Mudança de caráter
O primeiro passo para uma vida diferente e reconhecer
o que está errado
“Pessoas imaturas mostram uma necessidade
exagerada de afeto e de apoio”
Augusto César Maia é psicólogo
clínico em Campinas, SP.
O caráter é a
expressão do comportamento do individuo, e é modelado pelos pais e
familiares, O modo de ser de cada pessoa depende muito das experiências e dos
valores a que for exposto na infância.
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Chamamos de “fase primária do ser humano” o período em que somos
totalmente indefesos e dependentes dos pais. Biologicamente, essa dependência
é concreta e necessária, tendo que ver com sustento. Psicologicamente, essa
dependência inclui afeição, amor e aceitação.
Quando falta à criança esse
“alimento” emocional, ela tem grande chance de se tornar um adulto frio e
emocionalmente insatisfeito, dependente em extremo e incapaz de tomar
decisões sozinho. Por outro lado, a pessoa pode demonstrar-se totalmente
independente, o que na verdade não se sustenta em situações de tensão.
Estamos falando de pessoas que permaneceram em um estágio imaturo, em quem
toda a força, afetiva e instintiva, parece voltada para uma só direção e
dominada por uma única necessidade: assegurar o amor e, através disto, manter
o senso de segurança. Em outras palavras, são adultos com psique de crianças.
Os casos em que o padrão de comportamento se caracteriza por sentimentos
de privação, medo de perder o objeto do amor, vazio interno e desespero são
descritos na psicologia como “caráter do tipo oral”.
Origem familiar — Pessoas com esse comportamento são comuns em lares em que o relacionamento
se caracteriza pela ausência de carinho e diálogo, pela frieza, crítica
destrutiva e privação permanente; onde os pais são intolerantes e tratam os
filhos com rispidez e severidade.
Como mecanismo
de proteção, a resposta emocional da criança apresenta-se com as seguintes
características: manifestam insegurança e incapacidade de realizações. Podem
se tornar “infantilizados”, com sintomas regressivos como medo irracional,
isolamento, chupar o dedo, irritabilidade, ciúmes, mentira, furto, ansiedade e
tristeza.
A base psicológica desse tipo de caráter éuma força de vontade fraca.
Quando se tornar adulta, essa pessoa vai preferir esperar tudo dos outros, sem
fazer nada. Sua tendência será sempre correr, fugir e esconder-se (em drogas,
sexo ou fanatismo).
O “caráter oral” é um tipo
“dependurado”, Em casos extremos, suga as forças e energia de outra pessoa. Sua
sensação interna é de um imenso vazio e sua expectativa é de que o mundo tem a
obrigação de suprir as suas necessidades.
A pessoa de caráter oral foi descrita porJesus na parábola do semeador
(Lucas 8:4), como o “solo cheio de pedras”. Ela recebe o evangelho com
disposição, mas se mostra sem fé quando surgem as tormentas e tempestades,
quando é preciso deixar a comodidade ou enfrentar uma experiência de abnegação.
Essa pessoa só aceita a realidade se lhe é favorável. Caso contrário,
desiste, até mesmo da fé. É o que primeiro abandona o barco, diante da ameaça
de naufrágio. Como restaurar o caráter nessa situação?
Mudanças só ocorrem depois que se consegue enxergar a si mesmo de forma
legítima. E preciso reconhecer as deficiências cultivadas desde a infãncia, mas
acreditar, ainda assim, que nem tudo está perdido. É na incapacidade do homem que está
a capacidade de Deus. E nesse momento que a pessoa é levada a questionar seu
modo de ser e agir. Ao aceitar o psicodiagnóstico de Jesus, estará pronta para
mlciar uma psicoterapia com Deus. E aos poucos (uma boa terapia leva tempo)
será uma pessoa transformada. Nesse processo a vida humana pode reproduzir o
próprio caráter de Cristo.
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