeiro anti-cristo, que é
Satanás, atua através de diversas maneiras, sobretudo poderes terrestres,
políticos ou religiosos.
A visão do Cap. 8 - No capitulo 8,
na visão que Daniel teve, e que ocorreu dois anos após a visão relatada no
capitulo 7, e aproximadamente 12 anos antes da queda de Babilônia, se inicia
com:
Um carneiro, com dois
chifres (verso 3) = Império Medo Persa, (verso 20), (já não entra
mais o Império Babilônico, pois estava perto de ser conquistado pelo Medo
Persa).
Um bode, com um grande chifre (verso
5) = Grécia, segundo a explicação do
anjo, (verso 21), e o chifre grande o
seu primeiro Rei.
Só nestes primeiros versos, podemos
ver claramente o paralelismo desta profecia com as anteriores. Apenas que a
ênfase é diferente. Neste caso, do capitulo 8, os animais estão relacionados
com o santuário, e a ênfase é o
Santuário, tratando mais do aspecto religioso ou espiritual, sendo que no cap. 7, a ênfase está no
Tribunal e no Juízo, e no capitulo 2, no aspecto político do desenrolar da
história.
O verso 8, nos
informa que o bode “...na sua maior força o chifre lhe foi quebrado, e subiram
no seu lugar, quatro também notáveis, para os quatro ventos do céu.”
O chifre pequeno
que pisa o Santuário - Na seqüência, o verso 9: “ De um deles saiu um
chifre muito pequeno, o qual cresceu muito para o sul, para o oriente
e para a terra formosa.”
Dois aspectos são
importantes nestes versos. Primeiro, que na língua original, o hebraico, quando
se refere a: “...de um deles...”
esta dizendo que de um dos quatro ventos...(ou seja, de um dos quatro
pontos cardeais...), e não de um dos quatro chifres. “Como pode ser
isso? No hebraico, os substantivos
possuem gênero. Podem ser considerados
como masculinos, femininos ou neutro. Muitos outros idiomas empregam também
gênero gramatical. E em todos esses idiomas, a regra é que os pronomes devam
concordar com os substantivos que os antecedem, sendo de igual modo masculinos,
femininos e neutros. Em português, por exemplo, pensamos em um navio como sendo
masculino, e a esse nos referimos utilizando pronomes masculinos, tais como ele
ou seu. No texto hebraico de Dan. 8:8 e 9, ‘chifres’ é palavra feminina, ao
passo que ‘ventos’ pode ser masculina ou feminina. Na frase
‘de um deles’ (pois que o texto original não diz ‘chifres’, como
acontece em algumas de nossas versões em
português ) o pronome ‘eles (de + eles)
é masculino. Isto significa que o substantivo antecedente relacionado com ‘eles’ não pode ser ‘chifres’
(que é uma palavra feminina), e sim ‘ventos’ (que pode ser palavra masculina).
Portando, o chifre pequeno deveria
surgir de um dos quatro ventos, ou seja deveria aparecer em um dos quatro
pontos cardeais.” (**)
Segundo, “é interessante observar que o Império Romano – pequeno a
principio _ surgiu em um ponto a oeste em relação aos três primeiros Impérios.”
(**)
Quando Alexandre o grande morreu,
seus 4 generais, depois de muitas lutas que durou perto de vinte anos,
dividiram o Império em 4 , ou seja: Seleuco, que ficou com a Síria e as terras
que Alexandre conquistara a leste; Ptolomeu, ficou com o Egito, a
Cirenaica e a Palestina; Lisímaco ficou
com a Trácia e grande parte da Ásia Menor; e Cassandro que ficou com a
Macedônia e a Grécia.
Alguns estudiosos
da Bíblia, têm imaginado que o chifre pequeno de Daniel 8, é um dos reis
Seleucidas (descendentes de Seleuco, que governaram a Síria), Antíoco IV, conhecido como Antíoco Epifânio,
que perseguiu os Judeus conservadores, e suspendeu os serviços do templo, entre
os anos 168 e 165 AC. Existem vários aspectos em que este rei não preenche as características da
Profecia :
a) Chifres
representam reinos, e ele foi apenas um rei individual, uma parte de um dos
quatro chifres, e tampouco aparece no fim do reinado dos reis seleucidas.
b) Não se pode dizer
que ele “prosperou” (verso 12), ou que se “tornou muito forte”...
