Amor opressor
O comportamento superprotetor dos pais
inibe o desenvolvimento dos filhos
Você já deve
ter observado aquela mãe supercuidadosa que sufoca a independência dos filhos.
Ela é incapaz de reconhecer a individualidade dos filhos e de admitir as fronteiras entre eles.
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Esse tipo de comportamento
é urna recusa em permitir que os filhos desenvolvam seus próprios
relacionamentos, movimentos, pensamentos e percepções. Reflete o sentimento de
superioridade pessoal em relação às crianças. Os pais acham que as crianças
são pequenas demais para resolverem os problemas ou se defrontarem com
frustrações.
Tal comportamento surge como hostilidade aberta, mas também aparece sob o
disfarce do cuidado extremado, da superproteção, da superpreocupação. Assume a
forma de alimentação forçada, ansiedade e interesse pelo funcionamento
intestinal e um cuidado supervigilante para que a criança não se machuque.
Amor e aceitação se combinam com repressão severa.
O resultado desse comportamento é que a ambivalência fica acentuada e o
conflito se estabelece. Ele cria um estado de terrível confusão na cabeça da
criança. Gera passividade e uma sensação de inadequação.
Podemos dizer que os pais que se excedem em proporcionar proteção e afeto
são tiranos. Normalmente, eles cobram de urna maneira avarenta o amor e a
proteção que dão.
Algumas
características desse tipo de relacionamento são:
• Contato e mimo excessivos, na
tentativa de infantilizar o filho, mantendo-o numa eterna infãncia.
• Críticas constantes, acentuando a insegurança e a dependência.
• Exigência de obediência cega, total
e irrestrita,o que e urna forma de anular a iniciativa da criança.
• Favoritismo pelo filho mais
obediente, passivo ou submisso.
• Invasão do espaço do filho pela
dominação constante e sufocante.
• Anulação do processo de tentativa e erro, pois não existe confiança na
capacidade do filho.
Tudo isso é feito em nome do amor, mas seu efeito é suprimir a
personalidade infantil em desenvolvimento, impedindo a auto-afirmação e a
auto-regulação, Sob o pressuposto de que “os pais sabem o que convém”, a
personalidade da criança e literalmente esmagada.
Os efeitos disso vão aparecer mais tarde. O indivíduo terá urna penetrante
sensação de culpa. Se algo sai errado, imediatamente pensará que a culpa é
dele. Vive pedindo desculpa, pois parte do princípio de que está sempre em
erro. Aparentemente, sua capacidade de autopunição e desprendimento é infinita,
Ele não se atreve a contestar e, com excessiva rapidez, aceita as coisas
segundo a aparência externa. Ao mesmo tempo em que aceita a realidade, admite
a racionalidade de suas exigências. Caracteriza-se por um querer e não querer
simultâneos. Sente-se num terrível conflito.
Por ter crescido num ambiente Contrário à expressão de sentimentos ternos,
o individuo reage com desconfiança à ternura dos outros. Não devemos esquecer
que sua própria mãe usou seu “amor” e sua “simpatia” para humilhá-lo e que
seus apelos foram ignorados. É uma situação delicada. Não há amor ou aproximação que consiga penetrar a
barreira e não há sentimento positivo que possa ser expresso através dele. Desejando
se expor, não ousa fazê-lo; quer que você o liberte, mas não confia em você.
O que torna tão difícil o crescimento pessoal, nesses casos, é a profunda
desconfiança com que tais pessoas abordam o mundo. Por isso, devemos primeiro
conquistar sua confiança e boa vontade. É como escalar uma montanha por seu lado
mais íngreme e espinhoso. Mas é importante sinalizar que existe um caminho para
o crescimento e a liberdade.
Sinais dos
Tempos Julho-Agosto/2002
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