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quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

A ESPIRITUALIDADE SAUDÁVEL



Espiritualidade saudável

Cientistas tentam comprovar no laboratório, que a fé e a oração têm poder curador -
Marcos De Benedicto
Editor

fronteira entre a ciência e a reli­gião, especialmente entre a teolo­gia e a medicina, está cada vez mais estreita. Movidos pela curio­sidade humana e apoiados por doações generosas de entidades ricas como a Fundação John Templeton (dos Estados Unidos), os cientistas es t ão buscando os elos de ligação entre os mistérios da fé e a bioquímica do cérebro. Há várias linhas de pesquisas em andamento, sendo uma das mais promissoras a que estuda o im­pacto da espiritualidade na recuperação de doenças e na saúde das pessoas.
Entre os cientistas e médicos que têm procurado comprovar o poder curador da oração, alguns estão ligados a terapias alternativas, mas outros são cristãos. Em 1993, o médico norte-americano Lany Dossey publicou um livro intitulado Healing Words (Palavras Curadoras) pro­curando provar, através de pesquisas e casos, que a oração realmente funciona na medicina. Segundo ele, a oração não só atua como um bom placebo, quando a pessoa sabe que está sendo objeto de oraçoões, mas tem um poder intrínseco, exercendo um efeito positivo até mesmo em ratos, enzimas, bactérias, fermento e células de todo tipo.
Sua perspectiva sobre a oração é biblicamente ques­tionável, mas Dossey acre­dita em suas pesquisas. Em um livro mais recente e de ca­ráter mais popular intitulado Prayer Is Good Medicine (A Oração É Bom Remédio), ele afirma: “Como médico, eu tenho empregado medica­mentos e procedimentos ci­rúrgicos porque sei que eles funcionam. Porém, a oração também funciona.” Por isso, diante do dilema quanto a se o médico deve orar com e por seus pacientes, ele con­clui: “Eu decidi que não fazê-lo seria o equivalente a negar um medicamento ou um procedimento cirúrgico ne­cessário, e comecei a orar por meus pacientes diariamente.”
Em seu livro The Faith Factor (O Fa­tor Fé), escrito em co-autoria com Con­nie Clark e lançado em 1998, o Dr. Dale A. Matthews, médico e pesquisador cristão, diz que, independentemente de como a oração funcione, ele concorda plenamente com o Dr. Dossey que “os efeitos da oração intercessória são im­portantes e merecem mais estudo”.
PROGRAMADOS PARA DEUS?
Recentemente, Andrew Newberg, Eugene D’Aquili e Vince Rause le­vantaram a hipótese, dentlflcamente plausível, de que nós buscamos a Deus porque nosso cérebro está biologicamente programado para isso.
Usando equipamentos sofisticados de tomografia, o radiologista New­berg acompanhou os efeitos que a meditação e a oração causam na ati­vidade cerebral. O estudo, envolvendo monges budistas e freiras francis­canas, sugere que a experiência mística é real. A meditação e a oração desligam os circuitos cerebrais que controlam a noção de limites físicos do ser humano, o que poderia explicar a sensação de transcendência.
As conclusões dos pesquisadores estão no livro Why God Won’t Go Away: Brain Science and the Biology of Belief (Por Que Deus Não Irá Embora: A Ciência do Cérebro e a Biologia da Crença), lan­çado em abril nos Estados Unidos.