Seu pai foi Antioco III, chamado o Grande, com justa razão, pois restaurou os
domínios originais dos Seleucidas.
c) No “Leste”
( Mesopotâmia), ele morreu sob
circunstancias tristes e obscuras. Até mesmo na “terra gloriosa”, onde a
principio ele parecia destinar-se ao sucesso, todas as suas ambições ruíram por
terra enquanto ele ainda vivia.
d) Apesar de todas
as tentativas, de enquadrar sua
profanação do templo judaico dentro do período de “duas mil e trezentas
tardes e manhãs”, estas redundaram em fracasso. O livro apócrifo de I
Macabeus 1:54 a 59; 4:52 a 54, é preciso ao informar que ele interrompeu o
serviço no templo durante três anos e dez dias (transformando-se 2300 tardes e
manhãs, como sendo literais, em anos temos: 1150 dias, que dividido por 360
chegamos a Três anos e setenta dias, faltando assim dois meses para cumprir o
tempo previsto pela profecia). O que ocorre é que em I Macabeus 1:54 aplica a
frase “sacrilégio desolador” àquilo que Antioco fez em relação ao Templo
Judaico. No entanto, Jesus, no discurso do Monte das Oliveiras aos discípulos,
disse que “ a abominação desoladora” do profeta Daniel (Dan.9:27), ainda
se encontrava no futuro. (Mat.24:15). Mais adiante apresentaremos mais detalhes.
O Chifre Pequeno
de Daniel 8 é Roma- Porque defendemos essa posição ? Vejamos o que
segue:
a)
Só pode ser encontrado em Roma pagã (Império Romano)
e sua sucessora Roma Papal, devido ao principio de paralelismo das sucessivas
visões de Daniel. Pode-se perceber em vários sentidos que o chifre pequeno de
Daniel 8 representa um paralelo e uma ampliação das informações do que tivemos
de informação a respeito do chifre pequeno de Daniel 7 e da besta a partir da
qual esse chifre cresceu. Em Daniel 2 e 7 Roma vem depois da Grécia, portanto
Roma também deve seguir a Grécia em Daniel 8.
b)
Roma surgiu no ocidente, tendo saído de um dos
“quatro ventos”, conforme vimos acima..
c)
Roma pagã e Roma Cristã representam um contínuo. O
Bispo de Roma foi o sucessor do imperador Romano. Vejamos como um livro texto
escolar descreve o tema: “ No ocidente ,
a Igreja assumiu a defesa da civilização romana. O imperador desistiu do título
(Pagão) de “Pontifex Maximus” ( Sumo Sacerdote) porque os deuses romanos não
mais eram adorados. O bispo de Roma assumiu estas funções sacerdotais, e é esta
a razão pela qual por vezes o papa pe ainda hoje mencionado como Pontífice....
O Império Romano transformou-se na Igreja Cristã.” Logo, uma vez que a Igreja
Romana representava uma continuação do Império
Romano, um único chifre proeminente pode muito bem representar a ambos. Aqui
lembramos o que mencionamos ao resumirmos Daniel cap.2: o ferro continua a existir até que a “pedra”
cairia aos pés da estatua.
d)
O Império Romano, ao contrário de Antioco Epifânio, assumiu vitoriosamente o controle do Oriente
Médio, no “fim do... reinado” dos reis helenísticos.
e)
Ao assumir o controle do Oriente Médio, o Império
Romano – também ao contrario de Antioco – se torna “muito forte para o sul,
para o oriente e para a terra formosa”.
f)
Roma pagã, enfática e tragicamente, “engrandeceu
–se” a si mesma contra o “Príncipe do exército”. (verso 11). Pôncio
Pilatos e os soldados romanos condenaram e crucificaram a Jesus, e eram todos Romanos.
g)
Tanto Roma pagã como Roma cristã destruíram “os
poderosos e o povo santo”(verso 24).
h)
Tanto Roma pagã como Roma cristã tiraram o
“costumado sacrifício” e deitaram abaixo “o lugar do seu santuário”(verso 11).
Roma pagã fez isso literalmente, no ano 70 AD, quando destruiu Jerusalém e o
Templo. Roma cristã, ao retirar o “tamid” palavra hebraica que erradamente em
algumas traduções é traduzida por “sacrifício costumado”. Acontece que a
palavra “sacrifício” não existe no original, e é colocada tão somente para
forçar uma interpretação em favor de Antíoco. “Tamid” quer dizer apenas
contínuo e se refere a continua intercessão em favor dos pecadores, por intermédio dos sacerdotes no santuário
terrestre, ou por meio de Jesus no santuário celestial. (Ver Hebreus 4: 14 a
16; 7: 20 a 27; 8: 1 e 2; 9: 11 e 12; Rom. 4:25; e Apoc.11:19) No entanto em
Heb. 7:21 a 25, contínuo só o
celestial, pois no terrestre , pelo fato de haver interrupções dos turnos dos
sacerdotes, ou seja, não era o mesmo sacerdote que continuamente intercedia. Assim “tamid”
representa um símbolo. Um símbolo do contínuo ministério de Cristo.no Santuário
Celestial, onde ele perdoa os nossos pecados e provê poder para que vivamos em
uma novidade de vida, cumprindo assim em nós as promessas do novo concerto.
