CONSIDERAÇÕES SOBRE A TRINDADE
Arnaldo B. Cristianini ,
Radiografia do Jeovismo – Cap. 15 – 3a. Edição - CASA
Ao crermos que Jesus é Deus, fazemos
profissão de fé trinitária. E a doutrina da Trindade é verdadeira, não porque
possamos entendê-la, mas porque é um fato
da Revelação. E isto, para nós, os que cremos, liqüida o assunto. Não
conseguimos entender a origem do mal, o fato de Lúcifer ter-se tornado Satanás,
a miraculosa operação do Espírito Santo e tantos outros fatos. Mas constituem
matéria de Revelação divina, e basta!
E’ infantilidade rejeitar a doutrina
da Trindade sob a alegação de não existir este termo nas Escrituras. No livro
divino também não se encontram palavras como Bíblia, Milênio, Teocracia e
outras que igualmente não repudiamos, porque o que se busca nas Escrituras são
fatos e não nomenclatura. Outro
contra-senso é rejeitar a doutrina, averbando-a de mistério. Deus é mistério
(Isa. 45:15). Com Trindade ou sem ela, Deus é mistério. Cristo é mistério
(Col. 1:26). Aceitemos com humildade a revelação das Escrituras sem precisarmos
negar e distorcer as declarações límpidas e inequívocas da Bíblia relacionadas
com o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Tolice é estabelecer diferença entre
“segredo” e “mistério”, considerando o primeiro como algo ainda não conhecido
e o último como coisa que não pode ser entendida. Um dos mais famosos
dicionaristas do mundo, T. Barnhart, assim define: “Mistério: segredo, alguma coisa oculta ou desconhecida.” E também:
“Segredo: alguma coisa secreta ou oculta;
mistério.
A Divindade Se constitui EM três
pessoas, Todas eternas, Todas iguais, Todas divinas, permanecendo UMA em
essência, em propósito, em funcionalidade. Melhor dito, a Trindade é o
organismo da Divindade, é o meio pelo qual Ela Se manifesta e existe em relação ao homem.
A negação da Trindade advém
primeiramente de um grande erro: conceituar pessoas
divinas como se conceituam pessoas humanas.
“Em Teologia, como em qualquer outra
ciência, há necessidade absoluta de alguns termos técnicos. Quando dizemos que
há três pessoas distintas na Divindade, não queremos, com isso, dizer que cada
uma delas é tão separada da outra, como um ser humano está separado de todos
os demais. Embora se diga que Se amam, Se ouçam, orem uns aos outros, enviem
uns aos outros, testifiquem uns dos Outros, não são, no entanto, independentes
entre si; porque, como já dissemos, auto-existência e independência são
propriedades, não das pessoas individuais, mas do Deus Triüno.” — L.
Boettner, The Trinity, pág. 59.
Em segundo lugar, a negação da
Trindade, vem da exploração dos textos que falam da subordinação do Filho ao Pai. Contudo Cristo — que é Deus — foi homem também. Daí o dizer-se que Sua
natureza é teantrópica (divina e humana). Esta subordinação não é de essência,
mas de ordem e operação. Cada uma das Pessoas divinas tem a Sua esfera de
atividade, “como se fora uma sociedade bem organizada”.
Outro fator da negação da doutrina é
a pretensa ignorância, mas na verdade deliberada má fé de certos escritores
arianos, supondo que cremos em três deuses. Por exemplo, no livro Seja Deus Verdadeiro, página 97 lemos o
seguinte sobre a doutrina da Trindade:
“Em resumo, a doutrina consiste em
dizer-se que há três deuses em um”.
Esta é, quando muito, uma conclusão que os jeovistas
querem extrair; nunca, porém, a crença cristã. Nunca isto foi escrito ou
admitido por um cristão. Em tempo algum. E inteiramente gratuita a acusação de
triteísmo que nos é feita, ao passo que nós podemos acusar os senhores
jeovistas de biteísmo. Ao afirmarem que Jeová é Deus Todo-poderoso e Cristo um
deus poderoso, estão crendo em dois deuses! Um Deus maior gerando um deus
menor: portanto dois deuses, não importa a categoria que procuram dar-lhes.
Na Divindade encontramos, por assim
dizer, uma forma de Personalidade sui
generis, sem termos de comparação, totalmente diferente da que se encontra
no homem. A revelação nos assegura que cada uma das Pessoas da Trindade
possui in toto, numericamente, a mesma substância. Eis os textos: Col.
