INTRODUÇÃO- Deus, logo após a libertação do povo de Israel
da escravidão do Egito, deu orientação à Moises, para que construísse um
santuário, e segundo consta em Êxodo 25:8 e 9, seria para habitação de Deus no
meio de seu povo. Disse ainda, que
“conforme tudo o que eu te mostrar
para modelo do
tabernáculo , e para modelo de todos os seus móveis,
assim mesmo o fareis.”
Em
Hebreus 8:5, somos informados que o Santuário terrestre é figura e sombra
das coisas celestiais. Desta forma, podemos perceber que Deus,
que orientou Moises à construir o santuário, tinha como objetivo, não só
habitar entre o seu povo, mas também nos educar, ou ensinar, sobre alguma coisa de grande importância, daquilo
que estaria ocorrendo , ou ainda iria ocorrer nos céus.
Ao nos
aprofundarmos em nossos estudos, e analisarmos todos os detalhes de um rico
simbolismo, como figura e sombra das coisas celestiais, podemos perceber com
bastante clareza, que entre os muitos objetivos, seria o de mostrar como Ele
é, como é o seu caráter, como um Deus de
amor e de misericórdia, pode ao mesmo tempo ser um Deus de justiça e equidade, ou em outras palavras,
como se processa o evangelho da salvação, que nos trás reconciliação com DEUS,
e ainda, ao mesmo tempo, como funcionam os mecanismos que determinarão o fim do
pecado e do mal, e finalmente a restauração de todas as coisas.
O
Tabernáculo, construído por Moises no deserto, e que era também conhecido como
Tenda da Congregação, posteriormente foi substituído pelo grandioso Templo de
Salomão e, que mais tarde destruído por Nabucodonosor rei de Babilônia, no ano de 586 aC, e
reconstruído no tempo de Esdras, sendo
reformado por Herodes, o Grande, e finalmente destruído pelo exercito
romano, no ano 70 de nossa era.
DESCRIÇÃO
DO SANTUÁRIO TERRESTRE -
Conforme o modelo que Deus deu à Moises no Monte Sinai, ou seja, o
primeiro santuário,construído no deserto, este deveria ser constituído das
seguintes partes, conforme abaixo descrevemos. Já o Templo de Salomão, que
substituiu o de Moises, tinha dimensões bem maiores. Da mesma forma o que foi
reconstruído no retorno do cativeiro babilônico e posteriormente o que foi
reformado por Herodes o Grande.
ÀTRIO
– seria um pátio externo, que circundava o edifício do tabernáculo, delimitado
por meio de cortinas de linho e
sustentadas por vinte colunas, cujas bases eram de bronze, e os colchetes das
colunas, onde se prendiam as cortinas, e as faixas de sustentação das cortinas,
de prata.. O comprimento do átrio, era de cem côvados e a sua largura de
cinqüenta côvados e a altura destas cortinas, de cinco côvados. Sendo que um
côvado, seria o equivalente a aproximadamente 45 centímetros, as medidas do
pátio externo, corresponderiam a aproximadamente 45 metros de comprimento por
22,5 metros de largura por 4,5 metros de altura, (Êxodo 27:9 a 19).
A
entrada para o pátio, estava voltada para o oriente, ou seja, o adorador que
pela manhã trazia sua oferta, ou nas santas convocações (reuniões do povo para
culto à Deus), estariam de costas para o Sol.
No
átrio, ficavam os seguintes objetos e móveis:
ALTAR
DE HOLOCAUSTOS - com cerca de dois metros e vinte e cinco
centímetros de comprimento e também de
largura, e de um metro e trinta e cinco
centímetros de altura. Seria construído de madeira de acácia, oco, recoberto de
bronze, e com quatro pontas de modo a facilitar seu transporte pelo deserto.
Faziam parte deste altar, todos os seus recipientes, para recolher as cinzas,
as pás, bacias, garfos, e braseiros, todos construídos de bronze. Aqui, junto
ao altar de holocausto, era o local onde
o sacerdote atendia o pecador penitente que trazia a sua oferta (um cordeiro,
novilho,bode, pomba, etc), para os diversos tipos de rituais que ocorriam no santuário, com a
presença do pecador . Este não tinha acesso ao interior do tabernáculo, onde só
os sacerdotes poderiam faze-lo.
PIA
DE BRONZE – seria colocada entre o altar de holocaustos e a
tenda da congregação e deveria estar sempre com água limpa, renovada
diariamente pelos sacerdotes. Estes, sempre que entrassem na tenda da
congregação, ou quando se chegassem para ministrar junto do altar de
holocaustos, deveriam lavar as mãos e os pés, “para que não morram” (Ex.30:20 e
21).
O
TABERNÁCULO – O tabernáculo, ao tempo de sua construção por
Moisés, era um edifício portátil, de maneira que podia ser desmontado e
facilmente transportado. Construído de uma serie de cortinas de diversas cores,
entre elas o azul e o vermelho, e de materiais diferentes, em diversas camadas,
sendo que as externas eram de pele de cabra e a última, ou seja, a mais
exterior, de pele de animais marinhos. As cortinas internas eram ligadas por colchetes de ouro. Era ainda internamente revestido por
tábuas de madeira de acácia, totalmente revestidas de ouro, desmontáveis
e com encaixes e suportes de prata..
O
edifício do tabernáculo não era muito grande, medindo aproximadamente cinco
metros de largura por quinze de
comprimento. Ficava instalado na parte final do pátio, logo após a pia de
bronze e tinha a frente, ou seja, sua entrada, voltada para o nascente, da
mesma maneira que a entrada do pátio.
O
edifício, propriamente dito, era constituído por dois compartimentos. O
primeiro, e maior, chamado santo, com aproximadamente 10 metros de
comprimento e o segundo, santíssimo, com aproximadamente 5 metros de
comprimento. Uma rica cortina ou véu separava esses compartimentos. As colunas
que sustentavam esse véu, como todas as tábuas internas, eram revestidas de
ouro.
No
primeiro compartimento, o chamado lugar santo, continha três objetos
mobiliários, ou seja:
MESA
DOS PÃES DA PROPRIAÇÃO – situada a direita de quem
entrasse pela única porta. Sobre ela deveriam ser mantidos continuamente doze
bolos ou pães, renovados todas as
semanas e substituídos todos os sábados, representavam as 12 tribos de Israel,
e ainda que Cristo é o pão que nos dá a vida.
