A TRINDADE
Evidências no
Antigo e Novo Testamentos apontam para a coeterna união do Pai, do Filho e do
Espírito Santo
Woodrow W.
Whhidden – Prof, de religião na Andrews University, USA.
Revista do Ancião jul.set. –2003
Os Adventistas do Sétimo Dia Crêem que...
há um só Deus: Pai, Filho e Espírito Santo, uma unidade de três Pessoas
co-eternas. Deus é imortal, onipotente, onisciente, acima de tudo e sempre
presente. Ele é infinito e está além da
compreensão humana, mas é conhecido por meio de Sua autorevelação. Para sempre
é digno de culto, adoração e serviço por parte de toda a criação. —
Crenças
Fundamentais, 2 -Nisto Cremos, pág. 31.
Essa citação expressa as convicções
trinitárias dos adventistas do sétimo dia. Ela representa a culminação Significativa do desenvolvimento doutrinário na história denominacional, um
desenvolvimento que evoluiu de um pensamento distintamente não trinitário
(muitas vezes expresso por um espírito antitrinitário) para o arianismo,
semi-arianismo e então para o pleno triunfo da atual confissão de fé
trinitária.
As questões-chave que deveriam ser
descartadas são essencialmente as mesmas que a igreja do terceiro ao sexto
séculos havia resolvido. Essas questões giram em torno das tensões entre a
revelação bíblica que parecia apontar para a profunda unidade de Deus (a
evidência unitária) e aquelas passagens que fortemente apontavam para a pluralidade
das pessoas divinas na divindade (os textos Trinitários)’.
A
Revelação Divina
Mais especificamente, as discussões
centrais giravam em torno de duas questões-chave:
(1) A
deidade de Jesus Cristo é tão plenamente divina em substância e natureza quanto
a deidade do Pai? e (2) O Espírito Santo é também plenamente divino e
genuinamente pessoal — tão
divino e uma só pessoa, como o são o Pai e o Filho? Por volta da metade do
século XX, semelhantemente à igreja
do quarto século, os adventistas haviam chegado ao mesmo consenso nessas
questões: concluíram que há um só Deus: Pai, Filho e Espírito Santo que Se
manifestam como uma unidade de três Pessoas co-eternas. Elas possuem as
características divinas da imortalidade, onipotência, onisciência e da
existência eterna, e o que pode ser dito da substância da natureza divina do
Pai pode também ser dito a respeito do Filho e do Espírito.
Embora incompreensível à mente
humana, o Deus trinitário pode ser “conhecido por meio de Sua auto-revelação”.
E é imutável a convicção dos adventistas do sétimo dia de que a revelação-chave
de Deus se deu por meio de Jesus Cristo, o Filho infinito de Deus e a Segunda
pessoa da Trindade. A obra-chave do Espírito Santo que procede do Pai e do
Filho é atrair a atenção para o Filho. E ao enaltece-Lo, o Pai é revelado e
glorificado.
Historicamente, havia dois tipos básicos de objeção à compreensão
de urna divindade Trinitária: (1) Baseadas nas Escrituras e (2) Baseadas na
lógica. A principal tentação ao confrontar essas objeções tem sido gravitar
entre soluções unitárias ou triteístas. Fomos persuadidos de que nem as
Escrituras nem a lógica sustentam as interpretações unitarianas ou
triteísticas.
Se pudéssemos apresentar evidências suficientes do
testemunho das Escrituras para sustentar a plena deidade do Filho e do
Espírito, daríamos passos gigantescos na interpretação trinitária da
evidência.
A seguir apresentaremos evidências
bíblicas generalizadas para a unidade Trinitária da divindade e depois a
objeção lógica à Trindade.
EVIDÊNCIAS NO ANTIGO TESTAMENTO
Uma das passagens mais
freqüentemente citadas para apoiar as interpretações unitarianas da divindade é
Deuteronômio 6:4. Essa grande passagem, conhecida como o “Santo Shema”,
proclama diretamente a unidade de Deus: “Ouve, á Israel; o Senhor nosso Deus é
o único Senhor.”
A leitura superficial desse texto
poderia apontar para o unitarianismo, mas quando o significado da palavra
hebraica traduzida como único” (‘echad) é explorado em profundidade e
comparado com a palavra yachid, os resultados são reveladores: ‘echad na verdade
significa “um (entre outros)
... A possibilidade de haver outros
é inerente em ‘echad, mas yachid impede essa possibilidade.”2
A diferença entre ‘echad e yachid
pode ser explicada melhor: ‘echad refere-se à unidade que resulta da união de
várias pessoas, enquanto que yachid é usada, no hebraico, paira referir-se a um
ser exclusivamente único. Contrastando com ‘echad, yachid “significa ‘um’ no
sentido de ‘único’ ou ‘sozinho’ ”3 Contudo, Moisés preferiu empregar
a palavra ‘echad para expressar a idéia de um entre outros em urna unidade
conjunta ou partilhada.