Como o Ministério de Cristo
é obscurecido – Ou de outro modo, como Romã cristã interferiu no ministério contínuo
de Cristo – o tamid – de Jesus no Santuário celestial?
A Igreja medieval, que
detinha o poder estatal, o fez da seguinte forma:
a) Por insistir
quanto a soberania absoluta do Papa como cabeça visível da Igreja, perseguindo
os cristãos que afirmavam que a única cabeça da igreja é Jesus Cristo.(Efésios
4:15 e 5:23).
b) Por apresentar a
ceia do Senhor de forma tal que
estimulava a superstição perseguindo pessoas que se recusassem a ensinar que o
pão se converte no verdadeiro corpo de Cristo. Como fez com os seguidores de
João Huss.
c) Por fracassar na
ministração da genuína palavra de Deus, e queimar na estaca (como ) fez com
Tyndale) as pessoas que lutaram par tornar a Bíblia acessível às pessoas
comuns.
d) Por autorizar a
comercialização do perdão, excomungando as pessoas (como Martinho Lutero) que
afirmavam que a justificação ocorre somente pela graça, mediante a fé em Jesus
Cristo.(Romanos 3:24 e Efésios 2:5)
e) Por requerer
confissão a um sacerdote humano e exigir a prática de penitências, perseguindo
as pessoas (como os Luteranos) que diziam que todas as pessoas cristãs são
sacerdotes que podem dirigir-se diretamente a Deus por meio do Mediador Jesus
Cristo. (I Pedro 2:9 e I Timóteo 2:5).
f) Por exigir que o
primeiro dia da semana fosse santificado em lugar do sétimo, embora, em o novo
conserto, Deus houvesse prometido escrever
Sua lei no coração de Seu povo. (Êxodo : 20:8 a 11 e Hebreus 8: 10a
12)
g) Por ensinar que a
missa é o mesmo sacrificio realizado na cruz
h) Por ensinar que
por ocasião da morte de pecadores impenitentes, Deus os manda para o inferno
para arder para toda eternidade na companhia dos demônios. Missas solicitadas
pelos vivos podem ser oferecidas em favor das almas que estão no purgatório, o
que serviria para reduzir os seus sofrimentos.
Esses erros refletem o que ocorreu ao longo
dos anos e como o “tamid” que felizmente seria restaurado e disponível a todas as pessoas.
Estes fatos cumprem perfeitamente o verso 12 do cap.8 de Daniel: “o exército
lhe foi entregue juntamente com o tamid, por causa das transgressões. Lançou a
verdade por terra e prosperou em tudo o que fez.”
Também os versos
23 a 25, quando o ser celestial esta dando explicações para Daniel sobre o
chifre pequeno, são mencionados outros subsídios que se encaixam perfeitamente
dentro desta explicação.
No verso 13 de
Daniel 8, parece ocorrer algo em
paralelo ao que Daniel estava vendo, ou seja,
a profecia do Carneiro (Média e Pérsia)e do Bode (Grécia)
com um único chifre (seu primeiro rei: Alexandre o Grande), que depois
surgiram 4 chifres (
representando as 4 divisões do Império Grego) e finalmente um chifre pequeno (que como já vimos, não poderia ser Antioco,
e sim a seqüência de Roma Pagã e de Roma Papal ) que “cresceu muito para o sul
o oriente e para a terra formosa”.
Enquanto transcorria essa seqüência de quadros da profecia através da
história, como se fosse um outro cenário, é intercalado um diálogo, que Daniel
ouve e certamente também observa. Vamos
transcrever o verso 13 e 14 de Daniel 8 : “Depois ouvi um santo que falava,
e disse outro santo àquele que
falava: Até quando durará a visão do
‘sacrifício diário’ (esta palavra não existe no original hebraico mas sim a
palavra ‘tamid’, que significa contínuo e que como já vimos acima tem relação
com o sacerdócio de Jesus no Santuário Celestial) e da transgressão assoladora,
visão na qual é entregue o santuário, e
o exército, a fim de serem pisados ?” E o verso 14, “Ele me disse: Até
duas mil e trezentas tardes e manhãs e o santuário será purificado.” Este verso parece ser o climax e o foco
de todo o Livro de Daniel. Em resposta a angustiante pergunta sobre a extensão
de tempo durante o qual o ministério sacerdotal (o tamid) deveria ser pisado, o
anjo Gabriel explicou: “até duas mil e trezentas tardes e manhãs ... (v. 14) Assim, para entendermos , “o santuário” e as “tardes e manhãs”, não são
literais como as “bestas” e os “chifres”.