CANDELABRO
OU CASTIÇAL – Estava situado a esquerda de quem entrava no
santuário. Era construído de ouro puro, bem como os seu pé, as suas canas, os
seus copos, e as suas maçãs e as suas flores. Tinha seis canas, três de cada
lado e uma no centro. Os copos que continham óleo tinham forma de amêndoas. Não
só o castiçal era feito de ouro, mas também os espevitadores e apagadores. O
óleo deveria ser abastecido continuamente. Representa que somente através do Espírito Santo, proveniente do
ministério sacerdotal de Cristo que é a
verdadeira Luz do mundo, podemos ter uma visão espiritual.
ALTAR
DE INCENSO – é a mais importante peça do mobiliário desse
compartimento. Tinha aproximadamente um metro de altura por quase meio de
largura. Revestido de ouro puro, tinha uma coroa de ouro ao redor. Era sobre
esse altar que o sacerdote , no serviço diário e portanto contínuo, colocava
brasas tiradas do altar de holocaustos e o incenso. Ao colocar o incenso sobre
as brasas do altar, a fumaça ascendia, e como o véu entre o santo e o
santíssimo não alcançava o teto do edifício, o incenso enchia logo não só o
lugar santo mas o santíssimo também. Dessa forma, embora o altar de incenso
estivesse no primeiro compartimento,
atendia também o segundo. Por esse motivo ficava “diante do véu que está
diante da arca do testemunho, diante do propiciatório, que está sobre o
testemunho, onde Me ajuntarei contigo.” Ex. 30:6
No
segundo compartimento, o santíssimo, existia apenas uma peça de mobília:
A
ARCA – Tinha ela a forma de uma caixa, com pouco mais de
um metro de comprimento e aproximadamente 60 centímetros de largura. A
cobertura desta caixa, chamava-se propiciatório. Sobre o propiciatório havia
uma coroa de ouro ao redor, como se dava com o altar do incenso. Dentro da arca
colocou Moises os Dez Mandamentos, ou seja, as tábuas de pedra, escritas pelo
próprio dedo de Deus. Pelo menos durante
algum tempo,. continha ela também, o vaso de ouro com maná e a vara de Arão que
floresceu. (Heb. 9:4). Sobre o propiciatório havia dois querubins de ouro, de
obra batida, ficando um de cada lado da arca. Ex.25:19. Ali Deus se comunicaria
com o seu povo. Disse Deus a Moises: “Ali virei a ti, e falarei contigo de cima
do propiciatório, do meio dos dois querubins, tudo que Eu te ordenar para os
filhos de Israel.” Ex.25:22.
O
SACERDÓCIO – Para desempenhar os serviços do santuário em todo o
seu ritual, Deus escolheu, em lugar dos primogênitos, a tribo de Levi. Para
exercer o sacerdócio e administrar os trabalhos do santuário e ainda a função
de sumo sacerdote, foi ungido Arão e também seus filhos,da mesma forma que o
seriam posteriormente seus descendentes. Os levitas ficariam a disposição de
Arão e seus descendentes, para seguirem a orientação que estes lhes
determinassem. (Num.3:5 a 13). Os “sacerdotes ungidos, cujas mãos foram
sagradas para administrar o sacerdócio”, estavam de um modo mais direto,
relacionadas com o acender as lâmpadas, queimar incenso, oferecer todas as
espécies de sacrifícios sobre o altar de holocaustos, espargir o sangue,
preparar e acondicionar os pães da proposição e dele comer, preservar a ciência
e ensinar a lei. Num.3:3, Ex.30:7 e 8, Lev.1:5,
24:5 a 9 e Mal.2:7. Os sacerdotes eram todos levitas, mas nem todos os
levitas eram sacerdotes. O ofício sacerdotal foi reservado para Arão e seus
descendentes. Num.3:1 a 4, Ex.28:1. Unicamente
por meio dos sacerdotes podia Israel ter acesso às bênçãos do concerto
simbolizado pelo espargir do sangue e
pela oferta do incenso. Somente eles podiam andar nos recintos sagrados do
templo propriamente dito e comunicar-se com Deus.
As
vestes dos sacerdotes, bem como do sumo sacerdote, foram estipuladas por Deus e
tinham um simbolismo bastante rico, como tudo que diz respeito ao santuário.
Desde o momento de se vestir até a sua
substituição, ou troca. Não nos ateremos a descreve-lo para não tornarmos este
trabalho muito extenso.
O
RITUAL DO SANTUÁRIO – Diversos eram os rituais que se
desenvolviam no santuário, e exigiam ofertas diversas, incluindo sacrifícios ou
não. Vamos apresentar sucintamente apenas os mais significativos:
OFERTAS
QUEIMADAS – Eram ofertas de animais oferecidos em sacrifício,
junto ao altar dos holocaustos. Existiam
as ofertas que eram inteiramente queimadas, nada sendo retido, e designadas
pela palavra hebraica “kallil”, que quer dizer “inteiro” (algumas
versões usam a palavra holocausto) e ofertas onde apenas parte era queimada,
ficando o resto para ser comido pelos sacerdotes ou se lhe davam outro fim,
cuja palavra em hebraico, é “olah”, e significa “aquilo que sobe ou
ascende” No caso de oferta queimada, porem, todo o animal era consumido em
chamas.
O
sacrifício da manhã e da tarde era
chamado o contínuo sacrifício. Não se consumia num momento, mas devia queimar
“sobre o altar toda a noite até pela manhã, e o fogo do altar arderá nele”.
Lev. 6:9, Ex.29:42. Durante o dia as
ofertas queimadas individuais eram acrescentadas ao sacrifico regular da manhã,
de maneira que havia sempre uma oferta queimada sobre o altar. “ O fogo ardera
continuamente sobre o altar , não se apagará.” Lev.6:13.
As
ofertas queimadas individuais eram voluntárias. A maior parte das outras
ofertas eram preceptivas – isto é, envolviam preceito. Quando, por exemplo, um
homem havia pecado, cumpria-lhe levar uma oferta por expiação do pecado. Não
lhe cabia escolher muito quanto ao que havia de levar. Quase tudo era
prescrito. Não acontecia o mesmo quanto a oferta queimada. Eram ofertas
voluntárias, e o ofertante podia levar um novilho, uma ovelha, um cordeiro,
rolas ou pombos, segundo lhe aprouvesse. Exigia-se porem, que fosse um macho e
sem mancha. Lev.1:3, 10 e 14.