Deve-se mencionar que os estudos sobre o poder da oração têm sido questionados quanto a seus aspectos metodoló­gicos e filosóficos. Hector Avalos, diretor executivo do Committee for the Scientific Examination of Religion (nos Estados Unidos), critica a quali­dade de alguns estudos citados por Dossey. Além disso, questiona a idéia de que se possa realizar experimentos cientí­ficos controlados sobre a eficácia da oração. Como controlar as variaveis? Essas pesquisas seriam subje­tivas demais para serem científicas. Mas esse tipo de crítica, embora mostre a real necessidade de critério e seletividade, não refuta definitivamente o valor das pesquisas sobre a eficácia da oração.
Vantagens Dezenas de estudos sobre a influência positiva da religião na saúde têm sido reportados e catalogados. Se até alguns anos atrás nenhum cientista de prestigio admitiria a relação entre espiri­tualidade e cura física, e muito menos pensaria em desenvolver pesquisas nes­sa área, para não comprometer sua cre­dibilidade e carreira, hoje as coisas mu­daram. Uma explicação para esse novo interesse tem a ver com a química do cé­rebro. A fé é intangível, mas a química cerebral pode ser testada e medida. Ou­tra explicação, como foi dito, é o apoio financeiro a esse tipo de pesquisa.
O “surpreendente” é que a maioria desses estudos oferece evidência de20 que a religião e boa para a saúde. Algu­mas vantagens do fator fé enumeradas pelo Dr. Harold Koenig, no livro The Healing Power of Faith (O Poder Cura­dor da Fé), publicado em 1999, são:
•       A pressão sangüinea dos freqüen­tadores de igreja e mais baixa do que a dos não-freqüentadores.
•       As pessoas religiosas sofrem me­nos de depressão e, quando so­frem, se recuperam mais rápido.
•       As pessoas que vão regularmen­te à igreja correm menos risco de morrer de doenças coronarianas.
•       As pessoas que freqüentam re­gularmente a igreja têm sistemas imunológicos mais fortes.
•       As pessoas religiosas vivem mais do que as não-religiosas.
O impacto da espiritualidade sobre a saúde inclui vários aspectos diretos ou indiretos (veja o quadro). Um estu­do conduzido pelo Dr. Melvin Pollner, da Universidade da Califórnia, campus de Los Angeles, revelou que as pessoas que possuem muitas relações sociais, recebendo apoio da família e dos ami­gos, tendem a experimentar maiores ní­veis de bem-estar mental e físico do que aquelas que têm poucas relações. No estudo, mais de 3 mil norte-americanos foram interrogados sobre suas crenças e seu comportamento social e religioso. Um aspecto interessante é que, parale­lamente à rede social real, as pessoas costumam ter uma rede social imagina­ria, incluindo personagens da mídia, da História ou da Bíblia. Para boa parte das pessoas, Deus compõe essa rede imagi­nária, ou é mesmo o centro dela. A con­clusão do Dr. Pollner é que as “relações divinas”, nessa rede imaginária, podem ser tão significativas para o bem-estar psicológico quanto as relações sociais.

Remédios - O Dr. Dale Matthews diz que ele já estava convencido do valor da fé (reigião) antes de participar da edição de uma bibliografia de quatro volumes sobre o assunto, mas a pesquisa o con­venceu ainda mais. No mencionado li­vro The Faith Factor, ele enumera 12 “remédios” que a religião oferece: (1) se­renidade (o recurso da oração e da me­ditação para enfrentar o estresse da vida); (2) temperança (a motivação para honrar o corpo como o templo do Espí­rito Santo); (3) beleza (o prazer de apre­ciar a arte e a natureza); (4) adoração (o movimento de ativar todo o ser na dire­ção de Deus); (5) renovação (a chance de confessar e começar de novo); (6) co­munidade (a rede de apoio mútuo); (7) unidade (a segurança de partilhar a fé com outros); (8) ritual (o conforto de to­mar parte em atividades familiares); (9) significado (a descoberta de uma razão para viver); (10) confiança (a certeza de que Deus está no controle); (11) trans­cendência (a expectativa do encontro com um Deus grandioso); e (12) amor (o sentimento/compromisso de cuidar e ser cuidado).
Segundo o autor, “os doze remé­dios que formam o fator fé são expo­nencialmente efetivos: eles se combi­nam para formar um todo que é maior do que a soma de suas partes”. Ele diz que todos os fatores são importantes (embora não precisem ocorrer simul­tâneamente), mas, se fosse para desta­car uma variável, seria a adoração, “pois é no contexto da adoração que todos os doze componentes mais fre­qüentemente coexistem”.
Se há unia influência positiva da re­ligião na saúde, também pode haver um lado negativo. O mau relaciona­mento com Deus, caracterizado pelo senso de culpa, provavelmente cause depressão, enfraqueça o sistema imu­nológico e gere doenças. Por exemplo, o rei Davi, num período conturbado de sua vida, parece ter ficado doente por causa da culpa vinda do adultério com Bate-Seba e do assassinato de Urias, pecados denunciados pelo pro­feta Nata (ver o Salmo 32:3 e 4).

Para o público religioso, é bom que os cientistas comprovem o valor tera­pêutico da espiritualidade. Mas não se deve atribuir excessivo poder curador à fé e aos processos mentais em si. Na perspectiva bíblica, em última análise, a fonte da cura, da saúde e da vida é Deus. No Antigo Testamento, numa época em que os vizinhos de Israel pe­diam a cura e a saúde a muitos deuses, Yahweh (Deus). Se apresenta como o único Médico de Israel. No Novo Tes­tamento, num tempo em que o deus Asclépio/Esculápio monopolizava o mercado da cura e da saúde no mundo greco-romano, Jesus demonstra ser o verdadeiro Médico do mundo. 

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