2:9: “Porque nEle habita corporalmente TODA A PLENITUDE da Divindade”; 5.
João 14:11: “Crede-Me que Eu estou no
Pai, E o Pai EM MIM”; 5. João 10:30: “Eu e o Pai SOMOS UM.” Mesmo estando
na Terra, encarnado, Jesus estava como Deus na Terra e como Deus também no
Céu. 5. João 1:18: “O Filho Unigênito, que está
no seio do Pai, este o fez conhecer.” Jesus falava a Nicodemos, e emprega
o tempo presente do verbo. Há traduções que consignam 5. João 3:13: “Ninguém
subiu ao Céu, senão
Aquele que desceu do Céu, o Filho do homem que está no Céu.” (Matos Soares, Figueiredo, Almeida Antiga e
outras).
É verdade que pela razão
jamais chegaremos à compreensão integral da Trindade, mas os que “andam
por fé e não por visão” aceitam o que a Revelação apresenta.
Jesus Cristo é Deus porque as Escrituras expressa-mente O
designam como Deus. Enumeremos os
principais textos:
a) S.
João 1:1 — “No principio era o Verbo (...) e o Verbo era DEUS.”
b) S.
Mat. 1:23 — “Ele será chamado Emanuel (que quer dizer DEUS conosco.)”
c) Isa.
9:6 — “O Seu nome será (...) DEUS forte, PAI DA ETERNIDADE.”
d) Rom.
9:5 — “Cristo (...) o qual é sobre todos DEUS bendito para todo o sempre.
Amém.”
e) S.
Luc. 23:40 — “Nem ao menos temes a DEUS, estando sob igual sentença?”
f) S.
João 20:28 — “Respondeu-Lhe Tomé: Senhor meu e DEUS meu.”
g) Tito
2:13 — “(...) a manifestação da glória do nosso grande DEUS e Salvador Cristo
Jesus.”
h) Heb.
1:8 — “Acercado Filho diz: o Teu trono, ó DEUS, é para todo o sempre.”
i) I
S. João 5:20 — “Seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro DEUS e a vida
eterna.”
j) II
S. Ped. 1:1 — “(...) na justiça do nosso DEUS e Salvador Jesus Cristo.”
k) S.
João 1:18— “(...)o DEUS unigênito que está no seio do Pai é quem O revelou.”
1) Tito
1:3 ú.p — “(...) a pregação que me foi confiada por mandato de DEUS, nosso
Salvador.”
m)S. João 10:33 — “(...) sendo Tu
homem, Te fazes DEUS a Ti mesmo.”
A
Fórmula Batismal
O mais citado texto
trinitário é, sem dúvida, S. Mateus 28:19: “Ide, pois, fazei discípulos de
todas as nações, batizando-os em NOME do Pai, e do Filho, e do Espírito
Santo.” Há a menção clara das três Pessoas
da Divindade, porém a palavra “nome” na forma singular. Não diz:
“batizando-os nos nomes do Pai e do
Filho e do Espírito Santo.” Tampouco diz: “no nome do Pai, e no nome do Filho,
e no nome do Espírito Santo”, para destacá-los como três Seres separados. Nada
disso. Ao contrário, reúne os três dentro
de um Nome único. Para os discípulos que ouviram a Grande Comissão, o único
sentido que apreenderam foi o de que, dali por diante, Jeová passaria a ser
conhecido pelo novo Nome: do Pai, do
Filho, e do Espírito Santo.
Uma Saudação
Paulina
Em II Coríntios 13:13 temos o
registro da bênção apostólica para uso litúrgico nas igrejas, assim redigida:
“A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a
comunhão do Espírito Santo, SEJA com todos vós!” Não diz: “A graça, o amor, e a
comunhão de Deus seja com todos vós.” As três Pessoas de Deus são reunidas e a
elas se atribuem bênçãos redentoras.
Outros Apóstolos Mencionam a Trindade
Lemos em 1 5. Ped. 1:2: “Eleitos
segundo a presciência de Deus Pai, em
santificação do Espfrito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo.” As três Pessoas surgem
juntas em expressões de esperança cristã, porém a referência é a um só Deus.
Em Judas 20 e 21 lemos: “Orando no Espírito Santo, conservai-vos a vós
mesmos no amor de Deus, esperando a
misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo
para a vida eterna.”