As
ofertas queimadas eram as mais importantes e características de todas as
ofertas. Conquanto fossem voluntárias, de dedicação, essas ofertas, não se
relacionando assim diretamente com o pecado,efetuava-se expiação por meio
delas. Lev.1:4, Jó1:4. Esta
espécie de ofertas se destaca como instituída “no monte Sinai, em cheiro suave,
oferta queimada ao Senhor”. Num. 28:6.
Por dezesseis vezes é mencionado nos capítulos 28 e 29 de Números, que nenhuma outra oferta deve tomar o lugar das
contínuas ofertas queimadas. Cada vez,
que é mencionado outro sacrifício, declara-se que o mesmo é oferecido além do
“holocausto contínuo”. Isto parece indicar-lhe a importância.
Na
oferta queimada , como em todas as ofertas, o sangue era o elemento vital,
importante. É ele que efetua a expiação pela alma. “porque a vida da carne esta
no sangue. Eu vo-lo dei sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas;
portanto é o sangue que faz expiação em virtude da vida.” Lev.17:11. Quando o
sangue era aspergido sobre o altar e o fogo
descia e consumia o sacrifício, isto indicava a aceitação do substituto
por parte de Deus.
A
oferta queimada era, antes de tudo e acima de tudo, um tipo da perfeita oferta
de Cristo, sendo então natural que Lhe agradasse. Da mesma maneira que o
sacrifício devia ser sem mancha, perfeito, assim Cristo foi o “Cordeiro
imaculado e incontaminado” que “nos amou, e Se entregou a Si mesmo por nós, em
oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave” I Ped. 1:19, Ef. 5:2. A oferta
queimada era agradável à Deus porque revelava o desejo do coração do ofertante
de se dedicar a Deus. Como não havia nenhuma obrigatoriedade quanto a oferta
queimada, ela era, na realidade, uma oferta de amor, de dedicação, de
consagração. Era alguma coisa alem e acima do que era exigido.
OFERTAS
DE MANJARES – A palavra hebraica empregada para “oferta de manjares” é “minchah”. Significa uma
dádiva feita a outro, de ordinário a um superior. Consistia em produtos
vegetais que constituíam a principal alimentação do país, tais como farinha,
azeite, cereais, vinho, sal e incenso.
Ao serem apresentadas ao Senhor, parte era queimada sobre o altar em
memória, como cheiro suave ao Senhor. No caso de uma oferta queimada, tudo era
consumido no altar. No caso de oferta de
manjares, apenas uma pequena parte era posta sobre o altar, o resto pertencia
ao sacerdote .
Assim
como a oferta queimada significava consagração e dedicação, a oferta de
manjares representava submissão e dependência. As ofertas queimadas importavam
em inteira entrega de vida, e as de
manjares eram um reconhecimento de soberania e mordomia, de dependência de um
superior. Era um ato de homenagem a Deus, um penhor de lealdade.
As
ofertas de manjares eram geralmente usadas em relação com as ofertas queimadas
e as pacíficas, mas não em relação com as ofertas de expiação pelo pecado ou a
transgressão. Ver Lev. 2:3, Num.15:2 a 10.
Parece
evidente que a oferta de farinha e coscorões asmos untados com azeite, visava
ensinar a Israel que Deus é o mantenedor de toda a vida, que dEle dependiam
quanto ao elemento diário, e que antes de participar das abundancias da vida,
cumpria-lhes reconhece-Lo como doador de tudo. É especialmente declarado que nenhuma oferta de
manjares se devia fazer com fermento.
OFERTAS
PACÍFICAS - A Palavra hebraica traduzida por “oferta pacifica”
vem da raiz de uma palavra que significa “completar, suprir o que esta
faltando, pagara uma recompensa.” Denota um estado em que os mal entendidos
foram esclarecidos e os erros, corrigidos,
e em que prevalecem os bons sentimentos. As ofertas pacíficas eram usadas em
qualquer ocasião que apelasse à gratidão e regozijo, e também para fazer um
voto. As ofertas pacíficas podiam ser escolhidas pelo ofertante livremente.
Podia usar um bezerro, uma ovelha, um cordeiro ou uma cabra, macho ou fêmea.
As
ofertas pacíficas eram de três espécies: ofertas de gratidão, ofertas por um
voto e ofertas voluntárias. Dessas ofertas, a de gratidão ou de louvor era a
que mais se destacava. Oferecia-se em ocasiões de regozijo, de gratidão por
algum livramento especial, ou benção recebida. As ofertas por pecados e ofensas
suplicavam favores a Deus. Rogavam o perdão. As ofertas queimadas eram
oferecidas como dedicação e consagração da parte ofertante.
É
significativo que na oferta pacífica o
uso fermento era permitido. Isto não ocorria em qualquer sacrifício. Apenas na
oferta de manjares das primícias, não era permitido que subisse ao altar. Nesta
ocasião, era apresentado ao Senhor como oferta alçada e depois dado ao
sacerdote que havia aspergido o sangue. Lev.7:13 e 14.
OFERTAS
PELO PECADO – A bíblia, no livro de Levítico, capítulo quatro,
discute o assunto das ofertas pelo pecado. Menciona quatro classes de
ofensores: O sacerdote ungido, a congregação, o príncipe e uma pessoa comum. Os
sacrifícios exigidos não eram os mesmos. Pelo pecado do sacerdote ungido, está
prescrito, como sacrifício, um novilho sem defeito. Pelo pecado por ignorância
da congregação, também um novilho sem defeito. Se um príncipe pecava, devia
trazer um bode tirado dentre as cabras. Se um do povo pecava por ignorância,
devia trazer uma cabra sem defeito. No caso de não ser possível podia
apresentar uma cordeira. Num. 15:3 a 32.
Em todos estes casos o pecador
tinha de prover a oferta, colocar a mão sobre a cabeça do animal, e
mata-lo. Na maneira de dispor o sangue também ocorriam variações.
Em
cada um dos casos, mencionados no quarto capítulo de Levítico, com exceção do
sacerdote ungido, é dito que a expiação era feita, e o pecado “lhes era perdoado”.
