Terapia divina
Abrir o coração a Deus coloca o
indivíduo em contato com a realidade interior e promove crescimento
“Mesmo sabendo
de tudo o que vamos dizer, Deus pede que falemos, porque isso nos ajuda a
perceber o que está acontecendo”
Augusto César
Maia é psicólogo clinico em Campinas, SP.
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objetivo de
qualquer psicoterapia é promover
o crescimento do indivíduo, pelo restabelecimento de um maior contato com a
realidade intima. Em geral, todo problema neurótico está relacionado com a
distorção da realidade. Quando entramos num ambiente desconhecido e nossa
auto-estima está baixa, imaginamos que as pessoas ali estão fazendo algum
comentário crítico sobre nós. Isso éuma distorção, fruto de um distúrbio neurótico.
Toda distorção
da realidade é compensada por atitudes específicas. O neurótico tem medo dos
seus sentimentos de temor. Encobre-os com unia exagerada expressão de coragem,
manifestada por uma atimde corporal fixa.
Seus ombros
ficam em posição de luta, o peito inflado e o abdómen retraído. A pessoa não
está consciente de que essa atitude é uma defesa contra o medo, até que descobre que não pode baixar os ombros,
relaxar o peito ou descontrair o abdómen. Quando essas tensóes musculares são
liberadas, o medo e sua causa histórica freqüentemente emergem na consciência.
Tomar consciente o que ficou inconsciente é uma condição para a cura psíquica
e espiritual.
Medo da dor — O tratamento espiritual que Deus
prescreve ao cristão é a oração. Um momento de meditação e reflexão, em que o
indivíduo se olha e vê suas necessidades. Esse reconhecimento da carência é psicoterapêutico. Por isso, o importante
não são as palavras bonitas, mas a atitude no ato de orar. Nesse abrir do
coração, Deus torna-Se o maior psicólogo. Mesmo sabendo de tudo o que vamos
dizer, Deus pede que falemos, porque isso nos ajuda
a perceber o
que está acontecendo. Essa percepção é o primeiro degrau em direção à cura.
Porém, temos tendência a rejeitar ou negar a realidade. Essa propensão é manifestada quando a realidade se torna
adversa. Não suportamos conviver com a dor. Fabricamos, então, uma realidade
artificial, em que a dor de viver não existe ou é atenuada. Quando não conseguimos mais suportar a Convivência com a verdade,
desenvolvemos os mecanismos de defesa, pelos quais a realidade é adulterada.
Como conseqüência, pagamos um alto preço, vivendo uma vida hipócrita, vazia
e sem Deus, mesmo professando Seu nome Retemos o pranto e libertamos o riso.
Camuflamos a tristeza e vestimos a fantasia do “sempre alegre”. Falsificamos a
realidade e construímos uma vida mentirosa diariamente. Mentimos com tanta
“sinceridade” que passamos a aceitar a farsa como verdade. Dessa forma, aos
poucos perdemos a capacidade terapêutica da oração.
Aceitação e
crescimento - Contudo, a
verdadeira oração nos faz entrar em contato com a realidade e aceitá-la. Passo
a passo, Deus nos mostra que Sua terapia é a verdade e nos sinaliza que viver
em Sua paz não significa, necessariamente, que as condições externas
desfavoráveis devam ser mudadas. Jesus disse: “No mundo, passais por aflições”
(João 16:33). A paz deve estar presente mesmo diante das circunstâncias mais
difíceis. “Pai, se queres, passa de Mim este cálice; contudo, não se faça a
Minha vontade, e sim a Tua” (Lucas 22:42).
Embora para alguns possa ser um tempo de fuga da realidade, a oração é, na verdade, o momento de maior
consciência, uma vez que se baseia no conhecimento e na experiência particular
do individuo. Na primeira etapa, a oração abre-nos a consciência. Depois,
abre-nos para um relacionamento com Deus. Encontrar-se com Deus envolve
amadurecimento.
Pessoas em tratamento psicoterapêutico sabem que não podem negar
continuamente a realidade do sofrimento ou do prazer. Evitar os problemas não
é o caminho para resolvê-los. Para
essas pessoas, orar é testificar que existem mudanças a serem feitas. A oração
abre-lhes uma perspectiva interior de cura e crescimento.
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