Após o profeta contemplar o desfile de “bestas e chifres”, e o profeta
escutar a predição relacionada com as “tardes e manhãs” e não ter entendido
nada, é natural que o profeta queira uma explicação. O anjo Gabriel começa a
explicar, mas aquilo que ele disse a respeito de Bestas e Chifres, e o efeito
da ação destes sobre o ministério Sacerdotal de
Cristo no céu e sobre o povo de Deus, emocionou tanto o profeta que este
desmaiou (verso 18) antes que o anjo Gabriel pudesse tratar especificamente do
verso 14. Gabriel havia sido comissionado a fazer “entender a este (homem) a
visão” ( Dan. 8:15 e 16), e como só conseguiu, apenas a primeira parte,
referente aos animais, e dá mais informações sobre o chifre pequeno (Dan.8:19 a
25), e interrompendo a explicação sem entrar em detalhes sobre os versos 13 e
14, afirma apenas, no verso 26 que “a
visão da tarde e manhã é verdadeira” e que deveria ser “selada” pois só se
cumpriria depois de muitos dias. Daniel escreve : “espantava-me com a
visão e não havia quem a entendesse.”
(Verso 27 ult. parte). Dessa
maneira o anjo antecipa alguma explicação, informando que a visão, como um todo
se estenderia até “o tempo determinado
do fim” (Dan.8:19) e que ela se referia “a dias mui distantes” (verso 26) e
para explicar a visão, o mesmo anjo Gabriel, volta, conforme
relatado no cap. 9 a partir dos verso 21,
após uma oração fervorosa de Daniel, buscando entendimento sobre o
período de tempo que os Judeus ficariam no exílio (Dan.9:2 a 4 e 19),
profetizado por Jeremias. (Jer.29:10)
Alguns
comentaristas, como já vimos, têm interpretado as 2300 tardes e manhãs como
1150 dias literais, tentando harmoniza-los com o período de 3 anos e dez dias
durante o tempo em que o templo em Jerusalém foi profanado por Antíoco
Epifânio, e eles explicam que a frase “tardes
e manhãs” seria uma expressão idiomática que se refere aos sacrifícios
matutinos e vespertinos, interrompidos por determinação dele. Por diversas
razões 2300 são melhores que 1150:
a)
A expressão “tardes - manhãs” (em hebraico), não
pode ser aplicada aos sacrifícios queimados oferecidos diariamente. Jamais foi
feita referência a eles sob a expressão acima referida. Todas as
referências feitas quanto a ofertas
efetuadas, o são como, “pela manhã e a
tarde” e nunca o inverso. (II Cor.13:11; 31:3; Num.28:4; II Cron.2:4).
b)
A seqüência “tarde , manhã” ocorre na Bíblia não em conexão com os holocaustos oferecidos
mas aos dias da criação. Gen.1:5, 8... Os dias judaicos eram vistos como
começando ao pôr do sol e continuando até o pôr do sol do dia seguinte.
c)
Os eruditos judeus que prepararam as antigas versões
gregas do Antigo Testamento, entenderam as “2300 tardes e manhãs” como sendo
2300 dias. Ambas as traduções antigas (uma delas a Septuaginta, que é a versão
das Escrituras para o grego, realizada aproximadamente no ano 200 aC.) apresentam o texto (em grego) como “dias de
tarde e manhã, dois mil e trezentos”.
A Purificação do Santuário – A parte final do
verso 14, do cap.8, de Daniel, nos diz o que aconteceria após as 2300 tardes e
manhãs “...o santuário será purificado”.
No antigo Testamento, a cerimônia de purificação do Santuário, era o
“dia da Expiação”, que em hebraico é
“Yon Kippur”, e era celebrada no dia 10
do 7º mês, que em nosso calendário corresponde aproximadamente ao mês de
outubro. Durante as cerimônias ocorridas no ano, os pecados eram transferidos
para o sacrifício, pela confissão dos pecados sobre a vítima, e daí para o
sacerdote, que pela aplicação do sangue no interior do santuário, ao próprio
santuário.
Os pecados
confessados e perdoados dessa forma contaminavam o santuário que uma vez ao ano
deveria ser purificado. Era feita uma limpeza do pecado. A purificação
representava uma restauração da justiça.
O dia da expiação era também um dia
de julgamento.(Lev.23:29) A pessoa que não se afligisse, ou em outras palavras,
se arrependesse, seria eliminada de seu povo. Com o dia da expiação sendo vista
como dia de julgamento, percebemos que a purificação do santuário em Dan.8:14
esta relacionada com Daniel 7 e o
aparecimento da pedra sobrenatural de Daniel cap.2. A percepção de paralelismos
é uma das principais chaves para a compreensão do livro de Daniel. Assim, Dan.
7:9 a 14 refere-se à entrada de Cristo – na qualidade de Sumo Sacerdote – no
lugar santíssimo do santuário celestial, no inicio do Dia da Expiação, ou seja,
Dia de Julgamento celestial.