Texto Impugnado
Há versões que em 1 Tim. 3:16 consignam
“Deus foi manifestado em carne”. Uma nota à margem no “The Emphatic Diaglott” esclarece: “Quase todos os antigos
manuscritos, e todas as Versões dizem ‘Aquele’ que foi manifestado, em lugar de
‘Deus’ neste versículo, isto tem sido aprovado.”
Não é exato. Embora traduções e
revisões recentes tenham aceitado a versão “Aquele que”, não se segue que quase
todos os antigos manuscritos e todas as Versões” a registrem. A palavra “Deus”
neste texto encontra-se em quatro dos poucos manuscritos unciais ainda existentes.
Encontra-se em 260 dos manuscritos cursivos, e há 262 deles. Encontra-se em 30
exemplares dos apóstolos, nas Versões Harcleana, Georgiana e Slavônica, e nos
seguintes dos Santos Padres: No III século, Dionisio de Alexandria. No IV
século: em Dídimo, Gregório Nazianzeno, Diodoro de Tarso, Gregório de Nissa
(22 vezes), Crisóstomo (3 vezes). No V século: em Cirilo de Alexandria (2
vezes), Teodureto de Chipre (4 vezes), Eutálio, e Macedônio. No VI século em
Severo de Antioquia. No VIII século: em João Damasceno, Epifâneo de Catana,
Teodoro Studita, Osmênio, Teofilacto, e Eutímio. Estes dados foram extraídos do
“The Revision Revised” do erudito Burgon, que escreveu exaustivo trabalho sobre
o assunto.
E temerário dogmatizar sobre textos discutíveis.
O “Plural de Majestade”
Os que se recusam a admitir uma
união das três Pessoas na Trindade apelam para uma fórmula cômoda denominada
“plural de majestade”, diante do fato de o nome divino Elohim ser plural, e de
passagens bíblicas em que Deus fala no plural, como “Façamos o homem”, “desçamos”,
“vejamos”, “Eis que o homem é como um de nós”, “quem irá por nós?” Ora
isto é invenção humana, pois as Escrituras jamais autorizaram a inven
ção deste modus
loquendi a que denominam “plural de majestade”. Atribui-se esta invenção a
Gesênio que de uma feita apresentou esta idéia de que o plural era apenas a
maneira de Deus Se apresentar em Sua majestade senhoril, à moda dos monarcas
antigos. Descobriu-se, no entanto, que a tese de Gesênio era falsa, porquanto
ficou provado que nenhum monarca se utilizou desse sistema. Faraó, nenhum
monarca persa, e de nenhum outro reino antigo jamais falaram em nome seu e dos outros. Mas os
jeovistas aceitam esta lenda. Em Gên. 41:44, por exemplo, diz Faraó: “EU SOU
Faraó (...)“ “tu estarás sobre MINHA casa.” Nada de plural de majestade. A
verdade é que quando a Bíblia usa o
plural da primeira pessoa, quando devíamos esperar o singular, éque alguma realidade está em jogo. O plural
envolve pluralidade de Pessoas na Divindade. O próprio Cristo empregou o
plural. Em 5. João 3:11: “Nós dizemos o
que sabemos e testificamos o que temos
visto, contudo não aceitais o NOSSO testemunho.” Ainda em S. Mat. 3:15, no batismo: “Assim NOS convém
cumprir toda a justiça.” E nos versos seguintes ouve-se a voz do Pai, e se vê o
Espírito Santo em forma de pomba. As três pessoas Se manifestam. Se, como
querem os jeovistas, se trata de plural de majestade, então Cristo é o mesmo
Jeová, ou o Elohim, porque Eles também usaram o plural de majestade! Mais um
exemplo: “A que assemelharemos o
reino de Deus? ou com que parábola o apresentaremos?”
5. Mar. 4:30. Quando o apóstolo 5. Paulo escreve: “(..) a tribulação que
NOS sobreveio na Àsia, acima das NOSSAS forças” (II Cor. 1:8), ou “quisemos ir até vós (...) contudo
Satanás NOS barrou o caminho” (1 Tess. 2:18), estava associando consigo os
companheiros de viagem, de tribulação e de trabalho. Por isso emprega o
pronome “nós”. Não há por onde justificar o uso na antigüidade do pluralis majestatis, uso que, na verdade
NÃO EXISTIA. O que há de fato, é pluralidade de Pessoas.
E isto prova
a existência da Trindade!
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