O homem era perdoado de seu pecado e ia embora livre. Não era só ao homem que
acontecia alguma coisa. De algum modo os sacerdotes vinham a levar sobre si so
pecados que o homem carregava antes. Ele pecara, confessara seu pecado e fora
perdoado. Mas agora os sacerdotes levavam o pecado. Como se efetuava essa
transferência ? A conclusão é clara: O homem pecador, pusera a mão sobre o
inocente animal, confessara o pecado e assim, em figura, transferira o mesmo
para o animal. Sendo pecador , o animal era morto. O sacerdote, ao comer a
carne, tomava sobre si a carne
pecaminosa, e assim levava a “iniqüidade da congregação”.
OFERTAS
PELAS CULPAS – O livro de Levítico, ao fazer a descrição das
oferta pelo pecado, faz uma distinção entre pecados cometidos de modo
inconsciente, o que foi tratado até aqui, e o cometido de forma consciente. Os
pecados dessa natureza eram chamados culpas, ou pecados ocultos, e exigiam
diferente proceder. A bíblia chama de culpa um pecado voluntário, cometido com
conhecimento.Podia às vezes, acontecer ser cometido sem a pessoa se aperceber,
mas nesses casos o conceito era de que, não somente ela poderia ter sabido
melhor, como de que deveria ter tomado conhecimento, sendo portanto responsável
por sua ignorância. A palavra hebraica para oferta ou sacrifício pelas culpas, asham,
poderia também ser traduzida por dívida, e indicam um maior grau de
culpa do que a oferta pelo pecado, embora o pecado em si mesmo não seja maior.
O
ritual das ofertas pela culpa é o mesmo que o das ofertas pelo pecado. Apenas
uma distinção entre elas é percebida. É no aspergir do sangue. Na oferta pelo
pecado, o sangue era posto nas pontas do altar da oferta queimada. Isto não é
mencionado a respeito da oferta pela culpa, sendo neste caso o sangue do sacrifício
era aspergido sobre o altar em redor, da mesma maneira que o sangue das ofertas
queimada e pacifica.
O
SERVIÇO DIÁRIO – Os sacerdotes que oficiavam no santuário eram
divididos em vinte e quatro grupos, cada um dos quais servia duas vezes por ano
no santuário. Da mesma maneira os levitas eram divididos, bem como era o povo.
Os cordeiros para o sacrifício da manha e da tarde eram providos pelo povo, e a
divisão do povo que fornecia os cordeiros para cada semana e enviava para
Jerusalém representantes para aquela semana, para auxiliar nos serviços, ao
passo que o resto do povo permanecia em casa, em especial devoção. Por ocasião
de uma festa especial, um maior número
de sacerdotes e levitas eram convocados.
O
serviço diário incluía a oferta de um cordeiro sobre o altar das ofertas
queimadas para cada manhã e tarde, com as devidas ofertas de manjares e
libações, o espevitamento das lâmpadas do santuário, que se acendiam, a oferta
de incenso, com o serviço que acompanhava, a oferta de manjares e a oferta de sacrifícios
individuais, tais como as ofertas pelo pecado, ofertas queimadas, de manjares e
pacíficas.Alem desses deveres diários, havia muitos outros, como os sacrifícios
pela purificação dos leprosos, por votos de nazireu, contaminações.
Ao
mesmo tempo em que um sacerdote previamente escolhido, e não se incluía
qualquer sacerdote que houvesse oficiado anteriormente, estava oferecendo
incenso, outro oficiava a oferta do sacrifício junto ao pecador.
Outro levava a oferta de manjares de farinha. Outro , a oferta de
manjares cozidos do sumo sacerdote, e ainda outro a oferta das libações. As
ofertas eram todas salgadas antes de serem colocadas sobre o altar. Quando a
última parte do sacrifico diário estava sendo concluída, os levitas começavam a
cantar o salmo indicado, o qual era entremeado de sons da trombeta de prata dos
sacerdotes. Sempre que a trombeta tocava, o povo se punha de joelhos e orava. O
sumo sacerdote passava aos degraus do templo e com as mãos estendidas, proferia
as bênçãos sacerdotais sobre o povo. Isto finalizava o serviço da manhã. O da
tarde era semelhante e quando se encerrava, ao escurecer, as portas eram
fechadas.
O
sacrifício diário da manhã e da tarde, proporcionava a Israel, uma temporária
expiação. Significava ao mesmo tempo consagração e aceitação provisória por
meio de um substituto.
Os
pecados para que se fazia provisão temporária e provisória nos sacrifícios da
manhã e da tarde, são de um modo geral, os pecados não confessados. Esses, bem
como outros, contaminam o tabernáculo do Senhor. Num. 19:13 e 20. Assim, dia a
dia , no decorrer do ano, os pecados eram transferidos ao santuário,
contaminando-o. Isto não poderia continuar indefinidamente. Um dia de final
ajuste de contas tinha de vir, um dia de purificação. Esse dia era o dia da
Expiação. Era dia de Juízo, o maior dia do ano.
FESTAS
FIXAS ANUAIS – Levítico 23:4 a 44 descreve as festas fixas anuais
que deveriam ser celebradas, as santas convocações, ou também conhecidas como
sábados. A seguir passaremos a descrever estas festas conforme sua ordem de
descrição no capítulo acima mencionado. São elas : A Páscoa, os Pães
Asmos, as Primícias, o Pentecostes, as Trombetas, a Expiação
e os Tabernáculos.
Como
mencionado no início deste trabalho, o apostolo Paulo menciona que eram figuras
e sombras das coisas celestiais, daí a
grande importância de estudarmos tudo o que se relaciona com o santuário,
tentando perceber, qual a realidade que projeta esta “sombra”.
A PÁSCOA
–Conforme o verso 5 do capítulo acima referido: “no mês primeiro, aos quatorze
do mês, no crepúsculo da tarde, é Páscoa do Senhor.” A Páscoa era a primeira festa do calendário
hebreu. Embora fosse celebrada em conjunto com a segunda e terceira, vamos
estuda-las em separado. As informações sobre
a origem desta festa encontra-se relatada no livro de Êxodo, no capítulo
12. O povo de Israel viveu sob escravidão por quatrocentos e trinta anos, e
então Deus resolveu liberta-lo. E o fez por meio de um homem chamado Moises.