A pergunta natural que se seguiria, seria
: Pode o céu ser “purificado” ? Hebreus
9:22 e 23 mostram que sim. E outra
pergunta seria, Em que consiste a purificação do santuário ? (de
que fala Dan.9: 14) Note que se a
derrubada do santuário implicou lançar por terra também a verdade do evangelho,
da qual o santuário e os serviços que nele se celebravam eram um símbolo, então
a purificação do santuário significaria a restauração da verdade do evangelho à
sua pureza original. O Santuário seria vindicado no sentido de que a verdade do
Santuário, esquecida durante séculos, seria recuperada e proclamada em sua integridade, tanto no que diz respeito
ao sacrifício de Cristo no calvário, como à Sua obra de mediação no céu.
Daniel Cap. 9 – Em resumo, o cap. 9 pode ser
assim dividido:
O Diário de Daniel
9:1 e2.
A Oração de Daniel
9:3 a 19.
A Resposta da Oração
9:20 a 23
A Profecia das 70 semanas
9:24 a 27
Qual seria o vínculo
entre as profecias entre Daniel capítulos 8 e 9 ? É de importância básica conservar em mente
que a profecia de Daniel 9 foi dada para Daniel, para explicar Daniel 8:14., e
que os dois capítulos constituem uma unidade mesmo que se tenham passado
aproximadamente 13 anos entre elas.
Porque ?
1.
Quando Gabriel apareceu, Daniel reconheceu tratar-se
do mesmo anjo. (Dan. 9 :21)
2. A primeira frase
de Gabriel, depois de chamá-lo de “mui amado”, foi: “Considera pois ... e
entende a visão”. Ele já saíra com a incumbência para fazer Daniel entender a
visão anterior, e só poderia ser no que diz respeito a parte não explicada da
visão anterior, pois a primeira parte da visão já havia sido explicada.
3. Daniel não teve outra visão depois da do cap.8
e antes da do capítulo 9.
4. A única parte da
visão do cap. 8 que Gabriel não explicou para Daniel foi sem dúvidas os versos
13 e 14 do cap. 8.
Setenta Semanas Especiais - ( Dan.9:24)
“Setenta semanas de anos (Conforme tradução encontrada na
Septuaginta, que é a versão do Velho Testamento do Hebraico para o Grego) estão
determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade para fazer cessar a
transgressão, para trazer a justiça eterna, para selar a visão e a profecia e
para ungir o Santo dos Santos”.
Quando seria o início das
Setenta Semanas ? – O verso 25 diz que algum dia sairia um decreto,
ou uma ordem para restaurar Jerusalém, que na época da visão se encontrava
destruída, e que o profeta Jeremias havia predito que após 70 anos seria
restaurada (Jer.29:10 a 13). Foram diversos decretos para a reconstrução de
Jerusalém, dos quais 3 são os mais importantes, e apenas um preenche todas as
qualidades que necessitamos. O primeiro decreto foi o de Ciro, o Grande,
emitido em 538/537 A.C ( Esd.1:7 a 11). O segundo emitido por Dario I
Histaspes, ( não confundir com Dario, o Medo) em 519 A.C (Esd.6: 6 a 12), e finalmente o 3º
emitido por Artaxerxes I Longimano, no outono de 457 A.C. (Esd.7:11 a 26). Este
último restabelece plenamente todos os direitos para restauração completa do
Estado Judeu.
Qual o Propósito das 70
Semanas – O propósito básico de Deus manifestado nas 70 semanas, é a expiação, ou
seja, o Evangelho, ou ainda como funciona a justiça de Deus e como Ele concilia
justiça com perdão, eliminando todos os pecados, purificando e justificando o
pecador e o Santuário. É o Santuário
Celestial que Jesus purifica com seu sangue, e não o terrestre. (Heb.9:11 a 26).
Visão de 7 anos
Daniel 9 Sete semanas | Sessenta e duas semanas ou 434 anos
| Uma semana |
|_____|_ 49 anos __
_|________________________________|____________| 3 ½ +_3 1/2|
437 457
408
aC | dC 27 31 34
Resumo : 70 Semanas – 490 anos
437/438 aC -
Data aproximada que Daniel recebeu a visão
457 aC -
Decreto para a reconstrução de Jerusalém
408 aC -
Data para o término da reconstrução de Jerusalém, após 7 semanas ou 49
anos
27 aD - Jesus é Ungido (escolhido), batizado e
inicia seu ministério, após sessenta e duas semanas ou 434 anos.
31 aD - A morte de Jesus, quando “Ele confirmará uma
aliança com muitos por uma semana mas na
metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de cereais” (verso27)
e “depois das sessenta e duas semanas
será cortado o Ungido” (v.26)
34 aD - Apedrejamento de Estevão, primeiro mártir
cristão. Rejeição de Israel, como nação,
por rejeitar Jesus como o Messias. O Evangelho é levado para os gentios.