Esse uso de ‘echad é nitidamente
ilustrado pela forma como Moisés empregou essa palavra para descrever a união
matrimonial: “Portanto deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-a à
sua mulher, e serão uma (‘echad) só carne”. Temos aqui uma pluralidade de
pessoas que entram em uma profunda unidade múltipla — a ilustração mais apropriada da unidade infinita da
divindade múltipla.
Outras sugestões dessa “unidade”
aparecem no primeiro livro da Bíblia, onde o Deus Criador diz: “Façamos o
homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gên. 1:26). A passagem
apresenta a Deus falando de Si mesmo no plural. Ademais, quando Deus criou os
seres humanos, em “nossa imagem” Ele estabeleceu a pluralidade de dois
indivíduos distintos um do outro e, no entanto, capazes de tornarem-se um”
(Gên. 2:24). Esses versos convincentemente retratam o fato histórico de que a
multiplicidade da unidade envolve a imagem de Deus.
No entanto, há ainda mais uma
evidência no registro de Gênesis e em Isaías que sugere a multiplicidade
inerente a Deus:
(1) Referindo-se
ao pecado de Adão e Eva: “Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem se tornou
como um de nós, conhecedor do bem e do mal” (Gên. 3:22). (2) Na história do
grande pecado do povo na Torre de Babel, Deus disse: “Vinde, desçamos, e confundamos
ali a sua linguagem, para que um não entenda a linguagem de outro” (Gên. 11:7).
(3) O profeta Isaías registra a
notável visão na qual ele viu “o Senhor assentado sobre um alto e sublime
trono”. Durante essa experiência, ele testemunhou o seguinte: “Depois disto
ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós?”
(Isa. 6:8).
Embora nenhum desses exemplos sejam
coercitivos, sua força cumulativa provê evidência interessante no Antigo
Testamento para a multiplicidade de pessoas na divindade. As, evidências do
Novo Testamento, porém, têm força maior.
EVIDÊNCIAS NO NOVO TESTAMENTO
A passagem mais freqüentemente
citada se encontra em Mateus 28:19: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas
as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”.
Por favor, note que o texto declara
que os três membros da divindade têm nome (singular, não plural), sugerindo
convincentemente que Eles são Um em natureza e caráter.
Esse verso, juntamente com II
Coríntios 13:14, oferece uma impressiva compreensão à vida da igreja
apostólica primitiva. Essas duas passagens apresentam a saudação apostólica e a
fórmula do próprio Cristo para o rito de iniciação (batismo) na família de
Deus de forma trinitária. Ambas sugerem a unidade das três grandes Pessoas que
operam na redenção e vida da igreja.
A evidência final da unidade da
divindade surge da presença dos três no batismo de Jesus: “Batizado Jesus,
saiu logo da água, e eis que se Lhe abriram os céus, e viu o Espírito Santo de
Deus descendo como uma pomba, vindo sobre Ele. E eis uma VOZ dos Céus, que dizia: Este é o Meu Filho amado, em
quem Me comprazo” (Mat. 3:16 e 17).
Portanto, Jesus inicia formal-mente Seu ministério
público de redenção na presença dos três membros do Trio Celestial Após o
batismo, Jesus saiu do Jordão, o Espírito Santo desceu sobre Ele na forma de
pomba e o Pai, de forma audível, proferiu palavras de aprovação e identidade do
Céu. Essa cena convincente retrata a unidade de propósito partilhada entre a
divindade. Também, claramente evidencia a distinção de cada pessoa divina.
Mateus não apresenta o Espírito e o Filho como manifestações ou personificações
diferentes do Pai, mas como personalidades distintas em união com o Pai, mesmo
enquanto dão toda aparência de propósito e caráter ao focaliza-tem a missão
redentora do Filho.
Objeções lógicas à Trindade
Para muitos não trinitarianos o
conceito de um igual a três parece ilógico. Millard Erickson tem
convincentemente sugerido que os trinitarianos necessitam dar uma resposta
coerente a como podemos, de forma lógica, conceber três como sendo um. Sugere
que a vida real, o mundo prático, não tolera tal imprecisão matemática. Se eu
fosse a um supermercado, comprasse três pães e me dirigisse ao caixa, e
tentasse persuadi-lo de que realmente se trata de um pão e que, portanto,
pagaria por um, rapidamente o funcionário chamaria o segurança.