Este foi orientado por Ele, em todos os detalhes, para pedir ao Faraó, que
deixasse o povo ir para o deserto para adora-Lo. Como sabemos, isto foi negado
por Faraó, e Moises, acompanhado por Arão seu irmão, fez uma serie de sinais
miraculosos, diante de Faraó, no que foi imitado pelos magos do Egito, que também
o fizeram. Depois vieram as pragas. No total foram dez. Em todas elas, o
coração de Faraó mais se endurecia. Quando chegou a última, a décima, seria
diferente. Até aqui nenhuma delas havia atingido diretamente as pessoas. A
décima, porém, atingiria o que há de mais precioso em qualquer ser humano: a
vida dos primogênitos, tanto de pessoas como de animais. Disse Deus: “naquela
noite passarei pela terra do Egito e ferirei na terra do Egito todos os
primogênitos, desde os homens até os animais; executarei juízo sobre todos os
deuses do Egito. Eu sou o Senhor.” Ex
12:12. “Disse o Senhor a Moises e a Arão na terra do Egito: Este mês vos será,
o principal dos meses; será o primeiro mês do ano. Falai a toda a congregação
de Israel, dizendo: Aos dez deste mês cada um tomará para si um cordeiro,
segundo a casa dos pais, um cordeiro para cada família... e o guardareis até ao
décimo quarto dia deste mês, e todo o
ajuntamento da congregação de Israel o imolará no crepúsculo da tarde.” Êx.
12:1 a 3 e 6. “Naquela noite comerão a carne assada ao fogo; com pães asmos e
ervas amargas a comerão. Ex. 12:9. Antes porem de comer a carne, deveriam
seguir rigorosamente as instruções sobre o que fazer com o sangue: “Tomarão do sangue e o porão em ambas as
ombreiras e na verga da porta, nas casas em que o comerem.” Ex.12:7.
A
palavra Páscoa, em hebraico “pessach” significa passar sobre ou por cima. Quanto a esse significado,
encontramos na própria Bíblia informações convincentes: “Quando vossos filhos
vos perguntarem: Que rito é esse? Respondereis: É Páscoa do Senhor que passou
por cima das casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu os egípcios e
livrou nossas casas.” Ex.12:26 e 27. Desta forma, foi num contesto de juízo e
de livramento que a Páscoa foi
instituída.
PÁSCOA, SOMBRA DA MORTE DE
JESUS- O mesmo Paulo, que afirma serem os rituais do santuário terrestre
(incluindo as festas) sombras do celestial, nos diz em I Corintios 5:7 .. Pois
também Cristo, nosso cordeiro pascal foi imolado”. Quando Paulo fala que Cristo,
nosso Cordeiro pascal, ou como dizem outras traduções, Cristo nossa Páscoa foi
imolado, é evidente que esta se referindo à crucificação de Jesus. Portanto, a
Páscoa era uma sombra da morte de Jesus na Cruz. Em suma, o juízo que seria executado sobre
nós, “passou sobre nós”, uma vez que o Senhor Jesus foi condenado a morrer a
nossa morte..
PÃES ASMOS - “E aos quinze dias deste mês é a festa dos
Pães Asmos do Senhor : sete dias comereis Pães Asmos. No primeiro dia, tereis
santa convocação; nenhuma obra servil fareis; mas sete dias oferecereis oferta
queimada ao Senhor; ao sétimo dia,
haverá santa convocação; nenhuma obra servil fareis.” Lev. 23:6 a 8.
A
segunda festa celebrada pelo povo de Deus, no Antigo Testamento era a “Festa
dos Pães Asmos do Senhor”. Por “pão asmo” entende-se pão sem fermento.
A
celebração dos Pães Asmos começava no dia quinze e durava sete dias, durante os
quais não podiam comer pão com fermento (Dt.16:4). Certamente era porque o
fermento era símbolo do pecado.
DE
QUE OS PÃES ASMOS ERAM SOMBRA ? Assim
como a Páscoa e os Pães Asmos são mencionados juntos no contexto do Antigo
Testamento, quando fala da “sombra”, o mesmo acontece quando Paulo fala da
“realidade”: “Por isso, celebraremos a
festa não com o velho fermento, nem com o fermento da maldade e da malícia, e
sim com os asmos da sinceridade e da verdade.” (I Cor. 5:8) É interessante
notar que neste contexto, os “pães asmos”, são os crentes em Jesus! A maneira como Paulo coloca, sugere que a
morte do Cordeiro Pascal, isto é, Jesus, resulta na celebração dos “Pães Asmos”
em nossa vida. No antigo testamento também era assim. A festa dos Pães Asmos
era celebrada como resultado ou como conseqüência da realização da Páscoa.
Se
a Páscoa era uma sombra da morte de Jesus, e se Ele morreu para nos salvar do
pedado, então os “Pães Asmos” era uma
sombra do resultado da morte de Jesus na vida do crente, transformando-o numa
pessoa sem pecado.
AS
PRIMÍCIAS – A terceira festa na ordem em que eram celebradas
era a “Festa das Primícias”. No livro de Levítico, cap. 23:9 a 12, nos diz
: “...quando entrares na terra que vos
dou e segares a vossa messe, então
trareis um molho das Primícias da vossa messe ao sacerdote: este moverá o molho
perante o Senhor, para que sejais aceitos: no dia imediato ao sábado o sacerdote o moverá.”
Se
a Páscoa era celebrada no dia 14; e Pães Asmos no dia 15, com duração de sete
dias; sendo que o primeiro dia dos Pães Asmos era considerado dia de repouso,
ou seja, era “um sábado”, conforme a expressão: “nenhuma obra servil fareis”,
então as Primícias eram celebradas no dia 16 do primeiro mês, pois o texto diz
que a festa acontecia no dia imediato ao sábado. Esse sábado era o dia 15, que
era o primeiro dia dos Pães Asmos. Logo, as Primícias, a exemplo dos Pães Asmos,
faziam parte da celebração da Páscoa. Ou seja, do conjunto das três celebrações
do primeiro mês, ou ainda, no dia 14 ao entardecer, a Páscoa, no dia 15, Pães
Asmos e no dia 16, as Primícias.
A
apresentação das Primícias era parte da
celebração dos dias de Pães Asmos. Este dia não era nem “santa convocação, nem
dia de repouso.”
DE
QUE AS PRIMÍCIAS ERAM SOMBRA ? – A celebração das primícias consistia
basicamente em trazer o molho das Primícias, ou os primeiros frutos da terra
para serem movidos, pelo sacerdote, perante o Senhor. Já vimos que a Páscoa e
os Pães Asmos, eram sombra da morte de Cristo e do resultado de Sua morte na
vida do crente. No que diz respeito às Primícias, e buscando encontrar qual
aspecto da obra ou do ministério de Cristo projetava essa sombra, Paulo,
novamente nos traz a informação que precisamos: “mas, de fato, Cristo
ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem”. I Cor.