Término das setenta semanas que “estão determinadas sobre o teu povo, e sobre
a tua santa cidade, para fazer cessar a transgressão, e dar fim aos pecados, e
expiar a iniqüidade, e trazer a justiça eterna, selar a visão e a profecia, e
para Ungir o Santo dos Santos.” (v. 24)
Daniel pediu em sua oração o perdão
dos pecados do seu povo e Deus lhe diz que dentro das setenta semanas seria
providenciado o perdão, ou a expiação para todos os pecados e Jesus Ungiria um novo santuário e
providenciaria um ministério Sumo sacerdotal cujo resultado seria a justiça
eterna. ( Heb.8:1,2 e 5; 9:1,11,12,22 a
24).
Os eventos das 70 semanas –
1.
A vinda do Messias Príncipe
(v.25)
Depois de 7 semanas e 72
semanas.
Seria morto depois de 62
semanas (v.26)
Ele fará aliança com
muitos por uma semana (v.27)
No meio da semana fará
cessar o sacrifício e a oferta de manjares (v.27)
2.
A reconstrução de Jerusalém
3.
Um príncipe cujo povo
destruiria a cidade e o santuário (v.26) (Roma: no ano 70 dC.)
Príncipe desolador.
Princípios básicos do estilo
hebreu -
O texto em hebraico de Daniel 9: 24 a 27,
foi construído em uma forma literária poética, característica do estilo hebreu.
Quanto mais sinceros e fervorosos eram, tanto maior atenção prestavam ao
estilo. Seus maiores profetas foram igualmente grandes poetas e costumavam construir muitos trocadilhos
sérios. Muitos salmos foram construídos como sendo jogral ou “antífona” que
seria uma voz contrapondo-se a uma voz , como por exemplo o Salmo 107. O
grupamento antifonal não é nenhum preparativo para mágica! O coração da música hebraica acha-se
representado por idéias paralelas, que correspondem em duas ou mais linhas
adjacentes.Quando dois grupos de pessoas praticam a leitura, o primeiro grupo
lê a idéia inicial, ao passo que o segundo grupo lê a idéia paralela. A
repetição paralela aparece sob diferentes formas. Por exemplo:
Paralelismos sinônimos – A idéia é
simplesmente reafirmada em palavras diferentes. Ex.:
A – Fez cessar a tormenta,
A’ - e as ondas se acalmaram.
Paralelismos antitéticos – Algumas vezes a segunda linha apresenta
uma idéia contrastante em
relação à primeira. Por ex.: Sal.1:6
A - Pois o Senhor conhece o
caminho dos justos,
A’ -
mas o caminho dos ímpios perecerá.
Paralelismos sintéticos – Algumas vezes a segunda linha apenas
acrescenta ou completa a idéia expressa na primeira linha.
Paralelismos alternativos – Freqüentemente poderá ocorrer a presença
de duas idéias alternativas, e que se estendem por vários versos. Por ex.:
Sal.37:3 a 5.
A –
Confia no Senhor e faze o bem;
B – habita na terra e
alimenta-te da verdade.
A’
– Agrada-te do Senhor,
B’
– e Ele satisfará os desejos do teu coração.
A” – Entrega o teu
caminho ao Senhor, confia nEle,
B”
– e o mais Ele fará.
Quiasmas – Consistem em um par de idéias contrastantes que
repentinamente invertem a direção, tais como pares que dançam. Em Daniel 9: 24
a 27, existem dois quiasmas, mas não vamos analisarmos aqui, uma vez que a sua
compreensão não é essencial à compreensão da profecia das setenta semanas.
Mantendo como pano de fundo essa breve introdução ao estilo
literário hebraico, vamos examinar novamente o texto de Daniel 9:24 a 27.
Setenta
semanas (de anos) estão determinadas (separadas ou cortadas)
Sobre
o
sobre a
Teu povo tua santa cidade
Para
para
A cessar a transgressão B trazer justiça eterna
A’ findar os pecados B’ selar a visão e a profecia
A” expiar a iniqüidade B” ungir o Santo dos Santos
Ao examinarmos
novamente este texto, nos surpreendemos com as relações existentes entre essas
varias linhas. A linha B responde à linha A tanto por “contraste” como por
“complementação”. Vejamos agora os
outros versos, mediante a colocação de
títulos apropriados de modo a salientar a sua orientação literária. As linhas
que aparecem sob o título A, constituem a primeira metade de cada um dos três
versos; as linhas B constituem a segunda metade. Você percebe que o texto mesmo
não sendo poesia hebraica, faz muito uso de paralelismos alternativos, jogos de
palavras e outras características estilísticas do idioma hebraico.