Assim sendo, os trinitarianos devem
apresentar alguma afirmação razoável mente coerente para explicar como um é três
e três são um, na vida da divindade. A questão é: o que há na natureza da
divindade trina, que faz com que as pessoas alegadas — Pai, Filho e Espírito Santo — sejam uma?
A primeira resposta na lógica do
pensamento trinitariano é admitir que estamos lidando com um profundo mistério.
Embora prontamente crentes na Bíblia, quando o Livro Sagrado diz que Adão e Eva
se tornaram um e, no entanto são dois, ainda precisamos sondar plenamente a
forma de ser de todo homem e toda virgem (ver Provérbios 30:18 e 19). Porém, no
relacionamento de amor, se desenvolve uma profunda unidade. Então, esse
relacionamento é ilógico e incoerente?
Erickson aponta a maneira para uma
solução crível: “Propomos pensar na Trindade como uma sociedade de pessoas que,
contudo, são uma constituição. Embora essa sociedade de pessoas tenha dimensões
em seus inter-relacionamentos que não se encontra entre os seres humanos, há
alguns paralelos elucidativos. O amor é o que ata o relacionamento na
Divindade, e une cada pessoa à outra.”4
Não surpreende aos adventistas do
sétimo dia que Erickson então apele para 1 João 4:8 e 16: “Deus é amor.”
Verdadeiramente compreendemos a profundidade dessa dedaração inspirada, tão
irresistível em sua aparente simplicidade? Sugerimos que essas três palavras
contribuem profundamente para a nossa compreensão de um Deus que existe
eternamente em um estado de Trindade “na unidade”5
Uma vez mais raciocinamos com o
comentário sugestivamente intrigante de Erickson: “A declaração... ‘Deus é
amor’, não é uma definição de Deus, tampouco meramente a declaração de um
atributo entre outros. E exatamente a caracterização fundamental de Deus.”
Para os adventistas do sétimo dia, a
questão-chave a respeito de Deus tem uma referência definitiva para a questão
de Seu amor. E se Deus não é amor, no âmago de Seu ser, então qualquer questão
relativa à Sua natureza prontamente desce a um estado de irrelevância
bíblica. Não obstante, sentimos que o amor é a caracterização mais fundamental
de Deus. Se Deus é verdadeiramente —
em Sua
essência — o Deus de amor (João 3:16 e I João
4:8), então considere o seguinte:
1. Poderia Aquele que já existia
desde toda a eternidade e que nos fez à Sua imagem de amor - poderia esse Deus verdadeiramente ser chamado de amor se
existisse apenas como um Ser solitário?
2. O amor, especialmente o amor
divino, seria possível se Aquele que criou o Universo não fosse um ser múltiplo
que estava exercitando o amor com Sua pluralidade divina desde a eternidade?
3. Não há possibilidade de existir
um amor verdadeiro, altruísta, a menos que proceda do tipo de Deus que, por
natureza, era, é e será, por toda a eternidade, o Deus de amor.
4. De alguma forma, o Deus criador,
que é chamado de amor, é dependente de Seus seres criados para revelar e
demonstrar o Seu amor?
5. Deus é uma Trindade de amor, e
esse amor encontra-se em sua mais tocante revelação, na obra criativa, na
encarnação, na vida, morte e ressurreição do Filho de Deus plenamente divino.
No Deus-homem, o amor foi plenamente demonstrado, e a divindade será total e
cabalmente vindicada como o único poder que deve governar o Universo.
Os adventistas do sétimo dia crêem
que a grande questão do pecado, salvação e adequação de Deus para governar,
pode ser plenamente vindicada apenas mediante a revelação desdobrada do amor
trinitário. A unidade trinitária de Deus, por fim, não é ilógica, mas a fonte
da única lógica que faz algum sentido conclusivo - um amor que é abnegado, mutuamente submisso e eternamente
material, fluindo das benevolências do poder criativo e redentor.
Notas
1. Esta história fascinante é suscintamente
traçada por Jerry Moon em dois capítulos intitulados
“Trinity and Antitrinitarianism in SeventhDay Adventist History” (cap. 13) e
“EllenWhite’s Role in the Trinity Debate” (Cap 14) do livro The Trinity:
Understanding God’s Love, His Plan or Salvatian, and
Christian Relationship, págs. 190-231, publicado pela Review and Herald. O persistente testemunho trinitário
de Ellen White (especialmente a partir da década de 1880), teve influência formativa quando a denominação mudou sua tendência
antitrinitariana.
2. Gettin Acquainted with God,
pág. 69.
3. lbidem
4. Ibidem
5. Ibidem
AChei o atrtigo simples, porém, coerente com o propósito para o qual foi escrito. Analisar a Divindade múltipla à luz de I Jo. 4:8 foi, para mim, surpreendente. Recomendo a leitura.
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