15: 20. E ainda no verso 23 do mesmo capítulo, “ Cada um, porém, por sua
própria ordem: Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na sua
vinda.” O texto é claro: a festa das
Primícias era uma sombra da ressurreição de Jesus. Mas não só dele, mas
apontavam também par a ressurreição dos justos, já que Ele se tornou
“primícias” (Sinônimo de primeiro, e isto não significa único).
O
PENTECOSTES – A palavra “Pentecostes” que dizer cinqüenta dias
depois. A quarta festa no calendário dos israelitas tinha esse nome. Esta
relatada no livro de Levítico, cap.23: 15 a 22.: “Contareis para vos outros
desde o dia imediato ao sábado, desde desde o dia em que trouxerdes o molho da
oferta movida; sete semanas inteiras serão. Até o dia imediato ao sétimo
sábado, contareis cinqüenta dias; então tereis nova oferta de manjares ao
Senhor. Das vossas moradas trareis dois
pães para serem movidos; de suas dízimas de um efa de farinha serão; levedados
se cozerão; são primícias ao Senhor.” No verso 21, nos diz: “No mesmo dia, se
proclamará que tereis santa convocação; nenhuma obra servil fareis; é estatuto
perpétuo em todas as vossas moradas, pelas vossas gerações.”
Uma
característica significativa do Pentecostes era a apresentação de dois pães levedados
(fermentados) como oferta ao Senhor. Isto quer dizer que essa celebração se
caracterizava por uma oferta contaminada pelo pecado. Exatamente ao contrário
da celebração dos Pães Asmos, quando, por sete dias, ficavam proibidos de ter
qualquer contacto com fermento, por ele ser um símbolo do pecado.
DE
QUE O PENTECOSTES ERA UMA SOMBRA ? – Se o Pentecostes era celebrado cinqüenta
dias depois das Primícias, sendo as Primícias “sombra” da ressurreição de
Jesus, o cumprimento do Pentecostes teria que acontecer cinqüenta dias após
Cristo ressuscitar. Sabemos que após a ressurreição de Jesus, este permaneceu
na terra por quarenta dias, (Atos 1:3). É sabido também que, o período de
espera, por parte dos discípulos, para que recebessem o Espírito Santo após a
ascensão de Jesus , foi de dez dias. Somando-se estes dez dias de espera
àqueles quarenta, chegamos exatamente a cinqüenta dias desde a ressurreição até
o derramamento do Espírito Santo no Pentecostes, conforme Atos cap.2. Para
reforçar ainda mais esta tese , o capítulo 2 de Atos começa com a sugestiva
declaração: “Ao cumprir-se o dia de Pentecostes...”
Qual
seria, o significado dos dois pães levedados (fermentados) do Pentecostes
? A pergunta que surge de imediato é:
Por que Deus aceitaria ou exigiria que Lhe trouxessem uma oferta contaminada
pelo pecado ? É intrigante o fato de que
embora o fermento seja símbolo do pecado, os dois pães levedados que eram
oferecidos no dia do Pentecostes, juntamente com dois cordeiros, se tornavam santos !
(Lv.23:20). Mas, o que acontece quando
do cumprimento do Pentecostes após a ressurreição de Cristo ? Em Atos 2:41
lemos: “...Então os que lhe aceitaram a palavra foram batizados, havendo um
acréscimo naquele dia” – dia do cumprimento do Pentecostes realidade – “de
quase três mil pessoas”. É claro que a conversão de uma pessoa é obra exclusiva do Espírito Santo,
pois somente através de sua atuação, pecadores são movidos a Cristo e aceitos
por Ele. Portanto, os dois pães levedados (fermentados), segundo Lev. 23:17, eram primícias ao Senhor,
simbolizavam, apropriadamente, aquelas pessoas que, a despeito de serem
pecadoras ou estarem contaminadas pelo pecado, foram aceitas por Jesus, sendo
eles as “primícias” ou os primeiros conversos após o derramamento do Espírito
Santo, em cumprimento ao dia de Pentecostes. Por isso, aquela festa que era uma
“sombra” desta maravilhosa Realidade, era marcada por uma oferta contaminada
pelo pecado. Assim como os dois pães, mesmo sendo fermentados, se tornavam
santos ao serem oferecidos ao Senhor, da mesma forma, o pecador se torna santo
quando atende a voz do Espírito Santo e se convence de que necessita do sangue do Cordeiro, de
sua Páscoa, para que o anjo de Deus “passe por cima”... dos seus pecados.
AS
TROMBETAS – Enquanto as três primeiras festas eram celebradas
no primeiro mês do calendário dos israelitas, as últimas três aconteciam no
sétimo mês. A festa das Trombetas abria esse segundo bloco. Era uma festa que
anunciava a próxima festa, que se seguia apenas dez dias depois, no dia dez do
sétimo mês. Em Lev. 23: 23 , nos
declara: “... no mês sétimo, ao primeiro
do mês, tereis descanso solene, memorial, com sonidos de trombetas, santa
convocação. Nenhuma obra servil fareis, mas trareis oferta queimada ao
Senhor”. A esse respeito, a Enciclopédia
Judaica, no artigo “Expiação”, diz: “os primeiros dez dias de Tishri se
tornaram os dez dias de arrependimento do ano, destinados a operar uma perfeita
mudança de coração, e fazer Israel, como criaturas nascidas de novo, atingindo
a culminância no dia da expiação, quando o maior Dom religioso, a perdoadora
misericórdia de Deus devia ser oferecida ao homem.” Vol. II pág. 281. A Festa das Trombetas é
celebrada hoje pelos israelitas como “Yon Kipur”, ou Festa do Ano Novo.
FESTA
DAS TROMBETAS – SOMBRA DA 1ª MENSAGEM ANGÉLICA – Da mesma forma que o objetivo
da Festa das Trombetas era advertir o povo, da proximidade da Expiação, o mesmo
acontece com o cumprimento da primeira
Mensagem Angélica em Apoc. 14:6 e 7. Evidentemente, a mensagem do primeiro anjo
é uma mensagem de advertência, de chamamento a um retorno a Deus. E a razão para isso, é que a hora do juízo é
chegada. Se o objetivo das Trombetas era advertir o povo quanto à proximidade
do juízo, que ocorria no dia da Expiação, o objetivo da primeira Mensagem
Angélica é, igualmente, advertir o mundo quanto a proximidade do juízo.