Verso 25 :
A - O Vindouro Messias ou Príncipe
(1) Assim você deve saber e discernir que desde a emissão do decreto
para restaurar e reconstruir
Jerusalém até o Messias o Príncipe
(2) Existirão sete semanas**
E sessenta e duas semanas;
B - A cidade a ser reconstruída
(1) ela será construída novamente, com praças públicas e valados,** e
até mesmo em tempos de angústia.
Verso 26 :
A’ O Messias a ser cortado
(2) Então, depois de
sessenta e duas semanas**
(3) o Messias será
cortado e não mais será.
B’ - Príncipe
desolador destruirá a cidade
(1) e o povo do
príncipe que esta por vir
destruirá a cidade e o
santuário.
(2) E o fim deste
sobrevirá como um dilúvio;
haverá guerra mesmo até o
fim; desolações estão determinadas.**
Verso 27 :
A” - Messias fará
cessar os sacrifícios
(1) E Ele fará um
firme conserto com muitos
(2) Durante uma
semana**
(2’) mas no meio da semana**
(1’)porá um fim nos
sacrifícios
e na oferta de cereais;
B” - O príncipe desolador será destruído
(2)e sobre a asa das
abominações
virá alguém que trará
desolações,
(1)até que uma completa
destruição,
a qual se acha decretada,**
se abata sobre aquele que opera a
desolação.
Obs. ** ( é um trocadilho em hebraico)
Perceba que as seções sob os
títulos B se alternam e contrastam com as seções sob os títulos A . Você pode perceber também que cada uma das
seções A se encontra subdividida em afirmações:
(1) acerca do Messias e (2) acerca de “semana”, e ainda na secção B, que
apresenta o Príncipe desolador que são as divisões focalizando frases (1) sobre
construção e (2) sobre angustia e desolação.
A unidade da secção A é garantida
pelo uso – na forma de trocadilho – da palavra “semana” que aparece em cada uma
das frases, e que transparece bem clara na tradução. Na secção B a palavra
chave é “cortar”, em hebraico, e esta – infelizmente – não transparece tão
claramente na tradução. Todas as palavras : “valados”, “determinadas”
e “decretada” são tradução do mesmo radical hebraico cujo significado é “cortar”.
Até este ponto pudemos ver
suficiente evidência para concluir que as duas colunas, A e B, embora
intimamente relacionadas uma com a outra, são também suficientemente
independentes como para serem consideradas à parte uma da outra. A coluna A diz
que ao tempo predeterminado, durante a septuagésima semana, o Príncipe e
Messias apareceria em cena , estabeleceria um concerto com muitas pessoas,
seria morto e faria cessar os sacrifícios. A coluna B diz que a história de
Jerusalém estaria cheia de percalços. Sua reconstrução seria plena de
dificuldades. Um príncipe desolador tornaria a destruir a cidade, após o que o
próprio príncipe desolador seria morto numa destruição previamente determinada.
Dois príncipes em conflito – Uma das principais vantagens que podemos obter deste estudo literário do
texto de 9:24 27 , é a correta identificação
da pessoa à qual o verso 27 se dirige através do pronome “ele” – pessoa que faz
“firme aliança” e faz “cessar os sacrifícios”.
O verso 25 promete o aparecimento
do Messias e Príncipe, ao passo que o verso 26 fala de um príncipe cujo povo
destruiria a cidade e o santuário. Não é
de surpreender que algumas pessoas estudiosas da Bíblia tenham confundido os
dois príncipes, entendendo que representam uma só pessoa. Entretanto a partir
do momento em que organizamos o texto de acordo com as leis do estilo literário
hebraico, podemos imediatamente diferenciar e separar os dois príncipes. A
secção A dos versos 25 a 27 promete a vinda do Messias e Príncipe, ao passo que
a secção B dos mesmos versos adverte quanto à vinda do príncipe desolador. As
secções A e B são paralelas , porém
contrastantes.
No verso 27 Gabriel diz que “ele
fará firme aliança com muitos por uma semana”, e no meio da semana ele “fará cessar o
sacrifício e a oferta de manjares”.
Uma vez mais, não é de surpreender que ao longo dos séculos alguns
estudiosos da Bíblia tenham mantido a errônea suposição de que o “ele”, desta
porção do texto seja o príncipe
desolador, e não o Messias Príncipe. Até mesmo o conhecido comentarista
romano Hipólito, cometeu este erro já no 3ºséculo, concluindo que seria um
futuro anti-cristo – e não Jesus – Cristo que faria cessar os sacrifícios. É
lamentável que o erro de Hipólito ainda hoje seja citado algumas vezes como se
fosse verdade.
Quando Jesus morre na cruz, o véu
do santuário é rasgado, de cima para baixo, (Mat.27:51) indicando assim que não
haveria mais necessidade de se sacrificar, pois o verdadeiro Cordeiro, que tira
o pecado do mundo (João 1:29), já o havia feito de uma vez por todas. (I Cor.5:7; Heb.9:11 a 15, 24 a 28,
Heb.10:4 a 10).