No
livro “História da Redenção”, de Ellen White, nos diz: “ A profecia da primeira
Mensagem Angélica, revelada na visão de ap.14, teve seu cumprimento no
movimento do advento de 1840-44. Tanto na Europa, como na América, homens de fé
e oração tiveram sua atenção profundamente movida para as profecias, e ,
examinando o registro inspirado, viram convincentes evidencias de que o fim de
rodas as coisas estavam às portas. O Espírito de Deus apressou seus servos para
darem a advertência. Por todas as partes, devia ser espalhada a mensagem do
Evangelho Eterno: Temei a Deus e daí-lhe glória, pois é chegada a hora do seu
juízo.” Embora o texto citado fale do
“movimento do advento”, não se trata da Igreja Adventista do Sétimo Dia, pois
esta só foi organizada em 1863. Esse movimento era composto de pessoas de
várias denominações, as quais , sob a liderança de Guilherme Miller aguardava a volta e Jesus em 1844. Pensavam
eles que o Santuário mencionado em Daniel 8:14 seria a Terra, e sua purificação
se daria com o retorno de Jesus. Uma vez que Jesus não veio na data esperada,
um pequeno número daquelas pessoas inconformadas com a decepção sofrida,
puseram-se a orar e estudar as Escrituras para descobrir onde e como haviam se
equivocado. Dessa forma, mediante a revelação do Espírito Santo, compreenderam
que a purificação do santuário mencionada em Daniel 7:14, não se referia ao
retorno de Jesus, conforme haviam pensado antes, mas sim à sua passagem do
lugar Santo para o Santíssimo, no Santuário celestial, dando início à obra do
julgamento, do qual o julgamento do dia da Expiação era uma sombra.
O
DIA DA EXPIAÇÃO – Hoje em dia, na comunidade israelita, é conhecido
como “dia do Perdão” ou “Yon Kippur”.
Em
Lev. 23:24 a 30, lemos: “... mas aos dezesseis deste mês sétimo, será o Dia da Expiação; tereis
santa convocação e afligireis a vossa alma; trareis oferta queimada ao Senhor.
Nesse mesmo dia, nenhuma obra fareis; porque é Dia da Expiação, para fazer
expiação por vos perante o Senhor, vosso Deus.Porque toda alma que não se
afligir será eliminada do seu povo.”
Se
a Festa das Trombetas era um anuncio da chegada do Juízo que seria realizado no
dia da Expiação que se seguia, e era uma “sombra” da primeira Mensagem
Angélica, então o juízo mencionado em Apoc.14:6 e 7, projetava uma “sombra”
chamada “Expiação”. Em outras palavras, usando as mesmas expressões de Paulo, o
juízo realizado no dia da Expiação era “sombra” do juízo anunciado pelo
primeiro anjo de Apocalipse 14.
No
livro de Hebreus 9:11 e 12, Paulo nos diz:
“quando, porem, veio Cristo como Sumo Sacerdote dos bens já realizados,
mediante o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, quer dizer
não desta criação, não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou
no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção.” Da mesma
forma que o Sumo Sacerdote, na primeira aliança, entrava no Santo dos Santos
para a realização do juízo no dia da Expiação, Jesus, como Sumo Sacerdote dos
bens já realizados, entrou no Santo dos Santos, no Santuário Celestial, dando
início à obra do julgamento; do qual, o juízo do dia da Expiação era uma
“sombra”.
No
livro de Daniel, cap.8:14, lemos: “E ele
me disse: até duas mil e trezentas tardes e manhãs, e o Santuário será
purificado.” A obra do juízo investigativo e extinção dos pecados (pela
expiação do Sumo Sacerdote, no Santuário celestial) deve ser realizada antes do
segundo advento do Senhor. No culto
típico, o Sumo Sacerdote, havendo feito expiação por Israel, saia e abençoava a
congregação. Assim Cristo, no final de sua obra aparecerá “sem pecado” para
salvação (Heb. 9:28), a fim de abençoar com a vida eterna Seu povo que o
espera.
No
livro de Hebreus, cap. 9, à partir do verso
11, há uma mudança. O autor do livro de hebreus vinha descrevendo o
Santuário terrestre e seus serviços, inclusive falando dos serviços dos
sacerdotes e também do Sumo Sacerdote, nos lugares Santo e Santíssimo do
Santuário, respectivamente. Agora, ele passa a falar de um Santuário ou
Tabernáculo que não foi feito por mãos, (verso 11). Até onde sabemos o
santuário terrestre foi construído por mãos. Se agora este que ele está falando
aqui não o foi, então é uma referência ao Santuário celestial. Ainda mais, à
partir do verso 11, o sumo sacerdote é Jesus. Entra no Santo dos Santos uma única
vez, e com o seu próprio sangue. Temos pois mudança de localização, mudança de
construtor, mudança de Sumo Sacerdote, mudança de sangue e mudança na
freqüência com que a cerimônia acontecia. Logo Paulo não poderia estar falando
do mesmo Santuário que falava antes. Que há um santuário celestial, é muito
claro quando lemos Apoc.11:19. Certamente é desse Santuário que ele se refere,
em Hebreus cap.9 do verso 11 em diante. Da mesma forma que o sumo sacerdote, na
primeira aliança, entrava no Santo dos Santos para a realização do juízo no dia
da Expiação; Jesus , como Sumo Sacerdote dos bens já realizados, entrou no
Santo dos Santos, no Santuário celestial, dando início á obra do julgamento; do
qual, o juízo do dia da Expiação era uma sombra. Esse julgamento, é chamado
também de juízo investigativo ou pré advento. No tempo indicado para o Juízo –
o final dos 2.300 dias, em 1844 – iniciou-se a obra de investigação e
apagamento ou perdão.
Dois
aspectos da Expiação - Quando atentamos
para o relato bíblico sobre a Expiação que se realizava no velho testamento,
percebemos dois aspectos distintos:
Inicialmente
se fazia Expiação pelo santuário,. Pela tenda da congregação e pelo altar. Este
aspecto da expiação era realizado através do bode para o Senhor. Logo, o bode
para o Senhor participava no processo de remissão do pecado. Por isso ele era
sacrificado, pois “sem derramamento de sangue não há remissão de pecado”.
(Heb.9:22)
No
segundo aspecto, o bode emissário ou para Azazel, era apresentado vivo, uma vez
que sua parte era tão somente arcar com todos os pecados do povo, levando-os
para o deserto. Em outras palavras, ele participava do processo não da remissão
do pecado, ou seja, do ato de retirar o pecado do pecador, nem do Santuário,
mas sim, no processo da extinção do pecado. Extinção no sentido de tirar o
pecado não do pecador mas sim do Sumo Sacerdote, para então ser banido
completamente do acampamento de Israel. Em Lev. 16:20, lemos “havendo, pois,
acabado de fazer expiação pelo santuário, pela tenda da congregação e pelo
altar, então fará chegar o bode vivo.” Em se tratando da realidade, o pecado só
será banido por completo do Universo quando Satanás for finalmente destruído.
Neste caso, o bode emissário, Azazel, era um tipo perfeito de Satanás que em última
instância, é quem vai pagar por todos os pecados. Sendo ele mesmo o originador
do mal. É razoável que seja desta maneira. Além do mais, os mil anos durante os
quais Satanás ficará em uma terra deserta, amargando as conseqüências do
pecado, pode muito bem ter como símbolo, o deserto para onde o bode Azazel era
levado.
No
contexto do Antigo Testamento, a trajetória do pecado, desde que era
cometido até sua extinção, era a
seguinte:
O
pecador cometia um pecado e se tornava passivo de morte. Para não morrer, ele
confessava seu pecado sobre um animal, transferindo sua culpa para o mesmo. O
animal era morto e por meio do sangue desse animal, mediante o serviço diário
(tamid), os sacerdotes transferiam o pecado para o Santuário. No dia da Expiação, o Sumo Sacerdote entrava
no Santíssimo do Santuário com o sangue
do bode para o Senhor, para o serviço de purificação.
Assim
como acontecia na “sombra”, acontecerá também na Realidade: nossos pecados
foram transferidos para Jesus que é tanto o Cordeiro quanto o Sumo Sacerdote. Essa transferência
embora nos isente de qualquer culpa ou condenação, não representa o completo
banimento do pecado. Isto só se dará quando, a exemplo do que fazia o sumo
sacerdote no dia da Expiação com o bode Azazel, Jesus transferir todos os pecados
para Satanás, para então destruí-lo completa e definitivamente.
OS
TABERNÁCULOS – Esta era a última Festa do calendário dos hebreus.
Ela acontecia no dia quinze do sétimo mês, estendendo-se por sete dias. Em Lev.
23:33 a 36, lemos: “... Fala aos filhos de Israel, dizendo: Aos quinze dias
deste mês sétimo, será a Festa dos Tabernáculos ao Senhor, por sete dias. Ao
primeiro dia, haverá santa convocação; nenhuma obra servil fareis. Sete dias
oferecereis ofertas queimadas ao Senhor; ao dia oitavo, tereis santa convocação
e oferecereis ofertas queimadas ao Senhor; é
reunião solene, nenhuma obra servil fareis.”
Alem
de “Festa dos Tabernáculos”, esta celebração tinha ainda outro nome: “festa da
Alegria”. Este nome está implícito na própria descrição da festa. Mais
precisamente no verso 40: “No primeiro
dia tomareis para vós outros frutos de árvores formosas, ramos de palmeiras,
ramos de árvores frondosas e salgueiros
de ribeiras; e, por sete dias vos alegrareis perante o Senhor vosso
Deus”.
Porque
Tabernáculos era a Festa da Alegria ? Porque deviam separar sete dias para se
alegrarem perante o Senhor ?
Essa
Festa era celebrada cinco dias após a da Expiação. Se na Expiação o povo havia
recebido o perdão para os seus pecados, tinham motivos de sobejo para se alegrarem perante o Senhor.
Até porque esse perdão não acontecia em função de seus próprios méritos, mas
pela misericórdia e bondade de Deus. Que
aceitava a morte de animais em lugar do pecador e aceitava ainda a intercessão
do sumo sacerdote, uma pessoa tão pecadora quanto as demais. O povo estava
agora salvo da pena, da pena, do poder e da presença do pecado. Será que tinham
motivos para se alegrarem ?
TABERNÁCULOS,
SOMBRA DA VOLTA DE JESUS – Assim como Tabernáculos era a última festa do
calendário dos Hebreus, a volta de Jesus será o último acontecimento
relacionado à salvação dos justos e os relatos bíblicos são mais que
convincentes no sentido de mostrar que a festa dos Tabernáculos era uma
“sombra” do segundo advento do Salvador e da posse da Nova Terra
por parte dos salvos.
Uma
das características dos Tabernáculos eram os ramos de palmeiras (Lv. 23:40). Do
mesmo modo, os salvos são descritos portando “palmas” nas mãos: “... e eis
grande multidão que ninguém podia enumerar... vestidos de vestiduras brancas e
com palmas nas mãos.” (Apoc. 7:9) Ainda
em Apoc. 21:1 a 3, lemos: “Vi novo céu e
nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram e o mar já não
existe. Vi também a cidade santa, a Nova Jerusalém, que descia do céu, da parte
de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo. Então ouvi grande voz
vinda do trono, dizendo : eis o
Tabernáculo de Deus com os homens. Deus
habitará com eles. Eles serão
povos de Deus e Deus mesmo estará com eles.” Em Apoc. 7: 15 a 17, lemos ainda:
“ ... e Aquele que se assenta no trono estenderá sobre eles o Seu tabernáculo. Jamais terão fome, nunca
mais terão sede, não caíra sobre eles sol, nem ardor algum , pois o Cordeiro
que se encontra no meio do trono os apascentará e os guiará par as fontes da
água da vida. E Deus lhes enxugará dos
olhos toda lágrima.”
Quando
Deus “estender sobre nós o Seu Tabernáculo”, última festa do calendário
hebreu, passará a habitar conosco e nunca mais teremos fome, nunca mais teremos
sede, nunca mais seremos vítimas de qualquer tipo de sofrimento. Estaremos para
sempre livres das lágrimas.
POR: : DARIO ROGER PERLI
BIBLIOGRAFIA:
A
Bíblia Sagrada
O
Ritual do Santuário - M. L Andersen
A
Cruz Antes da Cruz – José Pereira
A
História da Redenção – Ellen G. White
O
Grande Conflito – Ellen G. White
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