Delimitação dos 2300 dias - Por mais fascinantes e significativas que sejam as setenta
semanas quando estudadas isoladamente, devemos nos lembrar que Gabriel as
mencionou como uma forma de fazer incidir luz sobre o período mais amplo, de
2300 dias, que é mencionado em Daniel 8:14 :
“até duas mil e trezentas tardes e manhas e o santuário será
purificado”. Em Daniel 9:24, o anjo Gabriel , depois de um tempo considerável,
para nos como seres humanos, volta e explica: “Setenta semanas estão
determinadas (decretadas, amputadas ou cortadas) sobre o teu povo”.
Sendo que as setenta semanas representam 490 anos (7x70), seria
impossível separar (ou amputar) de 2300 dias literais!... Entendemos que os
2300 dias, significam anos, pelos seguintes pontos:
1-
Os 2300 dias foram introduzidos
na porção simbólica de Daniel 8, o que por certo deve ser entendido que eles
também representam símbolos tanto quanto as bestas, os chifres e os 1260 dias.
2-
Ezequiel, profeta contemporâneo
de Daniel, e seu companheiro de exílio em Babilônia, foi especificamente
informado que no simbolismo profético, um dia representa um ano literal
(Eze.4:6). Também no livro de Números, Deus estabelece, por intermédio de
Moises, o conceito de “dia por ano”, quando do episódio da falta de fé, e
incredulidade do povo de Israel, que depois de espionar a terra por 40 dias,
Deus determina que para cada dia corresponderia um ano de peregrinação pela
terra do Egito (Num.14:34).
3-
Daniel 8:17 nos assegura que a
visão dos 2300 dias teria aplicação “ao tempo do fim”, e desta forma não
seria possível que os 2300 dias fossem literais.
Sabendo que os 2300 dias
representam anos, precisamos agora descobrir quando eles tiveram início e
quando seria o seu término.
Se a profecia das 70 semanas foi
dada com o objetivo de explicar especificamente o período dos 2300 dias, como
já vimos anteriormente, e como as 70 semanas tiveram início em 457 aC., e como
foram determinadas, mas cujo verbo no hebraico também tem o significado de “cortadas”,
segue-se que as 70 semanas foram cortadas de um período de tempo maior, ou
seja, dos 2300 anos, ou seja, dos 2300 anos, foram determinados 490 anos para
“o teu povo, a tua santa cidade...”
De que outro modo poderiam as
setenta semanas servir para a “compreensão” ou “entendimento” dos
2300 dias (anos) ? Conseqüentemente, o pronunciamento de Gabriel : “Desde a
saída da ordem para restaurar e reconstruir Jerusalém, até ao Ungido, ao
Príncipe”, posiciona o início dos 2300 dias, tão certamente como posiciona
o começo das 70 semanas.
Neste caso quando ocorreu o término
? Os 490 anos terminaram no ano 34 d.C.
Quando cortamos ou amputamos 490 anos de 2300 anos, restam ainda 1810
anos: [2300 – 490 =1810]. Assim, os 2300
anos deveriam estender-se 1810 anos em adição ao ano 34 d.C, que é a data do
encerramento das 70 semanas, cortadas da visão dos 2300 dias ou anos: [34 + 1810 = 1844].
Isto significa que os 2300 anos deveriam
terminar em 1844 d.C. Concluindo: os 2300 anos deveriam estender-se de 457 a.C.
até 1844 d.C.
O que aconteceu em 1844 ? O que o
anjo disse foi : “Até duas mil e trezentas tarde e manhãs e o Santuário será
purificado” ou seja, será restaurado ao seu estado de justiça. Já vimos que
este santuário é o “que o Senhor erigiu e não o Homem”, que está localizado no
céu e onde Jesus ministra em nosso favor como nosso fiel Sumo Sacerdote(Heb.8:1
e 2). Assim percebemos que o processo que encerrou a profecia dos 2300 dias
começou no céu em 1844.
À luz dos termos hebraicos
subjacentes, quando estudados cuidadosamente, trazem consigo a conotação de
pelo menos quatro processos ou eventos, correlacionados, conforme já estudamos
quando estudamos sobre o dia da “expiação” ou
do “Yon Kippur”, senão vejamos:
1. A exoneração do “tamid”
de Cristo, Seu ministério sumo sacerdotal, após um longo período em que ele seria
“calcado a pés”.
2. A purificação final do santuário
(e das pessoas que adoravam segundo o santuário) de todos os pecados.
3.
Em conexão com esta purificação
final do santuário, um ato de Julgamento.
4.
Em seguida a esta
purificação e ao ato de julgamento, ouvir-se-á
soar a trombeta do jubileu, ocorrerá a destruição das nações por intermédio da
pedra sobrenatural , e a entrega da herança do reino de Cristo aos Seus Santos.
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